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terça-feira, janeiro 08, 2019

Incêndio atinge prédio do Museu Nacional, no Rio

O Museu Nacional pegou fogo na noite de domingo (2 de setembro) . É a mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens. O incêndio atingiu os três andares do prédio e começou por volta de 19h30.

MUSEU NACIONAL
O Museu Nacional tinha uma área útil de 13.616,79 m² distribuída pelos seus três pavimentos. Possuía um total de 122 salas, sendo 63 salas do primeiro pavimento, 36 no segundo e 23 no terceiro. A maior parte do acervo estava disposta nos dois primeiros pavimentos.

1º PAVIMENTO
Meteorito de Bendegó
Coleções de Paleontologia, mineralogia e botânica
Pátio onde foi assinada a primeira constituição brasileira

2º PAVIMENTO
Fóssil de Luzia
Sala dos dinossauros
Coleção egípcia
Múmia dos Andes
Móveis originais usados por D. João VI
Diários da Imperatriz Leopoldina e coleções dos pesquisadores do império

3º PAVIMENTO
Administração e direção do Museu

CORPO DE BOMBEIROS
Os bombeiros chegaram por volta das 20h30 ao local.  A operação de combate às chamas foi feita pelo batalhão de São Cristóvão com o apoio de mais onze quartéis da região. Segundo o comandante dos Bombeiros, Roberto Robadey, os hidrantes estavam sem pressão no início da operação, o que prejudicou o combate. Tivemos de acionar a Cedae (companhia estadual de água e esgoto), que nos forneceu água.


CONTROLE DO FOGO
O fogo foi controlado somente após seis horas, por volta das 4h.

RESCALDO 
O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Roberto Robadey, disse  na manhã de segunda-feira, 3, que o trabalho de rescaldo do incêndio deve durar mais de dois dias, por se tratar de um prédio histórico e de uma instituição cultural.
Robadey afirmou que ainda há pedaços de estruturas penduradas nos três pavimentos, mas que não há indícios de desabamentos iminentes. Segundo ele, os profissionais do museu irão ajudar no processo de rescaldo para que seja tentada a recuperação de itens de valor. 

VIGILÂNCIA
Quando o incêndio começou, o Museu Nacional já estava fechado para visitação do público. Quatro vigilantes estavam no edifício, perceberam o fogo, fugiram e chamaram os bombeiros. Testemunhas que estavam no parque que há próximo ao local disseram que o fogo começou no primeiro andar, mas ainda não há informações sobre as causas do incêndio.

DESTRUIÇÃO DO MUSEU
Dois andares foram bastante destruídos, e parte do teto, de madeira, caiu.  O prédio não corre risco de desabar. As paredes externas do prédio são bastante grossas e, embora antigas, resistiram ao fogo. Algumas partes internas desabaram, afirmou o coronel Robadev.
A maior parte do acervo, de cerca de 20 milhões de itens, foi totalmente destruída. Fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte viraram cinzas. Pedaços de documentos queimados foram parar em vários bairros da cidade.
A  vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, disse que 90% do acervo queimou e  sobrou parte do acervo dos invertebrados, o setor de vertebrados e botânica. Foram retiradas algumas cerâmicas, peças minerais e os meteoritos, talvez uns dias 10%", estimou.
Não havia seguro contra incêndio e o acervo também não estava segurado.

ACERVO TEM 20 MILHÕES DE ITENS
O Museu Nacional é vinculado à UFRJ e completou 200 anos em 2018. Seu acervo tem mais de 20 milhões de itens. Especializado em história natural, é o mais antigo centro de ciência do Brasil e o maior museu desse tipo na América Latina.
A instituição foi criada por Dom João VI, em 06 de junho de 1818, e foi inicialmente sediada no Campo de Sant'Ana.  

PALÁCIO FOI RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA REAL
O prédio onde hoje funciona o Museu Nacional/UFRJ foi uma doação do comerciante Elias Antônio Lopes ao príncipe regente D. João, em 1808, ano da chegada da família real ao Rio. Após a morte de dona Maria I, em 1816, D. João mudou-se definitivamente para o Paço de São Cristóvão, onde permaneceu até 1821.
D. Pedro I e D. Pedro II também moraram por lá. Com o fim do Império, em 1889, toda a família se exilou na França. O palácio foi, então, palco da plenária da primeira Assembleia Constituinte da República, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891. O Museu Nacional se mudou para o palácio no ano seguinte, 1892.

NÃO TINHA EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO PREVISTOS POR LEI
■Segundo funcionários, não havia brigada de incêndio 24 horas e nem planta elétrica.
■Havia planos de instalar os equipamentos obrigatórios.
■Segundo o comandante-geral dos bombeiros do Rio, Roberto Robadey , a administração do museu esteve reunida com a corporação recentemente para apresentar um plano de adequação. “É uma construção anterior à legislação e precisava se adequar”, disse ele.

FALTA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
A vice-diretora do museu  confirmou que o prédio não possuía sistema de hidrantes e sprinklers. O número mínimo de saídas de emergência também não seria respeitado por limitações técnicas, pois o imóvel era  tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

INVESTIGAÇÃO: SCANNER MAPEIA ÁREAS DESTRUÍDAS
Policiais federais iniciaram, por volta das 9h de hoje, o trabalho de scanner, que faz parte da perícia iniciada ontem pela PF para tenta identificar o que teria motivado o fogo no prédio.
Os scanners foram instalados do lado de fora do prédio. Por meio deles, será possível realizar o mapeamento de áreas que ainda estão interditadas pela Defesa Civil ou que estão bloqueadas pelo alto volume de entulhos. O escaneamento consegue identificar as paredes que ainda estão de pé, no interior do museu, em áreas que nem a Defesa Civil ainda não conseguiu chegar.
Com o aparelho é possível fazer algo como um "mapeamento 3D" da situação do prédio. Somente ao final do trabalho de perícia será iniciada a remoção dos escombros no interior do museu.

RECONSTRUÇÃO DO MUSEU NACIONAL
A reconstrução do Museu Nacional do Rio deverá custar de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, segundo o diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner.
O trabalho de escoramento do palácio começou no último dia 21 de setembro e tem por objetivo dar segurança para que agentes da Polícia Federal possam trabalhar na investigação das causas do incêndio e as equipes técnicas comecem a revirar os escombros em busca do que restou do acervo. Técnicas de arqueologia e paleontologia serão empregadas para recuperar os fragmentos.
"Conforme as áreas forem sendo isoladas, vamos entrando para fazer esse trabalho de recuperação do acervo", afirmou o diretor. "No momento, o mais importante é garantir a segurança."

UNESCO ESTIMA QUE RESTAURAÇÃO DO MUSEU NACIONAL LEVARÁ 10 ANOS
Agência da ONU lidera missão que avalia situação do museu que foi destruído em incêndio. Trabalho inicial dos especialistas se concentra na recuperação de objetos do acervo que estão sob os escombros. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que a restauração do Museu Nacional levará cerca de dez anos.
"É um trabalho de muitos anos. Atualmente, não há uma solução mágica para reconstruir o museu em poucos meses. Temos um longo trabalho de identificação dos escombros, muitos dos quais são fragmentos de artigos do museu", afirmou a representante da Unesco no Brasil.
Fontes: UOL- 02/09/2018 a 05/09/2018; G1-02/09/2018; Deutsche Welle – 18.09.2018

Comentário;
Laudo da Polícia Federal : Resumo – publicado em 04/04/2019
Incêndio que destruiu o Museu Nacional começou no ar-condicionado do auditório, diz laudo da PF
Segundo perito, um dos três equipamentos não possuía aterramento externo, e não havia disjuntor individualizado para cada um deles. Incêndio acabou com grande parte do acervo do museu em setembro do ano passado.
PRIMEIRO SINAL DE FUMAÇA
Segundo Carlos Alberto Trindade, perito especialista em incêndio, o primeiro sinal de fumaça foi registrado pelas câmeras às 19h13 no segundo pavimento. Com a ajuda de outras imagens, foi possível perceber que a fumaça partia do andar térreo.
"O fogo começou no auditório e no pavimento térreo", afirmou Trindade.
Os equipamentos elétricos encontrados no auditório foram periciados, a fim de se identificar se algum deles tinha sinais de ter originado as chamas. Caixas de som, projetor e outros aparelhos não apresentavam nenhum sinal suspeito. Análises mais detalhadas passaram a ser feitas nos três equipamentos de ar-condicionado que havia na sala.
“Nós identificamos logo no início que havia o rompimento de um fio no aparelho que ficava mais próximo do palco do auditório”, disse.
Segundo o perito, o rompimento do cabo é “típico de um evento de uma sobre‑corrente, uma corrente maior que o aparelho pode suportar sem queda do disjuntor”, ou seja, houve um curto circuito no aparelho.

Trindade enfatizou que foi identificada falha na instalação do sistema de ar condicionado do auditório. Um dos três equipamentos não possuía aterramento externo e não havia disjuntor individualizado para cada um dos três aparelhos.

Comentário:
Problemas no combate ao incêndio
•Os dois hidrantes próximos ao Museu Nacional não tinham pressão suficiente.
•O comandante-geral dos bombeiros disse que a falta de água atrasou os trabalhos.
•Bombeiros buscaram água de lago e precisaram pedir caminhões-pipa.
•A Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae)   disponibilizou carros‑pipa.
Problemas de infraestrutura
■Falta de sistema de segurança contra incêndio
■Instalação elétrica muito antiga



DADOS HISTÓRICOS - INCÊNDIOS
Em 10 anos, fogo dizima sete prédios com tesouros culturais e científicos do país

1. TEATRO CULTURA ARTÍSTICA, 2008
Destruído por um incêndio que durou mais de quatro horas em 2008, o Teatro Cultura Artística, na região central de São Paulo, até hoje está coberto por tapumes. Foi inaugurado em 1950, com um concerto de Heitor Villa-Lobos.
O teto desabou, uma sala foi inteiramente incendiada e uma outra ficou alagada. Além de dois pianos e equipamentos de som e iluminação, foram destruídos o figurino das peças O Bem Amado, do ator Marco Nanini, e Toc Toc.
O afresco de Di Cavalcanti na fachada, com 48 metros de largura e 8 metros de altura, é um dos poucos pontos da estrutura original com condições de ser restaurado.
As causas do incêndio são desconhecidas. Sabe-se apenas que ele começou perto da cortina do palco. No decorrer da última década, vários prazos para o início da recuperação não foram cumpridos perdidos. Desde março, contudo, o local está em obras, e a expectativa é de que o novo teatro fique pronto em 2021.

2. INSTITUTO BUTANTÃ, 2010
Em maio de 2010, um incêndio atingiu o laboratório de répteis do Instituto Butantãn, na Zona Oeste de São Paulo, destruindo um dos principais acervos de cobras do mundo.
O fogo atingiu o prédio em que cientistas pesquisavam cobras, aranhas e escorpiões. Parte dos animais foi retirada com vida do local e levada para um local seguro.
Segundo o Instituto Butantan, a coleção atingida pelo incêndio possuía cerca de 77 mil cobras catalogadas e cerca de 5 mil em processo de registro.

3. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA, 2013
Em novembro de 2013, um incêndio atingiu o Memorial da América Latina, em São Paulo, e destruiu o auditório Simón Bolívar, onde havia uma tapeçaria de 800 metros quadrados da artista Tomie Ohtake.
Onze integrantes do Corpo de Bombeiros e um brigadista ficaram feridos enquanto tentavam conter as chamas.
O laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo apontou um curto-circuito como causa do incêndio. Segundo a perícia, pouco antes do início do fogo, havia faltado luz no local e um gerador reserva fora acionado, o que pode ter provocado uma sobrecarga de energia.

4. MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA PUC DE MINAS GERAIS, 2013
Em janeiro de 2013, um incêndio destruiu réplicas, cenários, fiações e pisos do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte. A instituição tem um dos maiores acervos de fósseis de mamíferos do Brasil.
O fogo atingiu principalmente o segundo andar, onde havia três exposições: uma sobre a vida no Cerrado, outra sobre o paleontólogo dinamarquês Peter Lund, e uma sobre o Período Pleistoceno.

5. CENTRO CULTURAL LICEU DE ARTES E OFÍCIOS, 2014
Fundado em 1873, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, no centro da capital paulista, reabriu as portas como centro cultural somente  em agosto de 2018, depois de ficar mais de quatro anos fechado.
O incêndio de fevereiro de 2014 queimou quadros, esculturas, móveis antigos e réplicas em gesso. Entre as 35 peças danificadas, estava a versão em gesso da Pietá, de Michelangelo, cujo original em mármore está na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Quando pegou fogo, em razão de um curto-circuito, o auto de vistoria dos Bombeiros estava vencido.

6. MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2015
Em 21 de dezembro de 2015, chamas tomaram conta dos três andares e da cobertura do Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo, que naquela segunda-feira estava fechado para o público.
Tudo virou cinza. À época, Isa Ferraz, curadora do museu, classificou o incêndio como uma "tragédia".  Inaugurado em março de 2006, era um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul, e o primeiro do mundo dedicado exclusivamente a um idioma. A estrutura ainda está sendo reconstruída

7. CINEMATECA BRASILEIRA, 2016
Em fevereiro de 2016, a Cinemateca Brasileira perdeu de forma definitiva 270 títulos. Um incêndio em um dos quatro depósitos do galpão na parte de trás do terreno na Vila Clementino, bairro da zona sul de São Paulo, destruiu cerca de 731 - dos quais 461 possuíam cópias de segurança - de seus 44 mil títulos, entre cinejornais com cenas do noticiário político e curtas‑metragens.
Os rolos carbonizados eram feitos de nitrato de celulose, substância inflamável usada em películas cinematográficas até os anos 1950. Fonte: G1 - 03/09/2018

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posted by ACCA@9:00 AM

2 Comments:

At 12:54 PM, Blogger Carlos said...

Gostaria de falar que há algumas incorreções no texto. Não foi citada a ocorrência de curto-circuito no ar-condicionado, mas tão somente uma sobrecarga ou sobrecorrente. São eventos distintos.

 
At 10:10 PM, Blogger ACCA said...

A sobrecorrente é definida como sendo qualquer corrente elétrica que flui por um equipamento com magnitude acima da qual o equipamento foi projetado para funcionar. As sobrecorrentes podem ser sob a forma de uma sobrecarga ou curto-circuito.

 

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