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terça-feira, maio 19, 2009

Trabalhador morre soterrado em silo de cereal

O trabalhador G.C.V.S. 21 anos, morreu asfixiado em um silo de cevada da fábrica da Cervejaria Schincariol, localizada na Guabiraba, na Zona Norte do Recife, Pernambuco, na tarde de sábado, 01 de outubro de 2005. George, que trabalhava há apenas um mês na fábrica, estava fazendo uma limpeza no silo de 50 m de altura, quando foi coberto pelos grãos.

Resgate
A brigada de incêndio da fábrica tentou retirar o trabalhador, mas não conseguiu resgatar o corpo. O Corpo de Bombeiros chegou à fábrica da Schincariol por volta das 14h30. O trabalhador George estava preso no silo, apenas com a cabeça para fora da cevada.
“A equipe da fábrica chegou afastar um pouco os grãos, mas não conseguiu salvar o rapaz. Ele já estava morto quando chegamos. Tentamos retirá-lo pela janela lateral do silo, mas foi impossível, porque muito material continuava caindo das paredes”, relatou o tenente Márcio Tenório. Márcio Tenório explicou que foi preciso subir até o topo do silo, que tem aproximadamente 50 metros de altura, e descer amarrado a um cabo de aço para desenterrar o trabalhador. “Passei cerca de três horas para conseguir liberar a vítima. O cabo de aço levantou o corpo cerca de dez metros e o restante da equipe conseguiu puxar-nos pela janela de comunicação entre os silos”, concluiu o oficial.

Morte
De acordo com o perito do Instituto de Medicina Legal (IML), Alcides Buarque, que realizou a perícia do corpo, o rapaz morreu por asfixia mecânica (quando algo provoca o sufocamento da pessoa).

Fiscais da DRT vistoriam a Schincariol e interditaram o silo
Dois auditores fiscais da DRT vistoriaram o tanque de cereais onde ocorreu o acidente. Documentos da empresa também foram solicitados. Os técnicos ouvirão ainda funcionários que estavam trabalhando no dia do acidente.
De acordo com Josenilda Moura, chefe do setor de segurança e saúde da DRT, estão sendo tomadas todas as medidas exigidas em caso de acidente fatal. O silo onde aconteceu o acidente foi interditado e foi feita uma extensa notificação à empresa.
Os auditores também começaram a levantar os primeiros dados como, por exemplo, em relação à atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), ao ponto de vista físico do local e à realização de treinamento dos funcionários.

Declaração da empresa
O grupo Schincariol divulgou nota oficial através de sua assessoria de Imprensa, lamentando o ocorrido. Segundo a nota, a prioridade da direção da fábrica é apoiar a família, através de “assistência social e funeral, bem como a liberação do fundo de seguro de vida para os familiares dele”. O comunicado ainda alega que George “passou por treinamentos de integração, tomando conhecimento das normas e procedimentos de segurança da companhia”.

Inquérito policial
A Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar o acidente.
Como ocorreu o acidente

1-Por volta das 14 h, o trabalhador entrou no silo 2 de cevada para fazer varrição na instalação

2-A cevada acumulada nas paredes do silo caiu de repente e soterrou-o. A brigada de incêndio da fábrica tentou retirá-lo por uma janela entre os silos, mas ele ficou preso.

3-Um bombeiro precisou descer amarrado a um cabo de aço pelo topo do silo para alcançar a vítima. Depois de 3 horas de trabalho, o bombeiro conseguiu desenterrá-lo e já estava morto e içar o corpo.

Fontes: Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 2005

Comentário:
Definição de Espaços Confinados
É qualquer área não projetada para ocupação contínua, à qual tem meios limitados de entrada e saída, e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que podem existir ou se desenvolverem.

Os problemas dos Espaços Confinados
■ Baixa ocorrência;
■ Acidentes Fatais;
■ Quase sempre fatais;
■ Diversidade de riscos envolvidos;

Os acidentes fatais ou não fatais envolvendo ambientes confinados revelaram dados alarmantes:
■ Em 100% dos casos o ambiente não foi analisado;
■ Em 95% dos casos não havia um plano de resgate;
■ Em 85% dos casos não havia programa de treinamento para a entrada em espaços confinados (permissão de acesso);
■ Em 65% dos casos os executantes não sabiam sequer de que se tratava de um espaço confinado;
■ Em 60% dos casos fatais, ocorreram mais de uma morte vitimando pessoas que tentavam resgatar colegas;

Há quatro principais riscos em espaços confinados;
■ Deficiência/enriquecimento de oxigênio
■ Incêndio ou explosão
■ Toxicidade e
■ Afogamento em líquidos ou partículas sólidas em suspensão (poeiras)

Medidas de emergência e resgate
O empregador deve elaborar e implantar procedimentos de emergência e resgate adequado aos espaços confinados incluindo, no mínimo:
1-identificação dos riscos potenciais através da Análise Preliminar de Riscos - APR;
descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem executadas em caso de emergência;
2-utilização dos equipamentos de comunicação, iluminação de emergência, resgate e primeiros socorros;
3-designação de pessoal responsável pela execução das medidas de resgate e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado;
4-exercício anual em técnicas de resgate e primeiros socorros em espaços confinados simulados.


Problema principal de silo - Acidente

Causa - Sufocamento

Motivo - Trabalhadores ao tentarem romper as superfícies horizontais e, ou, remover as placas verticais de produtos compactados, podem ser sufocados mediante ao desmoronamento da massa de grãos. Esse problema é relatado em qualquer artigo sobre armazenagem e acidentes em silos.

O que dizem as normas;
a) realizados com no mínimo dois trabalhadores, devendo um deles permanecer no exterior;
b) com a utilização de cinto de segurança e cabo vida.

É vedada a realização de qualquer trabalho de forma individualizada ou isolada em espaços confinados.

Todo trabalho realizado em espaço confinado deve ser acompanhado por supervisão capacitada para desempenhar as seguintes funções:
a) emitir ordem de bloqueio dos espaços confinados antes do início das atividades;
b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na Permissão de Entrada;
c) cancelar a Permissão de Entrada quando necessário;
d) manter o monitoramento e a contagem precisa do número de trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar que todos saiam ao término dos trabalhos;
e) permanecer fora do espaço confinado mantendo contato permanente com os trabalhadores autorizados;
f) adotar os procedimentos de emergência e resgate quando necessário;
g) operar os equipamentos de movimentação ou resgate de pessoas;
h) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer qualquer indício de situação não prevista ou quando não puder desempenhar efetivamente suas tarefas;
i) emitir ordem de liberação dos espaços confinados após o término dos serviços

Observação final
Silos
O revestimento interno dos silos deve ter características que impeçam o acúmulo de grãos, poeiras e a formação de barreiras.
Se a empresa atendesse as recomendações das normas e principalmente o conhecimento de histórico de ocorrências de acidentes de sufocamento em silos (artigos técnicos), o trabalhador não sofreria o acidente fatal.

Clique- Norma de Espaco Confinado

Histórico:
Trabalhador morre soterrado por flocos de milho
Em 15 de Janeiro de 2001, por volta das 19 h, em Campo Erê, no Extremo-oeste do Estado de Santa Catarina, o trabalhador Claudinei , 21 anos, trabalhava no silo de uma cooperativa, quando foi vítima de uma avalanche de flocos de milho.

Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros de Chapecó foi acionado e chegou ao local por volta de 21 horas. O trabalhador ficou preso debaixo de mais de 4 metros de flocos de milho e acabou sendo sufocado pelo produto.

Causa
Segundo informações obtidas pelo Corpo de Bombeiros no local do acidente, Claudinei Tibber estava remexendo e soltando os flocos, quando ocorreu deslizamento e boa parte do material se deslocou de forma rápida e violenta, impedindo que ele fugisse.

Resgate
Na tentativa de resgatá-lo com vida, os bombeiros e funcionários da cooperativa trabalharam durante toda a madrugada. O corpo só foi encontrado e retirado da montanha de flocos de milho no início da manhã seguinte, mais de 12 horas depois do acidente.
Fonte: A Noticia - Joinville - 19 de Janeiro de 2001

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