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quarta-feira, março 07, 2007

Técnico morre vítima de descarga elétrica

Marcos Aurélio de Quadros, 25 anos, funcionário da Koerich Engenharia Telecomunicações S/A, empresa que presta serviços para a Brasil Telecom, instalava cabos de fibra ótica no cruzamento da Avenida Maringá com Castelo Branco (Zona Oeste), Londrina, Paraná, morreu na segunda‑feira, 5 de março de 2007, pouco antes das 15 horas, ao ficar preso a um fio de baixa tensão. . Ele estava acompanhado de outros quatro funcionários, que nada sofreram.

Testemunhas
Segundo informações dos colegas, Quadros trabalhava para a empresa há cerca de dois anos.
''Eu estava trabalhando mais embaixo, e ele lá em cima, perto da árvore. Não dá para saber direito o que aconteceu. Faz 20 anos que trabalho na área e nunca vi isso'', disse, ainda abalado, Pedro Cordeiro.

Um outro funcionário, Nilson Rodrigues, informou que a equipe trabalhava na região desde o último sábado. ''Ele deu um grito forte e desmaiou. Cheguei a pedir o tesourão para cortar o fio, porque ele ficou preso pelas costas, mas não deu tempo. Quando conseguimos colocar ele no chão, já estava sem vida.''

Motivo do choque
Quadros estava operando uma máquina utilizada para fazer a amarração dos cabos telefônicos, e na hora de puxar o equipamento entre os galhos da árvore teria encostado em um dos fios. Segundo um técnico da Copel que esteve no local, o fio é de baixa tensão (127 volts), mas de alta corrente.

Trabalho em local de difícil acesso
''Ele estava trabalhando em um lugar difícil, e teve que condicionar a máquina para passar naquele espaço pequeno entre o fio de energia e o cabo telefônico. Se não fossem os galhos, talvez ele tivesse conseguido se soltar e apenas se machucado com o tombo ou nem tivesse sofrido o choque'', disse o perito do Instituto de Criminalística Darci Dória de Faria.

Choque elétrico
O perito do Instituto de Criminalística Darci Dória de Faria, que atendeu a ocorrência, afirmou que, de acordo com exame superficial realizado no corpo, não havia sinais de queimadura, indicando que o funcionário não foi eletrocutado. ''Tudo indica que a descarga elétrica recebida por ele causou uma parada cardíaca.''

Inquérito policial
O delegado do 4º Distrito Policial (DP), Jairo Luiz Duarte de Camargo, informou que um inquérito será aberto para apurar as causas do acidente. ''Tudo indica que ele foi vítima de descarga elétrica, mas agora serão apurados os motivos, se houve algum tipo de falha.'' As investigações ficarão a cargo do 3º DP.

Riscos e treinamento
As empresas de telefonia e TV a cabo alugam trechos dos postes da Copel para instalação dos fios. Segundo a assessoria de imprensa da companhia de energia, por operarem próximo à rede elétrica, são oferecidas orientações sobre os procedimentos mais seguros a funcionários destas empresas, através de palestras. As próprias empresas também se responsabilizam por oferecer cursos de reciclagem para seus técnicos.

Ele provavelmente não foi socorrido a tempo
O cardiologista Manoel Canesin esclareceu: quando o choque é provocado por corrente alternada, causando fibrilação ventricular e com chances de reversão, como foi o caso da descarga recebida por Quadros. ''O que provavelmente aconteceu é que ele não foi socorrido a tempo.''

De acordo com o médico, em uma situação semelhante o primeiro procedimento teria que ter sido o de desligar a rede o mais rápido possível e na sequência iniciar a compressão no peito a respiração boca a boca até a chegada de um desfribilador externo automático. ''Esta é a chamada manobra de suporte básico, que deve ser feita até a chegada do suporte avançado, como o Samu, e aumentam muito as chances de vida.''

Canesin explicou ainda que quando o coração começa a fibrilar e a vítima perde a consciência, o tempo de atendimento deve ser de três a cinco minutos. Como o exame inicial dos peritos mostrou que Quadros não sofreu queimadura interna (nestes casos a vítima funciona como um fio-terra), tudo indica que ele morreu por arritmia (parada cardíaca).

Fonte: Folha de Londrina - 6 de março de 2007

Comentário
Em geral, as pessoas subestimam os riscos por acreditar que estão seguras e que são invulneráveis, não se sentindo, portanto, obrigadas a fazer algo a respeito. Há diferenças entre as avaliações técnicas e as avaliações do leigo (trabalhador) quanto à identificação dos riscos mais importantes.
Portanto a comunicação de riscos deve incluir diferentes elementos a serem levados em consideração, tais como;
■ acessibilidade ao local,
■ fatores externos que dificultam a operação (árvores, fiação elétrica energizada, etc)
■ elementos de apoio ao operador (escada, plataforma)

É fundamental conhecer o local ou locais de trabalho para poder elaborar um plano de comunicação de risco eficaz. Muito provável nesse caso, o trabalhador poderia ter orientações sobre os procedimentos mais seguros de trabalho, porem os detalhes técnicos de dificuldades de operação de determinado local deve ser analisado e elaborado a comunicação de risco especifico para esse local. A padronização de comunicação de risco leva uma falsa sensação de segurança por parte do trabalhador, pois elimina o senso crítico ou a análise de determinado risco especifico.
Quanto mais conscientes estivermos de um risco, melhor é a nossa percepção e maior a nossa preocupação.

posted by ACCA@8:37 PM