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domingo, novembro 18, 2007

Explosão de tanque de óleo de caldeira na Tabacow

Uma explosão em um tanque de óleo para abastecimento da caldeira na empresa Tabacow, em Americana, São Paulo ocorreu por volta das 8h40 de quarta-feira, 26 de setembro de 2007.

Motivo
Segundo as informações da empresa, no momento do acidente um dos empregados de uma empresa terceirizada soldava uma peça do tanque de óleo de abastecimento de caldeira, que explodiu.
Segundo o diretor da Defesa Civil de Americana, Luiz Carlos Cezaretto, no local do acidente estavam construindo uma escada de acesso ao tanque de óleo, localizado próximo a caldeira da empresa. Cezaretto afirmou que a utilização da solda pode ter causado a explosão. Ele disse que o tanque, que tem capacidade para 100 mil litros e continha 16 mil litros de óleo, transbordou para o dique de contenção e foi arremessado a uma altura de dez metros.

Corpo de Bombeiros
De acordo com o capitão Cícero Lázaro Ferreira Barboza Júnior, do Corpo de Bombeiros, um tanque de óleo BPF (baixo ponto de fugor) explodiu às 8h40 e o corpo do soldador William Erico Basso de Souza foi encontrado no dique de contenção do tanque, entre o óleo que, no dique, alcançou cerca de 30 centímetros de profundidade. "Não havia sinais de queimadura no corpo. Segundo ele, o óleo não é um produto inflamável e para ser utilizado precisa ser aquecido.
O capitão acrescentou que ainda não é possível determinar as causas da explosão. "Há indícios de que os funcionários estariam usando uma solda, mas ainda não há como precisar isso. Só mesmo depois, com os resultados da perícia" . Barboza explicou que apesar da força da explosão, o incêndio provocado teve pequenas proporções e os próprios integrantes da Brigada de Incêndio da Tabacow tomaram as primeiras providências.
Com a explosão o tanque foi arremessado em direção a estrutura metálica, a cerca de três a quatro metros de altura.

Explosão
Segundo funcionários da empresa, ouviram um estrondo e toda a estrutura da empresa tremeu. Janelas de alguns setores quebraram e o alarme de emergência disparou. A brigada de incêndio da Tabacow logo entrou em ação e todos os funcionários da empresa foram dispensados.

Vítimas
O soldador terceirizado William Erico Basso de Souza morreu no local e as outras quatro vítimas com ferimentos leves foram levadas ao Hospital Municipal de Americana.Às 16h todas haviam sido liberadas.

Vizinhança – moradores assustados
A explosão atingiu casas situadas próximas à empresa. Alguns imóveis do bairro Vila Bertine tiveram portas e janelas de vidro quebradas com o estrondo da explosão. Segundo a dona de casa Maria Ferreira Pratti, após o barulho e os vidros quebrados, moradores assustados saíram na Avenida Carmela Faé Ardito, onde mora.
“Foi um estrondo horrível e depois aquela fumaça escura. Logo o vento levou a fumaça, mas estavam todos muito assustados”, afirmou Maria.

Sobrevivente da explosão
“Escapei por pouco”. O desabafo é do eletricista Felício José Gomes, que trabalhava com o soldador William Erico Basso de Souza, quando o tanque de óleo de abastecimento da caldeira explodiu. Gomes, que também trabalha na NSA Eletrônica e Hidráulica Ltda., estava há cerca de sete metros do tanque no momento do acidente. Ele sofreu queimaduras na cabeça.

Faltou procedimento de segurança para efetuar o serviço
O eletricista culpa a Têxtil Tabacow S/A pelo acidente. Segundo ele, a empresa tinha que ter feito a medição de gás no tanque antes dos serviços de reparo. “Tinham que ter visto se precisava de isolamento”, disse. Ele também criticou a falta de segurança e o fato de nenhum funcionário da empresa ter acompanhado o serviço. “Acho que a falha foi da Tabacow. “O William estava no andaime e eu há uns sete metros acima. Numa fração de segundos explodiu e veio muito fogo em minha direção. “Foram duas explosões muito fortes”, disse.

Tabacow culpa empresa contratada
Em nota oficial divulgada à imprensa, a assessoria de comunicação da Têxtil Tabacow explicou que para o reparo preventivo no tanque de óleo chamado BPF, de abastecimento de caldeiras, contratou uma empresa especializada. Ainda de acordo com a nota, para o serviço era obrigação contratual desta empresa a verificação prévia de todas as condições e de avaliações do local e dos equipamentos para a execução do serviço, bem como a locação de mão-de-obra para o trabalho.

Empresa vai esperar laudo
A NSA Eletrônica e Hidráulica Ltda., empresa acusada pela Tabacow de ser responsável pela explosão, deixará para discutir a culpa ou irregularidades sobre o acidente que matou o soldador, quando o IC (Instituto de Criminalística) emitir o laudo. Apesar disso, a empresa se adiantou em dizer ter recebido autorização especial da empresa para trabalhar no local. A NSA foi contratada de forma terceirizada pela Tabacow para o reparo preventivo no tanque de óleo de abastecimento das caldeiras.
O advogado que representa a empresa, André Ricardo Duarte, explicou que a autorização emitida pela Tabacow atestava que os EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais) e procedimentos estavam corretos. “Significa que poderiam executar o serviço”, resumiu. Quanto a outros procedimentos envolvendo o acidente, ele frisou a necessidade de aguardar o laudo. “Se a culpa é da Tabacow ou da empresa não é para discutir agora”, disse.

Tabacow é autuada pelo Ministério do Trabalho
O Ministério do Trabalho de Campinas autuou a Têxtil Tabacow S.A., de Americana, pelo acidente ocorrido.
O subdelegado do trabalho do MPT, Sebastião Jesus da Silva, disse que apesar do serviço estar sendo realizado por uma empresa terceirizada, a responsabilidade pela liberação do local e condições de segurança eram da Tabacow. “Houve imprudência”, afirmou.
Em seu entendimento, a empresa deveria ter feito uma análise detalhada do local para identificar existência de gases. “A partir daí deveriam ter feito ordem de serviço em que constasse um alerta”, explicou.
A autuação foi emitida na quinta-feira, 27 de setembro e encaminhada para a empresa. Segundo Silva, o valor será definido posteriormente pelo MPT de São Paulo. A empresa tem dez dias para apresentar defesa.

Inquérito
O caso foi registrado no 3º Distrito Policial de Americana como homicídio doloso (sem intenção). O delegado Éder Muniz de Farias afirmou que será aberto inquérito para investigar as causas e possíveis responsabilidades pelo caso.

Fontes: TodoDia e O Liberal – Americana, no período de 26 a 28 de setembro de 2007

Comentário
Interessante a visão da Tabacow sobre a segurança, publicada no jornal, transferindo a responsabilidade da segurança para empresa terceirizada e o correto seria integrar a terceirizada dentro dos padrões de segurança adotada pela empresa. Simplesmente a Tabacow está transferindo riscos e responsabilidades, sobre a segurança e saúde dos trabalhadores para a empresa terceirizada. Não existe política de integração de segurança para empresa prestadora de serviço.
O que diz as normas
■ Quando vários empregadores realizem, simultaneamente, atividade no mesmo local de trabalho, terão o dever de executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no programa de prevenção, visando à proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ambientais gerados. A norma dá enfoque que todos os empregados no mesmo local de trabalho devem conhecer os riscos e as medidas de ações integradas nas execuções das proteções de segurança.
■ No outro tópico da norma, estabelece que a empresa contratante e as contratadas, que atuem num mesmo estabelecimento, deverão implementar, de forma integrada, medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, de forma a garantir o mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores do estabelecimento. A empresa contratante deverá adotar medidas necessárias para que as empresas contratadas recebam as informações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem como sobre as medidas de proteção adequadas. Além disso, a contratante deverá, ainda, adotar medidas necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de segurança e saúde no trabalho pelas empresas contratadas que atuam no seu estabelecimento.

De acordo com notícia publicada no jornal, o subdelegado do trabalho, disse que apesar do serviço estar sendo realizado por uma empresa terceirizada, a responsabilidade pela liberação do local e condições de segurança eram da Tabacow. “Houve imprudência”, afirmou.
Na minha opinião, houve sim negligência, pois a empresa deveria ter a ordem de serviço ( autorização de procedimento de trabalho com segurança) para execução de serviço a quente e a execução do serviço fiscalizada pelo setor segurança do trabalho da empresa.
O que é serviço a quente
Qualquer operação temporária que envolva chama exposta ou que produza calor ou faísca, incluindo corte, polimento, solda, solda por arco e aplicação de revestimento de teto com chama aberta.

Resumo dos principais procedimentos a serem adotados em serviços a quente
■ Preparação da área do serviço
■ O local a ser executado o serviço à quente, deverá ser avaliado pelo supervisor, operador ou
funcionários que estão autorizados a assinar autorização.
■ As operações de soldagem e corte à quente somente podem ser realizadas por trabalhadores
habilitados.
■ Remova todos os produtos inflamáveis principalmente dentro de um raio de ação de 11 metros.
■ Verifique os riscos onde deverão ser efetuados os serviços.
■ Liberação e acompanhamento do serviço à quente
1 - Deverá ser solicitada a presença do Técnico de Segurança para que seja feita a liberação do
serviço após preenchimento do check-list para liberação de serviço à quente.
2 - Nas operações de soldagem ou cortes à quente de vasilhames, recipientes, tanques ou similares
que envolvam geração de gases confinados, será solicitada a presença do Técnico de Segurança
para avaliação.
3 - A liberação de serviço à quente após conformidade com os requisitos, deverá ser assinada por
a) Executante ou encarregado responsável pelo serviço;
b) Supervisor/Operação autorizado por assinar o cartão vermelho e que executou a avaliação;
c) Técnico de Segurança.
d) Brigadista
■ Será deixada cópia para o executante, que deverá apresentar a liberação toda vez que solicitada pelo Técnico de Segurança nas inspeções.
■ O Técnico de Segurança deverá ter o seguinte procedimento para a liberação em tanques de armazenagem de líquidos inflamáveis/combustíveis :
a) Tanque deverá estar totalmente vazio;
b) Estar lavado e desgasificado;
c) Atmosfera interna purgada com vapor durante 60 minutos;
d) Ventilar o interior do tanque;
e) Efetuar a medição de explosividade e atender as especificações.

posted by ACCA@7:34 PM

1 Comments:

At 8:18 AM, Blogger wagner said...

Se a empresa terceirasada se propros a fazer um serviço, ela deveria ver etinha condições de faze-lo, a picaretagem desta empresa custou a vida de uma pessoa...

 

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