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sábado, janeiro 19, 2008

Por falta de aterros sanitários, lixos amontoam-se nas ruas de Nápoles


No início de janeiro, cerca de duas mil toneladas de detritos estavam amontoadas pelas ruas. Os bombeiros tiveram de intervir em 70 ocasiões, durante as noites de 2 a 3 de janeiro, para apagar o fogo que habitantes exasperados atearam ao lixo. As autoridades sanitárias lembraram à população, sem sucesso, de que essas dezenas de incêndios voluntários liberavam moléculas tóxicas de dioxina.
Na realidade, "a emergência do lixo", como dizem em Nápoles, já dura 14 anos. Inicialmente, ela foi causada pela penúria de aterros sanitários.

A taxa reduzida de coleta seletiva - 10% em média na região - e a ausência de qualquer planejamento fizeram o resto. Os locais projetados para o reprocessamento e a reciclagem ainda não saíram do papel. O único incinerador previsto - a Lombardia dispõe de 13 desses equipamentos - ainda não teve sua fabricação concluída. Em conseqüência, o lixo vai se amontoando. Contudo, não menos do que 2 bilhões de euros foram gastos para resolver o problema nos últimos 14 anos. Há sete anos, duas mil toneladas de detritos - uma quantidade que em breve poderá ser duplicada - partem diariamente para serem queimadas na Alemanha, o que custa 1 milhão de euros por dia.

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De vez em quando, a situação parece se resolver, mas então ela volta a se deteriorar, como aconteceu nos últimos dias, em conseqüência do fechamento, no final de dezembro, de um dos raros locais de armazenamento que ainda funcionavam. Outras áreas de aterro potenciais foram identificadas, enquanto a reabertura dos antigos aterros sanitários continua sendo discutida. Mas as populações locais se opõem a esses projetos.

Mais uma vez, a União Européia chamou a Itália para assumir as suas responsabilidades, como já havia feito em junho de 2007. O porta-voz do comissário europeu para o meio-ambiente anunciou que Bruxelas está "acompanhando de perto a evolução da situação na Campanha" e que sanções poderão ser aplicadas.

Fonte: UOL Mídia Global – 05 de janeiro de 2008

Comentário:
Esse cenário da cidade de Nápoles, sobre o problema da destinação do lixo devido a falta de planejamento e os projetos para o reprocessamento e a reciclagem ainda não saíram do papel ou são eternamente discutidos, lembra muito a situação da maioria dos municípios brasileiros.


Foto - Forma inadequada de disposição de resíduos sólidos

De acordo com a pesquisa do IBGE sobre Perfil dos Municípios Brasileiros – Meio Ambiente de 2002, dos 5.398 municípios brasileiros (97% do total) não possuem aterro industrial dentro de seus limites territoriais, utilizando-se de outras alternativas para destino deste tipo de resíduo.

Dentre eles, uma parte importante (69%) declarou não gerar resíduos tóxicos em quantidade significativa. Pode-se supor, portanto, que pelo menos 30% (precisamente 1.682 municípios) geram resíduos em quantidade não desprezível e não possuem aterro industrial.
A pesquisa mostra que o destino dos resíduos tóxicos ou perigosos são os “lixões” municipais como receptores.

O descarte destes resíduos em locais inadequados, como em lixões, incrementa sobremaneira os níveis de risco de contaminação, pois que não se configuram como locais apropriados para contê‑los de maneira a minimizar a probabilidade de exposição.

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posted by ACCA@9:34 PM