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quinta-feira, janeiro 15, 2009

Motoboy fica entalado na janela de um carro


Um acidente curioso aconteceu na manhã de segunda-feira, 12 de janeiro de 2009, na avenida Amazonas, na divisa de Belo Horizonte e Contagem.
Um motoboy que trafegava pela avenida quando, na altura do bairro Gameleira, região Oeste da capital, bateu na traseira do carro.
Com o impacto da batida, o motoboy foi arremessado contra o vidro traseiro do Fusca, que se soltou, deixando o motociclista preso no buraco. Muitos curiosos se juntaram para ver a cena, que parecia ter sido tirada de alguma comédia.

O motoboy foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, com fraturas no joelho esquerdo e no pé direito.

Fonte: O Tempo - 13 de janeiro de 2009

Comentário:
Uma combinação explosiva que mistura crescimento acelerado da frota, tráfego e trânsito tumultuados e muita imprudência está colaborando para aumentar os dados estatísticos sobre os acidentes de trânsito envolvendo motocicletas e suas conseqüências para as vítimas e também para o erário público.
O aumento da frota trouxe uma estatística assustadora. Em 1990, 299 motociclistas morreram em acidentes. Em 2006, foram 6.734 vítimas - um aumento de mais de 2000%.
A indústria brasileira de motos produziu em 2008 2,115 milhões de unidades, com um crescimento de 22% quando comparado a 2007. Nunca se fabricou e vendeu tanta moto no Brasil e, apesar da crise global, o número representa um recorde histórico para o setor.

O engenheiro Antonio Clóvis Pinto Ferraz da Universidade Federal de São Carlos disse em sua pesquisa que o risco de morrer de moto é 28 vezes maior do que no carro.

Realmente se compararmos as despesas com a utilização de transporte coletivo (passagem, demora, etc) com o uso de motocicleta, é mais vantajoso a sua utilização.
■ Moto de 150 cilindrada com partida elétrica, 2008, antes da crise financeira poderia ser adquirida com financiamento, pagando 48 parcelas de R$ 280,00 (140 dólares)
■ Moto 150 cilindrada usada pagando 36 parcelas de 130 reais ( 65 dólares)
A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) publicou em setembro de 2008, o levantamento sobre o custo de desembolso para usar ônibus, moto e automóvel. Segundo a pesquisa — que abrange 27 capitais e 16 municípios, com população acima de 500 mil habitantes —, na média das cidades brasileiras;
■ o custo total do deslocamento por sete quilômetros é de R$1,49 com motos, contra R$1,96 com ônibus.
■ com automóvel a gasolina e automóvel a álcool apresentam custo total de deslocamento 2,5 vezes superior ao custo na utilização do ônibus: R$ 4,84 e R$ 4,55, respectivamente. Para o cálculo, a ANTP considerou o custo de desembolso (valor da tarifa ou de combustível mais estacionamento) e, no caso dos modos individuais de transporte, custos como depreciação, seguro, impostos e manutenção.

Custo social invisível
A moto tem um custo social enorme, por causa dos acidentes de trânsito.

Os custos considerados foram definidos pela identificação dos impactos causados por um acidente de trânsito e seus desdobramentos. Isto inclui o tratamento e reabilitação das vítimas, a recuperação ou reposição dos bens materiais danificados, o custo administrativo dos serviços públicos envolvidos e as perdas econômicas e previdenciárias ocorridas. Esta lista não exaure todos os custos possíveis, mas considera os mais importantes e que estão presentes na maioria dos estudos similares desenvolvidos internacionalmente.

Custo de acidente por severidade
■ acidente de trânsito sem vítimas tem um custo médio de R$ 4.664,00 (2.332 dólares)
■ acidente com ferido apresenta um custo médio de R$ 24.963,00 (12.482 dólares) e
■ acidente com morte, R$ 206.087,00 ( 103.044 dólares)
Estes dados evidenciam que o impacto econômico causado pelos acidentes de trânsito cresce significativamente à medida que aumenta a severidade dos acidentes de trânsito

Outro fator importante é a ocupação de leitos terciários por casos que poderiam ser evitados. Eles passam a concorrer com pessoas que têm patologias não preveníveis.

Quanto custa para o governo à saúde?
Custo médio de atendimento hospitalar por paciente: Janeiro de 2009
Não internados
Leves – R$ 705,00 (353 dólares)
Moderados – R$ 1.164,00 (582 dólares)
Graves – R$ 4.073,00 (2.037 dólares)

Internados
Leves -
Moderados - R$ 21.347,00 (10.674 dólares)
Graves – R$ 131.985,00 (65.993 dólares)

Custo de reabilitação (fisioterapia – custo médio de R$ 80.065,00 por vítima (40.033 dólares).
Custo de resgate de vítimas – R$ 616,00 (308 dólares)

Obs: Dados referentes ao estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) - Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas” dados atualizados para Janeiro de 2009 por IGP-M

Um levantamento dos acidentes de 2006 no País, feito pelo Ministério da Saúde, detectou que houve 18 mortes de motociclistas por dia no Brasil. As motos de baixa potência, as mais vendidas, estiveram envolvidas em 70% dos acidentes. Foram registradas 6,8 mil mortes.

O jornal Estado de São Paulo acompanhou durante os dias 7 e 14 agosto de 2007 os acidentes graves envolvendo motoqueiros em São Paulo. Cerca de 100 equipes do serviço de resgate do Corpo de Bombeiros atenderam 591 ocorrências - pelo menos outros 30 casos com menos gravidade foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e por policiais militares. Três pessoas morreram na hora e um morreu momentos após chegar ao Hospital do Mandaqui.

Conforme explica o médico cirurgião Vinicius Filipak, socorrista do Siate há 19 anos e gerente do setor de Emergência do Hospital Cajuru de Curtiba, em um choque em alta velocidade, a possibilidade de haver lesões na cabeça é grande mesmo com o capacete. “Por fora, pode até não ter nada. Mas internamente podem ocorrer lesões sérias no cérebro e no crânio. Portanto, junto com o capacete, o motociclista deve ter, acima de tudo, prudência”, recomenda.

As lesões mais comuns em acidentes de moto apontam Filipak, são de natureza músculo-esquelética nos braços e nas pernas. Na maioria das vezes, aponta o médico, essas lesões não expõem os motociclistas a risco de morte, o que em muitos casos não diminui em nada a gravidade. “A pessoa pode até sobreviver, mas fica tetraplégica, tem algum membro amputado ou lesões vasculares e nervosas que o incapacitam para uma série de atividades”, argumenta o médico.

Os motoboys lembram os filmes de faroeste americano, dos cavaleiros que entregavam malotes, com sol, chuva, etc, o que predominava era o prazo de entrega. Hoje os cavalos são cavalos de aço e a “urgência” das entregas. Nada mudou na estrutura de entrega, apenas os acidentes mudaram do tipo de configuração.

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posted by ACCA@11:02 AM

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