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terça-feira, setembro 15, 2009

Cocaína é o novo rebite de caminhoneiros

A cocaína é o novo "rebite" dos caminhoneiros. Pesquisa divulgada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aponta que a droga vem sendo usada no lugar das anfetaminas para manter os motoristas acordados por mais tempo.

Obs: Na gíria as drogas são conhecidas como "rebite" e/ou "bolinha". "Rebite" é como são chamadas as anfetaminas entre os caminhoneiros. Tendo um prazo para entregar determinada mercadoria, eles tomam o "rebite", objetivando dirigir à noite e não pegar no sono, ficando "acesos" e "presos" ao volante.
O uso entre jovens passou a ser também freqüente. Usadas com o nome de "bolinha", deixam a pessoa "acesa", "ligadona", provocando um "baque". Procurando varar a noite estudando, uma pessoa pode usá-las com o objetivo de realizar esta tarefa por mais tempo, evitando o cansaço.

Entrevistas com motoristas
O levantamento ouviu aleatoriamente 308 motoristas que circulavam por quatro rodovias federais no Rio de Janeiro e São Paulo e houve coleta de urina para análise.

Dados alarmantes
■ constatou que 3,5% deles haviam usado cocaína.
■ na rodovia Fernão Dias, região de Atibaia, interior de São Paulo: 4,5% dos caminhoneiros abordados haviam consumido cocaína.
■ entre os entrevistados, o consumo foi até quatro vezes maior do que o identificado na população brasileira
Entre os brasileiros em geral, 0,3% admitiu ter usado a droga no último mês, consumo mapeado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em entrevista com 7 mil pessoas.

Colocam em riscos outras pessoas
"É evidente que esse motorista vai colocar em risco a vida de outras pessoas", afirma a médica Vilma Leyton, coordenadora da pesquisa da USP. A cocaína e a anfetamina atuam no sistema nervoso central, alterando a percepção do motorista, reduzindo a atenção e os reflexos. Para Flávio Pechansky, pesquisador do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Trânsito e Álcool da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o consumo de cocaína entre caminhoneiros é ainda mais grave porque esses condutores passam 70% do tempo nas estradas. "Ele faz coisas que não faria se estivesse sóbrio, age impulsivamente."

A substituição da anfetamina pela cocaína
A substituição da anfetamina pela cocaína tem explicações na estratégia do tráfico. "Os caminhoneiros são iludidos pelas promessas dos efeitos mais fortes da cocaína do que do 'rebite', que dizem deixar a pessoa acordada por mais tempo", afirma o presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga, Newton Gibson. A droga é apresentada como fórmula para fazer com que 90 horas dirigindo pareçam mais curtas.

Carga horária
A carga horária excessiva é criticada pelo diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Alberto Sabaag. "Prefiro que ele consuma alguma substância e chegue vivo, do que durma ao volante." Marcelo Pereira, consultor da Associação Brasileira de Educação no Trânsito, cita as características da profissão como outro fator para o vício. "Caminhoneiro vive sozinho, não consegue participar da vida familiar. Isso os deixa mais vulneráveis à sedução da droga."

Condições de trabalho, rotas longas
"Não é um uso generalizado, mas está ligado às condições de trabalho, principalmente entre os que não têm vínculos com a empresa", afirma José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros. "Tanto que as drogas são mais presentes no setor de transporte de carga de eletroeletrônicos, formado por motoristas com menos de 30 anos, que fazem do caminhão um bico", diz. "Uma parte é obrigada a fazer a rota São Paulo/Belém, antes de seguir para Manaus, em 64 horas. O mínimo suportável seriam 96 horas", completa Lopes, que já ouviu relatos de um motorista que deixou de fazer trajetos mais longos porque não suportava ficar tanto tempo sem a droga.

Lei e fiscalização
A lei seca prevê as mesmas punições para quem dirige embriagado ou sob o efeito de droga, mas o bafômetro só detecta álcool. "O poder público teria que encontrar uma nova forma de fiscalização", afirma o inspetor-chefe da Polícia Rodoviária Federal, Márcio José Pontes.

Fonte: Yahoo Noticias - 11 Set 2009 - O Estado de São Paulo - 11 de Setembro de 2009

Comentário:
Os efeitos físicos do uso de cocaína;
■ envolvem aumento do número de batimentos do coração e da pressão arterial,
■ aumento da temperatura corpórea e pupilas dilatadas.
■ em casos agudos de intoxicação, a estimulação central profunda leva a convulsões e arritmias ventriculares (o coração bate descompassadamente) e com disfunção respiratória que podem levar à morte.

Efeitos contínuos
■ existem inúmeras complicações físicas associadas ao uso crônico da cocaína. Os distúrbios mais freqüentes são os cardiovasculares, incluindo distúrbios no ritmo cardíaco e ataques do coração.
■ a cocaína provoca ainda efeitos respiratórios como dor no peito e dificuldade respiratória, além de efeitos gastrointestinais como dores e náuseas.
É importante ressaltar que o aparecimento de problemas pelo uso crônico irá depender da via de administração. Por exemplo, problemas nasais, como ruptura do septo nasal e perda do olfato, aparecem com aspiração crônica da cocaína. Distúrbios cardiovasculares aparecem em todas as vias de administração. No uso de crack há complicações respiratórias ainda! maiores envolvendo bronquite, tosse persistente e disfunções severas.

Efeitos na mente
■ a cocaína causa uma excitação geral do organismo.
■ ela melhora o estado de alerta, os movimentos, acelera os pensamentos, tira o sono e suprime o apetite. Isto ocorre por sua ação no Sistema Nervoso Central, interferindo com as reações químicas do cérebro.
o usuário tem uma sensação de poder, força e euforia. Mas a pessoa fica também irrequieta, tremula e impaciente. Devido à inquietação comete muitos erros mentais, como por exemplo, fazer cálculos.
A duração destes efeitos depende da via de administração da droga. Quanto mais rápida a absorção, mais intensa é a sensação de prazer.
Por outro lado, quanto mais rápida a absorção, menor é a duração dos efeitos. Além da sensação de prazer, a droga leva a temporária perda do apetite e do sono, torna a pessoa mais comunicativa.

Efeitos contínuos na mente
■ o uso crônico e compulsivo da cocaína leva a conseqüências psicológicas, representadas por distúrbios psiquiátricos.
■ depressão, ansiedade, irritabilidade, distúrbios do humor e paranóia ("nóia"; sentir-se perseguido, vigiado, etc) são as queixas de ordem psicológica mais comuns.
■ entre outros problemas estão agressividade, delírios (principalmente os delírios persecutórios, onde a pessoa acredita que os outros estão tramando contra ela ou falando mal, etc) e alucinações (ver ou ouvir objetos e sons inexistentes).
Fonte: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)-Escola Paulista de Medicina (EPM)- Departamento de Psicobiologia

Vídeo:
Mostras os efeitos das drogas para quem dirige. As seqüências das drogas no vídeo:
1. Heroína, 2. Haxixe, 3. LSD, 4. Cocaina , 5. Álcool , 6. Valium, 7. Ecstasy, 8. Glue (cheirar solventes), 9. Absinto, 10. Todas as drogas


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