Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quinta-feira, junho 04, 2009

O Dia Mundial do Meio Ambiente em 2009

Foi no ano 1972, em Estocolmo, na Suécia, no seu primeiro encontro mundial sobre meio ambiente, que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o dia 5 de junho como o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, o Dia da Ecologia. Naquele momento também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. E se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico.

Agora, depois de 37 anos, em 2009, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, devemos nos perguntar se;
■ de fato, o meio ambiente está no centro de nossas preocupações. E a resposta deve vir das ações cotidianas das pessoas, dos empreendimentos das empresas e das políticas dos governos.
■ Será que, a partir de 1972, o meio ambiente ganhou centralidade em nossas decisões, em nossos pensamentos e ações?

Não há dúvida de que a questão ecológica ganhou espaço na mídia, nas escolas, nas conversas cotidianas, nos movimentos sociais, partidos de várias tendências, nas pastorais, nas universidades e em vários lugares e espaços da vida social. O meio ambiente ganhou o discurso da nossa geração, virou tema propício para nossas conversas. Agora, porém, cabe-nos uma autocrítica. Neste período em que progredimos tanto na maneira de ver a questão ambiental, evoluímos no debate e alargamos os espaços de ocupação das temáticas ambientais, precisamos interrogar nossas ações e avaliar os resultados das nossas decisões sobre o meio ambiente.

Indagações e incertezas
■ Com tanto debate que a ecologia nos proporcionou, será que realmente mudamos a maneira de pensar e ver a vida?
■ Mudamos nossas arcaicas concepções sobre a natureza, sobre as pessoas e as mais diversas formas de vida?
■ Estamos preocupados. Sim! Mas, estamos decididos a mudar o padrão de consumo, por exemplo?
■ Aprendemos a usar os recursos naturais de forma sustentável?
■ Ainda mantemos nossa ganância, o luxo, a opção pelas facilidades a todo custo, sem nos perguntarmos sobre a capacidade sustentável do planeta e sobre as necessidades das outras pessoas e de outros povos?

Futuro da Terra depende do equilíbrio do ecossistema
Já no primeiro encontro da ONU sobre meio ambiente, acima referido, se confirmou que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico. E, hoje, onde estão esses valores e princípios? Se eles existem, então, devem estar movendo nossas ações. A ecologia nos abre os horizontes, nos faz ver a realidade socioambiental, nos interpela para a ação, mas questiona e ilumina nosso agir. Não basta simplesmente agir, é preciso mudar, transformar de dentro para fora.

Precisamos mudar a matriz do nosso modelo de sociedade, das nossas concepções, valores, pensamentos, conceitos. Uma mudança de vida para preservar a Terra e tudo o que vive nela, requer uma mudança profunda no ser humano.

Marketing Ambiental
Em relação a muitas coisas, até podemos fazer opções e tomar atitudes sustentadas por campanhas publicitárias. Mas, as nossas ações ecológicas precisam ser sustentáveis, precisam ser amparadas por valores e princípios fundamentais e profundos. Nosso agir ecológico deve ser consistente, não pode ser descartável e precisa consistir e evoluir de geração em geração.

No Dia Mundial do Meio Ambiente de 2009, após 37 anos de a data ser proclamada, temos algo importante a fazer. Como humanidade, precisamos olhar nossa trajetória e, pensando no futuro, nos perguntar sobre quais os valores e princípios que estamos assumindo e incorporando na nossa vida, e que podem garantir o equilíbrio ecológico da Terra. Precisamos conferir se meio ambiente, de fato, ganhou a necessária centralidade. A questão é esta. No centro de nossas decisões e de nosso agir está a integridade da vida ou a mesquinhez do lucro, do luxo e do consumismo?

Precisamos pensar bem e agir bem, pois, a vida sente os reflexos de nossas ações e decisões.

Que o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia, nos faça pensar e agir. E também nos ajude a mudar o modo de pensar e agir. Pensar sem agir é anular o pensamento e agir sem pensar é a pura prepotência de achar que se está fazendo tudo certo.

Fonte: Correio do Brasil - Frei Pilato Pereira, 3 de junho de 2009

Comentário
No centro da questão do meio ambiente está o Homem, que por sua própria natureza é um predador, desde o início da caminhada da humanidade que começou com o Homo Sapiens. Naquela época, os homens paleolíticos ainda não produziam seus alimentos, não plantavam e nem criavam animais. Eles retiravam os alimentos da natureza. Colhiam frutos, grãos e raízes, pescavam e caçavam animais. O consumo de alimentos acompanha o Homem de acordo com o grau, conhecimento e disponibilidade de tecnologia existente. Maior conhecimento tecnológico, maior consumo, maior fronteira agrícola. Tudo isso acompanhado com o crescimento populacional mundial.

Estima-se que, há cerca de 2000 anos, a população global era de 300 milhões de habitantes. Por um longo período a população mundial não cresceu significativamente, com períodos de crescimento seguidos de períodos de declínio. Decorreram mais de 1600 anos para que a população do mundo dobrasse para 600 milhões. O contingente populacional estimado para o ano de 1750, era de 791 milhões de pessoas, das quais 64% viviam na Ásia, 21% na Europa e 13% em África.

A humanidade gastou, portanto, dezenas de milhares de anos para alcançar o primeiro bilhão de habitantes, fato ocorrido por volta de 1802. Em seguida, foram necessários mais 125 anos para dobrar a população, alcançando assim o planeta, por volta de 1927, 2 bilhões de habitantes. O terceiro bilhão foi atingido 34 anos depois, em 1961, e assim por diante.

Durante este período, o homem abandonou o modo de vida que criara há cerca de 10 mil anos, com o advento da agricultura, e passou a multiplicar-se nas cidades, um mundo à parte da natureza. Em 1900, nove em cada dez homens, mulheres e crianças, que somavam uma população de 1,65 bilhões de humanos, ainda viviam no campo. Calcula-se que atualmente quase metade dos atuais seis bilhões pessoas habitará cidades; dessa população urbana, estima-se que uma proporção de três para vinte pessoas se encontre nas grandes metrópoles e megalópoles (população igual ou maior do que 5 milhões de habitantes). Fonte: Wikipédia

A população do mundo aumenta anualmente em 75 milhões, sendo que metade tem menos de 25 anos de idade. Além do crescimento populacional o planeta sofre pelo consumismo exagerado pela população e pelo estilo de vida atual.

Existe atualmente um desequilíbrio nos recursos naturais existentes no planeta Terra. O consumo de recursos naturais excede a capacidade de reposição do planeta.

Alguns dados de consumo mundial

Veículos
No ano passado a frota mundial de veículos atingiu a marca histórica de 1 bilhão de unidades. Segundo a Organização Mundial da Indústria Automobilística (Oica) está sendo vendida em média 73 milhões de unidades de veículos no mundo. É praticamente quase igual o crescimento populacional (75 milhões).
Computadores
No ano passado o número de computadores em uso no mundo ultrapassou 1 bilhão de unidades e deve duplicar até 2014, na medida em que os mercados emergentes assumam uma participação maior na base mundial de PCs instalados.
Celulares
No final de 2008 existia no mundo 3,66 bilhões de celulares (55 celulares/100 hab.)

A cadeia produtiva para fabricar esses produtos acima mencionados gera uma rede de desperdícios de recursos que o planeta tem de gerar e ao mesmo absorver em seu ciclo de vida; dispêndio energético, uso, consumo de água, efluentes gerados, embalagens, descarte e reciclagem de materiais e insumos.

Alimentos
Imagem: Família alemã, gasto semanal com alimentos, 376 euros.
Fonte:ambientalfoto.blogspot.com
■ Na safra de 2009, o mundo produzirá 2,2 milhões de toneladas de grãos, a segunda maior safra da história. Para as safras de 2009-2010, a redução prevista para o trigo será de 4,9%, contra uma queda de 3,7% no milho. A produção de arroz aumentará em 0,7%.
A produção de alimentos no mundo é suficiente para alimentar 6 bilhões de pessoas, mesmo assim, 850 milhões de pessoas ainda sofrem de desnutrição crônica.
■ A área total agricultável no mundo, para a produção de alimentos e criação de animais, é de cerca de 1,5 bilhões de hectares. A população e a criação de animais podem crescer, mas a área agricultável não. Sendo assim, a única forma de aumentar a produção é buscando maior produtividade das lavouras.
Imagem: Família americana, gasto semanal com alimentos, 342 dólares.
Fonte:ambientalfoto.blogspot.com
O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) destaca;
■ Que 30 milhões de toneladas de peixe são jogados no mar anualmente.
■ No Reino Unido, um terço da alimentação comprada não é consumida,
■ Nos Estados Unidos as perdas observadas em nível dos diferentes sistemas de distribuição são calculadas em aproximadamente 100 bilhões de dólares por ano.
No total, mais da metade da produção alimentar mundial é hoje perdida, rejeitada porque não corresponde às normas de mercado ou desperdiçada na hora de consumir. Fonte: ONU (The Environmental Food Crisis)

Alguns dados preocupantes do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) sobre consumo de recursos naturais

■ O consumo mundial dos seres humanos excede em 20% a capacidade de renovação dos recursos naturais do planeta. A organização também alerta que, como conseqüência desse consumo exagerado, uma espécie animal terrestre ou aquática desaparece do mundo a cada 13 minutos.
■ O consumo dos recursos naturais além da capacidade do planeta de renová-los significa que a humanidade está comendo o "capital biológico" da Terra. Estamos contraindo uma dívida ecológica que não poderemos assumir, a menos que os governos restaurem o equilíbrio entre o consumo de recursos naturais e a capacidade do planeta para renová-los.
■ Em 1970 o consumo humano era equivalente a 60% da capacidade de renovação biológica, atualmente é o dobro, uma situação insustentável. Houve um aumento de 700% no consumo de energia desde 1961. Por isso, temos sete vezes menos potencial de energias não renováveis e as conseqüências em termos de mudanças planetárias são desconhecidas.

Extinções
■ Desde 1970 foi registrado uma diminuição de 40% das espécies naturais silvestres do planeta. Esse redução é de 50% para as espécies terrestres e marinhas e de 40% para os aqüíferos, e a tendência é de piorar.
■ A degradação ambiental é conseqüência da destruição do hábitat das plantas e dos animais silvestres. Particularmente do desflorestamento, da contaminação do ar e da água, da exploração dos recursos marítimos pela pesca excessiva e da invasão de espécies não autóctones em algumas regiões do planeta.

Consumo excessivo
O consumo excessivo, e especialmente o de energias não renováveis por parte dos países industrializados, que mais influi na degradação ambiental. Se todo o mundo consumisse ao ritmo do mundo desenvolvido e todos atingissem o nível do cidadão médio americano, estaríamos diante de uma situação insustentável.

O que acontece no Brasil
Veículos
No ano passado a frota de veículos atingiu a marca histórica de 25 milhões de unidades.
Computadores
Em 2008 Brasil atinge marca de 60 milhões de computadores em uso, uma máquina para cada três habitantes. As estimativas indicam que o país pode ter 100 milhões de computadores em uso em 2012.
Celulares
O Brasil fechou o ano de 2008 com a incrível marca de 150,6 milhões de aparelhos celulares, que significa aproximadamente 79 celulares para cada 100 habitantes.
Alimentos
O Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com uma das áreas agricultáveis mais abrangentes do planeta, é também responsável por dados alarmantes quando o assunto é desperdício. Hoje, o mercado brasileiro de frutas, legumes e verduras é estimado em 83 milhões de toneladas/ano, porém embalagens irregulares, excesso de manuseio e transporte inadequado podem representar um desperdício anual de mais de US$ 2,5 bilhões.

Desperdício
Esse desperdício começa no campo, em boa parte devido ao acondicionamento em embalagens de maneira errada. Na maioria dos casos, certos produtos são "forçados" a entrar nas caixas, procedimento justificado pelos produtores como forma de impedir que a mercadoria fique solta dento da embalagem e de evitar o atrito entre o produto e a caixa.
■ até 40% da colheita pode ser perdida pelo uso de embalagens não padronizadas ou inadequadas.
No principal deles, Ceagesp (Central de abastecimento para o Estado de São Paulo), em São Paulo, são movimentadas cerca de 100 milhões de embalagens por ano e, tal como no resto do país, ainda predomina o uso de embalagens totalmente danosas para a integridade e sanidade dos produtos, e mesmo para o meio ambiente. Gera perda de 14 milhões de toneladas de alimentos por ano - ou pela falta de informação do consumidor, que joga fora 20% dos alimentos com alto teor nutritivo, que poderiam ser mais bem aproveitados. Na Ceagesp, em São Paulo, uma tonelada de alimentos é desperdiçada diariamente, só não é o dobro por causa da ação dos catadores de lixo.
Pesquisa feita pelo Instituto Akatu, em parceria com um grande fabricante de alimentos, e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam o descarte de 20% a 40% do consumo doméstico de alimentos perecíveis, que alimentaria 35 milhões de pessoas no país.
■ Energia elétrica, 20% de toda energia elétrica produzida no Brasil são desperdiçados, o que significa uma perda anual de US$ 270 milhões.
■ Água, 25% a 40% de água são perdidas em vazamentos, equipamentos velhos e mau uso por parte do consumidor. Há um desperdício de 2,6 bilhões de metros cúbicos de água por ano.
■ Em 2000, 60% da população brasileira não tinha acesso à rede coletora de esgotos e apenas 20% do esgoto gerado no País recebia algum tipo de tratamento e quase um quarto da população não tinha acesso à rede de abastecimento de água

Finalmente, opiniões de jovens estudantes de diversas partes do mundo sobre o Mundo:
■ Minha preocupação não são as pessoas, mas os animais. Quanto mais gente nasce, mais animais morrem porque viram comida ou casacos.
■ Acho que não é muito bom existir 6 bilhões de pessoas no mundo porque vai ter mais gente nas ruas e menos empregos para todos.
■ Quanto mais gente viver nas cidades, maiores serão os desastres naturais.
■ Com mais gente nascendo na Terra, os recursos naturais vão se desgastando até não serem mais suficientes para sustentar nossas vidas. É quando as coisas começam a piorar.

Marcadores:

posted by ACCA@4:44 PM