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quarta-feira, novembro 18, 2009

Explosão em posto de combustível em Santa Catarina

Três técnicos de uma empresa prestadora de serviço faziam a manutenção de um reservatório de gasolina de um posto na cidade de Guabiruba, Santa Catarina, quando a gasolina começou a vazar.

Como foi a tragédia no Auto Posto São Lucas em Guabiruba
1-Aconteceu por volta das 10h de sábado, 14 de novembro de 2009. Três técnicos de uma empresa de Itajaí, Santa Catarina, trabalhavam na manutenção do reservatório de gasolina, que fica na parte lateral do posto próximo a área de calibragem de pneus. O objetivo da vistoria seria detectar possível vazamento de combustível no local.

2-Um dos técnicos trabalhava próximo a um dos tampões existentes do reservatório, no lado de fora, quando começou a jorrar gasolina numa altura, até 7 metros, em alta pressão. Isso teria gerado uma névoa de pulverização de gasolina no local. Outros dois técnicos que estavam distantes e também do lado de fora do reservatório, se aproximaram na tentativa de fechar o tampão

3-Enquanto os técnicos tentavam sem sucesso fechar o tampão, um motorista que estava num veiculo, Fiesta e calibrava os pneus se assustou e ligou o carro para sair. Os bombeiros suspeitam que a partida da ignição tenha originado alguma faísca e provocado a explosão. Quatro carros (três de funcionários e outro de cliente) ficaram completamente destruídos. No total sete veículos foram destruídos.

4-O Auto Posto São Lucas fica no centro de Guabiruba. O estrondo da explosão foi ouvido na região. Policiais militares e populares prestaram os primeiros socorros às vítimas. As que morreram tiveram queimaduras de segundo e terceiro grau.

5-Os bombeiros de Guabiruba chegaram rapidamente ao local e fizeram o combate ao fogo nos carros e no tanque de gasolina. Foram utilizados 5 mil litros de água (volume de um caminhão) além de espuma. O dono do posto informou aos bombeiros que cerca de 4 mil litros de gasolina do reservatório foram consumidos pelo fogo. O posto foi interditado pelo Corpo de Bombeiros. A loja de conveniência e as bombas de abastecimento não foram atingidas

Vítimas
Os técnicos sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus e foram encaminhados em estado grave ao Hospital Azambuja, em Brusque. Três estão na unidade de terapia intensiva (UTI) e tiveram 90% do corpo queimado. Um cliente teve 40% do corpo atingido pelo fogo. Ricardo Sandri, 19 anos, é amigo dos donos do posto e permanecia internado em estado grave, tentaria transferi-lo para um hospital com mais recursos.
No sábado à noite, os três técnicos morreram na UTI do Hospital de Azambuja, em Brusque.

Testemunha da tragédia
A aposentada Valtrudes Scheifer estava na janela de casa quando ouviu uma explosão. No mesmo momento, ela viu crescer um fogaréu. Do meio das chamas, saíram quatro homens gritando por socorro. Corriam desesperadamente em direções aleatórias. Rolavam e se ajoelhavam no chão. Tentavam apagar as chamas do corpo.
Será difícil esquecer as cenas de dor. Com lágrimas nos olhos, a aposentada conta como foi a agonia de dois homens implorando por socorro no pátio da casa:
– Com o fogo nas costas, eles gritavam: “Me ajuda! Me ajuda!”. Não tinham mais roupas. A pele estava caída, derretida como plástico. Foi muito triste.

Investigação
Uma equipe de Florianópolis com três peritos especialistas em explosão e incêndio foi deslocada para a cidade de Guabiruba, no Vale do Itajaí em Santa Catarina, para tentar descobrir a causa do incêndio. O diretor-geral do Instituto Geral de Perícias (IGP), Giovani Adriano, diz que a equipe emitirá o laudo pericial sobre o acidente junto com o Corpo de Bombeiros,

Proprietário do posto
O casal dono do posto, Valdir Fachi e Nidia Teresinha Copiani Fachi, prefere aguardar o resultado da investigação para se pronunciar sobre o acidente. Roni Fachi, filho do casal, contou que os pais haviam chamado Luiz Antônio de Moura, que tem empresa prestadora de serviços do ramo, para fazer um orçamento do conserto do tanque de gasolina aditivada, que estava com um possível vazamento. A explosão aconteceu quando Luiz e os outros dois homens verificavam o tanque. Segundo Roni, Luiz já havia prestado outros serviços para a empresa.

Fonte: Diário Catarinense - 14 a 16 de novembro de 2009

Comentário:
Os técnicos deveriam ter noção da inflamabilidade da gasolina e principalmente nesse acidente que gerou uma gasolina em alta pressão, em névoa, aumentando ainda mais sua capacidade inflamável, gasolina pulverizada envolta em oxigênio, faltando apenas a fonte de ignição que poderia ser estática ou de um veículo. Ainda para piorar a situação os técnicos estavam tentando colocar o tampão na abertura para selar a saída da gasolina. Realmente eles não tinham noção do risco. O cenário estava pronto para o desastre; gasolina pulverizada e abundância de oxigênio.

Suspeita-se que houve falha humana durante o procedimento de pressurização do tanque. O major e chefe da Divisão de Perícia do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, Vanderlino Vidal, explica que as normas tratam de manutenção em postos e definem, no mínimo, um raio de sete metros de isolamento da boca do tanque em que está sendo feito o trabalho. Este é um procedimento básico que não teria sido cumprido. As investigações vão apurar se houve algum tipo de imperícia ou negligência.
A norma que deve ser adotado nesse caso é a NBR 13.784 - Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis - Seleção de métodos para detecção de vazamentos e ensaios de estanqueidade em sistemas de abastecimento subterrâneo de combustíveis (SASC)

No Brasil durante a transferência de combustível de um caminhão tanque para o reservatório o procedimento de segurança praticamente quase não existe, permitindo a movimentação de pessoal e de veículos para abastecimento. O correto seria o isolamento total do posto (fechamento) para execução da transferência do combustível do caminhão para o reservatório e bem como para eventual manutenção do tanque e bomba do posto. Alguns países adotam essas medidas.

O procedimento de estanqueidade do tanque, canalização e conexões
De inicio é verificado todas as suas conexões como: respiro, boca de descarga e saída de cada linha até à bomba. Após isto estas conexões são bem vedadas para poder efetuar a Pressurização do Tanque e das Linhas de abastecimento como um todo para efetuar o teste, sempre seguindo os padrões da norma NBR 13784.
Conforme dados obtidos da Pressurização efetuada no sistema do teste de estanqueidade é verificado se obteve queda de pressão, dando assim automaticamente o resultado do teste se estiver estanque ou não. No caso de queda de pressão, portanto não estanque, é efetuado o teste individualmente para cada linha de abastecimento, respiro e tanque para descobrir a não estanqueidade ou ruptura do mesmo, dando assim confiabilidade total nos resultados obtido e resolvendo com maior rapidez o problema. O teste de estanqueidade tem por finalidade descobrir qualquer, falta de proteção contra corrosão nos tanques, fadiga dos equipamentos, derramamentos e sobrecarga, erros de instalação, falha nas linhas de abastecimento e sucção.

Alerta: Teste de pressão executado acima do projeto, para detectar vazamentos tem a intenção de descobrir falhas. Os defeitos podem estar presentes e se estivéssemos seguros que não ocorreriam, não haveria necessidade de teste e, portanto, devem ser tomadas as precauções necessárias de segurança. Fonte: What Went Wrong? Trevor A. Kletz

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posted by ACCA@7:21 PM