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terça-feira, setembro 14, 2010

Choque? Ar seco?

Com a baixa umidade, a simples tarefa de abrir a porta do carro se transforma numa aventura temerosa. Você encosta na maçaneta e aquela sensação de choque, parece que enfiou o dedo na tomada.

ACÚMULO DE ESTÁTICA
Quando andamos, dirigimos ou fazemos qualquer movimento de atrito entre duas superfícies, produzimos energia eletrostática. Normalmente, essas cargas, que podem ser positivas ou negativas, dependendo do material, passam rapidamente do corpo para o ambiente, conduzidas principalmente pelas gotículas de água no ar. Quando o tempo fica seco, entretanto, essas partículas se acumulam. E, no momento em que tocamos em algum material condutor, como o metal do carro, essa energia é transferida numa descarga elétrica.

"O choque é uma transferência de cargas. Cria-se uma corrente entre a pessoa e a superfície", explica a física Márcia Fantini, da Universidade de São Paulo (USP). A criação dessas cargas não envolve nenhum fenômeno complexo. O simples raspar das roupas ao caminhar ou o atrito com o banco e o carpete do carro já são suficientes. No inverno, há também os agasalhos, gorros e cachecóis, que produzem energia com facilidade. Em geral, quanto mais sintético o tecido, maior seu potencial eletrostático.

CONDIÇÕES DO AMBIENTE E VESTUÁRIO
O fato de uma pessoa levar ou não um choque, portanto, depende das roupas que ela usa e das condições do ambiente em que está naquele momento. Segundo o engenheiro e físico Fernando Araújo-Moreira, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), não há maneira prática de prever ou evitar as descargas. "Você teria de usar roupa 100% algodão, ou estar o tempo todo descalço", brinca o pesquisador.

Os sapatos com sola de borracha, no caso, impedem que a energia acumulada seja transferida para o solo. Na dúvida, pode-se fechar a porta do carro com o pé. "Não cheguei a fazer isso, mas já pensei duas vezes antes de encostar na porta", diz Mariangela.
Os choques não oferecem perigo, mas são mais poderosos do que se imagina. Dependendo da umidade do ar, podem chegar a 1.000 volts. Compare isso a uma tomada, de 110 ou 220 volts. A sorte, explica Araújo-Moreira, é que a descarga dura apenas alguns microssegundos. "É uma corrente muito intensa, mas muito curta."

FAÍSCAS
Às vezes, a descarga é tão intensa que produz um estalo, luz e até faíscas. Tanto que algumas salas cirúrgicas, repletas de oxigênio e outras substâncias inflamáveis são feitas com um piso especial condutor, para evitar que um choque acabe causando um incêndio. "Estamos falando de uma faísca completa, igual à de um isqueiro", diz o professor Ruy Alberto Corrêa Altafim, da Escola de Engenharia da USP-São Carlos. Uma alternativa mais simples, segundo ele, é umedecer o ambiente borrifando água no carpete, por exemplo.

CONTATO ENTRE PESSOAS
É comum também choques ocorrerem no contato entre pessoas, quando uma está com carga eletrostática diferente da outra. Especialmente quando se passa 15 horas por dia na frente de um computador, como o webdesigner Pérsio Toledo. A eletrostática do carpete e das roupas, mais a emitida pela máquina, já lhe rendeu vários choques aos cumprimentar amigos. Além de duas placas de vídeo queimadas. "Para mim, não tem tempo seco. É qualquer época do ano."
"Uma vez entreguei a chave para o frentista no posto e ele deu um pulo para trás", conta a engenheira Mariangela Carnevale. "Era um dia em que o carro estava dando muito choque."
Mais provavelmente, era Mariangela quem estava dando um choque no carro. O fenômeno é mais comum nesta época do ano por causa da falta da umidade no ar.

Eletrostática
Durante o tempo seco, partículas eletrostáticas que normalmente se dispensariam pela umidade do ar, ficam acumuladas no corpo, causando choques.
■ O atrito entre superfícies quando alguém anda ou dirige, pelo próprio raspar das roupas ou pelo contato com o banco do carro, cria um acúmulo de cargas no corpo. Elas podem ser positivas ou negativas, dependendo do material.
■ Quando se toca em algum objeto metálico, material condutor, como o metal da porta do carro ou maçanetas, ou mesmo em outra pessoa com um potencial elétrico diferente, ocorre uma transferência de cargas; ou seja, uma descarga elétrica, que acarreta um choque.
Fonte: O Estado de São Paulo

Comentário:
No Sudeste e em grande parte do Centro-Oeste o ar continua muito seco e mantém os índices de umidade abaixo de 20%.
O Mato Grosso do Sul registrou na segunda-feira, 13 de setembro, 6% de umidade relativa do ar. Segundo a Estação Meteorológica da Anhanguera/Uniderp, o índice de emergência é considerado o menor da história no estado e foi registrado em São Gabriel do Oeste e Jaraguari. Em Campo Grande, a umidade ficou em 11%..
A combinação baixa umidade e calor elevam risco de queimadas no meio ambiente (matas, florestas, etc) e no ambiente industrial, favorece riscos de incêndio e explosão, principalmente em indústrias que fabricam ou manipularam inflamáveis, em indústrias com concentração elevada de poeira e geração de estática, etc.
Em geral as indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, acúmulo de estática, aterramento inadequado são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, com baixa umidade.
A Defesa Civil alerta ainda às pessoas para que não coloquem fogo em terrenos baldios e vegetação seca, pois a baixa umidade relativa do ar pode aumentar as chances de incêndio nas pastagens e florestas. Além de destruir a fauna e a flora, o fogo provoca o empobrecimento do solo e pode propagar-se em direção a indústrias, estabelecimentos comerciais e centros urbanos.

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posted by ACCA@3:59 PM

1 Comments:

At 6:06 PM, Blogger Unknown said...

Adorei a matéria, foi bastante esclarecedora.

 

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