Zona de Risco

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sexta-feira, abril 13, 2007

Caso real; 10 de abril de 2007

Na terça-feira, 10 de abril, passando pela Rua Gabriel Monteiro em São Paulo, o trânsito parado, observei uma construção de três pavimentos. Lá estava um trabalhador trabalhando numa marquise bem estreita, distante do solo 3 m, picotando a laje, sem óculos de segurança.

Ele estava com cinto de segurança amarrado numa corda. Até agora, tudo bem, porém observando a corda mais detalhadamente, a corda era constituída de uma série de pedaços de cordas amarradas entre si.

Na construção civil podemos imaginar diversos fatores que infringem as normas ou a falta de uma política de segurança visando ao trabalhador com pouca escolaridade e com dificuldade de entendimento de texto ou algo similar, tais como;
■ Confusão / Ignorância em relação à lei e responsabilidades em matéria de segurança
■ Pouca qualificação e formação
■ Grande mobilidade e rotatividade
■ População imigrante
■ Vínculos de trabalho precários
■ Sentimento de controle perante o risco
■ Conhecimento e aceitação passiva do risco
■ Atos inseguros devido à insensibilidade ao risco
■ Não cumprimento das normas

Na construção civil o trabalhador aceita passivamente o risco, que mentalmente ele considera está sob controle ou visualmente ele não esta enxergando a gravidade do risco ou sua conseqüência de potencialização.

A segurança na construção civil lembra muito a mentalidade do pedestre diante da passarela. O órgão público constrói a passarela, alguns pedestres consideram que na utilização da passarela vão perder tempo ou imaginam vamos cortar caminho. Para evitar mais atropelamentos o órgão público coloca obstáculos para obrigar o pedestre utilizar a passarela. Apesar da criação dessas barreiras, a sua aceitação depende da vontade do pedestre, ele pode pular ou ir a um local que não existe essas barreiras. Enquanto não mudar o comportamento do pedestre, dificilmente ele aceitará passivamente essa cultura de segurança.

O grande erro nas normas de segurança é que não existe ênfase no desempenho e conduta segura. Partem do princípio que implantando as normas todos os problemas serão resolvidos.

Para diminuir os acidentes precisamos de uma sociedade que valorize a conduta segura tanto como a conduta orientada para o desempenho, isto é, faça a coisa certa com segurança.
As normas do governo lembram muito o filme surrealismo, que tem o objetivo não interpretar o mundo, mas, sim, em transformá-lo. Isto é, o governo parte do princípio que as normas vão mudar ou transformar o comportamento da empresa ou do trabalhador, esquecendo do mundo real. ACCA

posted by ACCA@9:28 AM