A maior tragédia de mineração do Brasil
Era uma segunda-feira, 10 de setembro de 1984, a equipe de mineiros escalada para o primeiro
turno de trabalho na Mina Santana, da extinta Companhia Carbonífera de
Urussanga, havia acabado de descer para o subsolo. Por volta das 5h houve a
explosão. Todos os 31 trabalhadores do painel seis, que estavam a 80 metros de
profundidade, morreram.
PIOR ACIDENTE DA MINERAÇÃO BRASILEIRA
Até hoje, 30 anos depois, este ainda é considerado o pior
acidente da mineração brasileira – e um marco para a normatização da atividade.
Na época havia muito mais trabalho (eram quase 13 mil mineiros e a indústria
produzia o dobro do que atualmente) e quase não existiam regras. A extração do
carvão era manual, usava-se explosivos e não havia sequer a proibição de fumar
na mina.
CAUSAS DA EXPLOSÃO
As causas da explosão nunca foram, de fato, esclarecidas.
Perícias feitas na época indicaram acúmulo de gás metano (um gás inflamável,
presente na camada de carvão, que em determinada quantidade causa explosões).
A situação pode ter agravado por falta de ventilação na mina
devido a queda de energia ocorrida na véspera do acidente que pode ter comprometido o funcionamento dos
exaustores que carregam o ar da superfície para o subsolo.
MORTES
Os mineiros morreram por asfixia e queimaduras. Nos dois
primeiros dias de resgate, segundo consta em publicações da época, todos os que
se aproximaram da mina deixaram o local intoxicados. A operação para a retirada
dos corpos só foi encerrada cinco dias depois do acidente e reuniu bombeiros de
Criciúma, Itajaí, Florianópolis e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA,
A evolução da indústria, desde a tragédia em Urussanga, avançou:
tanto em tecnologia quanto em segurança. A produção é quase totalmente
mecanizada, o que melhorou – e muito – as condições de trabalho. Os casos de
pneumoconiose, doença pulmonar causada pela inalação de poeira que assombrou as
últimas gerações de mineiros, praticamente inexistem. Isso porque o maquinário
usado para extrair carvão borrifa água enquanto opera, o que aumenta a umidade
no subsolo e diminui o pó. Além disso, máscaras faciais são itens obrigatórios
para o serviço.
REGRAS DE SEGURANÇA MAIS CRITERIOSA
A evolução da indústria, desde a tragédia em Urussanga, avançou:
tanto em tecnologia quanto em segurança. A produção é quase totalmente
mecanizada, o que melhorou – e muito – as condições de trabalho.
Hoje ninguém desce para o subsolo sem equipamento de
segurança e treinamento adequado. A atividade é regida por uma norma específica
à mineração e a cada seis meses as mineradoras são fiscalizadas pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral – autarquia ligada ao Ministério das
Minas e Energia.
Um técnico de segurança mede a quantidade de gases tóxicos
durante os turnos de trabalho. Essa tecnologia que não existia há 30 anos. As
regras de segurança da mina também ficaram mais criteriosas. "A utilização
dos equipamentos de segurança é obrigatória. Quem trabalha diretamente com a mineração
ou perto da extração não pode ficar sem máscara", afirma Jonathann
Hoffmann, engenheiro de segurança de trabalho de uma mina em Içara.
O Ministério Público do Trabalho recebe os relatórios e, se
necessário, firma Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com as empresas. A região
carbonífera de SC responde por metade da produção de carvão mineral do país. É
interligada por Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Müller, Siderópolis e
Treviso.
PROFISSÃO DE ALTO RISCO
Quem atua em contato direto com a extração do minério tem no
máximo 15 anos de profissão. O que, segundo o Sindicato dos Mineiros, é um
atrativo do serviço. A aposentadoria precoce permite a quem inicia na atividade
aos 21 anos ser amparado pela Previdência Social aos 36.
Não é qualquer pessoa que tem estrutura física e emocional
para desenvolver a atividade. É escuro, isolado e não se tem diálogo com muitas
pessoas.
Dados da Previdência Social mantém a profissão de mineiro como
uma das mais perigosas do país, ao lado dos que atuam nas plataformas de
petróleo. E por um motivo: as chances de acidentes fatais são maiores em locais
isolados, onde é difícil escapar.
PRINCIPAIS CAUSAS DOS ACIDENTES RECENTES
■ desmoronamento de rochas do teto e das laterais da mina
■ e choque elétrico.
Para diminuir os acidentes, a Associação Brasileira do
Carvão discute a criação de um centro de tecnologia na área da segurança em
mineração.
Fonte: Diário Catarinense - 06/09/2014Marcadores: mina de carvão, segurança

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