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terça-feira, novembro 27, 2007

45% dos motoristas que morreram em acidentes beberam

A pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) analisou 908 laudos do Instituto Médico-Legal (IML), referentes a acidentes de trânsito de 2005. Foram verificadas as concentrações alcoólicas em 312 laudos: de 116 motoristas de carros e de 196 motociclistas.
Foto: Policiais encontraram copo de uísque com energético no painel do carro, cujo motorista atropelou e matou um pedestre que atravessava a rodovia BR-101
Os outros laudos tratam de vítimas como pedestres, pessoas na garupa da moto e outros ocupantes do carro. O estudo chegou as seguintes conclusões:
■ dos motoristas e motociclistas que morreram em acidentes de trânsito na capital, 45% tinham consumido bebidas alcoólicas.
■ entre os condutores de carros, o índice de alcoolizados é ainda maior e chega a 56,6% das ocorrências.
■ nas colisões com motos, o índice de alcoolizados foi constatado 39,8% dos que dirigiam, haviam ingerido alguma quantidade de álcool antes de morrer.

“Essas são as primeiras conclusões identificadas, com base no cruzamento de informações do IML e também da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET)”, afirma Júlio de Carvalho Ponce, autor da pesquisa feita pelo Departamento de Medicina Legal da USP.

Teor alcoólico acima da lei
■ entre os condutores de automóveis que tinham consumido bebida, 100% ingeriram quantidade acima do que prevê a legislação (0,6g/l).
■ nos acidentes com motos em que aparece o álcool, 91% infringiram a lei.

Em média, os condutores apresentaram concentração alcoólica de 1,7g/l - quase duas vezes maior do que o permitido pela lei.

Impunidade e falta de fiscalização
Os especialistas afirmam que a insistência em misturar álcool e direção tem origem na impunidade dos crimes de trânsito. 'Para promover a prevenção dos acidentes, o primeiro passo é criar uma política que, de fato, responsabilize o condutor embriagado pelas vidas perdidas', diz o presidente do Centro de Informações sobre o Álcool, Arthur Guerra de Andrade.

A polícia promete apertar o cerco contra os motoristas alcoolizados. Os médicos do Hospital das Clínicas vão capacitar policiais militares e rodoviários para que possam identificar condutores bêbados, ainda que se recusem a passar pelo bafômetro. 'Vamos intensificar as operações. Mas, sem medidas educativas, não vai adiantar', afirma o tenente do Batalhão de Trânsito da capital, Sérgio Marques.

'A nova pesquisa mostra que os números de acidentes envolvendo bêbados não melhoraram', lamenta Júlia Greve, diretora da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). 'Faz dez anos que a marca de condutores alcoolizados gira em torno dos 50%. A relação entre fatalidade e impunidade fica clara.'.

Fonte: O Estado de São Paulo - 4 setembro de 2007

Comentário:
Este ano, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), completou 10 anos, desde sua criação e publicação. Nesse período a impunidade em relação ao crime de trânsito foi total. São raros os motoristas que cometem crimes de trânsito e são julgados e condenados no Brasil. As autoridades de trânsito e especialistas esperam novas leis para complementar as leis que estão em vigor e assim sucessivamente novas leis são criadas para dirimir dúvidas das leis anteriores ou atualizá-las. Ficamos nesse circulo vicioso, esperando sempre a próxima lei. Somos especialistas em leis, tudo nos leva crer, sabemos tudo, mas nos leva a não fazer nada, pois os acidentes acontecem, estão acontecendo e acontecerão em um ciclo vicioso e aguardamos as próximas leis ou normas.
Como exemplo, “em Santa Catarina, os julgamentos são escassos, e os acusados continuam soltos, e dirigindo. Em Florianópolis, nenhum crime contra a vida envolvendo acidentes nas ruas e estradas foi julgado nos últimos nove anos. No Tribunal de Justiça há um congestionamento de mais de 7 mil processos. Dos mais de 20 mil casos que deram entrada no Judiciário neste período, metade prescreveu”, notícia sobre trânsito publicada no Diário Catarinense de 23 de setembro de 2007.

posted by ACCA@11:42 PM