Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

sexta-feira, outubro 26, 2007

Explosão de carreta com 28 t de GLP


Uma carreta carregada com 28 t de gás de cozinha se envolveu no domingo, 14 de outubro de 2007, num acidente no km 381 da BR-101 Sul, na localidade de Capim Angola, na entrada de Iconha, próximo ao município de Rio Novo do Sul, no Espírito Santo.

Causa, vazamento e explosão
O acidente aconteceu por volta de 11h20, quando a carreta, carregando 28 toneladas de gás, vinha no sentido Rio de Janeiro–Vitória, por algum motivo, ficou descontrolado. A carroceria formou um L em relação ao cavalo mecânico e ficou atravessada na pista.
Um caminhão bitrem (articulado), carregado de adubo, vinha no sentido contrário e bateu contra o cilindro de gás, que foi arrancado da carreta. O veículo que levava o gás conseguiu parar cerca de 600 metros depois.

Começou um perigoso vazamento de gás que logo formou uma imensa fumaça branca. Um Peugeot 206, que ia para o Rio de Janeiro, bateu atrás do bitrem. Uma caminhonete e duas motos que iam no sentido Rio de Janeiro–Vitória, pararam na pista, poucos metros antes do acidente.

O gás vazou por dois minutos e em seguida explodiu. Uma bola de fogo de vários metros de altura praticamente engoliu tudo que havia em volta, todos os veículos, incluindo um caminhão Mercedes-Benz, que estava parado próximo fazendo reparos. Apenas a carreta que levava o gás escapou.

Vítimas
Três pessoas morreram no acidente, duas no local e uma após dar entrada no hospital de Cachoeiro. Entre elas estão um motociclista e o motorista da carreta bitrem. A pessoa que deu entrada no hospital de Cachoeiro. Outras oito pessoas sofreram ferimentos graves e foram socorridas para a Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim e hospitais da região.

Vitimas hospitalizadas
Morreu na manhã de segunda-feira, 15 de outubro, por volta de 7h15, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da Santa Casa de Misericórdia, a quarta vítima fatal do acidente, João Daniel Rohr tinha 61 anos de idade. Ele estava na varanda de sua casa quando foi atingido pela explosão.

Morreu na tarde de quarta-feira, 17 de outubro, a quinta vítima da explosão, o militar Paulo da Silva Rocha Pereira, estava em uma moto no momento do acidente. Ele estava internado no CTI da Santa Casa de Cachoeiro.

Testemunha do acidente
Luiz Fernando Grain presenciou o momento do acidente. "Eu estava lá, indo pra Guarapari, a 50 metros do caminhão. Eu e minha esposa vimos o caminhão com o gás tombar e colidir com outro caminhão que vinha em sentido contrário. Só deu tempo de parar no acostamento e voltar na contramão. Instantes depois ouve a explosão do todo o gás liberado pelo caminhão, sendo que esse começou na casa à beira da estrada em meio à plantação de bananas. Minha esposa, apavorada, pediu para sairmos dali".


Atendimento de emergência
Devido à gravidade da ocorrência, dois carros do Corpo de Bombeiros de Cachoeiro de Itapemirim foram acionados imediatamente. Outros dois veículos e soldados de apoio foram enviados da Grande Vitória para Rio Novo do Sul. Diversos carros-pipa da região foram deslocados para a área do acidente. O Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) também foram acionados devido ao vazamento do combustível.

Rodovia interditada
A rodovia ficou totalmente interditada no trecho.

Controle do fogo
Sete horas após a colisão, os bombeiros ainda trabalhavam para controlar o fogo no tanque que transportava o gás.

Extensão dos danos
Com o vazamento do gás e explosão, duas casas localizadas a cerca de 500 m do local do acidente foram atingidas. A vegetação também foi incendiada. Aproximadamente quinze a vinte hectares da região próxima à rodovia foi atingida.

Cenário de horror para os moradores
Os moradores de Capim Angola tentam retomar a rotina. Eles começaram a voltar para casa. Já havia água e a energia estava sendo ligada novamente. Mas o cenário que eles encontraram era o de destruição. "Sentada na varanda eu tinha o prazer de olhar isso tudo verde. Agora só restaram as cinzas", lamenta a lavradora Tilda de Fátima dos Santos Martins.
Foto: Mostra os danos causados as pastagens e plantações, distante mais de 500 m do local do acidente
"Foi lavoura de café, coco, banana e toda a criação de galinha. Ainda não sei quanto perdi", ressalta o lavrador Nildo Luiz Martins.

Para o produtor José Valdino Hoffman esse calculo é fácil de fazer. "Ao todo o fogo queimou 20 hectares de pastagens e perdi 20 cabeças de gado.

Depois de vistoriar a área atingida pela explosão, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf) estima que os danos causados pelo incêndio se estendam por uma área de 15 a 20 hectares (150.000 a 200.000 metros quadrados).

Causa provável e inquérito policial
O delegado informou ainda que já ouviu o depoimento de familiares das vítimas e que o tacógrafo da carreta está com uma equipe de peritos. Segundo ele, há indícios de que o motorista estava acima da velocidade. "O laudo da perícia vai trazer a dinâmica do acidente. Mas, pelos indícios, o motorista deve ser indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa".

De acordo com o delegado de Rio Novo do Sul, Djalma Lemos, o boletim de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal deverá ser entregue nos próximos dias, e só então, o motorista da carreta de gás, Valdeliso Telles Novaes deverá ser chamado para depor.Fonte: Gazeta Online – período de 14 a 20 de outubro de 2007

Informação adicional: Fonte: Gazeta Online - 05/05/2009
Indenização
Empresa é condenada em quase R$ 500 mil por explosão na BR 101
Além da transportadora, a seguradora da empresa também foi condenada pelos danos causados a uma família que morava às margens da rodovia.
Seis pessoas foram indenizadas no total de R$ 47 mil pelos danos causados à propriedade, enquanto cinco pessoas foram indenizadas em R$ 88 mil, cada, pela morte dos dois familiares.

A defesa das vítimas alegou à Justiça que o motorista da empresa transportava gás inflamável em velocidade superior à permitida no local, quando perdeu o controle e invadiu a contramão de direção, colidindo com outro caminhão de transporte.

A empresa de transportes, em contestação, alegou que o veículo de sua propriedade trafegava em velocidade compatível com o trecho, e que teria sido o caminhão da outra transportadora que invadiu a contramão, causando o acidente.

A empresa também alegou que o impacto teria ocasionado o desprendimento da carga de gás, que teria invadido e tombado na contramão. Em sua defesa, a transportadora afirmou que a carga se soltou por motivo de força maior, que os danos morais e materiais não foram comprovados, e que não teria fugido de suas responsabilidades, contratando uma empresa com a finalidade de amenizar os danos ao meio ambiente e à coletividade, ocasionados pelo acidente.

Para o magistrado da 2º Vara Cível e Comercial de Linhares, não restam dúvidas em relação à conduta imprudente do motorista da empresa de transporte. O laudo de Exame de Acidente de Trânsito elaborado pelo Departamento de Criminalística da Superintendência de Polícia Técnica-Científica da Polícia Civil é conclusivo nesse sentido.

Da mesma forma, o Laudo do perito nomeado pelo juízo da vara, assim como o depoimento de testemunhas que presenciaram o evento não deixam margem para dúvidas sobre a responsabilidade do motorista do caminhão.

O juiz destacou, em sua decisão, que a legislação civil atribui responsabilidade ao empregador ou comitente pela reparação civil decorrente de danos causados por seus empregados, serviçais ou prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir.

O magistrado destaca, ainda, que pela natureza da atividade desenvolvida pela requerida, e o risco dela decorrente, a sua responsabilização se daria independentemente de culpa, de acordo com o artigo 927 do Código Civil, pois o transporte de gás implica em risco aos direitos dos outros.

Comentário
Quando um vaso sob pressão contendo gases liquefeitos se rompe, o liquido jorra para o exterior, se vaporiza e sendo mais pesado que o ar, forma um colchão sobre o solo. Vaporizando-se, o GLP aumenta o seu volume em cerca de 250 vezes, e quando misturado com cerca de 3 a 4 por cento de ar, cria o efeito de uma bola de fogo na presença de uma fonte de ignição.

A vaporização de um liquido de­pende muito da temperatura do ambiente quando exposto no ar. Por exemplo, se o GLP líquido extravasa de um recipiente a 0o C, a vaporização será muito pequena; mas se a temperatura do ambiente é elevada, a vaporização ocorre muito rapidamente.

Felizmente o acidente no Espírito Santo ocorreu numa área não densamente habitada, não houve ruptura do tanque ou ficou envolvido em chamas, apenas houve vazamento/explosão do gás que dispersou no sentido lateral, margem da rodovia, em pastagens e plantações. Pela gravidade do acidente houve poucas vítimas, porém se a dispersão do gás tivesse ocorrido (depende do sentido do vento) na direção da rodovia o numero de mortes seria elevado, devido ao tráfego de veículos.

A explosão de nuvem de gás provoca a propagação de combustão, com aceleração e velocidade de chama alta, podendo gerar energia violenta com onda de choque. A onda de choque tem efeito destrutivo devido a sobrepressão.

Em 1978, na Espanha um caminhão-tanque carregado de gás liquefeito de petróleo (GLP) devido a vazamento, explodiu na rodovia, nas proximidades de um terreno de camping, matando 100 pessoas no local e cerca de 180 sofreram severas queimaduras.

Trecho transcrito do relatório: Annals of Burns and Fire Disasters , 1997
Outro aspecto é a prevenção de cargas perigosas. Explosões de tanques de GLP têm causado vários desastres em diferentes partes do mundo e uma análise dessa dinâmica tem conduzido para numerosas medidas no plano internacional para regulamentação de materiais altamente perigosos. Entretanto, os acidentes continuam ocorrer e a causa mais comum é a colisão.

Tem sido proposto que os caminhões tanques deveriam ser obrigados a seguir uma rota especial, todavia, se um acidente ocorresse, o meio ambiente circunvizinho sofreria considerável dano. É indispensável que todo país ou estado ou cidade tenha planos de emergência para esse tipos de desastres e que esses planos conduzam à melhoria do nível técnico em geral, à preparação logística e também à preparação da comunidade.

É extremamente importante que esses planos não permaneçam apenas no papel, mas sejam continuamente testados na prática, reforçados por cursos e atualização de informações, envolvendo especialistas, médicos, enfermeiros, organizações voluntárias, bombeiros, polícia e público em geral.

posted by ACCA@11:17 AM

1 Comments:

At 3:03 PM, Blogger Unknown said...

meu nome e Jane eu sou irmã do motorista do bitrem do que morreu na hora carbonizado. eu acho isso um absurdo uma pessoa profocar um acidente e tá souto, eu sei que ninguem vai provocar um acidente por que quer so que as pessoas tem quer ser ponidas.Por quer ele ainda nao deu o depoimento dele? Quem nao tem culpa no cartorio nao corre da coisas que as pessoas falam.
meu irmao uma pessoa tao boa, tao alegre nao deveria ter morrido daquele jeito uma morte tao tragica que nao pude nem ver o rosto dele pela ultima vez. ate hoje agente da familia espera por ele na esperança dele chegar de viajem, pois so sabemos que era ele mesmo por causa de exame de DNA. Peço que a justiça entenda o nosso lado e tanbem de outras pessoas que ja passarao por isso um dia.

 

Postar um comentário

<< Home