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quarta-feira, janeiro 30, 2013

Inalação de substâncias tóxicas pode causar sequelas permanentes

Dois compostos químicos bastante comuns em espumas usadas em revestimentos acústicos e em plástico de PVC, como os de encanamentos, são os que oferecem mais risco para o desenvolvimento da pneumonia química (ou pneumonite química), mal que pode desencadear uma espécie de asma não alérgica para o resto da vida, segundo o diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia, Ubiratan de Paula Santos. Num primeiro momento, a pneumonia química é causada por uma reação do corpo à inalação de substâncias tóxicas em grandes quantidades. Pode aparecer, na maioria das vezes, em até 72 horas depois da exposição ao incêndio.

Quando se inala grande quantidade de substâncias; ou muito ácida, ou muito alcalina, a alta concentração do produto reage com a proteína das células das vias respiratórias, gerando a reação inflamatória. Tosse e falta de ar são os principais sintomas. Da queima da espuma, vem a inalação de ácido clorídrico. Já da combustão do PVC, o risco é de se respirar ar sujo de isocianato. Mesmo pessoas que se expuseram à fumaça do incêndio, mas que estão aparentemente bem, podem desencadear um quadro inflamatório em até 72 horas, por causa das substâncias tóxicas. Elas agem nas células causando uma espécie de fritamento químico, ou injúria, como se diz na linguagem médica, disse Ubiratan Santos.



1-Durante um incêndio, o oxigênio no ar diminui e a queima de produtos  gera grande quantidade de monóxido de carbono, além de gases tóxicos, como cianeto, proveniente da queima de tinta e estofamento.
2-Depois de inalado, o monóxido de carbono chega até os alvéolos, vai para o sangue e se liga ás hemácias, impedindo o acesso de oxigênio, já escassos, às células.
3-O cianeto também chega ao sangue e impede a produção de energia nas células.
4-Os gases tóxicos ainda causam irritação nas mucosas e no pulmão, e o inchaço dificulta ainda mais a respiração.
5-Sem energia, o coração e o cérebro entram em colapso, causando convulsão e parada cardiorrespiratória, levando á morte.

Pneumonia química
As pessoas que sobreviveram ao incêndio, mas inalaram fumaça, podem apresentar inflamação e irritação nos pulmões. Em alguns casos, as sequelas podem ser permanentes. Fonte: Dr Ubiratan de Paula Santos, diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia

A asma não alérgica em consequência da inalação de agentes tóxicos só pode ser diagnosticada dias depois. 
Os sintomas são os mesmos de uma asma comum, em geral uma doença benigna, controlada com medicamentos e ajustes ambientais. A asma não alérgica pode desaparecer em semanas, ou se tornar crônica e acompanhar o paciente até o fim da vida. O mais importante é que sobreviventes expostos a fumaça não negligenciem caso sintam sintomas como tosse e dificuldade para respirar e procurem o serviço de saúde, alerta Ubiratan.

PANORAMA SIMILAR AO DE CAMPO DE BATALHA
O pneumologista Renato Seligman, pneumologista e professor de medicina do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que abrigava até a manhã desta segunda-feira oito feridos em estado grave do incêndio em Santa Maria, descreve o estado dos pacientes que recebeu:
■ O panorama que recebemos se assemelha a de uma emergência médica em um campo de batalha, com pessoas jovens que, de repente, estão em um quadro agudo causado por queimaduras, inalação de ar quente e de substâncias tóxicas, como se tivessem passado por um ataque a bomba.
■ Ao longo das horas e dos dias, esses pacientes podem apresentar reação inflamatória, mesmo com cuidados médicos, por causa da inalação de fumaça e ar muito quente. A estimativa  é de que esses pacientes fiquem internados por semanas.
■ A reação inflamatória tem características individuais, ou seja, pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, mesmo com todo o cuidado, a ventilação mecânica, depois de 48 horas, abre chances para uma infecção.

A inflamação do pulmão pode se dar também pela inalação de ar quente, capaz de queimar as vias respiratórias e gerar inchaço nos alvéolos e, consequentemente, dificuldade na passagem de oxigênio para a corrente sanguínea. Neste caso, a lesão ocorre como em uma queimadura. Os pacientes com queimaduras extensas também em outras partes do corpo podem apresentar, além dos danos respiratórios, um quadro de insuficiência renal, explica o médico.

Sobreviventes de tragédias como o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em alguns casos têm de conviver com sequelas físicas e psicológicas para o resto de suas vidas.

FUMAÇA DE INCÊNDIO
José Eduardo Afonso Júnior, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explicou que há dois problemas críticos em situações de incêndio:
■ a inalação de substâncias tóxicas e
■ as queimaduras internas provocadas pela inalação de fumaça quente.

MONÓXIDO DE CARBONO
O monóxido de carbono que se forma a partir da queima de materiais entra pelo pulmão e cai na corrente sanguínea, ocupando espaço nos glóbulos vermelhos onde deveria estar o oxigênio. Quando os glóbulos vermelhos ficam tomados por monóxido de carbono, não conseguem transportar oxigênio, o que provoca a morte. Como exemplo, casos onde pessoas morrem por inalar monóxido de carbono em uma garagem fechada, explica o médico.

FUMAÇA TÓXICA E QUENTE
No caso de incêndios, a fumaça inalada é perigosa não apenas por carregar toxinas, como também por sua alta temperatura. A fumaça gerada pela combustão de produtos plásticos  já é altamente tóxica. Mas, além disso, a alta temperatura dessa fumaça causa lesões na traqueia e nos brônquios, chegando até os alvéolos (estruturas localizadas dentro do pulmão onde ocorre a troca de gases - oxigênio e gás carbônico). Quando a fumaça muito quente é inalada, os brônquios da pessoa se fecham. É como uma crise aguda de bronquite que fecha os brônquios e não deixa o ar passar.  Você sofre pela falta de ar e pode sentir dor porque a traqueia tem nervos que dão sensação de dor e a  combinação da inalação do monóxido de carbono com a lesão térmica leva ao óbito em poucos minutos, explicou o médico.

BOATE KISS
Comentando sobre a tragédia na casa noturna gaúcha, José Eduardo Afonso disse supor que a maioria das vítimas tenha morrido por asfixia, com base apenas nas imagens que vi, é de que a maior parte morreu por causa da fumaça e do monóxido de carbono, não pela queimadura em si. Segundo Afonso, quando há queimaduras internas por fumaça quente, a face e os cabelos da vítima também ficam queimados.

Pelo que ouvi, os corpos não estavam carbonizados, Então, suponho que a causa da morte tenha sido asfixia. Se há muita fumaça, e dependendo da concentração de toxinas, a pessoa perde a consciência mais rápido, ele explicou.

Ele enfatiza, no entanto, que seus comentários são hipotéticos, pois ele não possui informações específicas sobre o caso da boate Kiss.

SEQUELAS
O  pneumologista José Eduardo Afonso Jr. disse que muitos pacientes que sobrevivem a tragédias como essa se recuperam completamente. É o caso, por exemplo, de pacientes que sofreram intoxicação por monóxido de carbono e perderam a consciência, mas foram resgatados a tempo. Ficam no suporte de oxigênio e sob monitoramento, mas o monóxido de carbono vai sendo liberado e há mínimas sequelas, explicou.

Apenas em casos em que a oxigenação ficou baixa durante muito tempo pode haver sequelas neurológicas. A lesão neurológica provocada pela ausência prolongada de oxigênio no cérebro é conhecida como encefalopatia anóxica. Quando isso ocorre, o paciente não acorda, fica em coma. Mas se a oxigenação foi revertida rapidamente, o paciente tem condições de ficar bem, disse o médico.

Mais problemática, ele explicou, é a lesão térmica e química. A longo prazo, a cicatrização dessas lesões térmicas pode levar a doenças crônicas, como acontece com fumantes. Em casos mais sérios, pode haver limitação das atividades normais do paciente.
Isso ocorre porque, a cicatrização não gera um tecido idêntico ao anterior. O tecido cicatrizado muitas vezes perde sua propriedade básica, de trocar oxigênio com a corrente sanguínea de maneira eficiente. Dependendo do grau de lesão, há sequelas leves, onde a pessoa vive bem. Se a lesão for mais grave, a pessoa pode precisar de suplementos de oxigênio para o resto da vida, porque o seu pulmão não dá conta, explica o médico.

Outra consequência grave de lesões térmicas é que as queimaduras nas vias respiratórias tiram a proteção natural dos tecidos e deixam a pessoa mais vulnerável a infecções. A destruição da camada interna dos brônquios e da traqueia favorece infecções e muitos morrem mais tarde, vítimas dessas infecções. As  infecções são uma causa comum de morte entre queimados, tanto em queimaduras de pele como de pulmão, explicou.

Uma outra sequela comum entre sobreviventes de incêndios é o acúmulo, dentro do pulmão, de partículas sólidas dos produtos em combustão, carregadas pela fumaça. Aquilo se solidifica e fica depositado lá, o pulmão não consegue se livrar desses resíduos, disse o médico.

TRAUMA EMOCIONAL
De maneira geral, a sensação de falta de ar tende a provocar pânico profundo nas pessoas, disse o pneumologista.
Ele explicou que muito depende da pessoa e do que ela vivenciou. Mas contou que transtornos de ansiedade (incluindo-se, em casos extremos, a Síndrome do Pânico) e depressão são comuns nesses casos.
Se os seus amigos afundam sua cabeça na piscina, ficar sem respirar, mesmo que por poucos segundos, já é suficiente para causar um pânico grande. Entre os sobreviventes de um incêndio como esse, além da situação de estresse e tumulto, quem não conseguiu respirar certamente viverá um trauma. Há casos de pessoas que se recuperaram bem mas começaram a ter crises de falta de ar, sem qualquer justificativa pulmonar, disse o médico..
Com certeza, esses pacientes devem procurar ajuda psicológica, recomendou o pneumologista.
Fontes: Globo - 28/01/13 e BBC Brasil - 29/01/2013

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posted by ACCA@4:44 PM

6 Comments:

At 7:37 PM, Blogger Unknown said...

Ola!
Apos ficar em um local onde se colava uma piscina de fibra com produtos químicos passei mal,tive sensação de desmaio ,dor de cabeça e vomitei; APIs este dia aumentaram minhas alergias e passei a tossir ate vomitar um liquido transparente como cuspi . oque pode estar acontecendo ?
Aguardo resposta .
Obg.

 
At 7:39 PM, Blogger Unknown said...

Ola!
Apos ficar em um local onde se colava uma piscina de fibra com produtos químicos passei mal,tive sensação de desmaio ,dor de cabeça e vomitei; APIs este dia aumentaram minhas alergias e passei a tossir ate vomitar um liquido transparente como cuspi . oque pode estar acontecendo ?
Aguardo resposta .
Obg.

 
At 8:21 PM, Blogger Tao said...

Minha irmã lavou a máscara de nebulização com sabonete líquido fez um breve enxague e colocou o soro ao desligar percebi que no copo do nebulização estava formando bolha de sabão já no final dá nebulização fiquei muito assustado o deve fazer será que o resíduo do sabonete foi inalado devo procurar um médico por favor me ajudem !

 
At 4:05 PM, Blogger ACCA said...

Leia o manual de instrução do aparelho

 
At 1:42 PM, Blogger Unknown said...

Oque fazer inalação ácido

 
At 2:26 PM, Blogger ACCA said...

Em caso de indústrias o setor de Segurança e Saúde no Trabalho devem identificar os riscos ambientais e agir preventivamente indicando quais EPI’s destinados à proteção respiratória adequada para cada atividade e oferecer ao trabalhador condições seguras e saudáveis para a realização de suas tarefas diárias.
As medidas de segurança e de primeiros-socorros deve ser tomada conforme o tipo de ácidos ou sua reação no processo produtivo ou incêndio.. Consultar a FISPQ do produto.
A Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ) fornece informações sobre vários aspectos dos produtos químicos (substâncias ou preparados) quanto à proteção, segurança, saúde e o meio ambiente.

 

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