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sábado, outubro 04, 2008

Excesso de carga



Foto - Cartão postal da primeira metade do século 20 mostra imigrantes empregados na estiva do café no Porto de Santos, com até 320 quilos nas costas (Foto: jornal Novo Milênio)

Comentário:
Comparando o transporte de carga manual do século passado com o atual, o problema continua o mesmo, trabalhador transportando excesso de peso. Incrível como as coisas no Brasil mudam vagarosamente adotando o sistema conta-gotas.
No Brasil o que as leis ou normas especificam em relação ao limite de peso no transporte manual de carga:

Foto - Primeira metade do século 20 mostra imigrantes empregados na estiva do café no Porto de Santos

■ No artigo 198 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho de 2005), do Brasil, é de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.
■ A Norma Regulamentadora NR-17 no item 7.2.2, diz: “Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança”.

Na Alemanha, já na década de 80, o limite de levantamento e transporte manual de carga era de 30 Kg, para adultos (homens).

Foto - Primeira metade do século 20 mostra imigrantes empregados na estiva do café no Porto de Santos

Critérios NIOSH (National Institute for Ocupational Safety and Health) dos Estados Unidos, cargas superiores a 23 kg (este é o máximo de carga a ser levantado em condições ideais);

Hoje recomenda no máximo 20 kg.

As atividades de manusear cargas pesadas, sem considerar as limitações do ser humano, podem trazer sérios riscos à saúde. O sistema circulatório, em especial o coração, pode ser afetado, especialmente no que diz respeito ao ritmo cardíaco e pressão sangüínea.
Os problemas mais freqüentes, advindos do manuseio e movimentação de cargas são:
■ hemorragias cerebrais em pessoas com arterioscleroses (endurecimento das artérias);
■ em pessoas frágeis uma mudança de pressão repentina pode provocar hérnia abdominal ou outros problemas dos órgãos abdominais (ptose: queda de um órgão pelo relaxamento dos ligamentos viscerais ou das paredes abdominais).
Este problema acontece quando a pessoa faz este tipo de atividade de forma esporádica, e sem os cuidados necessários .


Foto – Porto de Manaus, Antonio Batista, 1,65 metro e 64 quilos, carrega 120 kg de açúcar nas costas para abastecer barco. Trabalhador com sandália que não tem tração ou poderá escorregar, provocando contusão na coluna.


Trabalhos freqüentes
Os trabalhadores que realizam um duro trabalho físico, freqüentemente apresentam diversas artroses nas articulações das vértebras, joelhos e tornozelos, devido aos repetidos microtraumatismos.
Assim, manuseio e movimentação de cargas têm como principal risco os problemas da coluna, que são dolorosos e reduzem a mobilidade e a vitalidade dos trabalhadores. A incidência destes problemas é responsável pelas altas taxas de absenteísmo, pela incapacidade precoce e desgaste excessivo dos trabalhadores.
As lesões na coluna, resultantes de levantamentos de pesos, são responsáveis por quase 12% de todas as lesões industriais e que 85% a 99% de todas as lesões graves na coluna.
A pressão intra-discal durante o levantamento manual de carga, pode elevar-se fisiologicamente no nível das vértebras lombares, durante a flexão do tronco para frente de 120 kg para 300 kg.

Foto – Porto de Manaus, Francinei Batista Martins, de 60 kg, carrega 80 kg nas costas, seu recorde é de 120 kg.

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