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sábado, agosto 10, 2013

Peixe-leão ameaça a segurança alimentar no Caribe

As autoridades do Panamá iniciaram uma cruzada contra o voraz peixe-leão, um peixe colorido que invadiu a costa do Caribe e já ameaça a população de algumas espécies que garantem o sustento de milhares de pescadores artesanais, colocando em risco a segurança alimentar do País.

"A situação é crítica no Caribe e no Panamá e já estão em risco a pesca artesanal, a indústria pesqueira, o turismo, o ecossistema e a biodiversidade marinha", alertou o diretor da província de Colón da Autoridade de Recursos Aquáticos do Panamá, Abdiel Martínez.

O peixe-leão, que pode crescer até os 20 centímetros e tem glândulas venenosas, chegou ao Caribe  aparentemente de forma acidental. Na região, o peixe não tem predadores naturais, o que fez com que se reproduzisse enormemente, o que não acontece nos oceanos Índico e Pacífico, onde a espécie é autóctone.

PESCA EM MASSA
A autoridade de Recursos Aquáticos planeja uma "captura massiva a nível nacional para diminuir a proliferação do peixe". A guerra contra a espécie invasora deverá reunir pescadores do Atlântico e do Pacífico para a tarefa definida pelo governo como 'titânica'.

Uma experiência piloto foi feita na localizade de Bocas del Toro, fronteira com a Costa Rica. Em apenas cinco horas, 3,2 mil peixes-leão de vários tamanhos foram pescados em uma área não muito profunda, que é onde a espécie é mais comum.

As autoridades também instalaram em armadilhas em formato de cestas destinadas a capturar o peixe. "Estamos buscando outras alternativas que nos ajudem a pescar com responsabilidade esta espécie considerada invasora", declarou Martínez, destacando que está em jogo a segurança alimentar do país.

A tarefa não é fácil, entre outros fatores, porque não existe ainda um plano de manejo oficial para a captura em massa do peixe. Também ainda não existem estatísticas oficiais sobre a população da espécie. Mas a autoridade comentou que algumas áreas, como San Lorenzo, na cidade de Colón, "parece haver um jardim de flores no mar, mas na realidade são apenas os peixes-leões".

Ele cita testemunhos de pescadores que não conseguem mais pescar as tradicionais lagostas, corvinas e camarões que antes eram abundantes na região.

PESCA COM ANZOL.
Os peixes-leões podem expandir até quatro vezes o tamanho do seu estômago comendo cerca de 30 pequenos peixes a cada meia hora, segundo Gabriel González, da Fundação Clear The Fish, dedicada a caçar o peixe-leão. Segundo ele, os peixes já aparecem agora em anzóis dos pescadores, quando antes só era possível capturá-los com arpões.

No porto de Obaldía, na comarca indígena Guna Yala, fronteira com a Colômbia, crianças que pescam com anzol conseguem pescar o peixe-leão, "o que significa que já está faltando alimentação para as espécies marinhas e os peixes comem o que encontram", disse González.

As glândulas venenosas do peixe levam os pescadores a fugir do peixe-leão e eles não aproveitam a sua carne, rica em proteínas e com bom sabor."Precisamos ensinar os pescadores a como manejar o peixe após a sua captura, e como fazer em caso de picada", acrescentou o especialista, lembrando que a única parte venenosa são as farpas do peixe. Fonte: Estadão- 09 de agosto de 2013

Comentário:
Quando alguma espécie é inserida em um habitat diferente do seu, é chamada de exótica invasora, pois prejudica a biodiversidade local. O intenso fluxo de bens e pessoas, decorrente da globalização, é o grande responsável por esta transferência de espécies. Turistas e colecionadores que trazem "lembranças" de outros habitats quando viajam ou o deslocamento não intencional - quando uma espécie é transportada, por exemplo, porque entrou em um navio - podem trazer espécies invasoras, que podem causar grandes prejuízos para os ambientes naturais, além de danos à economia do espaço afetado.

ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS – PERDA DE BIODIVERSIDADE
As espécies exóticas invasoras já representam a segunda causa de perda da biodiversidade do planeta - atrás apenas da destruição provocada pela ação humana. Só no Brasil, mais de 380 espécies invasoras foram identificadas e catalogadas pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental.
A introdução do peixe-leão na costa sul-americana representa uma séria ameaça à fauna local de peixes e invertebrados de que se alimentam e um risco para a o equilíbrio dos ecossistemas marinhos na região. Há estudos que mostram que, quando pequeno, este peixe se alimenta de pequenos crustáceos e, à medida que cresce, passa a se alimentar de peixes.

DISSEMINAÇÃO
Acredita-se que as primeiras espécies de peixe-leão tenham chegado à América do Sul em função da passagem do furacão Andrew, na Flórida, Estados Unidos. Entre 1999 e 2010 a espécie invadiu o mar do Caribe, o Golfo do México, o litoral da Costa Rica e do Panamá, a costa da Colômbia e, mais recentemente, a costa da Venezuela. Teme-se que a invasão prossiga e chegue à costa brasileira, inicialmente no Amapá.
Dados cronológicos
Natural dos oceanos Pacífico e Índico, em 1992 o peixe-leao teria sido solto, por causa do furacao Andrew, na Baía de Biscayne, perto de Miami
Em 2001, já estava na costa do Atlantico nos EUA, desde a Flórida até a Carolina do Norte
Em 2008, atingiu a  America Central e o Caribe, atacando a fauna nativa de Bermudas, Bahamas, Colombia, Cuba, Republica Dominicana, Jamaica, Poerto Rico, Ilhas Cayman, Belize, Haiti, Ilhas Virgens, México, Aruba, Curaçao e Bonaire

CONTROLE
Ações de controle da espécie têm sido desenvolvidas ao longo dos diferentes países da região onde a presença do peixe-leão existe. Pensar sobre a erradicação total parece improvável, e alguns esforços nesse sentido podem ser extremamente caros e poucos práticos.
No Caribe e nas Bahamas a caça com arpões está sendo praticada como forma de reduzir a população. Embora tenha veneno, o peixe-leão não foge dos predadores - nem mesmo do homem -, o que permite aos mergulhadores chegar bem próximo com o arpão e matá-lo com facilidade.

AMEAÇA À ECONOMIA E À SAÚDE
O peixe-leão gosta de 50 espécies de pequenos peixes e crustáceos, alguns de valor comercial. Ele pode mudar a oferta de lagostas, por exemplo, por competir com os alimentos desses crustáceos. No Caribe, já se registrou redução na população de peixes-papagaio. “Isso preocupa, porque o peixes-papagaio são herbívoros e tem a função de remover algas que competem com os corais por espaço”, aponta Osmar Luiz.
Sem vida recifal, o equilíbrio ecológicos está afetado, alertam os biólogos que estudam a vida marinha e podem detalhar a importância dos recifes de corais na vida no mar. Sem alimentos, populações de lagostas e outras espécies comerciais também podem sofrer as consequências, temem os pescadores (de todos os tamanhos). Isso sem falar nas consequências para o turismo, entre as operadoras de mergulho (os recifes de corais é uma atração clássica, entre os praticantes da atividade).

VENENO
É preciso remover os peixes, mas sem contato direto. Informar as pessoas sobre o perigo em tocar os peixes também é importante.
Segundo Sílvia Ziller, diretora executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e diretora para a América Latina do Programa Global de Espécies Invasoras (GISP),deve haver divulgação dos perigos associados à invasão do peixe-leão. As toxinas do peixe podem causar ferimentos graves, por isso, não devem ser pegos com as mãos.
O veneno do peixe-leão fica nos raios da nadadeira dorsal. O veneno do peixe-leão causa dor intensa, vermelhidão, inchaço e por vezes, bolhas no local onde os raios penetram. “Pode ocorrer mal-estar, mas não mata. O acidente pelo nosso peixe-escorpião (conhecido como beatriz, no Nordeste) é mais grave”, esclarece Haddad. “O único tratamento disponível é mergulhar a mão em água quente, que melhora muito a dor”.
Não há medida preventiva que evite a chegada da espécie, mas esclarecer as populações sobre a necessidade da remoção da espécie é fundamental. Vale lembrar que a carne do peixe-leão pode ser consumida após a caça. Fontes: Noticias Terra – Ciência - 07 de Agosto de 2011 e O Eco -  29/12/11


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posted by ACCA@4:27 PM