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quinta-feira, outubro 11, 2007

Raio provoca incêndio em tanques de usina de álcool

Um raio caiu por volta das 10h de sexta-feira, 28 de setembro de 2007, na Usina Ponte Preta (Comanche), localizada no município de Canitar, região oeste de São Paulo, a 356 quilômetros da capital, decorrente de uma forte chuva que desabou na região e atingiu três reservatórios de álcool com capacidade para 8.700 milhões de litros.

Descarga elétrica
A descarga elétrica atingiu um reservatório de 3 milhões de litros que entrou em combustão. Um funcionário disse que a tampa do tanque "voou" cerca de 5 metros de altura quando ocorreu a primeira explosão. Após o segundo estrondo, o fogo passou para outros dois tanques.

Chovia muito na região
Um funcionário da destilaria contou que havia pessoal da manutenção na usina no momento em que chovia e vários raios caíram. No desespero, os funcionários se refugiaram embaixo de árvores e foram orientados a ficar em local descampado e menos perigoso.

Combate ao fogo
As chamas chegaram a mais de 30 metros de altura e os bombeiros combateram o fogo resfriando os tanques para evitar novas explosões. Utilizaram espuma especial para álcool para abafamento do fogo e água para resfriamento

Corpo de Bombeiros
No total, 20 viaturas e 96 pessoas, entre bombeiros, policiais militares, integrantes de brigadas de incêndios de usinas da região e voluntários, foram mobilizadas para combater o fogo.
Outras usinas e empresas da região ajudaram com caminhões-pipa para transportar água até o local.

Controle do incêndio
Depois de 15 horas, quando todo o combustível armazenado foi queimado, bombeiros e voluntários conseguiram controlar por volta das 4 horas da madrugada de sábado, 29 de setembro, as chamas que atingiam os três reservatórios de álcool da usina.

Vítimas
Cerca de 11 pessoas ficaram feridas e uma vítima fatal desaparecida, sendo que duas ficaram gravemente feridas e foram transferidas para a Unidade de Queimados da Santa Casa de Marilia; os demais foram atendidos na Santa Casa de Ourinhos e algumas permaneceram internadas e outras foram liberadas.

Vítima fatal
Os bombeiros encontraram, às 19h15 de sexta-feira, 28 de setembro, o corpo do trabalhador Luciandre Pavor. O motorista estava desaparecido desde o início do incêndio. O corpo estava num caminhão que também pegou fogo. Ele estava fazendo o abastecimento do caminhão com álcool para ser levado para a distribuição, próximo a um dos tanques de combustível que explodiu.

Danos materiais
O fogo consumiu, 8 milhões de litros de álcool armazenado, três prédios administrativos e veículos que estavam estacionados no local.

Fontes: Diário da Divisa – Ourinhos, Globo Online, Jornal da Cidade - Bauru, Estadão, no período de 28 a 29 de setembro de 2007

Histórico de acidentes com raio

1 – Usina Carolo - Em 2 de outubro de 2001, um tanque com mais de 450 mil litros de álcool anidro da Usina Carolo, de Pontal, na região de Ribeirão Preto, explodiu. O incidente foi causado por um raio, que atingiu o tanque e explodiu por volta das 9h30. As chamas duraram por 21 horas, enquanto o álcool era consumido.
Vítimas - Morreram, dois funcionários da empresa SGS do Brasil Ltda., de São Paulo, que fazia medição de um tanque, quando a vareta de medição foi atingida pelo raio. Os dois corpos foram arremessados a uma distância de dez metros.

2 - Destilaria Pitangueiras - Em 14 de novembro de 1992 um incêndio provocado por um raio destruiu, um tanque de álcool da Destilaria Pitangueiras, em Pitangueiras, na região de Ribeirão Preto, com 4 milhões de litros de combustível. O fogo começou por volta das 21h, quando caía um temporal e um raio atingiu um dos oito reservatórios da destilaria.
Prejuízo estimado: US $ 900.000,00

3 – Usina Zanin – Em 12 de dezembro de 1989, incêndio provocado por um raio, às 22h 30min.
Os bombeiros resfriavam ininterrupta­mente os tanques de álcool próximos ao incendiado.
Corpo de Bombeiros : 30 caminhões tanques, 50 bombeiros do Corpo de Bombeiros de Araraquara, Ribeirão Preto e auxiliados por usineiros da região e técnicos da Copersucar.
Abastecimento: falta de água para os caminhões
Estimativa dos prejuízos: US $ 1.321.000,00

Comentário
Em geral as usinas de álcool estão localizadas em regiões isoladas com pouca infraestrutura, tais como; acesso deficiente (estrada), distante de cidades com mais recursos em Corpo de Bombeiros e principalmente em abastecimento de água.
Em contrapartida a própria usina não procura minimizar essas deficiências na logística de segurança de combate contra incêndio, aumentando a sua capacidade de fornecimento de água através de piscinas ou lagos localizados em pontos estratégicos em relação a área de tancagem. A usina poderia ter uma instalação rede de hidrantes (semi-fixo), com distribuição de pontos de hidrantes e canhões monitores em pontos estratégicos na área de tancagem, com registros de recalque para utilização dos bombeiros e estoque de extrato de formador espuma para álcool .

Riscos de raio
Por trabalhar a céu aberto, o trabalhador de usina está mais sujeito aos raios do que os moradores das cidades que, por ocasião das tempestades, podem abrigar-se.
Nesse caso a usina poderia utilizar informações meteorológicas de entidades especializadas em climatologia ou meteorologia para verificar o comportamento do clima (chuva, tempestade, ect) na região e assim as mortes poderiam ser evitadas ou consultar um site especializado em climatologia sobre informações do tempo na região.
A incidência de descargas atmosféricas no país (o Brasil é o país com maior incidência no mundo: cerca de 100 milhões de raios por ano) mata centenas de pessoas por ano.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (que estuda os raios através Grupo de Eletricidade Atmosférica - ELAT), o fenômeno causa prejuízos de US$ 200 milhões ao Brasil. Os raios afetam linhas de transmissão de energia, telefonia, indústrias; causa incêndios florestais e mata pessoas e animais.

posted by ACCA@4:36 PM

1 Comments:

At 5:08 PM, Blogger Risk_Security said...

Raios são um problema, mas há como minimizar se isto é do interesse do proprietário da instalação. É possivel fazer uma cobertura da área sensível de um parque de tanques de combustível com para-raios em torres e cabos aterrados interligando-os = custos...
O pior não é isto, nota-se que não há cuidado algum no projeto dos parques de tanques de usinas de ácool (será que o seguro cobre mais do que se investiu na construção mas o custo da comoditie armazenada, no caso álcool?). Deveriam existir diques de contenção entre os tanques, câmaras de espuma, canhões para espuma e água de resfriamento, redes de hidrantes, etc. O que se ganha não é só no tempo de recuperação de um tanque afetado, mas às vezes se consegue recuperar parte do conteúdo do tanque deflagrado (se bem que cada caso é um caso) e evitar o alastramento a tanques contíguos. Talvez falte um pouco de cultura de prevenção de RISCO!
Por falar nisto temos um BLOG também, passe por lá (http://segurancaemrisco.wordpress.com/), estamos na mesma linha de trabalho.
Parabéns pelo seu empenho!

 

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