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terça-feira, abril 21, 2009

Karoshi: Engenheiro da Toyota morreu de tanto trabalhar

Autoridades do trabalho japonesas determinaram que um importante engenheiro da Toyota, de 45 anos, morreu devido ao excesso de trabalho, um mal conhecido no país como "karoshi". Ele teve uma isquemia cardíaca em janeiro de 2006, um dia antes de partir para os Estados Unidos e participar do Salão do Automóvel de Detroit.

Desde então, a família do engenheiro vinha brigando na Justiça do Japão para receber os benefícios do seguro. De acordo com o advogado da viúva, a sentença favorável foi pronunciada em 30 de junho de 2008. A identidade da vítima não foi revelada, já que a família segue vivendo na cidade de Toyota, onde fica a sede da companhia. Funcionários do departamento judicial que cuidou do caso confirmaram o resultado.

A empresa soltou uma nota de pêsames e afirmou que vai melhorar o controle sobre a saúde de seus profissionais.

Excesso de trabalho
De acordo com o advogado, a vítima era o engenheiro-chefe do projeto da versão híbrida do sedã Camry. Ele teria trabalhado ao menos 80 horas extras mensais em novembro e dezembro de 2005. Essa carga a mais de trabalho incluía jornadas noturnas e finais de semana, além de freqüentes viagens para o exterior. O engenheiro foi encontrado morto pela filha, em sua própria casa.

Reconhecimento de karoshi
O caso do engenheiro da Toyota não é raro no Japão. O registro de mortes por "karoshi" começou a ser feito oficialmente pelo Ministério da Saúde local em 1987. Num dos casos mais recentes, também envolvendo a Toyota, uma viúva obteve indenização do governo pela morte de seu marido, de 30 anos, num colapso que ela relacionou com o excesso de trabalho. O escritório regional do trabalho rejeitou seu pedido, mas uma corte superior o aceitou.

Fonte: UOL Carro – 09 de julho de 2008

Comentário:
A Revolução Industrial do século 18 foi caracterizada pela substituição do trabalho manual pelo trabalho da máquina e pela substituição da energia humana pela energia a vapor e trabalhava quase 14 horas por dia. Hoje continua quase a mesma coisa com novas técnicas de trabalho, máquina programável, robotização, automatização, múltiplas tarefas para o trabalhador.
Atualmente a tarefa de um trabalhador ou de um processo é dividida entre vários fornecedores a responsabilidade pelas diferentes fases de uma operação. É uma realidade para muitas grandes empresas, que passaram a terceirizar diferentes áreas da empresa e consequentemente gera; maior carga de trabalho, maior competitividade, maior pressão para atender aos pedidos e o trabalhador é um polivalente.
No Japão a sobrecarga de trabalho é levada ao limite extremo após a Segunda Guerra Mundial para reconstrução do país e institucionalizou-se na sociedade japonesa.
Informações oficiais mostram que um em cada três homens com idade entre 30 e 40 anos trabalha mais de 60 horas por semana. Metade desses não recebe nenhuma hora extraordinária.
Pelo menos 147 pessoas faleceram no Japão durante o ano de 2006, devido ao "karoshi" - a morte por excesso de trabalho, informou o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão.
Além disso, 66 pessoas se suicidaram ou tentaram por questões relacionadas com a pressão do emprego ou por trabalhar além do horário. Os números bateram um número recorde no Japão, segundo a agência de notícias "Kyodo News".
No total, 355 trabalhadores vão receber indenizações do Governo japonês por terem sofrido problemas ou doenças derivadas do excesso de trabalho, principalmente casos de derrames cerebrais e ataques cardíacos. Dos afetados, 25% trabalham nos setores de transporte e telecomunicações, segundo o relatório.
Um porta-voz de Ministério da Saúde criticou o fato de que muitos japoneses "estejam trabalhando sob forte pressão e sejam exigidos deles resultados sem que em troca recebam apoio suficiente por parte da empresa".
Durante o ano de 2006, 819 trabalhadores pediram indenizações devido a problemas mentais derivados do excesso de trabalho. Isto é um aumento de 25% em relação às estatísticas do ano anterior. Destas, 205 reivindicações foram aprovadas, 61% mais que no período de 2005-2006.
Em 1987, o governo japonês reconheceu pela primeira vez que é possível morrer por falta de descanso, dando origem ao termo "karooshi" que virou sinônimo de morte por excesso de trabalho.

Indenização por excesso de trabalho
O Ministério do Trabalho japonês somente concede indenização para a família do trabalhador que morre em razão do “Karoshi” se ficar provado que a vítima estava envolvida no trabalho extremamente oneroso ou ficou ferida num acidente e quando o evento ocorreu se foi ultrapassada em muito a carga normal de trabalho um pouco antes ou, pelo menos, no mesmo dia que o ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral vitimou o trabalhador. O Manual Confidencial do Ministério do Trabalho japonês afirma que a causada morte decorre de “Karoshi” apenas quando o trabalhador está envolvido continuamente pelo menos 16 horas por dia, durante sete dias consecutivos antes da morte e também durante as 24 horas anteriores à morte. Tais condições de trabalho se inserem na rubrica de “acidental” nas sociedades em que ela ocorre. O Manual afirma que o trabalhador deve ter trabalhado mais do que o dobro das horas regulares durante a semana anterior ao colapso, ou três vezes mais que o regular das horas do dia anterior. Fonte: IPC Digital – 17 de maio de 2007

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posted by ACCA@1:23 PM