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quinta-feira, junho 20, 2013

Incêndio em prédio residencial em Balneário Camboriú

Um incêndio na manha de segunda-feira, 17 de junho, atingiu pelo menos dois apartamentos no edifício Notre Dame, na Avenida Atlântica, em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

CAUSA
A suspeita é que o incêndio tenha começado em um ar condicionado, que fica na parte externa do apartamento que estava vazio, causado por problemas na fiação elétrica. O aparelho em chamas soltou fagulhas que incendiaram ar-condicionado que estava no andar de baixo.

VÍTIMAS
Não há vítimas fatais. Os policiais precisaram arrombar uma porta para retirar a moradora vizinha, uma senhora de 88 anos, cadeirante e que havia inalado muita fumaça.

CONTROLE DO INCENDIO
As chamas iniciaram em um dos cômodos do apartamento do 3º andar  do prédio  e os  bombeiros utilizaram o sistema de hidrante do edifício e combateram o fogo antes que se propagasse para o restante do prédio.

DANOS MATERIAIS
Os maiores danos ocorreram apenas no quarto em que estava o ar condicionado.

BOMBEIROS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ NÃO TEM EQUIPAMENTO PARA COMBATER FOGO EM PRÉDIOS ALTOS
O incêndio  levantou, novamente, a discussão sobre os equipamentos utilizados pelo Corpo de Bombeiros para o combate às chamas.

DEMORA EM CHEGAR
Os curiosos que assistiram a movimentação na Avenida Atlântica reclamaram da demora dos bombeiros para chegar até o local, 20 minutos.  De acordo com o tenente Daniel Dutra, o tempo de atendimento a uma chamada é de até 12 minutos. Porém, problemas de deslocamento por Balneário Camboriú são frequentes.
— O trânsito é um fator complicador nas nossas ocorrências, não apenas em caso de fogo. Quando respondemos chamadas de afogamento, acidentes, quase sempre temos dificuldades em chegar ao local — revela o tenente-coronel Walter Ferreira Povoas.
O oficial enfatiza a importância de as pessoas liberarem a passagem imediatamente para veículos de emergência.
— Pedimos para as pessoas assim que nos verem com as luzes ligadas abram caminho. Um minuto a mais no trânsito pode custar a vida de uma pessoa — avisa.

ALTURA DOS PRÉDIOS
Isabel Valente é ex-síndica de um prédio de 27 andares. Ela mora no 20° e diz que se questiona frequentemente sobre o que faria em uma situação de emergência, já que a escada dos bombeiros  atinge até o 10º andar. Em Balneário Camboriú, a instituição não conta com unidades móveis com escada Magirus, mais adequada para edificações maiores.
Para muitos, mesmo com sistemas de segurança presentes nos prédios, à altura dos edifícios continua deixando os moradores assustados.
Seguros, seguros, a gente não se sente. São tantos prédios uns maiores do que os outros sendo construídos e a gente nota que os bombeiros não possuem equipamentos eficientes para todos os casos. E se o incêndio fosse em um andar onde a escada não alcançasse? — questiona Isabel.

PREVENÇÃO
■Sempre que for se ausentar de casa, mesmo que por poucos dias, não deixe nada ligado na parede (com exceção da geladeira, que funciona de forma diferente)
■Faça uma revisão regularmente da instalação elétrica de sua casa
■Jamais deixe velas acesas sem estar presente no mesmo cômodo
 ■Avise um vizinho de confiança sobre a sua ausência e deixe sempre o seu contato em caso de emergências
■ Não utilize benjamins ou dispositivos que aglomerem mais de um aparelho na mesma tomada. Eles podem causar graves problemas nas instalações elétricas
Fontes: Zero Hora, Diário Catarinense, O Sol Diario, 17/06/2013

Comentário:
O Balneário Camboriú tem vários projetos aprovados de edifícios residenciais ou mistos (comercial e residencial), com altura variando de  170m a 240 m.
A cidade tem mais de 200  prédios e a estimativa dos bombeiros é de que 30 a 40% apresentem irregularidades.

AS PRIORIDADES OPERACIONAIS EM INCÊNDIOS DE EDIFÍCIOS ALTOS
Um chefe de operação tem poucas escolhas quando enfrenta um incêndio nos últimos andares de um edifício alto.

As opções táticas à disposição dos bombeiros são bastante limitadas quando o fogo localiza-se fora do alcance de uma escada. O resgate de pessoas pela parte externa do prédio, usando escadas ou equipamento aéreo, não é possível nesses casos. Quando isso ocorre, o chefe da operação só tem como opções o uso de uma estratégia agressiva ou uma estratégia de não‑combate.

DIFICULDADE NA LOGÍSTICA
O transporte de pessoal e equipamentos para os andares superiores de um prédio pode aumentar enormemente o tempo de preparação, especialmente se os elevadores não puderem ser usados. O tempo de preparação para o lançamento de uma frente de ataque, que geralmente não ultrapassa dois ou três minutos, facilmente passa a ser de dez minutos ou mais, pois os bombeiros precisam chegar ao andar do incêndio pelas escadas. Após carregar todo seu equipamento escada acima, os primeiros bombeiros a subir provavelmente estarão exaustos. O pessoal de apoio nas escadas e o uso de procedimentos de reabilitação podem minimizar esse problema, mas as primeiras brigadas a preparar uma ofensiva nos andares superiores de um edifício alto têm que se virar sozinhas.

A IMPORTÂNCIA DA REDE DE ÁGUA DE INCÊNDIO
Quanto mais alto for o andar do incêndio, mais importante se torna a tubulação interna de incêndio. A instalação de uma linha de mangueiras no 10º andar de um prédio já se constitui um desafio, mas posicionar uma no 30º , 50º ou no 100º andar é muito mais difícil.
Em termos práticos, o chefe de emergência precisa levar em consideração as variáveis hidráulicas necessárias para superar a perda de carga o efeito da altura, além do pessoal adicional necessário. A perda de pressão por elevação corresponde a 0,03 kgf/cm2 para cada 30cm de altura. 

Embora a altura de cada andar varie de prédio para prédio, e os primeiros andares sejam geralmente mais altos que os superiores, para efeitos práticos calcula-se que cada andar tem 3 metros de altura. Conseqüentemente, o bombeamento para um sistema de mangueiras no segundo andar gera uma perda de pressão de aproximadamente 0,3 kgf/cm2. Um bombeamento para o 51º  andar corresponde a uma perda de pressão de 18,4 kgf/cm2, e o bombeamento para o 101º  andar resulta em uma perda de 29,5 kgf/cm2. Para se conseguir superar estas perdas elevadas seria necessário utilizar pressões de bombeamento muito acima das pressões recomendadas para as mangueiras e bombas de incêndio existentes.

INCÊNDIO NO HOTEL ONE MERIDIAN PLAZA
O incêndio no hotel One Meridian Plaza, na Filadélfia, em 1991, é um bom exemplo de quanto depende o corpo de bombeiros da rede de água de incêndio do edifício. No instante do sinistro, a rede de incêndio do prédio desocupado tinha válvulas redutoras de pressão, o que resultou em baixa pressão no sistema. Para tentar obter as pressões e vazões necessárias, o chefe da operação considerou a possibilidade de mandar bombeiros transportarem mangueiras de grande diâmetro até o incêndio, que havia iniciado no 22º  andar e se espalhado até o 29o. Se considerarmos que cada andar tem 3 metros de altura, e que o 22º  andar está localizado a 64 de altura, a perda de pressão por elevação equivalia a 6,2 kgf/cm2. O uso de mangueiras de 13cm iria reduzir a perda de carga, mas seria difícil transportá-las 21 andares escada acima.

O cálculo hidráulico indica que seria necessária uma pressão de descarga na faixa de 55 a 65 lpm (litros por minuto) para se suprir o esguicho automático. Esguichos de jato sólido operam a pressões menores para o mesmo nível de vazão e, por esse motivo, exigem menos do equipamento de bombeamento e das mangueiras. Essa tática seria possível em termos hidráulicos, mesmo com esguichos automáticos que requerem pressão de 6,8 kgf/cm2. Entretanto, poucos corpos de bombeiro dispõem do número de bombeiros necessário para implementar semelhante estratégia, que exige muito trabalho.

No final das contas, 316 bombeiros combateram o incêndio no One Meridian Plaza. Três deles morreram antes que o chefe da operação decidisse retirar o seu pessoal, optando por uma estratégia de não-combate.  

DESAFIOS DE COMBATE A INCÊNDIOS
Incêndios em edifícios altos podem dominar completamente as equipes de combate e ameaçar um número grande de ocupantes e bombeiros. Esses incêndios representam um dos maiores desafios para os combatentes de incêndios em edifícios, porque exigem a modificação de técnicas padrão de combate a incêndios e também porque limitam o leque de opções do chefe da operação. Fonte: NFPA - Junho/Agosto 2001

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posted by ACCA@10:46 AM