Peixe-leão ameaça a segurança alimentar no Caribe
As
autoridades do Panamá iniciaram uma cruzada contra o voraz peixe-leão, um peixe
colorido que invadiu a costa do Caribe e já ameaça a população de algumas
espécies que garantem o sustento de milhares de pescadores artesanais,
colocando em risco a segurança alimentar do País.
"A
situação é crítica no Caribe e no Panamá e já estão em risco a pesca artesanal,
a indústria pesqueira, o turismo, o ecossistema e a biodiversidade
marinha", alertou o diretor da província de Colón da Autoridade de
Recursos Aquáticos do Panamá, Abdiel Martínez.
O
peixe-leão, que pode crescer até os 20 centímetros e tem glândulas venenosas,
chegou ao Caribe aparentemente de forma
acidental. Na região, o peixe não tem predadores naturais, o que fez com que se
reproduzisse enormemente, o que não acontece nos oceanos Índico e Pacífico, onde
a espécie é autóctone.
PESCA EM
MASSA
A
autoridade de Recursos Aquáticos planeja uma "captura massiva a nível
nacional para diminuir a proliferação do peixe". A guerra contra a espécie
invasora deverá reunir pescadores do Atlântico e do Pacífico para a tarefa
definida pelo governo como 'titânica'.
Uma
experiência piloto foi feita na localizade de Bocas del Toro, fronteira com a
Costa Rica. Em apenas cinco horas, 3,2 mil peixes-leão de vários tamanhos foram
pescados em uma área não muito profunda, que é onde a espécie é mais comum.
As autoridades
também instalaram em armadilhas em formato de cestas destinadas a capturar o
peixe. "Estamos buscando outras alternativas que nos ajudem a pescar com
responsabilidade esta espécie considerada invasora", declarou Martínez,
destacando que está em jogo a segurança alimentar do país.
A tarefa
não é fácil, entre outros fatores, porque não existe ainda um plano de manejo
oficial para a captura em massa do peixe. Também ainda não existem estatísticas
oficiais sobre a população da espécie. Mas a autoridade comentou que algumas
áreas, como San Lorenzo, na cidade de Colón, "parece haver um jardim de
flores no mar, mas na realidade são apenas os peixes-leões".
Ele cita
testemunhos de pescadores que não conseguem mais pescar as tradicionais
lagostas, corvinas e camarões que antes eram abundantes na região.
PESCA
COM ANZOL.
Os
peixes-leões podem expandir até quatro vezes o tamanho do seu estômago comendo
cerca de 30 pequenos peixes a cada meia hora, segundo Gabriel González, da
Fundação Clear The Fish, dedicada a caçar o peixe-leão. Segundo ele, os peixes
já aparecem agora em anzóis dos pescadores, quando antes só era possível
capturá-los com arpões.
No porto
de Obaldía, na comarca indígena Guna Yala, fronteira com a Colômbia, crianças
que pescam com anzol conseguem pescar o peixe-leão, "o que significa que
já está faltando alimentação para as espécies marinhas e os peixes comem o que
encontram", disse González.
As
glândulas venenosas do peixe levam os pescadores a fugir do peixe-leão e eles
não aproveitam a sua carne, rica em proteínas e com bom sabor."Precisamos
ensinar os pescadores a como manejar o peixe após a sua captura, e como fazer
em caso de picada", acrescentou o especialista, lembrando que a única
parte venenosa são as farpas do peixe. Fonte: Estadão-
09 de agosto de 2013
Comentário:
Quando
alguma espécie é inserida em um habitat diferente do seu, é chamada de exótica
invasora, pois prejudica a biodiversidade local. O intenso fluxo de bens e
pessoas, decorrente da globalização, é o grande responsável por esta
transferência de espécies. Turistas e colecionadores que trazem
"lembranças" de outros habitats quando viajam ou o deslocamento não
intencional - quando uma espécie é transportada, por exemplo, porque entrou em
um navio - podem trazer espécies invasoras, que podem causar grandes prejuízos
para os ambientes naturais, além de danos à economia do espaço afetado.
ESPÉCIES
EXÓTICAS INVASORAS – PERDA DE BIODIVERSIDADE
As
espécies exóticas invasoras já representam a segunda causa de perda da
biodiversidade do planeta - atrás apenas da destruição provocada pela ação
humana. Só no Brasil, mais de 380 espécies invasoras foram identificadas e
catalogadas pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental.
A
introdução do peixe-leão na costa sul-americana representa uma séria ameaça à
fauna local de peixes e invertebrados de que se alimentam e um risco para a o
equilíbrio dos ecossistemas marinhos na região. Há estudos que mostram que,
quando pequeno, este peixe se alimenta de pequenos crustáceos e, à medida que
cresce, passa a se alimentar de peixes.
DISSEMINAÇÃO
Acredita-se
que as primeiras espécies de peixe-leão tenham chegado à América do Sul em
função da passagem do furacão Andrew, na Flórida, Estados Unidos. Entre 1999 e
2010 a espécie invadiu o mar do Caribe, o Golfo do México, o litoral da Costa
Rica e do Panamá, a costa da Colômbia e, mais recentemente, a costa da
Venezuela. Teme-se que a invasão prossiga e chegue à costa brasileira,
inicialmente no Amapá.
Dados
cronológicos
Natural
dos oceanos Pacífico e Índico, em 1992 o peixe-leao teria sido solto, por causa
do furacao Andrew, na Baía de Biscayne, perto de Miami
Em 2001,
já estava na costa do Atlantico nos EUA, desde a Flórida até a Carolina do
Norte
Em 2008,
atingiu a America Central e o Caribe,
atacando a fauna nativa de Bermudas, Bahamas, Colombia, Cuba, Republica
Dominicana, Jamaica, Poerto Rico, Ilhas Cayman, Belize, Haiti, Ilhas Virgens,
México, Aruba, Curaçao e Bonaire
CONTROLE
Ações de
controle da espécie têm sido desenvolvidas ao longo dos diferentes países da
região onde a presença do peixe-leão existe. Pensar sobre a erradicação total
parece improvável, e alguns esforços nesse sentido podem ser extremamente caros
e poucos práticos.
No
Caribe e nas Bahamas a caça com arpões está sendo praticada como forma de
reduzir a população. Embora tenha veneno, o peixe-leão não foge dos predadores
- nem mesmo do homem -, o que permite aos mergulhadores chegar bem próximo com
o arpão e matá-lo com facilidade.
AMEAÇA À
ECONOMIA E À SAÚDE
O
peixe-leão gosta de 50 espécies de pequenos peixes e crustáceos, alguns de
valor comercial. Ele pode mudar a oferta de lagostas, por exemplo, por competir
com os alimentos desses crustáceos. No Caribe, já se registrou redução na
população de peixes-papagaio. “Isso preocupa, porque o peixes-papagaio são
herbívoros e tem a função de remover algas que competem com os corais por
espaço”, aponta Osmar Luiz.
Sem vida
recifal, o equilíbrio ecológicos está afetado, alertam os biólogos que estudam
a vida marinha e podem detalhar a importância dos recifes de corais na vida no
mar. Sem alimentos, populações de lagostas e outras espécies comerciais também
podem sofrer as consequências, temem os pescadores (de todos os tamanhos). Isso
sem falar nas consequências para o turismo, entre as operadoras de mergulho (os
recifes de corais é uma atração clássica, entre os praticantes da atividade).
VENENO
É
preciso remover os peixes, mas sem contato direto. Informar as pessoas sobre o
perigo em tocar os peixes também é importante.
Segundo
Sílvia Ziller, diretora executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e
Conservação Ambiental e diretora para a América Latina do Programa Global de
Espécies Invasoras (GISP),deve haver divulgação dos perigos associados à
invasão do peixe-leão. As toxinas do peixe podem causar ferimentos graves, por
isso, não devem ser pegos com as mãos.
O veneno
do peixe-leão fica nos raios da nadadeira dorsal. O veneno do peixe-leão causa
dor intensa, vermelhidão, inchaço e por vezes, bolhas no local onde os raios
penetram. “Pode ocorrer mal-estar, mas não mata. O acidente pelo nosso
peixe-escorpião (conhecido como beatriz, no Nordeste) é mais grave”, esclarece
Haddad. “O único tratamento disponível é mergulhar a mão em água quente, que
melhora muito a dor”.
Não há
medida preventiva que evite a chegada da espécie, mas esclarecer as populações
sobre a necessidade da remoção da espécie é fundamental. Vale lembrar que a
carne do peixe-leão pode ser consumida após a caça. Fontes: Noticias Terra – Ciência
- 07 de Agosto de 2011 e O Eco - 29/12/11
Marcadores: Meio Ambiente

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