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terça-feira, janeiro 19, 2010

Incêndio no Centro de Distribuição da Gradiente

Em 19 de março de 2002, por volta das 17 horas, começou um incêndio no Centro de Distribuição da Gradiente, na avenida Tamboré, em Barueri.

Propagação do fogo
As chamas se espalharam rapidamente em razão do vento forte. Os trabalhos dos bombeiros se concentraram, principalmente, em isolar o fogo, já que havia o risco de ele se espalhar para outras empresas vizinhas.


Causa do incêndio
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. Segundo informações, de um funcionário da empresa teria visto as primeiras chamas saírem do bocal de uma lâmpada. A hipótese de curto‑circuito, porém, ainda não foi confirmada.


Testemunhas
Testemunhas disseram que os cerca de 30 funcionários que trabalham no local saíram rapidamente assim que avistaram a fumaça.
Perda total do depósito
O depósito de 13 mil metros quadrados, foi completamente destruído pelas chamas.
Mercadorias
De acordo com informações da Gradiente, o depósito estava lotado de aparelhos de som, DVDs, televisores, telefones e computadores.

Vítimas
Não há registro de mortos ou feridos.

Corpo de Bombeiros
Aproximadamente 70 homens e 25 veículos do Corpo de Bombeiros (Cobom) de São Paulo, Osasco e Barueri, da Brigada de Incêndio da empresa e um helicóptero da Polícia Militar participaram da operação para a contenção das chamas.
Dezenas de caminhões pipas reforçaram o abastecimento de água para os bombeiros, cerca de 200.000 litros
Controle do incêndio
As chamas, que começaram por volta das 17 h, foram controladas cerca de três horas depois.
Comunicado da Gradiente
Informamos que o incêndio ocorrido na terça-feira (19/03) no Centro de Distribuição da Gradiente localizado em Barueri, São Paulo, causou apenas danos materiais e, felizmente, não atingiu nenhum de nossos colaboradores.
Nossos esforços se concentram em restabelecer, com a agilidade que a Gradiente sempre demonstrou, o processo de distribuição de nossos produtos. Já estamos operando em um novo Centro de Distribuição, para continuar abastecendo a rede de revendedores e postos de assistência técnica em todo o País. Ressaltamos que grande parte do estoque de produtos encontra-se em trânsito ou nas fábricas localizadas em Manaus, que continuam operando normalmente.
O Centro de Distribuição que abrigava os produtos Gradiente está totalmente segurado. Além disso, a empresa cumpre rigorosamente todas as normas de segurança, obedecendo às determinações do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) e do Corpo de Bombeiros.

Logística da Gradiente pós-incendio
A Prologística, empresa do Grupo GPT Participações e Empreendimentos, vai cuidar por tempo indeterminado da armazenagem dos produtos eletroeletrônicos da Gradiente, que no dia 19.03, teve seu centro de distribuição, localizado em Barueri (SP), destruído por um incêndio.
O depósito da Prologística, com 20 mil metros quadrados, fica na rodovia Castelo Branco, a 4 km do centro de distribuição, de 13 mil metros quadrados, destruído pelo fogo.
A Gradiente Eletrônica, não especificou o montante dos danos materiais, nem o estoque que mantinha no prédio (alugado). "Grande parte do estoque de produtos encontra-se em trânsito ou nas fábricas localizadas em Manaus, que continuam operando normalmente", informou a empresa, acrescentando que o centro de distribuição "que abrigava os produtos está totalmente segurado."
Os eletroeletrônicos montados nas três fábricas da Gradiente localizadas em Manaus (AM) e desde do dia 20.03, estão armazenados na área da Prologística e são movimentados por três modalidades: aérea, rodofluvial e cabotagem. É uma das operações que mais envolvem intermodalidade.
Duas empresas do grupo GPT movimentam 80% dos eletroeletrônicos montados pela Gradiente. Uma delas é a Beta, dona de quatro aviões cargueiros. Outra é a Tecnocargo, que cuida do rodofluvial e da cabotagem.
"As cargas aéreas são as de maior valor agregado", disse Antônio Augusto Morato Leite presidente do grupo, que acrescenta: "Do volume que transportamos para a empresa, cerca de 10% é por avião, 20% é via cabotagem e o restante por rodofluvial." Além de controlar integralmente sete empresas, o grupo GPT participa, como acionista (50%) da administração do aeroporto de Cabo Frio (RJ).

Seguro
A Unibanco AIG confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, ser a seguradora líder na cobertura do depósito da Gradiente atingido, mas não forneceu detalhes como o valor da apólice ou a distribuição do risco entre outras seguradoras.

Gradiente
Classificado como o 130o maior grupo em patrimônio líquido no ranking da revista Balanço Anual, a Gradiente teve no ano 2000 uma receita operacional líquida de R$ 475,2 milhões (250 milhões de dólares), registrando lucro líquido de R$ 67,1 milhões (35 milhões de dólares).
O grupo, em 1999, teve uma receita de R$ 1,06 bilhão (590 milhões de dólares), e lucro de R$ 24,7 milhões (13,7 milhões de dólares). A redução de receita, em parte, é atribuída à venda de 49% de sua participação na fábrica de telefones celulares à finlandesa Nokia, que assim passou a controlar integralmente o negócio, com fábrica instalada na Zona Franca de Manaus. Em 1998, o grupo Gradiente teve uma receita de R$ 885,6 milhões (731 milhões de dólares) e um prejuízo de R$ 8,9 milhões (7,36 milhões de dólares).
O grupo Gradiente tem seu controle acionário distribuído entre os seguintes sócios: NPG Administração e Participações, com 62%; Res. Administração e Participações, com 15%. Outros 14% estão nas mãos de dois sócios individuais, Richard Jesse Staub (10%) e Eugênio Emílio Staub, 4%.

Fonte: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Diário Grande ABC, Gazeta Mercantil, no período de 19 de Março a 23 de Março de 2002.

Comentário:

Componentes plásticos presentes no incêndio
Liberação de gases no incêndio
Os plásticos quando queimam liberam uma grande quantidade de gases tóxicos, com compostos de cloro, bromo e outros sais metálicos, os quais, no caso de combate a um incêndio, as pessoas envolvidas ou usuários podem sofrer intoxicação. A intoxicação respiratória é a principal causa de vitimas fatais ou não de incêndios.

Queimando PVC
O PVC (cloreto de polivinila) - conhecido simplesmente como “vinil” – é um dos materiais plásticos mais versáteis utilizados atualmente na sociedade moderna. O PVC é o mais perigoso, por criar problemas ambientais em todo o seu ciclo de vida: durante a sua produção, devida a utilização de grandes quantidades de substâncias tóxicas; durante seu uso, devido à migração de aditivos tóxicos; e durante a sua queima emitindo substâncias tóxicas, tais como dioxinas e furanos.
Liberações durante combustão são particularmente tóxicas, quando se trata de resíduo de PVC.
Queimas de resíduos de PVC são comuns em virtude do alto grau de pirólise e combustão do plástico. O potencial tóxico desta queima é extremamente elevado, visto que a combustão de PVC, gera fumaça e resíduos com uma gama preocupante de contaminantes, tais como metais pesados, aditivos e dioxinas.
As principais constatações dos estudos com PVC são: queima de 1 kg de PVC causa na maioria dos casos a formação de mais de 1 kg de resíduos perigosos.

Temperatura nas quais os danos começam a ocorrer em componentes eletrônicos
Equipamento eletrônico (microprocessador)- 79 C
Disquetes, fitas magnéticas- 37 C a 49 C
Disco- 66 C

Gestão de Riscos
Uma empresa média perderá 0,45% de suas vendas brutas, por dia de interrupção. No caso de um centro de logística, para a empresa repor os estoques integralmente, gastará no mínimo 10 dias, dependendo da distancia das fábricas (Manaus- via terrestre, 10 dias e por via aérea, 1 dia).
Podemos indagar, por que motivo algumas empresas ocorrem desastres e outras não? Seria simplesmente fatalidade ou sucesso na definição clara de uma política de prevenção? De forma simplista, a diferença entre ganhar ou perder em um desastre é normalmente a presença ou ausência da capacidade de gerenciar a política de prevenção.
As empresas que planejam a possibilidade de um desastre, que formulam estratégia para recuperação ou de funções críticas e que treinam os empregados para executarem essas estratégias geralmente sobrevivem a desastres.
Atualmente é comum, após um desastre, a empresa anuncia comunicado público, declarando que a empresa cumpre as normas de segurança. Mas cumprir a norma de segurança é a condição necessária e suficiente para fazer face ao desastre?
Mas que tipo de norma? Seria a norma para atender as condições ou requisitos técnicos para funcionamento da empresa? Ou através da implantação de uma política prevencionista, em que a norma é discutida sobre os aspectos estáticos (requisitos) e aspectos dinâmicos (peculiaridade do risco) onde a exigência de proteção ao risco, poderá estar acima da exigência da norma padrão, pois a discussão é feita sobre os fatores dinâmicos que envolvem os riscos (busca da qualidade da norma, que enquadra a proteção).
Na essência, quando uma empresa não tem um plano que foi testado para reagir e recuperar de um desastre, muito provável a empresa coloca em risco todos os seus outros planos e objetivos.

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posted by ACCA@5:31 PM