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quinta-feira, novembro 14, 2019

Incêndio no Pantanal

CENÁRIO
O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado o de menor extensão territorial no Brasil.  A sua área aproximada é 150.355  km² (IBGE,2004), ocupando assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço territorial o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai.

O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros:
■Amazônia,
■Cerrado e
■Mata Atlântica.
Além disso, sofre influência do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia).

Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas:
■263 espécies de peixes,
■41 espécies de anfíbios,
■113 espécies de répteis,
■463 espécies de aves e
■132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas.
Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e  algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.

INCÊNDIOS

Inicio
Um incêndio de grandes proporções atinge desde o último domingo (27) uma extensa área de pantanal entre os municípios de Aquidauana, Miranda e Corumbá, em Mato Grosso do Sul. O fogo se espalhou por cerca de 50 mil hectares, tamanho equivalente ao da cidade de Maceió.
As chamas, que se alastraram rapidamente pela mata seca, impulsionadas pelo vento, deixaram a área encoberta por nuvem de fumaça e fuligem.

Causa
Segundo os bombeiros, o incêndio começou na região do Morro do Azeite e do Passo do Lontra em seis pontos isolados e distantes uns dos outros, o que eleva a probabilidade de que tenha sido provocado pela ação humana.
"Não é possível dizer ainda que foi criminoso, porque não foi feita perícia, mas certamente é fruto da ação do homem, seja por negligência ou por imprudência”, afirma o tenente-coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros. “Fizemos um sobrevoo na segunda-feira [28] e vimos que era de grandes proporções. Então pedimos reforço de efetivo e apoio de outras instituições."

RECURSOS DISPONÍVEIS
Bombeiros e equipamentos disponíveis
Ao todo, 33 bombeiros trabalham das 8h às 21h no campo para conter o fogo. No solo, a mata é densa e de difícil acesso, e os bombeiros são guiados por uma equipe que acompanha a evolução do incêndio por meio de dois helicópteros. Três aviões auxiliam jogando água sobre as chamas.

Reforços
Ao todo, 151 pessoas, entre bombeiros e funcionários rurais, estão mobilizadas no combate ao fogo. Em uma única propriedade, houve mais de 40 mil hectares queimados.
Em 5 de novembro  chegou reforços de bombeiros do DF compostos por uma aeronave capaz de transportar até 3.100 litros de água e mais 35 homens para o combate o fogo.

Comunicações e apoio
A partir de 02 de novembro, o Exército também dará apoio ao combate aos focos no Rio Negro, deslocando para a área uma cozinha de campanha, reservatório de água potável e equipe para instalação de sistema de comunicação, que é uma das dificuldades operacionais no contato entre as ações por terra com as aeronaves. A região terá uma base operacional, que está sendo instalada na Fazenda Barranco Alto.

“Estamos atualmente com 91 focos em toda a área monitorada”, informou o coordenado da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado, tenente-coronel Fábio Catarinelli, com base em dados de satélites. O comando da Operação Pantanal 2 anunciou a chegada do avião Air Tractor do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

Regiões afetadas
Os principais municípios atingidos foram;
■Corumbá, na fronteira com a Bolívia, 440 km distante de Campo Grande.
■Miranda e Aquidauana, 210 km e 150 km distante de Campo Grande. A BR-262, que liga esses municípios, está interditada em diversos trechos, alguns deles com mais de 10 km, para que a força-tarefa possa trabalhar no controle das chamas. O trabalho reúne Corpo de Bombeiros, Exército e Ibama/PrevFogo.

Devido à fumaça na pista, a Polícia Rodoviária Federal tem recomendado que população evite dirigir à noite tanto pela BR-262 quanto pela Estrada Parque, uma rota alternativa em meio a fazendas turísticas e de produção.

Infraestrutura e comercio interrompidos
Além da fumaça, Corumbá e Miranda enfrentam falta de acesso à internet, uma vez que o incêndio danificou a fibra óptica que leva internet aos municípios.  
A população tem sofrido também com queda de energia em consequência das queimadas. Segundo a Energisa, empresa de abastecimento de energia elétrica nas cidades, “as queimadas provocam o desligamento de linhas e consequentes variações de tensão na rede elétrica que atende Corumbá, Aquidauana e Miranda".
Corumbá está sem abastecimento de água em alguns bairros, já que a bomba de captação da cidade parou de funcionar.
Os desdobramentos das queimadas são sentidos em diversos setores, incluindo o comércio, que não tem conseguido efetuar vendas em cartões de crédito ou débito por conta da falta de internet, e a saúde pública.
Na  quinta-feira (31), a prefeitura emitiu nota informando a população de que devido aos problemas ocasionados pela falta de internet, a rede pública de saúde está impossibilitada de agendar consultas e também de entregar exames.

Propagação do fogo, fora de controle
O grande incêndio na região do Pantanal em Mato Grosso do Sul já atingiu uma área de 1.200 km2 , comparável à da cidade do Rio de Janeiro.

A estimativa da destruição foi feita pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número, porém, já aumentou e tende a crescer porque ainda há focos de incêndio, segundo Fábio Catarinelli, coordenador da Defesa Civil de Mato Grosso do Sul. Apesar dos esforços, não há previsão do fim do fogo.
 “A situação está bem crítica, a temperatura está alta, a umidade está baixa, a vegetação está muito seca e esses fatores agravam a situação do incêndio. O fogo é voraz e até área alagada, cuja vegetação pega fogo por cima, queima muito rápido. Utilizamos um parâmetro que se chama 'risco de fogo', e no Pantanal ele está entre alto, muito alto e crítico”, diz Catarinell.

O principal desafio para conter e apagar as chamas é a densidade da mata e as áreas alagadas. O fogo passa por cima da água, por entre as copas das árvores, e segue queimando por cima de pântanos. Bombeiros relataram ter visto animais que fugiram desesperadamente e ainda assim morreram devido a queimaduras.
Em 04 de novembro, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já foram queimados 122 mil hectares na região de Corumbá e Miranda.

Emergência
Devido à gravidade do incêndio, o governo estadual publicou, no último dia 31 outubro, resolução no Diário Oficial proibindo queimadas controladas por mais um mês, até dia 30 de novembro. Na mesma linha, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil apontou a situação de emergência das cidades de Aquidauana, Bonito, Miranda e Corumbá, todos os destinos turísticos que estão prejudicados pelos incêndios e seus desdobramentos, como falta e/ou oscilação de energia elétrica, água e internet.

Fauna e flora
Mata à dentro, animais mortos queimados. Entre eles, jacarés. Outros tentam fugir dos focos de calor e das chamas.
Araras ameaçadas descreve Neiva Guedes, coordenadora do Instituto Arara Azul, espécie vulnerável e em risco de extinção. Segundo ela, os efeitos das queimadas podem perdurar por até um ano no ambiente.
Como a arara-azul é uma espécie de dieta restrita a basicamente dois tipos de frutos (acuri e bocaiúva), a destruição das palmeiras torna os alimentos escassos.
"Agora, estamos em época reprodutiva e os efeitos perduram com o passar do tempo. Vai demorar para as palmeiras se recuperarem e surgirem cachos de frutos para que as araras se alimentem", diz Guedes.

Em termos imediatos, as queimadas causaram perdas diretas ou indiretas a 49% dos ninhos monitorados na estação natural de reprodução do Instituto. Além de ninhos, ovos e filhotes queimados, parte dos animais morreu devido ao calor das labaredas, por desidratação ou asfixia causada pela fumaça.
Para Felipe Dias, agrônomo e diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, as queimadas significam a “perda ainda imensurável" de animais e plantas. Segundo ele, apesar de as queimadas serem recorrentes no Pantanal em época de estiagem, nesse ano, a proporção das chamas surpreendeu a todos.
 “Alguns animais fogem, mas de que adianta se o alimento, como certas plantas, se perdeu? Há também perda enorme de espécies cuja característica é a lentidão e que estão na base alimentar de outras, como insetos, répteis e anfíbios", diz.

Controle do fogo
Após 13 dias de incêndio, bombeiros anunciaram no sábado, 9 de novembro, q     eu controlam o fogo no Pantanal.
Até esta sexta-feira, 8 de novembro, foi contabilizada a destruição de aproximadamente 173 mil hectares, área superior a da cidade de São Paulo.
O fogo atingiu seis municípios: Aquidauana, Anastácio, Miranda, Bodoquena, Rio Negro e Corumbá.
As chuvas que atingem a região ajudaram na redução dos focos, segundo o Corpo de Bombeiros. As chamas chegaram a atingir as proximidades do Parque Estadual do Rio Negro, localizado na região central do Pantanal.  

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informam que, em outubro, foi registrado o maior número de queimadas no Pantanal nos últimos 17 anos. O balanço do instituto registra 2.430 focos de incêndio no mês no bioma, número 1.925% maior do que o verificado em outubro do ano passado.

Pantanal - Balanço

Em outubro, o Pantanal teve o maior número de focos de incêndio para o mês em 17 anos, com 2.430 registros, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre a região do bioma em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O fogo seguiu novembro adentro e apenas no período de 27 de outubro a 9 de novembro consumiu 1.730 km² em Mato Grosso do Sul, uma área maior que a da cidade de São Paulo (1.521 km²).
Também de acordo com o Inpe, em 2019 o Pantanal teve a maior extensão de terra queimada dos últimos 12 anos.
Entre janeiro e outubro, foram 18.138 km² atingidos por focos de incêndio. Em todo o ano de 2007, foram 18.699 km².

Chuva
Segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e Clima (Cemtec), no fim de outubro os ventos eram de até 40 km/h e a umidade relativa do ar era de 10%. Após as chuvas, a umidade subiu para 35% e chegou a 95% nos municípios atingidos. “Choveu de encharcar o solo”, diz Catarinelli.
Marcelo Seluchi, meteorologista e coordenador-geral de operações e modelagem do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), diz que as chuvas já estavam abaixo do normal esperado para essa época do ano há pelo menos três meses, o que facilitou a propagação das chamas.
O período de chuvas na região depende da passagem de frentes frias que, neste ano, tiveram um comportamento incomum e “passaram batido” por Mato Grosso do Sul.

Clima
Clima seco, temperaturas altas e ventos fortes criam ambiente propício para propagação das chamas.

Queimadas
Catarinelli diz que 90% das queimadas são de causa humana, seja por ação ou omissão do homem. “É cultural que, após um longo período de estiagem, assim que há uma previsão de chuva, as pessoas coloquem fogo como método de ‘limpeza’ do campo, prática que é ilegal”, diz.
Julio Sampaio, gerente do programa Cerrado e Pantanal da ONG WWF-Brasil, também diz que a culpa é do mau uso do fogo em áreas de pasto. Segundo ele, a limpeza de áreas de pasto com o fogo pode acabar saindo do controle.

Interrupções
Serviços como abastecimento de energia, água e internet foram prejudicados em seis municípios (Aquidauana, Miranda, Corumbá, Rio Negro, Anastácio e Bodoquena), paralisando parcialmente serviços públicos de saúde, como agendamentos de consultas e entrega de exames, e transações bancárias que dependiam de internet. Fontes: Folha de São Paulo – 1º nov a 12.nov.2019, UOL Noticias -09/11/2019, Midia Max‑ 02/11/2019





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posted by ACCA@9:00 PM