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sexta-feira, janeiro 04, 2008

Natal: Massacre sangrento nas estradas

A carnificina no trânsito se espalhou pelo país, transformando o Natal de 2007 no mais violento da história nas estradas federais.
Entre zero hora de sexta-feira (21) e meia-noite de 25 de dezembro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou;
■ 2.561 acidentes e 1.870 feridos.
■ o feriado mais violento do ano deixou 196 mortos nas estradas federais.

Os números superam os registrados no carnaval de 2007, tradicionalmente o feriado mais violento por causa dos excessos, inclusive de bebidas alcoólicas. Naquela operação, foram computados 2.417 acidentes, 145 mortes e 1.587 feridos.

Fiscalização
A PRF fiscalizou 94.804 veículos e multou 18.536. Ou seja, um em cada cinco motoristas fiscalizados cometeu infração ao Código Brasileiro de Trânsito.

Prejuízos econômicos
Cálculos baseados em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que nos cinco dias do feriado de Natal, o Brasil sofreu um prejuízo de R$ 111,1 milhões apenas com mortos e feridos nos 61 mil quilômetros de rodovias federais. As perdas estão relacionadas a gastos com atendimento de urgência, hospitais, expectativa de vida e até a renda de cada vítima.

Causa principal: Imprudência
Os registros apontam a imprudência dos motoristas como principal motivo dos acidentes. De acordo com levantamentos da Polícia Rodoviária;
■ 80,7% dos acidentes acontecem em trechos com pista boa,
■ 71,4% nas retas, a maioria em colisões frontais em locais de ultrapassagens proibidas
■ 53,6% durante o dia e
■ 63% com o tempo bom.

Falta de educação
Segundo a PRF, “um terço dos condutores admite que a causa do acidente foi a falta de atenção. O problema não é muito carro para pouca estrada, mas pouca educação para muito motorista. As pessoas só obedecem aos limites de velocidade quando sabem que estão sendo fiscalizadas por radares. Nos outros trechos, sentem-se liberadas para correr”.

“O aumento no número de mortes é previsível, uma tragédia anunciada”, diz o consultor em engenharia de tráfego e transporte Horácio Augusto Figueiredo. “O brasileiro aceita as infrações de trânsito, acha normal ter mais carros e mais acidentes. É uma lógica suicida. É preciso mudar o quadro de fiscalização. A impunidade é total.”
Simões destaca que, desta vez não dá para colocar a culpa na qualidade das rodovias, uma vez que a condição de trafegabilidade nos principais corredores melhorou significativamente, na comparação dos últimos 20 anos. Nas pistas ruins, houve menos acidentes e com menor gravidade. “A brutalidade dos casos revela que o motorista se preocupa mais com danos ao carro do que com a segurança dos familiares que vão dentro. E pisa no acelerador quando a pista é boa.”

Fontes: Zero Hora, Folha Online, Globo Online, O Estado de São Paulo; 26 de dezembro de 2007

Comentário
A estatística leva em consideração apenas as vítimas fatais nos locais dos acidentes. As vítimas com lesões graves que são encaminhados aos hospitais e morrem não são computadas nessa estatística. Segundo especialistas médicos, 20% das vítimas com lesões graves morrem durante a permanência nos hospitais (UTI, operação e pós-operatório) e 3% dos pacientes liberados (recuperação em casa, agravamento de seqüelas, etc.) morrem no período de seis meses. Nos hospitais de Prontos Socorros do país, as vítimas da violência sobre o asfalto ocupam a maior parte dos leitos nas alas de politraumatismo.

Mais um feriado prolongado do Natal, mais uma batalha silenciosa foi travada nas estradas e ruas brasileiras, o duelo entre motoristas de carros, motos e pedestres. Muitos morreram, principalmente familiares ou amigos ou desconhecidos e outros levarão para sempre as seqüelas, dores e fotografias virtuais dos seus entes queridos.

As autoridades e especialistas em trânsito estudam a violência do trânsito, sabem suas causas, mas no Brasil as mudanças são lentas predominando a força inercial. Sempre dizemos, mudar para quê?
A mentalidade da sociedade brasileira é como farol virado para trás, imagina que sabe tudo, mas leva a não fazer nada, pois na frente, continua tudo escuro, pois os acidentes acontecem, estão acontecendo e acontecerão em um ciclo vicioso. ACCA

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posted by ACCA@10:29 PM