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sábado, setembro 01, 2007

Frutos do mar: contaminação

Em uma fábrica em Xulong especializada em enguias, uma equipe de trabalhadores está fatiando e retirando a cabeça dos animais e empurrando-os para uma linha de produção gigantesca que os cozinhará e embalará para servir milhões de clientes no mundo inteiro.
A operação precisa e ininterrupta, auxiliada por um forno que se estende por uma área equivalente à de um campo de futebol, é um dos motivos pelos quais a China hoje domina o comércio mundial de frutos do mar, e fornece 80% das enguias e 70% das tilápias importadas para os EUA.

Frutos do mar: contaminados com substâncias cancerígenas e excesso de resíduos de antibióticos.
Entretanto, o FDA (Food and Drug Administration, órgão governamental americano que controla alimentos e medicamentos) afirma que a Xulong e outras empresas chinesas sofrerão restrições na venda de determinados tipos de frutos do mar aos Estados Unidos porque os órgãos reguladores continuam detectando que produtos importados da China estão contaminados com cancerígenos e excesso de resíduos de antibióticos.

Poluição industrial : dejetos e efluentes
Na região do delta do rio das Pérolas, próximo a Hong Kong, os rios, lagos e canais costeiros são tão poluídos com dejetos químicos industriais ou efluentes agrícolas que muitos exportadores de frutos do mar são forçados a recorrer a antibióticos para manter os peixes vivos.

Meio ambiente contaminado
As regiões costeiras da China também abrigam as maiores empresas do país, famosas pela fabricação em massa de eletrônicos, pelo processamento de produtos químicos e por despejar montanhas de lixo tóxico no meio ambiente.

Fábrica moderna
Na fábrica Xulong, representantes coordenaram um tour por aquela que consideram uma fábrica moderna que obriga os funcionários a se desinfetarem passando por diversas estações de banho. Os representantes da empresa exibiram com orgulho os laboratórios de teste locais, gabando-se de que a água pura proveniente de um reservatório próprio torna a enguia que produzem a melhor da China.

Proibição
Mesmo assim, as enguias da empresa foram proibidas de entrar nos Estados Unidos. No último mês de abril, o FDA recusou quatro embarques de enguias tostadas de uma fábrica Xulong, pois continham resíduos de antibióticos proibidos com potencial nocivo aos consumidores.

Mas se a Xulong – que é a maior produtora de enguias do mundo e alega manter uma das operações mais higiênicas da China – às vezes não consegue passar pela inspeção dos órgãos reguladores americanos, quantas produtoras de frutos do mar chinesas conseguem?
A pergunta possui grandes implicações para o comércio global de frutos do mar, e para os Estados Unidos, que importam 80% dos frutos do mar consumidos em seu território.
As novas restrições do FDA, anunciadas em junho , proíbem alguns frutos do mar importados em grande quantidade da China, incluindo camarão, bagre, enguia e um tipo de carpa.

Medidas de restrições
Representantes da União Européia também declararam que estão considerando a adoção de suas próprias medidas de restrição a esses produtos. Segundo especialistas, uma sanção severa mais abrangente poderia representar uma séria calamidade para o setor de pesca e aqüicultura ou criação de frutos do mar de US$ 35 bilhões da China. Além disso, as crescentes exportações do agronegócio chinês também ficariam prejudicadas.

China um dos principais exportadores de alimentos
A China já é líder no fornecimento de frutos do mar, alho e concentrado de suco de maçã para os Estados Unidos, e está conquistando participação de mercado nas áreas de vegetais processados, alimentos congelados e ingredientes de alimentos. O fato preocupa especialistas em segurança de alimentos, que declaram que os órgãos reguladores norte-americanos estão mal preparados para lidar com a ascensão da China como principal país fornecedor de alimentos.

"A China saiu literalmente do nada para a posição número três em produtos alimentícios para exportação ficando atrás de Canadá e México", declarou Michael Doyle, diretor do Center for Food Safety, da Universidade da Georgia. "Se a idéia é continuarmos importando um número cada vez maior dos alimentos que consumimos, precisaremos ter um programa de inspeção melhor".

Somente nos Estados Unidos, as importações de frutos do mar chineses saltaram de cerca de US$ 550 milhões em 2001 para cerca de US$ 1,9 bilhão no ano passado, aproximadamente 22% do total de importações de frutos do mar. No entanto, 60% das remessas de frutos do mar cuja entrada foi proibida pelos órgãos reguladores americanos vieram da China.

História real: o problema seria muito mais amplo
Esses números, porém, podem não contar a história toda. Robert Schubert, diretor de pesquisa do Food and Water Watch, grupo sem fins lucrativos, afirma que o FDA está usando como amostra apenas uma fração minúscula das remessas de alimentos que ingressam nos portos americanos, o que significa que grande parte dos frutos do mar comprometidos possam estar chegando aos mercados.
"O FDA precisa de um orçamento muito maior e precisa reagir realizando mais testes", declarou Schubert, co-autor de um estudo sobre o crescimento das importações americanas de frutos do mar.
As descobertas dos inspetores são alarmantes. Somente em maio, os reguladores identificaram ;
■ "moluscos congelados imundos";
■ bagre, enguia e
■ camarão adicionados com produtos químicos proibidos; aditivos com riscos à segurança; pesticidas; e agentes cancerígenos.

Fonte: G1-New York Times – 03 de julho de 2007

Comentário:
Estamos alterando o ciclo de produção natural de peixes, frutos de mar para atender a demanda mundial que cresce enormemente. Fazendas são criadas para produção em massa de peixes, camarões, salmões, semelhantes aos aviários (aves) cuja preocupação é o crescimento acelerado dos peixes (engorda) e para proteção contra infecções e doenças são aplicados indiscriminadamente antibióticos. Veja o caso da doença da vaca louca, onde a cadeia alimentar do gado foi alterado há muito tempo, incluindo ração com proteína de animal (utilizava carcaça de animais para fazer a ração, foco de doença).
Antigamente um produto “Made in USA” ou “Made in Japan ou “Made in Europe” era um produto confiável, com qualidade e com segurança, agora, temos de tomar cuidado com as fontes de origem dos produtos (alimentos, brinquedos, eletrônicos, etc), pois acabou a era da produção verticalizada da empresa, sendo substituída por uma cadeia de fabricantes terceirizados (custo menor) que produz determinado produto para a empresa detentora da patente ou da comercialização. Não existe controle total das etapas de fabricação do produto, pois a cadeia de fornecedores é muito grande e diversificada.
Hoje predomina entre as entidades de defesa do consumidor ou agências de proteção avisos de alertas; recall, alimentos contaminados, etc. ACCA

posted by ACCA@10:39 AM