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terça-feira, maio 14, 2013

Incêndio em prédio residencial em Campo Grande

Um incêndio ocorreu por volta das 3h da madrugada de domingo, 02 de outubro de 2011, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul,   no apartamento 904, do Edifício Leonardo da Vinci, que fica na Rua Amazonas, bairro Monte Castelo.

CAUSA
As reais causas do incêndio ainda serão investigadas, mas de acordo com os profissionais do CB, o fogo teria começado na cozinha do apartamento e depois se espalhado principalmente para a sala, resultando assim nesses dois cômodos mais atingidos pelas chamas.

COMBATE AO FOGO
Foram necessários mais de 3 mil litros de água para conter as chamas. 12 viaturas do CB estiveram no local e cerca de 30 profissionais trabalharam na ocorrência.

VÍTIMA FATAL
O  publicitário GSDL, 24 anos, morreu horas depois de ser socorrido a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e depois transportado para a Santa Casa
“O rapaz teria inalado muita fumaça, e essa provavelmente foi a causa do óbito dele”, disse o 1º Tentente do CB, Reginaldo de Moraes.
Ainda segundo as informações do CB, o jovem, que era portador de necessidades especiais, morava num apartamento próximo ao local do incêndio (provavelmente no 10º andar).
 “Quatro pessoas estavam no apartamento 904, mas não sofreram queimaduras. Conseguimos chegar rapidamente até elas”, comentou o tenente-coronel de Paula, chefe do departamento de relações públicas da corporação.

VÍTIMAS
Segundo informações obtidas na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da capital, outras pessoas foram encaminhadas para a Santa Casa de Campo Grande por causa de inalação de fumaça.
São moradores próximos ao apartamento 904, os defensores  públicos  FJSB e a esposa, KSSB.
Ainda segundo informações do delegado plantonista da Depac, uma criança, que não teve a idade revelada, também estaria interna por ter inalado grande quantidade de fumaça.

INTERNAMENTO NO HOSPITAL
Teve morte cerebral na segunda-feira , 3 de outubro,  a defensora pública KSSB, de 37 anos,  no hospital particular Miguel Couto, por causa de inalação de fumaça.
O marido de KSSB, continua internado no Miguel Couto e seu estado de saúde é delicado. O filho do casal, JM, um menino de seis anos estava internado na Santa Casa de Campo Grande e recebeu alta médica do CTI (Centro de Tratamento Intensivo).  
Outro morador que ainda está internado é o servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) EBS, que está na Clínica Campo Grande.

IMPORTÂNCIA DE UM PREPARO DOS MORADORES PARA ESCAPAR DE UM INCÊNDIO.
Para o tenente-coronel De Paula, a fatalidade registrada nesta madrugada serve de alerta para que os moradores tenham informações básicas de como agir em casos como esse. “Alguns procedimentos simples podem ser muito importantes na hora do desespero e podem salvar vidas, como usar equipamentos para conter as chamas”.
Ainda como exemplo, De Paula lembrou que, em todo o andar dos edifícios, existe porta corta-fogo  conter incêndio e fumaça. Mas durante o incêndio, provavelmente esta porta ficou aberta por muito tempo e a fumaça se espalhou por outros andares do prédio.

O PRÉDIO FOI NOTIFICADO POR IRREGULARIDADE
O edifício Leonardo da Vinci foi notificado pelo Corpo de Bombeiros no mês passado por deixar abertas as portas corta-fogo.
A informação é do chefe do departamento de relações públicas, Tenente Coronel De Paula. “Ainda no mês passado notificamos o edifício por deixar as portas corta-fogo abertas. Elas devem ficar fechadas exatamente para evitar que fumaça e calor em um possível incêndio se alastrem, como aconteceu no domingo”, disse.
 “Todo prédio, ao ser construído, tem que ter o PPCIP (Projeto de Prevenção Contra Incêndio e Pânico), elaborado pelo engenheiro ou arquiteto do prédio. Após isso, o Corpo de Bombeiros analisa o projeto e aprova se estiver tudo certo. Depois de construído, o prédio passa por nova vistoria dos Bombeiros para ver se o que estava no projeto foi executado. Somente assim o prédio consegue o habite-se da prefeitura”, esclarece De Paula.

AS PORTAS CORTA-FOGO DEVEM FICAR FECHADAS
“No prédio todas essas normas tinham sido seguidas, as portas corta-fogo que estavam sempre abertas e é imprescindível que fiquem sempre fechadas. É preciso lembrar que as pessoas não têm se preocupado com a prevenção de incêndio ao comprar os apartamentos, isso é grave”, diz o tenente coronel.
 “A antecâmara e escada de fuga de incêndio são lugares que devem ficar sempre isolados, esquecidos nos prédios e lembrados apenas nas ocasiões devidas. Muitos moradores usam o lugar para colocar lixo, por exemplo, o que é errado”, finaliza.

RESPONSABILIDADE PELO INCÊNDIO
Os donos do apartamento 904  podem responder pela morte da defensora pública  KSSB e do publicitário GSDL.
Segundo o que foi levantado pela perícia técnica, um fogão esquecido aceso foi a causa do incêndio. Basta agora ser divulgado quem deixou o aparelho doméstico ligado. Esta pessoa poderá responder por duplo homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.
A proprietária do apartamento revelou que no dia do incêndio preparou um risoto para o jantar e depois a família foi prestigiar uma peça de teatro.  
No momento do incêndio a esposa, marido e uma menina dormiam, enquanto que o filho do casal, estava no apartamento da namorada que fica no mesmo prédio.

Há informações de que por volta das 0h30 o filho do casal o 904 chegou com a namorada, pararam no apartamento dele e depois seguiram para o dela no 13º andar cerca de meia hora depois. Por volta das 2h alguém o avisou que o apartamento da família dele parecia estar incendiando. Neste momento o rapaz desceu até o nono andar e se deparou já com muita fumaça.

LAUDO PERICIAL
O laudo pericial constatou que o calor irradiado do forno do fogão causou o incêndio no apartamento.
O  fogão estava embutido em um armário planejado, muito perto da madeira. “A distância era de 5 a 10 centímetros, quando o mínimo necessário é de 40 a 60 centímetros do modulado”, esclareceu o perito Antônio César Moreira de Oliveira.
 “A preocupação é com este tipo de móvel e como as pessoas estão instalando o fogão em casa. Nós visitamos o apartamento ao lado e nele havia o mesmo projeto para a cozinha. É um perigo, uma bomba-relógio dentro de casa”, alerta o perito.
 “É preciso seguir as normas de instalação do produto, conforme o manual de instruções. Além do móvel, tinha um tapete à frente do fogão. O calor irradiado atingiu a temperatura de ignição dele e do móvel, provocando o incêndio. Para se ter uma idéia do calor gerado pelo forno, uma panela de alumínio estava dentro e foi derretida, o que só acontece quando a temperatura atinge cerca de 600 graus”, explicou o perito Almicar de Serra e Silva Netto.

DINÂMICA  DO FOGO
De acordo com a polícia, o casal saiu para um evento por volta das 18h e retornou ao apartamento por volta das 23h. Os peritos calculam que o forno pode ter sido ligado por volta de 0h30 e o incêndio percebido pelo filho do casa, JG,  por volta de 2h12, quando ele retornou do apartamento da namorada, no 13° andar.

Ele teria percebido a fumaça da sacada daquele andar e desceu de elevador até o andar dos pais para avisá-los. Ao chegar, tentou entrar pela área de serviço, mas ela já estava incendiada. De acordo com as imagens internas do edifício analisadas, ele teria entrado pela porta social do apartamento. Após abrir a porta, mais oxigênio entrou no apartamento e aumentou o incêndio. Ele conseguiu avisar o pai, que ficou com a filha na suíte. Ele e a mãe ficaram na sacada do apartamento espertando pelos bombeiros.
Com o sensor de incêndio, o elevador do prédio teria travado, o que dificultou o resgate de GSDL, que usava cadeira de rodas.

INDICIADOS
Apesar da conclusão do laudo da perícia, o inquérito policial ainda não terminou. “Precisávamos desse resultado para confrontar informações com a família que morava no apartamento. Eles alegaram, por exemplo, não terem deixado nada ligado no fogão”, disse o delegado Miguel Said.

Com isso, há várias possibilidades de indiciamentos a partir dos laudos, como o fabricante do móvel planejado, o projetista do móvel, caso se constate um erro de projeto ou quem teria esquecido o forno ligado. “É leviano dizer agora quem será indiciado, temos que comprovar as culpabilidades e individualizá-las”, explicou Said. (Atualizada às 15h44 para correção de informações).

POLÍCIA INDICIA ESTUDANTE POR DUPLO HOMICÍDIO E CONCLUI INQUÉRITO
Segundo o delegado Miguel Said, responsável pelas investigações, após serem feitas inúmeras oitivas e diligências aliadas ao trabalho pericial, ‘a hipótese mais provável e os indícios são de que uma pessoa esqueceu ligado o botão do forno do fogão, fato constatado por peritos, que ainda encontraram resquícios de comida e uma altíssima temperatura, capaz de derreter a lâmpada interna da máquina.

“É um caso complexo, com duas mortes, que precisou de muita investigação para que fosse formado o juízo de convicção. Com a conclusão do inquérito policial, já encaminhado ao poder Judiciário, foi indiciado o estudante JG, 22 anos.  A Justiça irão decidir a pena, que poderá ser de detenção de um a três anos ou até mesmo revertida em multa ou outra punição, de acordo com o entendimento do juiz”, explica o delegado.

RELEMBRANDO O FATO
 Horas antes, a família, composta por um casal,  a filha portadora de necessidades especiais e o estudante estavam na casa. O jovem saiu com a namorada e a mãe foi preparar o jantar, servido para o marido e a menina na cozinha.

Após a refeição, eles saíram para ir ao teatro, por volta das 20h30, fato confirmado pelo circuito de filmagem do prédio, segundo as investigações da 1ª Delegacia de Polícia. A família teria retornado por volta das 0h, sendo que todos foram dormir. Quarenta minutos depois chega o jovem. A namorada dele mora no 13° andar do mesmo prédio.

Em depoimento, ele alegou que subiu direto para a residência da moça. Porém, as câmeras mostram que ele parou no seu andar e ela teria subido para o 13°. Foi um intervalo de dez minutos onde posteriormente ele alegou que ocorreu porque decidiu trocar de roupa e também aproveitou para tomar água.

A análise da filmagem realmente o mostrou subindo o elevador com outra roupa, de bermuda e camiseta. Porém, é neste momento que a polícia constatou que possivelmente o estudante teria colocado a comida no forno, principalmente porque a perícia localizou um recipiente no local.

JG, na casa da namorada, uma hora e vinte minutos depois de ter saído do seu andar, sentiu o cheiro da fumaça. E, de acordo com a polícia, foi neste momento que saiu pela sacada e viu a fumaça saindo do seu andar. "Quando ele desceu, as imagens mostram o Hall de entrada cheio de fumaça. Ele então chamou os pais, que já estavam acordados. JG foi com a mãe para a sacada e a irmã mais nova seguiu para o banheiro da suíte com o pai. Eles ficaram no local até a chegada do Corpo de Bombeiros”, garante o delegado.

A partir daí, o pânico se instalou no local. As portas corta-fogo,  ficaram abertas para  passagem dos moradores e com isso a fumaça espalhou mais rapidamente.
Fontes: MidiaMax- período de 02 de outubro a 23 de novembro de 2011

Comentário: Nos EUA, a cozinha lidera a principal causa de incêndio
■ Em 2011, os Corpos de Bombeiros dos EUA atenderam 370.000 incêndios residenciais. Esses incêndios causaram 13.910 feridos, 2.520 mortes e U$ 6,9 bilhões em danos patrimoniais.       
■ 92% de todas as mortes de ocorreram em residências.
■ Cozinha é a principal causa de incêndios em estrutura e  lesões em residência. A cozinha é a principal fonte de origem de incêndios em residências (42%) e  lesões de fogo (37%).
■ Apenas 4% dos incêndios residenciais começaram na sala de jantar, sala de estar ou escritório; esses incêndios causaram 24% das mortes .
■ Sete por cento dos incêndios residenciais atendidos  começaram no quarto. Esses incêndios causaram 25% das mortes, 20% das lesões e 14% dos danos patrimoniais.
■ O cigarro  a principal causa de mortes em incêndios residenciais..
■ Os principais incêndios ocorreram no  período das 17 h a 20 h.
■ Quase dois terços (67%) das mortes ocorreram em residências sem alarmes de fumaça ou alarmes apresentaram defeitos.
■ A maioria dos incêndios morreu uma ou duas pessoas.
■ Em 2011, 12 incêndios mataram cinco ou mais pessoas. Esses 12 incêndios resultaram na morte de 67 pessoas. Fonte: NFPA

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