Explosão em usina de álcool no interior de São Paulo
Uma explosão ocorreu na tarde de
segunda-feira, 6 de dezembro de 2004, na
usina Vale do Rosário, em Morro Agudo (382 km a norte de São Paulo).
O acidente ocorreu por volta das
14h , quando o fundo da caixa do sistema de pré-evaporação se rompeu,
provocando o vazamento de cerca de 500 litros de caldo com temperatura
aproximada de 120o C. A caixa fica localizada a cerca de três metros
do chão.
Com o rompimento da caixa de
pré-evaporação, o líquido e o vapor saíram com muita pressão, foi lançado longe
atingindo funcionários que trabalhavam na fábrica e uma parte invadiu uma sala
de um prédio próximo (distante 200 m), onde estavam 19 funcionários entre
diretores e gerentes da usina para uma reunião realizada semanalmente. A
explosão não provocou incêndio.
CAUSAS PROVÁVEIS
■Ocorreu um pico de pressão, que
superou as duas válvulas de segurança existentes
■Fadiga de material é uma das
hipóteses apontadas pela direção da usina Vale do Rosário.
VÍTIMAS
Cerca de 52 funcionários sofreram
ferimentos devido à explosão, sendo 30 de natureza leve, quase todas atendidas
no próprio ambulatório da usina.
BALANÇO DAS VÍTIMAS
22 funcionários foram
encaminhados aos hospitais da região.
10 funcionários foram atendidos e
liberados.
12 funcionários em estado grave
foram internados, sendo 9 em Ribeirão Preto, 01 em Orlândia , 01 em Catanduva e
01 em Bauru.
VÍTIMAS FATAIS
01 funcionário, operador de
caldeira, no local do acidente
10 funcionários morreram no
decorrer da hospitalização, sendo dois diretores.
INTERNAMENTO
Em 11 de fevereiro de 2005, o funcionário da usina, Ronaldo Quirino
Costa, teve alta do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto. Ele teve 21% do
corpo queimado, passou por diversas cirurgias para reconstituição da pele.
Continua ainda internado um funcionário, sem data prevista de alta.
CORPOS DE BOMBEIROS
Equipes do Corpo de Bombeiros de Franca, Ribeirão Preto e
Orlândia se deslocaram para o local do acidente.
COMUNICADO DA USINA
A
direção da usina negou que tenha ocorrido falhas na manutenção. Em entrevista
coletiva, os diretores Eduardo Junqueira e Ricardo Prado explicaram que as
manutenções acontecem semanalmente em peças específicas como na que ocorreu o
acidente. "Anualmente, toda a usina é desmontada para uma manutenção
geral, como ocorre em todas as outras usinas. A fatalidade pertence a ela
mesma", disse Eduardo Junqueira. Este foi o primeiro acidente com vítima
fatal ocorrido na Vale do Rosário.
A
direção da empresa disse que só na safra passada investiu mais de R$ 12 milhões
em manutenção. “Estamos enquadrados em todos os tipos de prevenção de acidentes
com a Cipa (Comissão interna de prevenção de acidentes). Temos a ISO 9000 e
vivemos cercados de cuidados, mas, como o próprio nome diz, acidente é uma
coisa totalmente imprevisível”, lamentou um dos diretores da usina, em
entrevista coletiva após o acidente.
INQUÉRITO E PERÍCIA
O acidente está sendo avaliado por peritos da cidade de
Ituverava, que foram à usina e devem se reunir com membros do Instituto de
Criminalística do Estado de São Paulo. A Polícia Civil abriu o inquérito para
apurar o acidente.
LAUDO DO IC SOBRE ACIDENTE EM USINA NÃO FOI CONCLUSIVO
O Laudo do Instituto de Criminalística, julho de 2005, indicou
que uma sobrecarga em um dos equipamentos da Usina Vale do Rosário, em
Morro Agudo, foi a causa do acidente.Mas a polícia considera o laudo do IC
insuficiente para concluir o inquérito.
EMPRESA; VALE DO ROSÁRIO
A usina Vale do Rosário é uma das
maiores do país e produz açúcar, álcool, energia, ração animal e outros
produtos. Ela foi fundada em 1964 e fica localizada na Fazenda Invernada, em
Morro Agudo. Atualmente tem mais de 700 funcionários e uma área plantada de 80
mil hectares de cana.
A produção atual atinge
153 milhões de litros de álcool hidratado e 74 milhões de litros de
álcool anidro. Além disso, a companhia produz energia elétrica e outros
subprodutos.
A
sua grande estrutura conta também com a Nova Aliança Agrícola e Comercial Ltda,
uma das mais significativas da área. Fundada em 1978, a empresa tem como
objetivo a produção de mudas selecionadas de cana-de-açúcar.
Utilizando novas tecnologias no
campo das variedades da cana, a companhia segue sua missão: a de produzir
matéria-prima de alta qualidade. A empresa tem como perspectiva colher cerca de
80% da cana da Usina Vale do Rosário mecanicamente, o que deve equivaler a 4
milhões de toneladas. A companhia vem investindo em tecnologia de ponta no
setor de transporte, através de logística e o uso de técnicas e equipamentos
modernos, como o transbordo e rodotrens.
Fontes:
Cosmo Online, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Comercio da Franca,
Jornal de Araraquara, no período de 07 de dezembro de 2004 a 12 de fevereiro de
2005
Comentários:
PRÉ-EVAPORAÇÃO
Na
pré-evaporação o caldo é aquecido a 115ºC, (1,7 kgf/cm2) evapora
água e é concentrado a 20ºBrix. Este aquecimento favorece a fermentação por
fazer uma "esterilização" das bactérias e leveduras selvagens que
concorreriam com a levedura do processo de fermentação.
Incrustação na tubulação
A incrustação
no sistema de
evaporação em usina de álcool tem
origem nos sais
que se encontram
no caldo de
cana. Inicialmente esses
sais estão solúveis
no caldo, porém
devido à elevação
da temperatura e
da concentração durante
a evaporação o limite
de solubilidade desses sais é
excedido, iniciando uma
formação cristalina que
tende a se
depositar nas paredes
dos tubos formando a
incrustação.
Em acidente não existe a
fatalidade, como alguns profissionais divulgam, mas uma somatória de fatores
não previstos ou falhas ocultas que os responsáveis não percebem devido à falta
de visão global do problema, criando assim uma “sensação de segurança”. Num
dado momento esses eventos independentes convergem e se somam para provocar o
acidente.
Marcadores: explosão

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