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domingo, outubro 07, 2007

Queimadas; Rondônia respira apenas monóxido de carbono

Nos últimos dias, quem mora em Rondônia têm enfrentado um verdadeiro caldeirão insuportável por conta da intensa fumaça das queimadas e do calor tórrido. Na manhã de 23 de agosto de 2007, a visibilidade horizontal em muitas cidades chegou a menor cota desde 2002.
Foto – Cidade de Vilhena, visibilidade às 8 h da manhã
A quantidade de focos de queimadas registradas nesses 22 dias de agosto, não reflete apenas em vastas áreas verdes e intactas viradas à pó. A intensa bruma, aquele "nevoeiro" formado a partir da fumaça expelida nos focos de incêndio e que, em conjunto com a total falta de ventos fortes - que dispersariam um pouco o aglomerado na atmosfera - fecha agora o céu de norte a sul trazendo sérios riscos de acidentes e levando muita gente para hospitais.

Má visibilidade
Em 23 de agosto, quinta-feira, começou com muita fumaça em praticamente todo o território rondoniense. A cidade de Vilhena às 5 horas registrava no aeroporto Brigadeiro Camarão, apenas 500 metros de visibilidade horizontal. Pouco depois das 8 horas, a qualidade tinha melhorado estando com visibilidade em torno de 1600 metros, mas mesmo assim, considerada como muito baixa, principalmente, para a aviação.

Esse valor de apenas 500 metros de visibilidade horizontal na cidade de Vilhena - em nossos registros arquivados e os do aeroporto Brigadeiro Camarão - não era registrado desde setembro de 2002. Na ocasião, o ano foi um dos mais poluídos pela fumaça das queimadas em Rondônia, com registro de apenas 350 metros de visibilidade horizontal na Cidade Clima.

Na região central, o dia também começou com muita fumaça. Entre Cacoal, Ji-Paraná e Jaru, a visibilidade observada chegou a 800 metros logo nas primeiras horas do dia. Alguns trechos da rodovia BR-364 chegaram a ser interrompidos pela Policia Rodoviária Federal devido a total falta de visão conjugada com os focos de incêndios em suas margens.

Na capital Porto Velho, o aeroporto Governador Jorge Teixeira registrou às 8 horas, apenas 1200 metros de visibilidade horizontal e em Guajará-Mirim, também foi registrado um valor muito baixo, cerca de 2000 metros.

Focos de queimadas – falta de fiscalização
Somente nas últimas 24 horas, mais de 150 focos de queimadas foram detectados pelos satélites no Estado de Rondônia. A atual política de controle, fiscalização e prevenção já não têm mais valia nesse lugar. O interessante é que todos os anos as queimadas fogem de controle em Rondônia, mas na atual situação, o estado é de emergência, não só pela intensa bruma ou a quantidade de focos registrados, mas sim o local onde está pegando fogo.

Focos intensos foram detectados na Reserva Biológica do Guaporé, no município de São Francisco do Guaporé, na fronteira com a Bolívia, no Parque Nacional do Pacaás Novos, que fica no município de Guajará-Mirim e na Reserva Biológica do Jaru, em Ji-Paraná.

Todas as áreas são de preservação protegidas por leis federais, mas que na atual circunstância dos focos já registrados, em nada mais adianta se o governo está ou não atuante na fiscalização.

Fonte: Click Rondônia - 23 de agosto de 2007
Comentário:
Quanto maior a proximidade da queimada, geralmente é maior o seu efeito à saúde. Mas a direção e a intensidade das correntes aéreas têm muita influência sobre a dispersão dos poluentes atmosféricos e sobre as áreas afetadas pela pluma oriunda do fogo. Se os ventos predominantes dirigirem-se para áreas urbanas ou áreas densamente povoadas, um número maior de pessoas estarão sujeitas aos efeitos dos contaminantes aéreos.

Queimada é uma combustão incompleta ao ar livre, e depende do tipo de matéria vegetal que está sendo queimada, de sua densidade, umidade etc., além de condições ambientais, em especial a velocidade do vento.
Por ser uma combustão incompleta, as emissões resultantes constituem-se inicialmente em monóxido de carbono (CO) e matéria particulada (fuligem), além de cinza de granulometria variada. Resultam também dessa combustão compostos orgânicos simples e complexos representados pelos hidrocarbonetos (HC), entre outros compostos orgânicos voláteis e semivoláteis, como matéria orgânica policíclica – hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas e furanos, compostos de grande interesse em termos de saúde pública, pelas características de alta toxicidade de vários deles.
Como nas queimadas a combustão se processa com a participação do ar atmosférico, há também emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), em especial o óxido nítrico (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2), formados pelo processo térmico e pela oxidação do nitrogênio presente no vegetal.

Efeitos à saúde humana
A literatura especializada indica que os principais efeitos à saúde humana da poluição atmosférica são problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, gastro-intestinais, cardiovasculares e pulmonares, além de alguns tipos de câncer. Efeitos sobre o sistema nervoso também podem ocorrer após exposição a altos níveis de monóxido de carbono no ar.

Meio ambiente
Além disso, efeitos indiretos podem ser apontados em decorrência de alterações climáticas provocadas pela poluição do ar. Um aumento na temperatura do ar tem impactos na distribuição da flora e da fauna e, conseqüentemente, influencia a distribuição de doenças transmitidas por vetores.
Fonte: Helena Ribeiro e João Vicente de Assunção

posted by ACCA@5:29 PM