Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quinta-feira, maio 24, 2007

Cromo: Benefícios e Riscos

O cromo é um elemento traço essencial (mas também tóxico) para o ser humano. Este elemento químico se encontra naturalmente no solo, na poeira e gases de vulcões.
No meio ambiente são três os números de oxidação do metal:
■ cromo(0), cromo(III) e cromo(VI). Cromo(III) tem ocorrência natural no meio ambiente,
■ enquanto cromo(VI) e cromo(0) são geralmente produzidos por processos industriais.

Cromo(III) faz parte do centro de biomoléculas que se encontram em pequeníssimas quantidades em nosso organismo. Sua principal função está relacionada ao metabolismo da glicose, do colesterol e de ácidos graxos. Nosso cérebro se nutre de glicose, e sem este alimento, nossa mente sofre sérios distúrbios. Se nosso corpo não pode metabolizar glicose, nosso fígado não pode produzir glicogênio, que é a energia de nossos músculos.
Os alimentos podem ser uma fonte de cromo na quantidade necessária ao nosso organismo

Alimentação Moderna
A alimentação moderna, rica em carboidratos refinados (por exemplo, macarrão e arroz branco), traz prejuízo ao nosso pâncreas e ao nosso estoque de cromo. O carboidrato refinado requer cromo para ser metabolizado e, além disto, não contribui para repor o estoque necessário para que o organismo funcione sadiamente. Arroz branco contem 25 % do cromo presente no arroz integral. Farinha branca contem somente 13 % do cromo presente no trigo. Muitas pessoas são deficientes em cromo por consumirem uma dieta restrita a alimentos refinados. Boas fontes do mineral são a levedura de cerveja, ostra, fígado, noz, batata, trigo e farinha integral, pimenta preta e queijos.

Esportistas
Que treinam para competição podem precisar de suplemento alimentar contendo cromo. Porém, se houver excesso na dosagem há o risco da toxicidade, pois o organismo somente absorve a quantidade necessária.

A presença do cromo na indústria
O elemento químico cromo é empregado principalmente para fazer aços inoxidáveis e outras ligas metálicas.
Na forma do mineral cromita, é empregado na indústria de refratários para fazer tijolos de fornos metalúrgicos.
Compostos de cromo produzidos pela indústria química são usados;
■ na indústria de tratamentos superficiais (por exemplo, a eletrodeposição de cromo, conhecida na indústria de galvanoplastia e o processo por cromado),
■ manufatura de pigmentos, curtume de couro,
■ tratamento de madeira e tratamento de água (podendo ser usado como inibidor da corrosão na água usada em torres de resfriamento).

Manipulação: Contaminação do Meio Ambiente
Cuidados especiais são necessários tanto na manipulação durante o processo industrial como no tratamento dos resíduos.
Os resíduos possuem alto poder de contaminação, quando não são convenientemente tratados e simplesmente abandonados em corpos d’água, aterros industriais ou mesmo lixeiras clandestinas.
Com facilidade, o cromo atinge o lençol freático ou mesmo reservatórios ou rios que são as fontes de abastecimento de água das cidades. Se o resíduo é degradado no solo, o cromo permanece e pode ser absorvido por plantas que posteriormente servirão de alimento diretamente ao homem ou a animais, podendo por este caminho também atingir o ser humano.

Cromo cancerígeno humano
Cromo(VI) é um carcinógeno humano reconhecido e muitos trabalhadores são expostos a este composto químico. A fumaça contendo este elemento químico causa uma variedade de doenças respiratórias, incluindo câncer.
O contato da pele com compostos de cromo causa dermatite alérgica e, mais raramente, pode provocar ulcerações na pele formando cicatrizes e até perfurações do septo nasal. Há suspeitas de que este composto químico possa afetar o sistema imunológico de seres humanos.

Indústria de curtimento
A atividade industrial dos curtumes é intensiva em mão de obra mas pouco agrega em termos de tecnologia. É por isso, larga e facilmente disseminada em muitas comunidades do país. Na indústria de curtume (e de forma semelhante na indústria de galvanoplastia) o tratamento dos efluentes industriais gera um resíduo sólido que é denominado de lodo e que contém cromo.

O lodo é acondicionado em recipientes, pode ir para incineradores ou deve ser guardado indefinidamente em condições ótimas, ao abrigo de intempéries, insolação e outros agentes que possam romper o recipiente e espalhar o resíduo na natureza. O responsável pelo material obriga-se a esses cuidados que são supervisionados e inspecionados pelas autoridades periodicamente.

Os altos custos, decorrentes do armazenamento e/ou da incineração, induzem a comportamentos inadequados, como o descarte de resíduos em locais impróprios. Deve-se considerar, também, que nem todos os Estados possuem aparato com condições técnicas de aconselhar e vigiar o funcionamento de empresas que utilizam o cromo em seus processos.

O gigantismo do problema pode ser avaliado se for considerada a produção significativa da indústria calçadista brasileira e, somado a este fato, que nos curtumes o couro processado gera quantidades apreciáveis de resíduos: de 30 a 50 % de resíduos tais como lodo, serragem da rebaixadeira e pó da lixadeira (todos contendo cromo na sua composição).

Além disto, existem regiões no Brasil em que complexos industriais do setor calçadista com centenas de indústrias, produzindo dezenas de toneladas por dia de retalhos de couro que são depositados em aterro industrial (do tipo I destinado para resíduos perigosos).

Degradação Ambiental
Nas várias cidades brasileiras, onde existem aglomerados industriais de couro e calçado há um conflito latente devido ao rápido esgotamento da capacidade dos aterros e necessidade de criação de novos. Os resíduos da indústria de couro e de calçado comprometem o meio ambiente, principalmente, sob dois aspectos. O tempo considerável de degradação desses retalhos faz com que o solo fique sem uso por várias gerações. Vale a pena lembrar que o processo de curtimento é feito justamente para retardar a putrefação do couro. Outro aspecto importante é o efeito de concentração do cromo no solo devido às grandes quantidades depositadas nos aterros de retalhos.

Fonte: Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Paulista- Laboratório de Físico-Química Teórica e Aplicada- B.F. Giannetti, C.M.V.B. Almeida, S.H. Bonilla e O. Vendrameto

posted by ACCA@5:06 PM

1 Comments:

At 10:27 AM, Blogger Unknown said...

Muito boa a literatura.
Gostaria de saber, exatamente oq acontece no corpo humano, em contato com o cromo VI.

 

Postar um comentário

<< Home