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terça-feira, julho 10, 2012

Maioria dos jovens dirige teclando celular

Se digitar, não dirija. O alerta não vem em embalagens de celular, propagandas de operadoras nem foi abraçado por autoridades.

Uma pesquisa do Ibope feita pelo Ibope em novembro de 2011 em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife revela:
■ Nas 5 capitais mostram que 8 em cada 10 motoristas reconhecem que hábito é arriscado, mas boa parte não faz nada para mudar
■ Pesquisa feita com 350 jovens de 18 a 24 anos em cinco capitais brasileiras mostra que 59% deles escrevem na direção. São torpedos, posts no Facebook, conversas em chats.
■ Perguntados se acham o hábito arriscado, 80% disseram que sim e um em cada três reconheceu que não faz nada para mudar

ESPECIALISTAS PREOCUPADOS
"É como se o indivíduo dirigisse de olhos fechados e, quando precisa reagir (frear ou desviar), não dá tempo", diz o perito em acidentes Sérgio Ejzemberg. Para ele, apesar de o País não ter dados sobre colisões causadas pelo manuseio do celular, "certamente elas estão ocorrendo e as pessoas, morrendo". "É pior do que dirigir alcoolizado, porque os olhos não estão na pista."

AUMENTA A CHANCE DE COLISÃO
Segundo o órgão americano de segurança no trânsito, o NHTSA, ao teclar um simples "ok", o motorista aumenta em 23,6% a chance de sofrer um acidente.

AÇÕES  PREVENTIVAS
E, apesar de não ser uma exclusividade nacional, a pouca preocupação do brasileiro com atitudes preventivas é apontada pelo consultor em Engenharia Urbana Luiz Célio Bottura como parte do problema. "Ele não dá bola, acha que não vai acontecer nada", diz. "Só que o seguro não paga o conserto se constata alguma irregularidade, como o uso do celular."

AÇÕES EDUCATIVAS
E são justamente as seguradoras que mais têm alertado para a questão. Iniciamos uma ação educativa na TV paga. Neste mês, faremos na aberta, em rádios e redes sociais. A peça mostra um condutor com os olhos tapados por cinco segundos (tempo médio de pegar o celular e teclar), diz a gerente de Marketing da Porto Seguro, Tanyze Maconato.

Em abril, a BB Mapfre já tinha lançado campanha em TV aberta e paga, mídia impressa, redes sociais e cinemas. No filme, um smartphone se aproxima do rosto de uma mulher - até se chocar e se estilhaçar contra ele.

Advertência. "Acredito que vá chegar o momento em que as empresas (de telefonia móvel) vão veicular advertências, como as de cigarro e bebida fazem", diz Paulo Rossi, superintendente de marketing da BB Mapfre.

AS OPERADORAS
A única operadora que já desenvolve ações é a Claro - em fevereiro, lançou a campanha Basta uma Letra em lojas próprias. Assinada pela Ogilvy Brasil, mostra uma vaca no fim de uma estrada muito longa.
A Vivo informou que "incentiva os usuários a respeitar a legislação", a Oi disse não fazer ações e a Tim não quis se manifestar.

O QUE DIZEM OS JOVENS
■"Olha, eu sou bom nisso!" É assim que o analista de sistemas FCMP, de 24 anos, responde se troca mensagens com os amigos e dirige ao mesmo tempo. Você pode, então, imaginar que isso ocorre só quando ele está no semáforo? "Não, em movimento também. Na troca de marcha, controlando quem vem atrás, olhando se tem pedestre ou ciclista na via, avaliando se é preciso frear", diz, sem cerimônia.
■ O estudante de Publicidade e Propaganda DA, de 19 anos, acaba de fazer um ano de carta. No início, mal digitava no farol vermelho. Mas foi só pegar confiança para deixar de resistir a ver o que chega - via torpedo, Facebook, Twitter, WhatsApp e BBM (chats do iPhone e BlackBerry), Gtalk (chat do Google) e até mesmo... e-mail, o avô das mensagens - e responder. "Em movimento, aperto uma letra e olho para a frente, outra e olho para a frente."

NÃO EXISTE CÉREBRO MULTI-TAREFA
Uma década de pesquisas mostra que o dom das multi-tarefas, a capacidade de fazer várias coisas simultaneamente, com eficiência e bem-feitas é um mito. O cérebro não foi projetado para atentar para duas ou três coisas simultâneas. Ele é configurado para reagir a uma coisa de cada vez, dizem os pesquisadores Stephen Macknik e Sandra Blakeslee. Você pode argumentar que seu caso é diferente porque você faz isso há anos e dá certo. Não é que seu cérebro seja incapaz de executar várias coisas ao mesmo tempo, mas ele não consegue fazer com eficiência.
Isso porque, quando presta atenção à conversa telefônica, o cérebro meio que “diminui o volume” das áreas visuais. O mesmo ocorre quando estamos checando o e-mail ou jogando videogame, alguém começa a falar e você, sem ouvir uma palavra, só fica lá concordando com tudo.
Outro colega de Macknik e Blakeslee, chamado Russ Poldrack, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, mostrou que quando estamos distraídos usamos o “corpo estriado”, uma região do cérebro envolvida na aprendizagem de novas habilidades. Quando estamos concentrados, outra região é que entra em jogo: o hipocampo, relacionado à armazenagem e recuperação das informações. Por isso é que muitas vezes, depois de ler mil coisas ao mesmo tempo na internet, acabamos fazendo a triste constatação de que, embora tudo parecesse novo e interessante, não guardamos quase nada na memória.
Quando nos esforçamos a exercer uma multiplicidade de tarefas, talvez estejamos contribuindo para que percamos eficiência a longo prazo, ainda que às vezes pareçamos estar sendo mais eficientes, disse Poldrack.
Fonte: Estadão - 08 de julho de 2012 e Superinteressante, 25 de maio de 2012


Comentário:
A indústria automobilística também incentiva colocando no painel   do carro dispositivos ou equipamentos eletrônicos que interagem com o motorista. O carro daqui a pouco vai se tornar um carro de entretenimento, distraindo o motorista na condução. No conceito de carro do futuro tem painel interativo com LCD interativo, apresentando as principais informações ao motorista quando ele precisa de dados relacionados a mapas, GPS e estações de rádio.

Uma reportagem publicada em maio de 2012, no jornal The New York Times aponta para um desafio que muitas montadoras de veículos começam a enfrentar nos Estados Unidos. Uma vez que os carros ficam mais e mais conectados, quais são os limites para a instalação de aplicativos no painel do automóvel? Até que ponto esses sistemas inteligentes podem ser útil ou conveniente sem prejudicar a segurança do motorista e passageiros?

O que se  ver em carros, GPSs sintonizados não em mapas mas na programação da TV, DVD a iPad, que agora tem até suporte específico para afixá-lo no pára-brisa.
Uma equipe do Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (Leeme), da

Universidade Mackenzie, passou os últimos dois anos entrevistando cerca de 2 mil adolescentes. A diferença do tempo dedicado por eles a cada mídia é surpreendente. Os nativos digitais, como são chamados aqueles que cresceram diante das novas tecnologias, passaram menos de 5 mil horas de suas vidas diante de livros. Televisão e videogame, juntos, ganharam 30 mil horas. E-mails e mensagens de celular, 250 mil.

Os jovens atuais estão dependentes das drogas eletrônicas, isto é, dependente da internet ou web ou das redes sociais. Essa dependência é transportada para toda atividade ou ação  que os jovens estão envolvidos. O carro é um deles, faz parte do sistema de multitarefa..
Teclar realizando outras tarefas digitais na direção é responsável por mais acidentes e mortes do que imaginamos. Sacrificar sua vida para ler uma mensagem? Acontecem todos os dias. O mundo precisa despertar para essa questão (jornalista americano, William Powers). 

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posted by ACCA@6:57 PM