VAZAMENTO DE AMÔNIA EM FRIGORÍFICO DEIXA FUNCIONÁRIOS INTOXICADOS
No início da tarde de terça-feira
(4/10), houve vazamento de amônia na empresa de alimentos Ave Nova, localizada
na avenida Nova York, no bairro Capelinha, em Betim, região metropolitana de
Belo Horizonte.
VÍTIMAS: 10 funcionários da
empresa foram intoxicados
ISOLAMENTO DO LOCAL
Os bombeiros informaram que
local foi totalmente evacuado e cerca de cinco equipes dos militares atenderam a
ocorrência, com a apoio do Samu e da Polícia Militar.
ATENDIMENTO: O Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez o atendimento de 10 vítimas, dois
homens e oito mulheres, sendo uma delas gestante. Destas, cinco foram
encaminhadas para a UPA Petrolândia, em Contagem, quatro foram encaminhadas
para a UPA Teresópolis e a gestante foi para o Centro Materno -Infantil de
Betim . O estado de saúde dela é estável. Outros cinco funcionários foram
atendidos pelos bombeiros e liberados.
De acordo com os militares,
as vítimas atendidas apresentaram sintomas como irritação das vias aéreas e
pele, além de náuseas.
Os bombeiros avaliaram como
intoxicação leve, mas se o tempo de exposição à substância fosse maior haveria
risco de morte. Houve pânico na hora de evacuar o local.
VAZAMENTO: Segundo o Corpo de Bombeiros, o vazamento da
substância aconteceu por volta de 13h, no setor de máquinas, onde ficam
tubulações de resfriamento.
INVESTIGAÇÃO: Em nota, a
Prefeitura Municipal de Betim informou que uma equipe de vigilância ambiental
do município fará uma investigação. Ainda de acordo com a prefeitura, a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente notificou a empresa para apresentar a documentação
de esclarecimento sobre o que aconteceu e a quantidade de produto que vazou.
ESCLARECIMENTO DA EMPRESA: Em
nota, a Ave Nova disse que o vazamento aconteceu em um posto específico do
parque de máquinas. O sistema estava com a manutenção preventiva em dia, e que
os programas de segurança e monitoramento funcionaram. A empresa foi liberada
pelo Corpo de Bombeiros a retomar as atividades. Fonte: g1 Minas — Belo
Horizonte - 04/10/2022
Comentário:
O QUE É AMÔNIA E SEUS RISCOS
À SAÚDE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
A utilização em grande escala da Amônia nos
sistemas de refrigeração nas empresas de alimentação tem gerado grande
preocupação para os profissionais de segurança do trabalho que atuam neste
segmento. As grandes falhas das instalações de refrigeração utilizando amônia,
na maioria das empresas, começam na fase dos projetos engenharia e as
principais consequências são custos de correção e controle elevados. Atualmente
a Amônia é muito utilizada por possuir as principais características desejáveis
para um agente refrigerante, como por exemplo:
1-Produzir o máximo possível
de refrigeração para um determinado volume de vapor;
2-Ter estabilidade química,
sem tendência a se decompor, nas condições normais de funcionamento para
temperatura e pressão atmosféricas;
3-Não apresentar efeito
prejudicial sobre metais, lubrificantes e outros materiais utilizados nos
demais componentes dos sistemas de refrigeração;
4-Não ser combustível ou
explosivo nas condições normais de funcionamento;
5-Possuir um bom custo x
benefício.
QUAIS OS PRINCIPAIS RISCOS À
SAÚDE NAS INSTALAÇÕES DE AMÔNIA NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS?
Temos riscos muito altos
vinculados às atividades industriais do ramo alimentício que trabalham com
Amônia em seus processos de refrigeração. Precisamos estar muito atentos,
equipados e capacitados para tratar com este agente químico, portanto embasamos
todo o trabalho com amônia (NH3) nas Normas Técnicas nacionais vigentes bem
como nas normas europeias. De acordo com a Nota Técnica n° 03/DSST/SIT
(Refrigeração Industrial por Amônia – Riscos, Segurança e Auditoria), “ os
sistemas de refrigeração por amônia consistem de uma série de vasos e
tubulações interconectados, que comprimem e bombeiam o refrigerante para um ou
mais ambientes, com a finalidade de resfriá-los ou congelá-los a uma temperatura
específica.”
A amônia, com símbolo químico
NH3, é constituída de um átomo de nitrogênio e três de hidrogênio,
apresentando-se como gás à temperatura e pressão ambientes. Liquefaz-se sob
pressão atmosférica a – 33,35 ºC..
PRINCIPAIS EFEITOS DA
INALAÇÃO OU CONTATO COM AMÔNIA.
O gás é um irritante poderoso das vias
respiratórias, olhos e pele. Dependendo do tempo e do nível de exposição podem
ocorrer efeitos que vão de irritações leves a severas lesões corporais A
inalação pode causar dificuldades respiratórias, broncoespasmo, queimadura da
mucosa nasal, faringe e laringe, dor no peito e edema pulmonar.
A ingestão causa náusea,
vômitos e inchação nos lábios, boca e laringe. A amônia produz, em contato com
a pele, dor, eritema e vesiculação.
Em altas concentrações, pode
haver necrose dos tecidos e queimaduras profundas. O contato com os olhos em
baixas concentrações (10 ppm) resulta em irritação ocular e lacrimejamento.
No caso de concentrações
ainda mais altas, pode haver conjuntivite, erosão na córnea e cegueira
temporária ou permanente. Reações tardias podem acontecer, como fibrose
pulmonar, catarata e atrofia da retina.
A amônia é um produto
químico perigoso, corrosivo para a pele, olhos, vias aéreas superiores e
pulmões. Caso seja inalada, pode causar tosse, chiado no peito, falta de ar,
asfixiar e queimar as vias aéreas superiores. A amônia tem fórmula NH3 e é um gás muito tóxico.
Para evitar esses problemas ,
além da utilização de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), as boas
práticas de segurança sugerem a instalação de sistemas de detecção de gás.
A NR36, (item 36.9.3.2) por
exemplo, que é destinada a empresas frigoríficas que fazem o abate e
processamento de carnes e derivados, regulamenta a utilização de detectores
para a amônia, gás bastante utilizado nesses ambientes.
A utilização desses
detectores permite que alertas ocorram em tempo hábil, evitando desastres e
acidentes em função de possíveis vazamentos de amônia imperceptíveis aos
trabalhadores.
RISCO DE EXPLOSÃO
Os perigos da amônia não estão apenas no
contato com o gás.
A amônia, quando em contato
com o ar, onde sua concentração esteja entre 16% e 27%, pode transformar-se em
um agente explosivo.
O mesmo acontece quando a
amônia entra em contato com o flúor, cloro, bromo, iodo, óxido de prata e mercúrio.
COMO ESTES RISCOS PODEM SER
EVITADOS?
Cumprindo as normas de
Segurança e Saúde no trabalho vigentes;
1-Execução de projeto
apropriado dos sistemas de refrigeração, orientado por normas e códigos de
engenharia;
2-Esquemas de manutenção
preventiva com uma inspeção visual em todos os pontos críticos – soldas,
curvas, junções, selos mecânicos – ao menos a cada 3 meses;
3-Monitoramento e operação
eficazes dos sistemas de refrigeração sendo que tanques e reservatórios devem
passar por inspeção de SSMA completa, nos prazos máximos previstos na
legislação nacional (NR-13), recomendando-se radiografia de soldas e testes de
pressão.
4-Informações de segurança do
processo;
5-Análise preliminar dos
riscos existentes;
6-Procedimentos operacionais
e de emergência devidamente descritos e divulgados aos trabalhadores envolvidos
nas operações;
7-Capacitação técnica dos
trabalhadores;
8-Mecanismos de gestão de
mudanças;
9-Auditorias periódicas;
10-Investigação de
incidentes.
NO CASO DE EMERGÊNCIA COM
VAZAMENTOS QUAIS SÃO AS BOAS PRÁTICAS PARA O TRATAMENTO?
O uso de sistema de detecção
de amônia fixo com instalação de detectores dentro da sala de máquinas e
ambientes indústrias é recomendado para proteção do sistema de refrigeração
industrial como um todo (operadores, colaboradores e maquinários). O IIAR
(Instituto Internacional de Refrigeração por Amônia) recomenda ainda a
instalação de caixa de controle do sistema de refrigeração de emergência, que
desligue todos os equipamentos elétricos e acione a ventilação mecânica
exaustora fixa ou portátil sempre que necessário. Através do monitoramento
contínuo da concentração de amônia na sala de máquinas, quando atingidos
determinados níveis, serão acionados alarmes para tomadas de ações do controle
de proteção.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DE
VAZAMENTOS NESTES SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO SÃO:
1-Falhas nas válvulas de
alívio, tanto mecânicas quanto por ajuste inadequado da pressão;
2-Abastecimento inadequado
dos vasos comunicantes;
3-Danos provocados por
impacto externo por equipamentos móveis, como empilhadeiras;
4-Corrosão externa, mais
rápida em condições de grande calor e umidade, especialmente nas porções de baixa
pressão do sistema;
5-Rachaduras internas de
vasos que tendem a ocorrer próximas aos pontos de solda;
6-Aprisionamento de líquido
nas tubulações, entre válvulas de fechamento;
7-Excesso de líquido no
compressor;
8-Excesso de vibração no
sistema, que pode levar a sua falência prematura.
O QUE FAZER DIANTE DE UMA
EMERGÊNCIA COM VAZAMENTO DE AMÔNIA?
A partir da detecção do
vazamento, através do sistema de detecção de Amônia instalado na indústria, as
principais providências são as seguintes:
1-Acionar os membros da CIPA,
Brigadistas e Operadores da sala de máquinas que devem ser treinados para
possível evacuação do local e a utilização da vestimenta Nível A.
2-Comunicar o Corpo de
Bombeiros e a Companhia Ambiental Estadual, do vazamento e as medidas de
emergência tomadas para solução ou contingenciamento do mesmo. Fonte:
Connect
Arquivos
Nota Técnica / DSST n.º03/2004

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