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quinta-feira, setembro 01, 2011

Fogo na mata provoca incêndios em fábricas

Por volta das 11h30, do domingo, 28 de agosto, um incêndio de grandes proporções na mata atingiu algumas empresas instaladas no Distrito Industrial 2 na cidade de Bauru, São Paulo.
Segundo informações da Defesa Civil duas das empresas foram devastadas pelo fogo e outra foi atingida parcialmente. O perigo maior, porém, foi a proximidade com uma distribuidora de gás, localizada em frente a empresa de recicláveis, completamente destruída.

INÍCIO DO FOGO:
A alta temperatura, o tempo seco e o vento contribuíram para o alastramento do fogo. As condições de temperatura e umidade no local eram propícias: temperatura: 31°C. e umidade relativa do ar de 27% .
As informações são de que o fogo iniciou na mata durante a manhã e por conta da alta temperatura, da baixa umidade do ar e do vento, se espalhou rapidamente e chegou às empresas atingidas.
Seguranças de uma indústria próxima, disseram que avistaram a fumaça no mato, bem distante das empresas. Chamamos o Corpo de Bombeiros às 10h50, mas ninguém atendia. Conseguimos falar às 11h28, mas eles demoraram a chegar e o fogo já estava se alastrando, afirmou um deles, mostrando o registro das ligações em seu aparelho celular.

COMBATE AO FOGO
Participaram dos trabalhos de combate ao fogo, o Corpo de Bombeiros com 11 viaturas com as respectivas equipes, a Polícia Militar (PM), Defesa Civil, Secretaria Municipal de Obras, Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma),
Departamento de Água e Esgoto (DAE) e a empresa Duratex, de Agudos, que enviou caminhão-pipa. O helicóptero Águia da PM fez o combate aéreo.
Gastamos pelo menos 500 mil litros de água e 50 homens somente do Corpo de Bombeiros foram empenhados para apagar as chamas, informou o tenente da corporação, Felipe Fernandes Koffler. Os trabalhos duraram ao menos 8 horas até que as equipes conseguissem controlar todo o fogo.

PREJUÍZOS E PROPAGAÇÃO DO FOGO
A Reciclar ocupa uma área de aproximadamente 14 mil metros quadrados e cerca de 1,5 mil toneladas de material reciclável, principalmente plástico e papel, foram queimados.
“Não calculamos o prejuízo porque ainda tem material para ser retirado do galpão. Um engenheiro fará uma avaliação do prédio. Não temos seguro. É muito triste porque é o trabalho de sete anos da empresa, lamentou Gilson Guilhermo Molica Rojo, proprietário da Reciclar.

Com os papéis e pedaços do telhado do barracão da Reciclar em chamas levados pelo vento, logo a empresa Ecirtec começou a ser atingida também pelo fogo. Os proprietários do estabelecimento tomaram conhecimento do fato porque o alarme de segurança começou a soar.
“Quando o alarme tocou, a empresa de segurança nos ligou informando sobre o incêndio, afirmou Rodrigo de Oliveira Manzano, um dos proprietários da Ecirtec.

A empresa, com uma área de 4,2 mil metros quadrados, trabalha com produção de equipamentos industriais e, para isso, utiliza maquinário de alto valor. As máquinas não foram queimadas porque os proprietários chegaram a tempo. “Chegamos e começamos a retirar algumas máquinas. Quando vimos que o telhado de zinco começou a ficar vermelho, começamos a jogar água com a mangueira de incêndio para resfriar, mas a água do reservatório acabou bem rápido. Se tivessem mais hidrantes aqui, com certeza o fogo não teria atingido à proporção que tomou, disse o proprietário. O madeiramento do telhado ficou escuro, e o ar condicionado próximo ao muro em que pegou fogo derreteu parcialmente.
Por conta da água que foi jogada no telhado, as máquinas podem estar danificadas ou totalmente perdidas, ainda não calculamos esse tipo de dano. Temos seguro e vamos acionar a seguradora, afirmou o proprietário. .

A última empresa a ser atingida pelo incêndio no Distrito Industrial 2 foi a Diversiplast, que trabalha com moldes e plásticos injetados. Os dois galpões dispostos em uma área de 2 mil metros quadrados foram atingidos e o proprietário Mário Rubens Gomes calcula prejuízo de aproximadamente R$ 500 mil.

FALTA DE ESTRUTURA NO DISTRITO INDUSTRIAL
A Diversiplast fica entre dois terrenos onde a mata não pode ser desmatada, de acordo com a Lei do Cerrado. No entanto, se o terreno estivesse devidamente limpo e aceirado, o incêndio não teria atingido a empresa.
“Eu procurei a Cetesb e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) e não pude mexer na área para fazer aceiro por se tratar de área de preservação de acordo com a Lei do Cerrado. Eu até entendo, mas o mato está muito alto, muito próximo à minha propriedade e foi o fogo do mato que atingiu a minha fábrica”, criticou o proprietário.

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
Não existe rede de hidrante pública nos três Distritos Industriais de Bauru. Não há um critério que define como as empresas devem ser posicionadas nos Distritos Industriais, apesar dos diversos graus de periculosidade por conta de acidentes, incêndios, explosões e contaminação.
Para o coordenador da Defesa Civil de Bauru, o mais importante nesses casos é que a empresa invista em segurança. O que importa é isso, investir em segurança. Ter extintores, hidrantes e seguro. Assim, com certeza, o incêndio pode ter menor proporção.

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru, 29 a 30 de agosto de 2011

Comentário: Geralmente as empresas se preocupam com os riscos internos, isto é, riscos gerados pelas suas atividades operacionais, esquecendo dos riscos externos nos entornos de suas empresas, tais como; árvores, matas, rios, riachos, incêndios em matas, inundações, etc.
Quais são os riscos externos que podem afetar a empresa? As empresas estão preparadas com planos de emergência diante de eventos externos adversos?
Muitas empresas estão se instalando em cidades e estados onde o auxilio de emergência pública é deficiente ou nem existe na região instalada. As empresas esquecem de aumentar sua capacidade de segurança contra incêndio e de emergência visando assegurar flexibilidade de enfrentar condições adversas.

É considerado um grande incêndio em empresas, quando 30% de seu patrimônio é afetado e as conseqüências serão:
■32% das empresas não retornam a sua atividade
■19% desaparecem durante os três anos seguintes
■49% conseguem manter-se, com grandes sacrifícios, pela perda de mercado momentaneamente

ORIENTAÇÕES DE FATORES EXTERNOS QUE PODEM AFETAR E AJUDAR AS EMPRESAS

1. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NA REGIÃO
(Se possível, usar observações e registros dos últimos 20 anos.)
1 1. Como é classificado o clima na região?
■ Quais as temperaturas máximas e mínimas atuais e quais as médias das máximas e mínimas?
■ Qual o mês mais quente e o mais frio?; Quais as condições extremas de umidade relativa do ar, para quais temperaturas e ocorrendo em que meses?

1. 2. Como se define o regime anual de chuvas no local?
■ Quais as precipitações máximas já registradas em 24 horas e no intervalo de 1 hora?
■ Qual a média de dias chuvosos no ano?
■ É freqüente a queda de granizo?
■ Há ocorrência de nevadas na região?

1. 3. A região está sujeita a vendavais?
■ Qual o regime dos ventos no local? -
■ Qual a direção dominante e a velocidade máxima dos ventos no local?
■ Há ocorrência de furacões, tornado, vendavais?

1.4. A região está sujeita a enchentes, inundações?
■ Há rios, córregos, sujeitos a transbordamentos?
■ A topografia propicia a alagamento, desmoronamento?
■ Qual a variação máxima do nível d’água no decorrer do ano?
■ Qual a época de cheias, de secas e suas cotas máximas e mínimas?
■ Qual a variação máxima de maré?

2. CONDIÇÕES DE VIZINHANÇA
■ Existem atividades agrícolas, pecuárias, matas, árvores nos terrenos confrontantes? (Verificar ■ Existe Corpo de Bombeiros na localidade? (analisar o projeto de segurança contra incêndio);
■ A qual distância do local?; Qual o tempo médio estimado para a chegada dos bombeiros?; Seus equipamentos são modernos?
■ Existe rede de hidrantes públicos nas proximidades do terreno? A pressão na rede é assegurada permanentemente?
■ Quais os recursos médicos da região? (podem incluir no dimensionamento no ambulatório da indústria); Há hospital público completo?; Há pronto-socorro?

3. DISPONIBILIDADE DE ÁGUA
■ Quais as possibilidades da rede pública para o suprimento das necessidades de água?(incluir dimensionamento das reservas próprias e na busca de fonte alternativa para o suprimento); Qual a vazão disponível? ; Qual a vazão mínima garantida? ; Qual a pressão do fornecimento?; ■ Há interrupções freqüentes no fornecimento? São interrupções por período longo, de mais de um dia?

CONHEÇA OS RISCOS DO SEU VIZINHO
Conheça os riscos do seu vizinho. Essa simples declaração fornece a regra de um jogo para minimizar os riscos externos de suas instalações.
Existem dois tipos mais freqüentes de perdas ocasionadas por incêndios externos:
■Incêndios de mercadorias estocadas em pátios ou ao ar livre
■Incêndios originados por vegetação próxima ou por acumulo de lixo combustível. O artigo publicado o incêndio foi provocado em vegetação externa

Conhecendo os vizinhos e seus processos, você pode fornecer proteção adequada para sua empresa contra riscos da vizinhança.

Certifique-se que as seguintes condições existam:
■Você conhece seus vizinhos e suas instalações?
■Sua empresa está adequadamente protegida contra riscos externos?
■Não há riscos especiais externos sem proteção ou há proteção/isolamento adequado para riscos especiais?■Não há riscos externos por crescimento de vegetação ou acúmulo de lixo?
■ A propriedade vizinha está protegida?

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posted by ACCA@1:41 PM