Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

sábado, maio 21, 2011

Melancias explosivas na China

O uso de produtos químicos para acelerar o cultivo fez com que 46 hectares de plantações do fruto no leste do país explodissem

O uso de produtos químicos para acelerar o cultivo fez com 46 hectares de plantações de melancias no leste da China literalmente explodissem, um caso que é investigado pelas autoridades após outros escândalos de segurança alimentar no país.

Os casos foram registrados nos últimos dias em povoados do município de Danyang, onde as plantações do fruto ficaram arruinadas devido ao uso de Forchlorfenuron (um acelerador de crescimento) e cálcio, relatou a agência oficial "Xinhua".

O agrônomo e pesquisador da Embrapa Transferência de Tecnologia em Campinas Nozomu Makishima, diz que a prática de utilizar o “anabolizante” não é comum. “Esses produtos são recentes e as empresas, muitas vezes, disponibilizam para testes em fazendas, mas se não for feita uma pesquisa mostrando qual é a dose de aplicação o fenômeno pode ocorrer”, afirma.

Segundo o pesquisador, os produtos aceleram o crescimento sem que a célula da planta acompanhe a velocidade do desenvolvimento. Quando o aumento é normal, a melancia multiplica a célula na medida em que recebe água e nutrientes e o rompimento não acontece. Nas plantas aquosas o volume de água ultrapassa 90% e com o acelerador de crescimento a fruta vai absorver ainda mais líquido e por isso ela não suporta e explode.

Na China, em alguns dos cultivos dois terços das melancias explodiram, muitas delas um dia depois de os agricultores utilizarem os produtos químicos, segundo contou Liu Mingsuo, um dos agricultores.

CONDIÇÕES
O curioso fenômeno pode ter sido causado pela inexperiência de muitos dos agricultores, já que em alguns povoados da região, como Dalu, o número de cultivadores de melancias duplicou este ano, após o êxito das colheitas em 2010. Especialistas assinalaram que muitos injetaram o acelerador de crescimento tarde demais, embora tenham acrescentado que a seca na bacia do Yang Tsé pode ter contribuído para as explosões.

A seca pode sim ter influenciado o fenômeno, segundo o agrônomo Makishima. “Quando consumimos água após um longo período sem tomar o líquido, o corpo responde negativamente. O mesmo acontece com as plantas. No caso das melancias, elas podem ter sofrido com a seca e, a seguir, receberam uma aplicação de um produto como o “anabolizante”, não suportando o excesso de líquido.

Especialistas chineses também indicaram que não é tão estranho que as melancias tenham explodido, assegurando ser normal que em alguns casos cerca de 10% dos cultivos se percam por este motivo, embora nesta ocasião o número de casos pareça ser muito maior.

Alguns produtores chineses, porém, afirmam que não usaram esses aditivos químicos e que, ainda assim, suas melancias também explodiram.

O pesquisador da Embrapa explica que é possível que o fenômeno aconteça em condições naturais. Se chover muito ou a plantação for irrigada demais, o fruto absorve a água disponível e acaba partindo. O prejuízo é inevitável, principalmente se o fruto está no início da maturação.

As explosões de melancias são o mais recente caso provocando preocupação dos consumidores após uma série de questões de segurança alimentar, como o leite contaminado com nitrito e óleo de cozinha reciclado.

Fonte: Globo Rural Online de 18/05/2011 e Xinhua Net – 17/05/2011

Comentário:
Atualmente para atender a demanda de consumidores a agricultura é praticamente uma agroindústria.
Ela é semelhante ao modelo de fabricação industrial quanto:
- atender o mercado com produtos diferenciados
- fabricar produtos com pouca perda ou defeito
- produto com designer diferenciado
Para isso a agricultura usa tecnologia de ponta, tais como; biotecnologia, insumos, fertilizantes, máquinas, implementos, técnicas entre outros, diante disso há uma grande aplicação de técnicas no preparo do solo, cultivo e colheita que resulta em altos índices de produtividade.
Esses dois produtos são largamente utilizados na China.
Forchlorfenuron e o ácido giberélico (gibberellin) são aceleradores de crescimentos de vegetais, hormônios, que regulam o crescimento precoce das plantas, incluindo o desencadeamento da germinação das plantas e frutos.

Resumo de Risco Ambiental – EPA (US Environmental Protection Agency) :
FORCHLORFENURON
Os estudos apresentados para este ingrediente ativo são adequados para a avaliação de risco em nível de seleção.
Baseado nos dados disponíveis, não há risco aparente aguda para animais terrestres ou aquáticos ou, incluindo espécies ameaçadas de extinção.
A Agência EPA também não está preocupado com os riscos crônicos para animais aquáticos por causa da taxa de aplicação extremamente baixa e os valores de quociente de risco agudo que foram tão baixos em nível de preocupação.

No entanto, a agência está preocupada com a toxicidade crônica em ave, em virtude dos efeitos reprodutivos observados em estudo em ratos, e o fato de que as aves são geralmente mais sensíveis do que os mamíferos.

É altamente persistente no meio ambiente de laboratório com meia-vida variando de 226-578 dias em ambientes terrestres e estáveis em ambientes aquáticos.

A Agência tem realizado análise em nível de triagem para avaliar o risco potencial ecológico colocado por Forchlorfenuron. A superação de um quociente de risco (QR) não indica necessariamente “alto risco" para espécies como o QR não é uma estimativa de probabilidade absoluta, magnitude, ou severidade de risco. Entradas para esta avaliação de nível de triagem, foram designadas para superestimar provável exposição e os efeitos do Forchlorfenuron. Dados os valores insignificantes superiores do QR e a baixa taxa e uso limitado, a agência americana acredita que os potenciais riscos ecológicos são baixos.

GIBBERELLIN – ÁCIDO GIBERÉLICO
Meio ambiente – não afeta.
É um produto classificado como não perigoso.

Marcadores:

posted by ACCA@11:22 PM