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segunda-feira, outubro 11, 2010

Levantamento mostrou a imagem que os motoristas fazem de si e dos outros

IMAGEM PRÓPRIA DO MOTORISTA

IMPRUDÊNCIAS QUE COMETO COM MAIS FREQÜÊNCIA
69,1% - Não cometo imprudências
22,5% – Falar ao celular
7,2% - Dirigir sem cinto de segurança
5,6% - Caronas sem cinto
4,5% - Passar sinal vermelho
4,2% - Exceder limite de velocidade

QUAL SEU PERFIL COMO MOTORISTA
18,7% - Sigo as leis
8,4% - Sou muito prudente
8% - Ótimo motorista
6,6% - Bom motorista
5,8% - Sou cauteloso

SE ENVOLVEU EM ACIDENTES NOS ÚLTIMOS 12 MESES
97,6% - Não
2,4% - Sim

SE MOTORISTA TEVE MULTAS NOS ÚLTIMOS 12 MESES
90,6% - Não
9,4% - Sim

SE SIM, QUAL A INFRAÇÃO
33,3% - Exceder limite de velocidade
11,6% - Estacionamento em local proibido
7,2% – Dirigir sem cinto de segurança
7,2% - Falar ao celular

SE SENTE SEGURO DIRIGINDO EM SUA CIDADE
54,6% - Sim
44,6% - Não
0,8% - Não sei

POR QUE NÃO SE SENTE SEGURO
11,7% - Motoristas não respeitam as leis
9% - Motoristas imprudentes
5,9% - Motoristas mal-educados
4,3% - Trânsito violento
4% - Muitos assaltos
3,4% - Motoristas correm muito

QUAIS AS MEDIDAS DE SEGURANÇA VOCÊ ADOTA TODO DIA
82,2% - Respeito limites de velocidade
80,9% - Respeito semáforos
80,1% - Uso cinto de segurança
67,3% - Mantenho distância do veiculo da frente

NOTA DE 0 A 10 PARA MEUS CONHECIMENTOS NAS LEIS DE TRÂNSITO
Média: 8,4

NOTA DE 0 A 10 PARA MEU COMPORTAMENTO NO TRÂNSITO
Média: 5,5

IMAGEM SOBRE OS OUTROS

IMPRUDÊNCIAS QUE OCORREM COM MAIS FREQÜÊNCIA NA MINHA CIDADE
73,45 – Falar ao celular
57,5% - Falta de atenção
55,8% - Exceder no limite de velocidade
55,2% - Dirigir embriagado
54,4% - Desatenção à faixa de segurança

MOTORISTAS DA SUA CIDADE SÃO IMPRUDENTES
88% - Sim
12% - Não

O QUE MAIS DIFÍCIL NO TRÂNSITO DA SUA CIDADE
52,4% - Falta de atenção
47,8% - Congestionamento
43,2% - Imprudência dos motoristas
35,2% - Falta de sinalização
33,7% - Falta de fiscalização

NOTA DE 0 A 10 PARA OS CONHECIMENTOS DOS OUTROS SOBRE AS LEIS DE TRÂNSITO
Média – 6,2
NOTA DE 0 A 10 PARA O COMPORTAMENTO DOS OUTROS NO TRÂNSITO
Média – 5,5

Obs: Foram entrevistados pela empresa Focal 2.068 pessoas em 20 municípios do Rio Grande do Sul

Fonte: 24 de julho de 2010

Comentário:
Os estudos feitos no Rio Grande do Sul constataram uma contradição percebida facilmente por quem circula por ruas, avenidas e estradas. Para os motoristas gaúchos, os responsáveis pelo trânsito violento e incivilizado são sempre os outros. Agora, uma pesquisa na Grande Vitória, no Espírito Santo, além de confirmar o padrão de comportamento detectado no Estado, ajuda a interpretar as causas desta visão distorcida da realidade.

Da Matta falou com Zero Hora sobre o estudo para o qual prestou consultoria, comentou pesquisas realizadas no Estado e analisou o comportamento dos motoristas:

Entrevista com Roberto Da Matta

ZH – Nos últimos seis meses, foram divulgadas duas pesquisas sobre o comportamento do motorista no trânsito em Porto Alegre e no Estado. Em síntese, elas dizem o seguinte: o problema são os outros porque eu dirijo bem. Por que o motorista tem uma visão distorcida da realidade?
Roberto Da Matta – Os resultados encontrados em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul são praticamente idênticos aos identificados na Grande Vitória. Todo mundo é cidadão, todo mundo tem direitos, mas respeitando a igualdade do outro. E é exatamente o que caracteriza o trânsito. Por quê? Porque pessoas que estão submetidas às regras das vias públicas brasileiras e do espaço público brasileiro, em geral, não aprenderam a ser igualitárias. A igualdade para nós é menos importante do que a liberdade.

ZH – Por que o Brasil moderno reproduz relações aristocráticas e atrasadas?
Da Matta – Você não mata o menino que existiu dentro de você. Você não mata os antigos hábitos. Você transforma os antigos hábitos, fazendo com que eles dialoguem com hábitos novos, com novas necessidades coletivas. Para mudar o nosso comportamento, nós temos de nos mobilizar, a gente tem de fazer um agenciamento de dentro para fora.

ZH – Até que ponto as relações no trânsito reproduzem as relações humanas de um modo geral?
Da Matta – Elas reproduzem as relações humanas com as quais nós fomos socializados. Dentro de casa, cada um tem seu espaço na socialização brasileira. Fomos criados em ambientes que comportam hierarquias bem definidas: arrumadeira, passadeira, lavadeira. São os últimos ecos de escravidão e de clientelismo que permeiam a sociedade brasileira. Esse quadro cognitivo, emocional, está nas nossas cabeças. Quando você vai para o trânsito, você tem uma situação desagradabilíssima: obedecer no Brasil é um sintoma de inferioridade. É um aspecto que a pesquisa identificou. Quem obedece, quem segue lei no Brasil, é babaca, idiota.

ZH – Numa das pesquisas realizadas no Estado, 69% dos entrevistados dizem que não cometem imprudências ao volante.
Da Matta – Maravilha. O estilo de dirigir brasileiro é agressivo. Fomos criados com uma visão da casa como inimiga da rua. É como se o mundo da rua não fosse regrado pelas mesmas regras de casa, que é a regra do acolhimento.

ZH – A impunidade, ou a sensação de impunidade, contribui para que esta visão aristocrática no trânsito se perpetue?
Da Mata – Quando a gente discute a questão da igualdade, a gente o faz de maneira retórica. Há uma elasticidade grande na cultura brasileira, que tem uma inércia. Você freia, mas o peso da tradição continua. Você tem de preparar a sociedade para as mudanças, o que nós não fazemos no Brasil. A Lei Seca, por exemplo. É maravilhosa porque atingiu o comportamento da classe média.

ZH – A classe média tem um papel reprodutor de valores e costumes?
Da Matta – Exatamente. A classe média é o espelho tanto da elite, que tá lá em cima, quanto dos muito pobres. É o miolo. A Lei Seca provocou uma visão ambígua, e paradoxal, na classe média.

ZH – Na pesquisa que o senhor assessorou, além de traçar um diagnóstico, também aponta caminhos e alternativas?
Da Matta – A alternativa é essa: nós temos de falar mais em igualdade, ensinar mais igualdade. É um negócio chatíssimo. O nosso lema é: “os incomodados que se mudem”. E não é verdade.
Zero Hora - 28 de julho de 2010

Vídeo:
Pateta personagem do Walt Disney mostra fielmente o modelo desse comportamento. É um pai exemplar para a família, mas quando entra no carro, coloca a armadura para a guerra diária no trânsito. Muito bom o vídeo


Vídeo: Ingles

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posted by ACCA@3:45 PM