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quarta-feira, janeiro 02, 2008

História: Incêndio no Edifício Andorinhas


Na tarde do dia 17 de fevereiro de 1986, irrompeu incêndio no Edifício Andorinhas, localizado no centro comercial e financeiro da cidade do Rio de Janeiro, na confluência da Rua Almirante Barroso com Av. Graça Aranha.

Causa provável:
O fogo começou nas dependências da sede da GE (General Eletric), localizada no 9º andar, tomada sobrecarregada por vários aparelhos elétricos.

Edifício Andorinhas
O prédio de construção antiga com mais de 50 anos não era adaptado ao Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros;
■ não possuindo escadas enclausuradas, bem como portas corta-fogo,
■ os andares formavam verdadeiros labirintos devido a sua extensão, apesar do prédio ser de baixa altura.

Vítimas:
20 mortos e cerca de 50 feridos. Cerca de 90% das vítimas foram encontradas no acesso ao terraço, cuja porta era mantida fechada por questões de segurança, por ordem do administrador do condomínio.

Testemunha da tragédia: Pulo para morte
■ Num andar mais alto havia duas pessoas numa das janelas: um senhor deitado que quase não se mexia, apenas acenava e uma senhora que estava de pé no parapeito, aguardando a chegada do socorro. De vez em quando ela fazia menção de pular, acenando para que as pessoas se afastassem. Todos os que lá estavam pediam para que ela não pulasse, se acalmasse e esperasse pelos bombeiros. Foram momentos angustiantes com a expectativa de que ela, não agüentando o calor, pulasse.
Quando o carro dos bombeiros, com a escada Magirus, chegou, achei que o drama iria finalmente acabar, mas a escada não alcançava o andar onde a senhora estava (creio que 12º) e ela, sem mais esperanças, pulou para a morte.
Nesse momento, em que ela pulou, acionei o motor da câmera e vim acompanhando a queda fotografando toda a seqüência do pulo, mas não consegui fazer a última foto, a da queda no chão. Pois nesse momento, parei de fotografar e chorei, como muitos dos que ali estavam. (Sergio Araújo, fotógrafo).




■ O senhor que estava lá com ela, no 12º andar, deitado, aos poucos foi parando de acenar até que não agüentando as queimaduras e a falta de ar, morreu. (Sergio Araújo, fotógrafo)

Fontes: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, Superior Tribunal de Justiça – 27 de março de 2001 e depoimento de Sergio Araújo, fotógrafo, que estava presente no local do incêndio.

Comentário:
Comparando as condições de segurança contra incêndios de alguns prédios comerciais atuais com o passado, caso do edifício Andorinhas, as deficiências continuam as mesmas, tais como; falta de segurança e de manutenção do prédio, inexistência de sistema de sprinkler, deficiências dos equipamentos do Corpo de Bombeiros, falta de fiscalização dos órgãos públicos e a falta de hidrantes públicos com água.

Em todo grande incêndio no país, ninguém estava preparado (os responsáveis pela segurança do prédio, a fiscalização pública e o Corpo de Bombeiros) para combater ao incêndio, prevalecendo à falta de planejamento e preparação. O pior de todos os riscos, a insegurança do prédio, as deficiências dos órgãos públicos, auxiliam para que o incidente se torne uma tragédia.
Como se diz; “Quando todas as deficiências de segurança se convergem em determinado ponto, está tudo como exatamente o diabo gosta, para causar a tragédia”.

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posted by ACCA@10:56 PM