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terça-feira, julho 24, 2007

O vôo 3054 da TAM – Capítulo I

O Airbus A320 da TAM, vôo JJ 3054, saiu de Porto Alegre às 17h16, terça-feira, 17 de julho de 2007, com destino a São Paulo, Aeroporto de Congonhas, com 186 passageiros. Após o pouso na pista 35L às 18h50, o avião perdeu o controle enquanto realizava manobras na pista do aeroporto e saiu da pista, cruzando a avenida Washington Luís e chocando-se contra o prédio da TAM Express situado quase em frente ao aeroporto, muito próximo de um posto de gasolina. O piloto ainda tentou arremeter quando percebeu que estava sem controle ou derrapando, porém não obteve êxito.
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Com o choque o prédio de quatro andares da TAM Express, localizado próximo à alça de acesso da avenida dos Bandeirantes, incendiou-se e como conseqüência explosão do avião. O prédio funcionava como depósito de transporte de cargas. No momento do acidente trabalhavam dezenas de funcionários no prédio.

Passageiros e tripulantes
Segundo a TAM, o vôo 3054 decolou com 162 passageiros, 18 funcionários da empresa e 6 tripulantes a bordo, sendo dois comandantes e quatro comissários.

TAM Express e vizinhança
Entre 20 e 30 pessoas estavam trabalhando no prédio e pelo menos duas pessoas estavam em um carro que abastecia no posto de combustível vizinho no momento do acidente.
A TAM afirma que havia entre 55 e 60 pessoas no edifício na hora do acidente (número que chegava a 300 em momentos de pico). Os dados são conflitantes, não há certeza quantos funcionários e clientes estavam no momento do acidente.

Piloto foi alertado:
Cerca de quatro minutos antes do pouso, operador da torre de controle fez dois avisos sobre as condições da pista, que estava escorregadia, ao comandante do Airbus, que era preciso pousar com cautela porque a pista principal do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, estava "molhada e escorregadia." Garoava no momento do acidente.
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Conseqüência do acidente
No aeroporto, pousos e decolagens foram suspensos e aviões desviados para outros terminais. Ruas da região foram interditadas. Casas e imóveis comerciais foram desocupadas.

Interdição de imóveis
A Defesa Civil interditou 27 imóveis localizados na região do aeroporto de Congonhas.

Controle do incêndio
Estima-se que a temperatura no local do acidente, em decorrência do incêndio, tenha ultrapassado 1000o C . De acordo com o coronel Manuel Antonio da Silva Araújo, comandante da operação e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, o fogo foi controlado por volta das 2h30min da madrugada de quarta-feira, 18 de julho."Não temos mais incêndio, mas temos risco de desabamento em alguns pontos do acidente e estamos concentrados na retirada dos corpos", disse Araújo.

Corpo de bombeiros
A equipe de resgate chegou a contar com 255 bombeiros durante à noite de terça-feira (pico do incêndio). Após o controle do incêndio, foi reduzido a 100 homens.

Testemunhas da tragédia
■ O pânico tomou conta do prédio da TAM Express, na Avenida Washington Luís, atingido pelo Airbus da TAM. Quando o prédio começou a pegar fogo, por volta das 19h, José Roberto, um dos funcionários da TAM que estavam no interior do prédio pulou do segundo andar para o térreo, para fugir do fogo.
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“Muita gente começou a pular do segundo andar. Os que já estavam a salvo seguravam os que pulavam, as pessoas se jogavam, gritavam de desespero no fogo” disse José Roberto, um dos funcionários da TAM Express.Com o impacto do avião no prédio, tudo tremeu.

■ “Vi o avião atravessar a avenida e cair entre o posto e o armazém da TAM. Ouvi um barulho muito forte, que não dá para descrever. Uma bola de fogo que cobriu o céu”, descreveu o horror o prestador de serviços da TAM Elias Rodrigues de Jesus.
Rodrigues diz que houve duas explosões seguidas e um cheiro muito forte de combustível se espalhou no ar. Ele conta que, quando desceu da passarela, viu um casal no teto do galpão da TAM Express gesticulando e pedindo socorro.
“Vi os vultos caindo e corpos se jogando do galpão. Vi um casal no beiral. Foi desesperador, porque não pude ajudar. A fumaça começou a subir e só enxerguei o vulto dos corpos caindo, se jogando do galpão” comentou.

Resgate dos corpos
Três dias depois do acidente, o trabalho de retirada dos corpos de vítimas está cada vez mais difícil. Na quinta-feira, 19 de julho, por causa do risco de desabamento, os bombeiros iniciaram a demolição de parte da estrutura do prédio da TAM Express. Os bombeiros abriram caminho para chegar à parte dianteira do Airbus 320, que ficou espremida entre duas lajes. Uma roda do avião ficou presa entre duas colunas de sustentação do galpão.

De acordo com o porta-voz dos bombeiros, capitão Mauro Lopes, os escombros têm que ser retirados com cuidado para não danificar ainda mais os corpos, o que dificultaria a identificação. Ainda há risco de desabamento. Parte do edifício de quatro andares já caiu na terça-feira, durante a explosão e o incêndio que se seguiu ao choque.

Os bombeiros utilizam uma escavadeira, que faz o trabalho com uma certa distância para que a estrutura não desmorone.

Posto de gasolina – retirada de combustível
Na quinta-feira, de manhã, o Corpo de Bombeiros retirou mais de 100 mil litros de álcool e gasolina que estavam nos tanques do posto vizinho ao prédio. Eles foram enchidos com água.
De acordo com Mauro Lopes, a água nos tanques será utilizada para dar melhor sustentação à escavadeira que trabalha na área.

Cães farejadores na busca das vítimas
O Corpo de Bombeiros passa a contar a partir de sábado, 21 de julho, com a ajuda de quatro cães farejadores na busca das vítimas.
Segundo o capitão Mauro Lopes, os cães serão utilizados no prédio da esquerda do complexo, onde estão concentrados os trabalhos de busca. A utilização dos animais, segundo o capitão, é necessária, pois os homens não conseguem acessar partes das lajes. "No entanto, elas só irão entrar caso a estrutura propicie isso", afirmou Lopes.

Procura dos corpos – Complexa e delicada
O capitão Valdir Pavão foi um dos bombeiros que mais se arriscou no resgate de corpos dos destroços do acidente da TAM nos últimos dias. Considerado um dos principais especialistas em Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas (BREC) do país, ele trabalhou em vão de cerca de 60 cm deixado entre o primeiro e o segundo andar do anexo atingido pelo Airbus A320.

Colapso do prédio
A aeronave atingiu o prédio quebrando as colunas e fazendo com que o segundo andar inteiro desabasse sobre o primeiro na parte em frente a um posto de gasolina. O terceiro andar cedeu parcialmente, aumentando a pressão entre os dois pisos.

Recuperação de corpos
Para entrar no setor em que foram encontrados seis corpos na tarde de quinta-feira, 17 de julho, Pavão e seus colegas contaram com o auxílio de uma máquina, que destruiu parte do concreto para os bombeiros passarem. A estrutura ao redor do buraco em que entraram ameaçava rachar, sendo freqüentes os deslizamentos de pedras. Para garantir a segurança, os profissionais, sempre agachados entre os destroços, improvisam escoras com calços metálicos e madeiras. A comunicação no ambiente apertado e iluminado com lanternas é feita com puxões nas cordas, gestos e sinais.

Trabalho cauteloso e ambiente com calor e fumaça
"O trabalho precisa ser bastante criterioso já que envolve um grau de risco grande", conta Pavão. Além do prédio ameaçando ceder, os bombeiros tiveram que enfrentar também o calor e a fumaça dentro do buraco. Materiais inflamáveis como arquivos e caixas armazenadas no prédio continuaram queimando desde terça-feira, alimentados pelo fogo do combustível do avião e pelo oxigênio que chegava a cada destroço retirado pelos bombeiros. Para minimizar o problema foram instalados tubos de exaustão.

Medo e o resgate
"Não dá nem tempo para pensar em medo, tem todo um protocolo e é isso que causa preocupação", explica Pavão. "Eu e mais um grupo somos especialistas no assunto. Um acidente assim é igual quando acontece terremotos, tsunamis ou explosões vulcânicas. Fizemos essa especialização fora do Brasil", diz o bombeiro.
Dentro do buraco, nos dias em que os bombeiros trabalharam, a temperatura era bastante elevada.
"O fato dos corpos encontrados estarem carbonizados e em estado de decomposição incomoda. São seres humanos como nós, mas temos uma equipe bastante equilibrada, bastante confiante da missão. Qualquer pessoa fica sensibilizada e sobrepõe a tarefa”, conclui o bombeiro.

Sobreviventes
Foram encontradas 14 pessoas com vida (funcionários ou clientes da TAM Express). Destas, três morreram a caminho dos hospitais.

Saída de emergência do prédio bloqueada pelo impacto do avião
Avião atingiu escada de emergência e cortou as saídas. Com isso, funcionários do segundo e terceiro andares não tinham como escapar. O elevador do prédio da TAM Express atingido pelo choque ficava na outra lateral e parou de funcionar com o impacto
Na lateral esquerda do edifício, ficava a escada de emergência. Na outra lateral do prédio estava o elevador. Segundo relatos de funcionários que conseguiram escapar, o elevador parou devido ao impacto. "A escada de emergência ficava bem na direção onde houve a colisão do avião, o que dificultou a saída das pessoas", disse o capitão dos bombeiros Nilton Miranda, que participa da operação de resgate.
"Sem a escada de emergência, as pessoas ficaram sem saída e algumas se jogaram", afirmou um funcionário que trabalha no terceiro andar e que havia deixado o local momento antes da colisão.

Caixa-preta do Airbus:
Na cauda do A320 havia duas caixas-pretas, recuperadas pelas equipes de investigação. Uma delas, o CVR (Cockpit Voice Recorder), grava as conversas travadas na cabine de comando nos 30 minutos que antecederam o desastre. A outra, o FDR (Flight Data Recorder), registra os procedimentos adotados pelos pilotos no vôo. A caixa-preta do Airbus foi localizada na madrugada de quarta-feira, 18 de julho de 2007.

Caixa preta - engano
A caixa com os dados de voz do piloto e do co-piloto do Airbus-A320 da TAM foi achada somente no sábado, 21 de julho, pelos técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Ministério da Defesa e à FAB (Força Aérea Brasileira) em meio aos destroços da aeronave.
Até a manhã de sábado, o comando da FAB (Força Aérea Brasileira) e os responsáveis pela investigação sobre as causas do acidente acreditavam que os outros dois equipamentos retirados dos destroços e levados na quinta-feira, 19 de julho, para análises no NTSB (National Transportation Safety Bureau) em Washington, nos Estados Unidos, eram as duas caixas-pretas do avião: uma com os dados do vôo, chamada de FDR, e outra com as vozes, a CVR.
Segundo o comando da FAB, a descoberta de que um dos equipamentos levados aos Estados Unidos não tinha as conversas do comandante Kleyber Lima e do o co-piloto Henrique Stephanini Di Sacco gravadas ocorreu quando as peças já eram analisadas pelos técnicos americanos do NTSB.

O equipamento que continha realmente as vozes do piloto e do co-piloto do Airbus-A320 da TAM seguiu, ainda de acordo com o comando da FAB, para os Estados Unidos na tarde de sábado, 21 de julho e deverá começar a ter as transcrições das falas preparadas.
Todos os dados das operações realizadas durante todo o período do vôo, já começaram a ser analisados pelos técnicos do NTSB.

Vítimas
Na segunda-feira, 23 de julho, a companhia aérea TAM checou o número total de vítimas e refez o cálculo total da tragédia. Com a inclusão do taxista Thiago Domingos da Silva, de 22 anos, o total de vítimas chega a 199. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o número de 200 vítimas divulgado anteriormente está errado.

O carro de Thiago estava no posto de gasolina também atingido pela aeronave. A polícia encontrou destroços do Corsa que ele conduzia, além de documentos parcialmente queimados. A noiva do taxista confirmou que o carro pertencia a ele. Dentro do veículo, havia pedaços de pele que foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal (IML).

De acordo com a empresa, entre o número total de vítimas 199; são consideradas vítimas 187 pessoas que estavam no avião, entre passageiros e tripulantes, nove desaparecidos no prédio da TAM Express e três pessoas que chegaram a ser socorridas, mas morreram nos hospitais.

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Vídeo
http://edition.cnn.com/2007/WORLD/americas/07/17/brazil.plane.crash/index.html#cnnSTCVideo
Acidente em Congonhas - Avião atravessa pista e pega fogo em SP
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM702710-7823-ACIDENTE+EM+CONGONHAS,00.html
Airbus da TAM bate em prédio e pega fogo em São Paulo
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM702736-7823-AIRBUS+DA+TAM+BATE+EM+PREDIO+E+PEGA+FOGO+EM+SAO+PAULO,00.html
Parentes querem lista de passageiros do vôo da TAM
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM702761-7823-PARENTES+QUEREM+LISTA+DE+PASSAGEIROS+DO+VOO+DA+TAM,00.html
Avião bate e pega fogo ao pousar em São Paulo
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM702718-7823-AVIAO+BATE+E+PEGA+FOGO+AO+POUSAR+EM+SAO+PAULO,00.html
Explosões ao lado do local do acidente com avião da TAM
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM702763-7823-EXPLOSOES+AO+LADO+DO+LOCAL+DO+ACIDENTE+COM+AVIAO+DA+TAM,00.html
BBC Brasil – Imagens do acidente
Clique aqui para assistir a víde imagens do acidente

Vide capítulo II - continuação

posted by ACCA@8:13 PM