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segunda-feira, setembro 07, 2015

O fogo e a evolução histórica dos meios de proteção contra incêndio

As descobertas chamadas empíricas ocorrem, geralmente, segundo uma seqüência que envolve, aproximadamente; observação, experimentação, aplicação. A descoberta do fogo não fugiu a essa regra.
Os hominídeos perceberam pela primeira vez o fogo há muitos milênios, numa época que não podemos identificar com exatidão, mas há provas substanciais de que era já usado na Europa e na Ásia na Era do Paleolítico Posterior e na do Neolítico. Assim, cerca de 500.000 A.C., já o chamado Homem de Pequim (Pithecantropus pekinensis) utilizava o fogo, havendo disto evidências encontradas em cavernas.

QUÍMICA DO FOGO
Quimicamente, fogo corresponde à combustão, que envolve a combinação do oxigênio da atmosfera com o carbono contido em materiais orgânicos, folhas, grama, madeira etc.
É uma reação que pode ser espontânea ou iniciada por um agente energético natural ou intencional. A reação espontânea pode ocorrer em ambientes orgânicos muito secos, como conseqüência de elevação de temperatura e ao ser atingido o ponto de ignição.
Outra forma da ocorrência do fogo é por meio da ação de relâmpagos sobre madeira de árvores. Em ambas as situações, nos primórdios da humanidade, uma vez formadas as fagulhas e o fogo iniciado, a ação do vento pôde fazer com que ele se espalhasse através de florestas e campos num processo contínuo, como o que ainda hoje ocorre em incêndios que podem se estender por milhares de quilômetros quadrados.
O homem primitivo inicialmente observou esse fogo que surgiu espontaneamente e começou a utilizá-lo de maneira esporádica e desorganizada, como fonte de iluminação e aquecimento.
Para isto foi necessário, num primeiro momento, descobrir como mantê-lo vivo, o que resultou provavelmente da observação de que brasas resultantes da queima natural de madeira podiam ser reativadas pela ação do vento, ou pelo sopro, fazendo a chama reaparecer.

PRODUÇÃO DO FOGO - DESCOBERTA
A etapa seguinte consistiria em produzir voluntariamente o fogo; talvez a observação de que ele se propagava pelo aquecimento de galhos ou folhas secas indicou que a chama poderia ser iniciada com temperaturas elevadas.
Desta forma, a descoberta de que o atrito entre dois pedaços de madeira seca elevava a temperatura até produzir uma chama, que podia ser ativada pelo sopro, deu inicio à jornada tecnológica do homem, no seu controle da natureza.
Ainda atualmente, o método do atrito na produção do fogo é encontrado entre povos primitivos, como os nossos índios. Na seqüência, outro método foi desenvolvido, consistindo na percussão de duas pedras para a produção de faíscas.
A observação de que fagulhas têm o poder de começar uma chama e que o choque de algumas rochas produz faíscas conduziu a mais uma forma de iniciar uma combustão.
Existem observações de achados originários da Era Paleolítica que indicam esse processo sendo usado pelo emprego de pirita (sulfeto de ferro) sob a forma de pequenos grãos, ou ainda de sílex (variedade de rocha formada principalmente por dióxido de silício), material extremamente duro.
Muito tempo depois foi descoberto que as fagulhas formadas eram mais fortes e persistentes, quando se batia sílex com ferro ou aço. Esse processo persistiu até o século XIX. Na Europa e no Brasil ainda era encontrado no começo do século XX.

INVENÇÃO DO FÓSFORO
O avanço seguinte, e bem mais recente, de um processo simples de produção de fogo, surgiria com a invenção, na Inglaterra em 1827, do palito de fósforo. O elemento fósforo combina-se com o oxigênio tão facilmente que se acende apenas exposto ao ar. Os primeiros fósforos fabricados acendiam por atrito e exalavam um cheiro muito desagradável.

Mais adiante, em 1845, começaram a ser fabricados os chamados fósforos de segurança, cuja cabeça combustível contém outros componentes não-inflamáveis, garantindo a sua utilização de forma segura.

FALTA DE CONTROLE DO FOGO – SURGEM OS GRANDES INCÊNDIOS
O fogo é uma necessidade vital e imprescindível. Contudo, o Homem não se soube estabelecer condições de segurança para manipular e controlar o fogo. Só assim se compreendem os grandes incêndios surgidos nas várias cidades, ao longo dos séculos e cujos ecos tivemos conhecimento.

GRANDES INCÊNDIOS URBANOS
■ Cidade de Lyon – 59 A.C. completamente  destruída
■ Roma – 64 A.C. – incendio durou 8 dias, devastou 10 dos seus 14 distritos
■ Biblioteca de Alexandria – 47 A.C., destruída por Julio César; em 390 D.C. por Teodósio  e em 642 D.C. pelo Califa Omar
■ Pompéia - arde em 79, após a erupção do Vesúvio.
■ Londres – 798, 982, 1.212 – A Catedral de Saint Paul foi destruída totalmente ou parcialmente em cinco ocasiões até 1.666
■ O Grande incêndio de Londres – 1666 – duração de 4 dias, consumiu 13.000 casas, 87 igrejas e capelas, além de hospitais, bibliotecas, comércios, etc. Aproximadamente 100.000 desabrigados (25% da população), devastação de quase 75% da cidade
■ Veneza - destruída pelo fogo em 1106.
■ Em 1755 arde o centro de Lisboa em conseqüência do terremoto.
■ Em 1812 são os Russos que incendeiam Moscou para travar o avanço do Napoleão.
■ Paris – incêndio em 1871 .
■ No Japão e na China verificam-se numerosos incêndios devastadores, face ao tipo de construção e concentração.

OS GRANDES INCÊNDIOS NOS ESTADOS UNIDOS
1835 - Nova Iorque – 530 edifícios
1845 – Pittsburgh – 1.1000 edifícios
1849 – Porto, Saint Louis – 15 quarteirões
1851 – São Francisco – 2.500 edifícios
1871 – Peshtigo – incêndio florestal – 1.152 mortes
1871 – Chicago – 18.000 edifícios, 120 mortes
1872 – Boston – 776 edifícios
1901 – Jacksonville – 1.7000 edifícios
1904 – Baltimore – 80 quarteirões e 2.300 edifícios
1906 – São Francisco – 28.000 edifícios, decorrente de terremoto

OS PRIMEIROS CÓDIGOS
Devido aos grandes incêndios, foi criado o primeiro código de edificações, introduzindo medidas de proteção contra incêndio.
Em 1189, Londres, foi criada uma lei local, para melhorar a qualidade das construções (incombustibilidade de paredes e telhados)

Em 1666, devido ao grande incêndio de Londres, foi criada uma serie de regulamentações;
■ Implementação do sistema de seguros na forma moderna
■ Regulamentação precursora de segurança contra incêndio no ocidente
■ Desenvolvimento de equipamentos  de combate mais eficientes
■ Formação de grupos de bombeiros pelas seguradoras

Em 1667, foi criada a lei de reconstrução para cidade de Londres: Regras construtivas  básicas para conter o alastramento do incêndio entre as edificações;
■ Alargamento de ruas
■ Incombustibilidade de paredes (tijolos)

LEIS ANTIGAS E CURIOSAS
Foto-No início de 1800, hidrante com estrutura de madeira. Hidrante está no museu de Nova Iorque

Algumas leis antigas, hoje nos parecem curiosas, como a de 1631 nos Estados Unidos, promulgada logo após o incêndio de Boston, pela qual ficava proibida a construção de chaminé de madeira e telhados de sapé. Em 1638, nesse mesmo país, foi promulgada a lei do General Assembly, em Maryland, que punia incendiários: ”O criminoso poderia receber a pena de morte por enforcamento”, permitindo-se uma punição menos severa, a de permitir que o criminoso poderia perder sua mão ou ter queimada a mão ou a testa com ferro quente e suas terras confiscadas. A uma segunda ofensa aplicaria a pena de morte.
Em 1652, em Massachussets, o tribunal “General Court”  estabelece que qualquer pessoa com 16 anos ou mais que fosse  incriminado pagaria o dobro dos prejuízos e seria chicoteado.




MEIOS HUMANOS DE COMBATE - TÉCNICAS DE COMBATE AO FOGO

Foto-Caldeirão de ferro usado no século passado, na China, para armazenar água para incêndio 

A organização urbana conduz a uma estrutura rudimentar de brigada de combate a incêndio. Pensa-se que a primeira idéia de brigada operacional foi criada em Roma, no início  da nossa era, pelo Imperador Augusto que organizou sete grupos regulares de "bombeiros" de 1.000 a 2.000 homens, espalhando a estrutura pelas outras cidades do Império ("cohortes vigilium").
Antes dos Romanos, os hebreus e os Gregos criaram os primeiros vigias noturnos. Na idade Média retomaram ¬se estas organizações, ao mesmo tempo em que as casas eram, cada vez mais, construídas em madeira e colmo (palha longa para cobrir o telhado).

Pensa-se, então, que a solução mais expedita para extinguir o fogo é provocar o colapso da casa. Assim, em 1212 foi  decretado em Londres que cada casa tem que ter um gancho e correntes para derrubar as traves mestras dos cantos da casa.
Atribui-se a “moderna” organização de combate a incêndio a um holandês que, em 1672, criou uma brigada equipada com mangueiras flexíveis e bombas manuais.

Após  grande incêndio de Londres de 1666 e no reinado de Guilherme III, as brigadas de incêndio começaram a ser estruturadas pelas novas companhias seguradoras. No século  XIX os bombeiros estruturam-se, surgem os primeiros os corpos voluntários, assim como se desenvolvem as bombas de combate a incêndios, quer em terra, quer em barcos.
Em Portugal, o rei D. João I, pela carta régia de 1395, estabelece os vigias noturnos e define, para a extinção de incêndios, as missões dos carpinteiros (com machado) e das mulheres para a condução da água.
Até o ano do 1700 os sistemas de combate consistiam fundamentalmente de equipamentos manuais. A técnica era simples: baldes passando de mão em mão  até o local do incêndio. O equipamento do combate evoluiu evidentemente em função da tecnologia existente.
O serviço de proteção ao fogo era feito por um conjunto de baldes, pequenas bombas e seringas. (operada por três homens) , para  lançamento de água à distância. Outra técnica que se  desenvolveu era  explodir as casas vizinhas para conseguir formar uma barreira natural a propagação (uma parede, uma rua .. .).

EQUIPAMENTOS DE COMBATE
Pensa-se que foi Heron da Alexandria que, no século I da nossa Era, inventou a bomba de pistão com reservatório de ar, equipada com uma lança monitor rotativa inclinável, denominada na época, máquina de jato d’água, por "sifão". Por isso o comandante dos bombeiros das forças de segurança romanas chamava-se "Siphonarius".

No século XVIII foram ensaiadas as primeiras misturas de sais (amoníaco, sódio, etc.) como efeito extintor por inibição ou como retardante de incêndio. Em 1721 os alemães começaram a produzir um pó que, lançado sobre o fogo, o extinguia. São utilizadas caixas, granadas e outros processos de arremesso. Só mais tarde se começaram a criar e produzir extintores manuais.
Em 1721 foi produzida na Inglaterra, a primeira bomba movida por uma máquina a vapor. O conjunto era montado sobre uma carroça atrelada a cavalos.

Na segunda metade do século XVII, começaram a utilizar-se de bombas manuais, que acionadas por dois ou quatro homens  permitiam criar pressão para lançar água à distância, com auxílio de mangueiras de couro. Não existiam carros tanques. A técnica utilizava então pequenos tanques. Por meio de baldes enchiam-se tanques, dos quais as bombas retiravam a água necessária para o combate.
Em 1829 foi criada na Suécia a primeira bomba de incêndio movida a vapor. No final do século passado, ultrapassado o receio dos bombeiros de se aproximarem de um incêndio com combustível altamente inflamável, foram utilizados os primeiros motores à combustão e elétricos.
Porém somente em 1830, as mangueiras de algodão e de borracha surgem no mercado.

SISTEMA DE SPRINKLERS
Em 1806, o inglês , John Carey, concebeu a idéia de um dispositivo operado por calor, pelo qual a água era distribuída através de um sistema de tubulações perfuradas para extinguir um incêndio, controladas por válvulas e acionadas por cordas e pesos.Pela ação do fogo, as cordas iriam queimar-se, soltando os pesos e deixando que as válvulas pudessem abrir-se normalmente.
Em 1864, major Stewart Harrison do 1o  voluntários de Engenharia (Londres), deu ao mundo o primeiro sprinkler.
Em 1872, o americano, Philip W. Pratt of Abington, Massachussets, patenteou o primeiro sistema automático de sprinklers.
Em 1874, Henry Parmelle, Conneccut, deve ser concedido o crédito para dar ao sistema de extinção de incêndio automático sua aplicação prática, produziu e comercializou o primeiro  sistema de extinção de incêndio automático. O sistema Parmelee foi adotado e também aperfeiçoado, principalmente nas industrias têxteis de algodão na região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, assim como também na Inglaterra.

Trecho relatado pelo engenheiro John Wormald em 1923,   extraído do livro “História de  Mather & Platt”,  do primeiro teste do sprinkler Parmelee

■ A primeira demonstração de seu funcionamento nos Estados Unidos despertou muito interesse. Para esta finalidade, o Sr. Parmelee construiu no mercado atacadista de Bolton um galpão de madeira de  6 m x 9 m, em que ele  instalou seis sprinklers. No assoalho espalhou-se uma quantidade de gravetos,  aparas, sebo, pedaços de barris, barris,etc, tudo bem impregnado com óleo de parafina, e este material combustível foi aceso em três lugares pelo  Superintendente Philips do Corpo de Bombeiros de Bolton. Imediatamente um grande volume de chamas irrompeu para frente e dirigiu-se em volta dos espectadores,  alguma distância da cobertura. Em um minuto e vinte segundos o primeiro sprinkler abriu, seguido por dois outros, e em um curto espaço de tempo, nenhum vestígio do fogo permaneceu”.

■ Uma semana depois um segundo teste foi feito no mesmo edifício, mas nesta ocasião o combustível consistiu de um estoque grande de carruagens velhas, quebradas e misturadas com pedaços de madeira, espalhados em três lados e no centro. De acordo com um jornalista que publicou no jornal  Bolton Evening News de 30 junho 1881 - o "fogo foi aceso cinco lugares, e em 58 segundos um bico de sprinkler rompeu-se e o sistema funcionou. As chamas surgiram,   mais logo começaram a ser controlada e da entrada poderia ser vista as chamas irrompendo no teto, e então elas esconderam-se para avistar em uma nuvem do fumo, e em três minutos o fogo estava  praticamente dominado.”Posteriormente, constatou-se que todos os sprinklers  foram abertos.

Em 1883, o engenheiro americano, Fredrick  Grinnell, finalmente desenvolveu  um sistema de sprinklers revolucionário , que lançou os fundamentos básicos do moderno sistema de sprinklers.
Ele aperfeiçoou o sistema Parmelee, removendo o termo-sensível em contato com a água,  colocando uma válvula no centro de um diafragma  flexível , externamente. Este aperfeiçoamento do sprinkler  passa suportar pressões mais elevadas e distribui a água mais uniformemente.
Até 1 de janeiro de 1888, existiam na Inglaterra e na Escócia, 338 indústrias com instalações de sprinklers completadas ou em fase de  conclusão.

VÁLVULA DE GOVERNO E DE ALARME
Foto - Marcel Boschi - Válvula de governo e alarme inventada por John Taylor

Ao lado da invenção do engenheiro Grinnell,  a válvula engenhosa de Taylor permanece a etapa  mais importante no avanço do desenvolvimento e na prática da extinção automática do fogo.
Previamente não havia nada melhor do que a combinação de um mecanismo de relógio, grosseiro e desajeitado, consistindo de um fio de cobre flexível enrolado em um cilindro com um peso que, quando liberado, acionava um martelo para golpear um gongo, exatamente  como um despertador. Quando o peso alcançava o chão o alarme cessava. A nova válvula de Taylor foi adotada rapidamente pelo  próprio Grinnell e  por todos.

PRINCIPAIS AVANÇOS NA PROTEÇÃO CONTRA INCENDIO
1885 - John R. Freeman executa testes extensivos em sistemas de sprinklers
1895 -  Reunião das Seguradoras  em Nova Iorque, para estabelecer padrões de proteção contra incêndio
1896 - N.F.P.A, oficialmente  organiza e publica códigos para instalação de sistema de sprinklers

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO
Em 1725 foi criado o primeiro termômetro que, dilatando, indicava a variação numa agulha e esta acionava um despertador. Com o aparecimento da eletricidade foi possível transmitir informação à distancia  (1882).
Impossibilitados de medir a luz ou os gases do fumo, dois americanos lembraram-se de patentear em 1896 um detector de fumaça de gases perigosos: uma gaiola com dois pássaros (só o peso dos dois pássaros ao caírem inanimados fecharia um contato para evitar falsos alarmes).

EQUIPAMENTO DE TRANSMISSÃO
Para que todos os equipamentos, ou sistemas acima descritos, possam ser eficazes e permitir uma intervenção determinada e oportuna (não podemos esquecer que a descoberta humana ou automática de um incêndio será feita ao longo do seu desenvolvimento, após o seu início) torna se necessário criar uma correta rede de comunicação e transmissão à distância.
Na Idade Média os vigilantes noturnos tocavam as trombetas ou os sinos das igrejas.
O aparecimento do telégrafo permite que Munique seja a primeira cidade européia, em 1848, a dispor de um telégrafo elétrico para alertar em caso de incêndio e isto associado ao vigilante para identificar o local.
Em 1852 o primeiro telégrafo automático foi instalado em Boston.

DÉCADA DE 1900,  ESTUDO E PESQUISA  
Entre 1920 e 1940, ao fazerem-se experiências sobre o possível desenvolvimento de equipamentos para detecção de poeiras e de armas químicas tóxicas, descobre-se, ocasionalmente, que a fumaça de cigarro influencia a corrente elétrica medida entre duas placas metálicas cujo ar foi ionizado por uma fraca fonte radioativa. Estava descoberto o detector eletrônico de fumaça e de gases de combustão da era moderna.
Posteriormente são descobertos os detectores por absorção de luz e por difusão da luz.

Inicia-se a pesquisa de avaliação da resistência ao fogo de estrutura e os primeiros estudos científicos visando às perdas patrimoniais, provisão de meios para impedir o rápido alastramento do incêndio no edifício e entre edifícios.

O desenvolvimento tecnológico posterior, a miniaturização dos circuitos e o processamento eletrônico permitem chegarmos ao atual estado dos sistemas endereçáveis: cada sensor, detector ou ponto de comando pode ser rigorosamente identificado e permitir ações  subseqüentes bem precisas e escalonáveis.
Modernamente se dispõe de recursos os mais variados possíveis; radio, televisão, comunicações, suprimento de água, sistemas de alarme e detecção, programas de educação da comunidade. Em instalações sofisticadas, o computador já se faz presente, controlando de maneira econômica, sistemas de alarme que cobre grandes áreas como são as modernas indústrias.

Contudo, o Homem continua a ser um elemento importante desta cadeia.

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
Os primeiros organismos de combate ao fogo foram constituídos com bombeiros voluntários. Com a evolução natural das cidades, o aumento do risco e a necessidade do atendimento rápido, os Corpos Bombeiros especializados, dedicados exclusivamente a essa função foram se impondo na sociedade.
Ainda hoje o sistema de voluntários existe em vários países; Alemanha, nos Estados Unidos, no Japão, Chile, etc.

Interessante observar na história dos incêndios  o desenvolvimento de leis e regulamentações relativas ao assunto, foram criadas devido aos grandes incêndios. As leis mais importantes sempre surgiram após alguma crise.

O QUE ACONTECIA NA ÉPOCA NO BRASIL

São Paulo
No Brasil, em 2 de Julho de 1856, no Rio de Janeiro, foi criado o Corpo de Bombeiros da Corte.

Em São Paulo, no ano de 1874, foi feita a primeira tentativa de estabelecimento de um serviço de bombeiros agregados à Companhia de Urbanos (Guardas-civis), tendo como efetivo 10 homens, que foram adestrados para a função; foram comprados baldes de couro, machadinhas e um saco salva-vidas; o efetivo foi contratado junto à Corte.
A criação da instituição se deu em março de 1880, depois de um incêndio na Faculdade de Direito, que funcionava no Convento de São Francisco hoje Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O incêndio no Convento de São Francisco ocorreu no dia 15 de Fevereiro de 1880, destruindo a biblioteca e o arquivo geral.

Em 1886, publicação do Código de Posturas: Previa-se dentre outras coisas, que os encarregados dos sinos das igrejas dessem o alarme quando soubessem de um incêndio; avisos falsos seriam punidos com pesadas multas e prisão; os aguadeiros (transportadores de pipas) tinham, por força da lei, de comparecer ao local do sinistro, e os poços ficariam franqueados aos bombeiros. O Código também premiava em dinheiro aqueles que, em não sendo bombeiros, tivessem o melhor desempenho em caso de incêndio.
Em Abril de 1896 são inauguradas 50 caixas de aviso de incêndio, chamadas “Linhas Telegráficas de sinais de incêndio”, com aproximadamente 70 quilômetros de extensão, operadas por telegrafistas civis graduados militarmente; esse sistema representou uma grande evolução, mas não totalmente eficiente, pois precisava de aumento para zonas da cidade totalmente desprovidas.

Os hidrantes disponíveis, embora tenham aumentado quantitativamente, ainda eram insuficientes, e a distância entre eles dificultava a ação dos bombeiros. Começam a operar novos veículos e materiais, grande parte adquirida em 1895.
Em 1910, foram adquiridos da Inglaterra os primeiros veículos automotores, junto à empresa Merryweather&Sons, no total de seis (três para combate ao fogo), a serem entregues em 1911, ano em que foi completamente inaugurado o popular sistema de alarme “Gamewell” americano, com 146 caixas e que sob manutenção do Corpo funcionou por mais de quatro décadas, era o mais eficiente da época.

RIO DE JANEIRO
Diversas tragédias atingiram a cidade do Rio de Janeiro antes da criação do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro:
■1710 — Incêndio causado pelo invasor Duclerc destruindo a Alfândega do Rio de Janeiro.
■1732 — Grande incêndio acabou com parte do Mosteiro de São Bento, que acabara de ser reconstruído.
■1789 — Incêndio de grandes proporções consumiu todo o Recolhimento do Parto.
■1790 — Um incêndio de proporções catastróficas aconteceu no Largo do Paço (hoje Praça XV), destruindo o sobrado onde funcionavam o Tribunal da Relação e o Arquivo Municipal.
■1824 — O Teatro São João (atual João Caetano) foi reduzido a cinzas por causa de um incêndio.
■1851 — O fogo voltou a destruir o Teatro São João, que tornaria a sofrer um incêndio em 1856.

E foi no ano de 1856 que o Imperador Dom Pedro II organizou o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte. A criação do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte consta do Decreto Imperial 1775, de 02 de julho de 1856.

O Material de combate compunha-se basicamente de quatro bombas manuais, algumas escadas, baldes de lona, mangueiras e cordas.
Com a chegada da República, em 1889, a Corporação passou a se chamar Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

CURIOSIDADES
■ Arqueólogos alemães descobriram bombas de apagar incêndio de 1.650 anos atrás em escavações no vale do Reno (Alemanha). A espécie de hidrante primitivo é uma prova de que os bombeiros do antigo Império Romano não apagavam incêndios usando apenas baldes, como se presumia até agora.
■ Em 1803, Frederick Graf, projetou uma tubulação que permanecia com água , para o sistema de abastecimento de água da cidade de Filadélfia. Foi na época o projeto mais avançado para abastecimento de água para hidrante.
■ Nos USA, no século passado, utilizavam cisternas para armazenar água para incêndio. Até hoje, algumas cidades americanas ainda utilizam as cisternas  para armazenagem de água para incêndio.




Em Tóquio atual, cisternas para incêndios são construídas para serem utilizadas pelos bombeiros. Eles utilizam devido aos abalos sísmicos (terremotos)










Tubulação de madeira para água, utilizada  nos USA, entre 1700 a 1800.
Quando ocorria incêndio, os bombeiros escavavam o local  para encontrar a tubulação. A tubulação tinha um “plug fire” (tipo de uma cavilha para vedar um orifício, abertura para recalcar a  água). A tubulação era marcada com sinal vermelho, para apontar o local do “plug fire”. Os bombeiros tinham conhecimento de sua localização.

10 de Fevereiro de 1863 – o extintor de incêndio foi patenteada por  Alanson Crane.
1 de Janeiro de 1853 – o primeiro veiculo para incêndio, prático,  foi testado  em  Cincinnati, Ohio.
21 de abril de  1878 – o primeiro posto de corpo de bombeiros foi instalado em Nova Iorque.
30 de maio de 1821 – a primeira mangueira de incêndio revestida com algodão foi patenteada  por  Joseph Boyd,  Boston.
7 de maio de  1878 – a primeira escada de incêndio foi patenteada  por Joseph Winters.
11 de novembro de 1890 - Daniel McCree,  Chicago,  inventou escada portátil para escape

Fontes: @ZR, Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro; Editora Moderna; Folha de São Paulo - 21 de julho de 2004; Fire Journal - July 1965, Revista “Segurança” – Portugal,  Evolução histórica da proteção contra incêndios em meio urbano” – Janeiro/Fevereiro/2003; History of Mather & Platt - Marcel Boschi's 

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posted by ACCA@4:02 PM

2 Comments:

At 7:46 PM, Blogger Unknown said...

Parabéns pelo artigo. Muito bom. Abraços

 
At 9:10 PM, Blogger Matias said...

fico muito agradecido meu amigo por esse artigo estou fazendo meu TCC e vai me ajudar muito obrigado.

 

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