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quarta-feira, junho 06, 2012

Plástico se multiplica no Oceano Pacífico

Estudo aponta que fragmentos plásticos no oceano cresceram cem vezes em 40 anos e estão sendo ingeridos pelos animais

A quantidade de fragmentos plásticos flutuando no oceano Pacífico cresceu cem vezes nos últimos 40 anos, segundo um levantamento feito pelo Instituto de Oceanografia Scripps e publicado no periódico Biology Letters.

Grande parte desse lixo se acumula em correntes entre o Havaí e a Califórnia, formando uma "ilha de plástico" e mudando profundamente o ecossistema local.
A massa de plástico é reunida no mar por causa do chamado giro do Pacífico Norte, um sistema de circulação de corrente que cria uma zona de convergência nas vizinhanças do Havaí e da Califórnia.

O lixo que não afunda acaba se fragmentando em pequenos pedaços e virando parte da alimentação dos animais marinhos.

PLÁSTICO ALTERA ECOSSISTEMA
De acordo com Miriam, os peixes que vivem nas zonas intermediárias  dessa região do Pacífico  ingerem em torno de 12.000  a  24.000 toneladas de resíduos plásticos por ano. Segundo a pesquisadora, a elevada quantidade de plástico encontrada no mar pode repercutir negativamente no conjunto de seres vivos.

Outro estudo do instituto Scripps mostra que 9% dos peixes coletados em uma expedição feita em 2009 tinham resíduos plásticos em seus estômagos.

Outras conseqüências inesperadas foram identificadas pelos pesquisadores: uma espécie de inseto marinho, por exemplo, está usando o plástico como uma plataforma para depositar os seus ovos. O efeito, nesse caso, é que a população do inseto (Halobates sericeus) aumentou.

A descoberta está descrita em estudo na revista científica "Biology Letters". A equipe liderada por Mirian Goldstein achou elevada quantidade de ovos do inseto Halobates sericeus em cima dos fragmentos de plástico. A poluição "fez bem para a população deles", disse Goldstein.

Isso mostra, ao mesmo tempo, que as espécies marinhas terão que se adaptar cada vez mais à presença objetos flutuantes na água, explicam os cientistas.

"O plástico adicionou milhões de superfícies duras ao oceano Pacífico. Isso representa uma grande mudança (ao ecossistema)", explica Miriam Goldstein, pesquisadora do Scripps.

Ao fornecer a estes insetos um lugar para reprodução no oceano aberto, a placa de plástico está mudando o meio ambiente natural e poderia estar produzindo um impacto sobre a cadeia alimentar local, disseram os pesquisadores. É exatamente com isto que eles têm estado preocupados, disse Goldstein.

“É um padrão geral através do oceano que os animais que vivem em superfícies duras são diferentes daqueles que vivem em superfícies macias, ou na água. Todo esse plástico acrescentou um monte de superfícies duras em um ecossistema que historicamente tinha muito poucas”, disse Goldstein

Isto poderia ser uma coisa “boa” para o principal predador dos insetos, os caranguejos, aumentando seus números – mas uma mudança grande como essa poderia interromper a cadeia alimentar oceânica, disseram os pesquisadores. E os itens que os insetos comem, incluindo minúsculos animais como zooplâncton e ovas de peixe, poderiam causar um grande impacto na população.

EXPEDIÇÃO
O estudo do Scrippps foi feito com base em uma expedição, na costa da Califórnia, em 2009, comparando os dados coletados com outros que datavam até aos anos 1970. Notou-se que o lixo no Pacífico aumentou tanto em quantidade quanto em peso.
O maior temor são os efeitos tóxicos que esses materiais possam ter no oceano, mas isso ainda precisa ser estudado mais a fundo, afirma Goldstein.

Fontes: Estadão - 10 de maio de 2012, BBC Brasil  e LiveScience, 08 de maio de 2012

Comentário:

Consumo per capita de plástico no mundo em Kg
Média Mundial

26
América do Norte

90
Europa Ocidental

65
Europa Oriental

10
China

12
Índia

5.0
Sudeste da Ásia

10
América Latina

18
CIPET – Central Institute of Plastics Engineering & Technology - India

■Produção mundial de plásticos em 2009 – 230 milhões de toneladas
■Consumo de plásticos estimado no Brasil em 2010 - 5 milhões de toneladas
■De acordo com pesquisa encomendada pela Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos, que teve como base o ano de 2010, 19,4% dos plásticos pós-consumo foram reciclados no Brasil no período, o que equivale a 953 mil toneladas de plástico.
■Em 2010, o Brasil ficou na nona posição mundial na reciclagem dos plásticos, atrás da Alemanha (34%), Suécia (33,2%), Bélgica (29,2%), Noruega (25,7%), Suíça (24%), Itália (23%), Eslovênia (21,4%) e Dinamarca (21%). A média da União Européia no ano foi de 21%.
■Tempo de decomposição do plástico – varia de 30 a 450 anos


Plástico chega à Antártida remota
Estudo mostra que lixo produzido pelo homem atinge locais não habitados e impacta a vida marinha
O lixo produzido pelos homens tem chegado a áreas remotas do oceano na região antártica e o plástico é o material que mais preocupa. É o que mostra um estudo feito por pesquisadores da British Antarctic Survey e do Greenpeace a partir dos dados obtidos a bordo de dois navios o RRS James Clark Ross e o MV Speranza. As embarcações percorreram as partes leste e oeste da região antártica.

Leandra Gonçalves, ligada ao Greenpeace e uma das autoras do estudo, diz que foram encontrados "restos de materiais de pesca, muitas caixas plásticas e micropartículas plásticas". As sacolas, diferentemente do que ocorre em outras regiões, não foram vistas em grande quantidade. Os resultados foram aceitos para publicação na revista Marine Environmental Research em maio e serão divulgados na edição de agosto.

O texto diz que, de 69 itens vistos pelo MV Speranza, 43% eram materiais plásticos. No caso dos 59 itens observados pelo navio RRS James Clark Ross, 41% também eram plásticos. Com isso, a vida selvagem, peixes, golfinhos, focas, leões e elefantes marinhos ficam mais vulneráveis. Eles sofrem ao engolir plásticos e podem morrer sufocados ou enforcados pelo material. Fonte: Estadão - 15 de julho de 2010

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