Incêndio provoca vazamento tóxico e quarteirão é evacuado em Santos

O caso aconteceu na Rua Doutor Cochrane, no Paquetá, por
volta da 1h.
No local armazenava cerca de três toneladas do fosfeto de
alumínio de forma clandestina, que pertenceriam a uma empresa portuária, e
seriam usados na área de navios.
LOCAL ISOLADO E EVACUADO
De acordo com o Corpo de Bombeiros, todo o quarteirão teve
que ser isolado e os moradores foram obrigados a deixar suas casas, porque o
vazamento pode prejudicar a saúde, uma vez que os produtos produzem um gás
altamente tóxico.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi
acionada e já está no local atendendo a ocorrência. A Defesa Civil também está
trabalhando para isolar o produto químico do local, com a deposição de areia e
de lonas para diminuir os riscos de propagação.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Daniel Onias, a
empresa trabalhava com reaproveitamento de paletes de madeira. Apenas por volta
das 4h o responsável pelo galpão informou que havia produtos químicos no local
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb), o produto estava presente em frascos armazenados no galpão e seria
destinado para fumigação visando a eliminação de pragas (inseticida, fungicida)
em embarcações.
CORPO DE BOMBEIROS

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), foi
acionada para acompanhar o caso, explica que se tratava de fosfina —uma fumaça
tóxica gerada a partir da reação química da água em contato com fosfeto de
alumínio. A reação foi causada quando a água usada para apagar o incêndio
atingiu o produto armazenado de forma irregular na marcenaria.
O produto estava em frascos e seria utilizado para a
fumigação —eliminação de pragas em embarcações. Em nota, a companhia informou
que os técnicos avaliarão as eventuais concentrações de fosfina nas imediações
do galpão, que possam afetar a saúde da população atingida pela fumaça.
De acordo com o capitão Marcos Palumbo, 23 bombeiros, oito
policiais militares e cinco guardas portuários seguiram para o Hospital de
Clínicas de São Paulo para exames preventivos. Segundo ele, o grupamento
decidiu trazer os profissionais para a capital paulista para evitar problemas
no atendimento de hospitais da baixada santista, que também precisaram oferecer
atendimento aos moradores.
ATENDIMENTO HOSPITALAR
Cerca de 70 pessoas que moravam próximas ao local do
incêndio foram evacuadas de suas casas e encaminhadas ao hospital Santa Casa de Santos para receber
atendimento. De acordo com a assessoria da unidade, já passaram por atendimento
48 adultos e 14 crianças.
Os pacientes que estão chegando à Santa Casa estão passando
por triagem e fazendo exames. Aqueles que identificarmos que inalaram grande
quantidade de gás ficarão sob observação. Normalmente, pode demorar de 24 a 48
horas para haver algum sintoma ou reação. A grande maioria dos moradores do
entorno não estavam em contato direto com o gás e por isso não deverão ter
problemas, explica o pneumologista, Alex Macedo, que ajuda na coordenação do
atendimento das vítimas.
SUBSTÂNCIA TÓXIA
A fosfina, que é liberada quando o fosfeto de alumínio entra
em contato com a água, quando inalada em grande quantidade pode causar
problemas gastrointestinais. O produto pode causar queimadura tanto de pele
quanto na via respiratória, causar lesões no fígado, no estômago e até pulmão.
REMOÇÃO DE PRODUTO QUÍMICO
Foram concluídos na noite na terça-feira (9) os trabalhos de remoção do
produto químico. O tráfego no trecho entre as ruas João Pessoa e General
Câmara permanece interditado.
VÍTIMAS – INTERNADOS
Os cinco pacientes que permaneciam internados na Santa Casa
de Santos, receberam alta na manhã de quarta-feira (10).
SEM FISCALIZAÇÃO
A investigação do MPE-SP vai apurar as responsabilidades
sobre a quantidade e o material armazenado de forma clandestina. Moradores do
entorno afirmam à ser comum a guarda de produtos químicos em outros imóveis
naquela região.
A Prefeitura informa que a marcenaria tem inscrição
municipal autorizada para o comércio de madeira e artefatos. “Estava regular
para um tipo de atividade. Portanto, era irregular armazenar o fosfato de
alumínio e na quantidade que tinha”, afirma o coordenador da Defesa Civil de
Santos, Daniel Onias Lopes.
APURAÇÃO E MULTA
Segundo a Administração, técnicos da Secretaria Municipal de
Finanças e do Meio Ambiente aguardam a limpeza do lote para checar as condições
de funcionamento da empresa. A ideia é verificar se há irregularidade quanto ao
que de fato está autorizado pelos órgãos municipais. Ainda são avaliadas as
sanções a serem aplicadas aos responsáveis pela compra e posse do material.
O estabelecimento tinha Auto de Vistoria do Corpo de
Bombeiros (AVCB) válido até 2021. Contudo, o capitão da corporação, Renato
Abreu do Carmo, explica que a documentação não previa o acondicionamento de
produtos químicos.
De acordo com o gerente da agência de Santos da Cetesb,
Enedir Rodrigues, os responsáveis pela marcenaria devem ser multados. O valor
vai levar em consideração o raio de amplitude do gás tóxico, a contaminação da
rede pluvial (onde escorreu a água do combate às chamas), a quantidade de
material estocado e a de pessoas afetadas pelo poluente. A apuração
administrativa terá início após a limpeza do terreno.
RESUMO DA OCORRÊNCIA
■Marcenaria armazenava mais de 2 toneladas de fosfeto de
alumínio;
■Produto químico é utilizado para a eliminação de pragas em
barcos;
■Área foi isolada e incêndio foi controlado durante a
madrugada;
■98 pessoas atendidas (62 moradores) por suspeita de
intoxicação;
■ Polícia, Ibama, Cetesb e Prefeitura investigam
irregularidades no local.
Fontes: Folha de São Paulo - 8.out.2018, G1 Santos-08 a 09/10/2018,
A Tribuna – 08 a 10/10/2018
Comentário:
O Corpo de Bombeiros deveria usar o princípio da prevenção
que tem a função de antecipação, preventiva, para que não cause danos ou
minimize seus efeitos na saúde dos bombeiros envolvidos no combate ao fogo e no
entorno. Uso de detector de gás.
Informações resumidas da Fispq do produto
Fogo:
Produto não
inflamável, entretanto em contato com água libera fosfina que é um gás inflamável.
Não queima, mas pode se decompor com o calor, produzindo vapores tóxicos e/ou
corrosivos. A substância reage com água, às vezes violentamente, liberando
gases tóxicos. O recipiente pode explodir se aquecido ou contaminado.
Extinção com pó químico seco, CO2 ou espuma. Remover as
embalagens intactas do local do fogo se puder ser feitos sem riscos. Resfriar as embalagens
expostas. NUNCA UTILIZE ÁGUA PARA COMBATER O FOGO
Perigo:
Oo produto não é inflamável. Porém, pode se inflamar
espontaneamente quando atingir a concentração de 27,1g/m³. Em contato com o
calor e umidade libera vapores inflamáveis, que podem elevar a temperatura no
local e causar auto-ignição.
Pequenos derramamentos: isolar inicialmente
30 m em todas as direções. A seguir proteger as pessoas no
sentido do vento a 100 m durante o dia e 200 m à noite. Para grandes vazamentos: isolar
inicialmente 90 m em todas as direções. A seguir proteger as pessoas no sentido do vento a 700 m durante
o dia e 2,2 km à noite
Saúde:
O produto pode provocar sinais de toxicidade se absorvido
pelas vias respiratória e oral. A reação com a água ou umidade do ar libera gases tóxicos.
Principais sintomas:
A exposição aguda ao produto pode causar efeitos sobre o
aparelho respiratório, SNC (sistema nervoso central), TGI (trato gastro intestinal),
rins, aparelho cardiovascular e olhos. A exposição crônica causa bronquite,
distúrbio motor e da fala, hiperemia e hipersensibilidade, fraturas espontâneas,
necrose mandibular, anemia, leucopenia, perda de peso, fraqueza, anorexia,
alterações das funções hepáticas, acidose, hematúria e proteinúria.
Meio Ambiente:
O gás fosfina é agudamente tóxico para organismos aquáticos,
aves e mamíferos (WHO, 1988). Insolúvel em água.
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