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domingo, março 04, 2007

Renault revisará carga horária após suicídios


O presidente da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, considerou necessário revisar a carga de trabalho e as dificuldades que seus funcionários enfrentam depois que três empregados cometeram suicídio nos últimos quatro meses, em uma fábrica na periferia de Paris. Segundo os diretores da empresa, as mortes dos trabalhadores “devem ser analisadas de forma séria e profunda, e devem ser elaboradas medidas concretas”.

Dois altos dirigentes da Renault serão encarregados de analisar as mortes e apresentar as conclusões em 15 de março.

Ambiente do trabalho
Será preciso uma reflexão profunda sobre a carga de trabalho, a gestão das dificuldades encontradas e as condições de trabalho concretas na Technocentre (fábrica onde trabalhavam os três suicidas), explicou Ghosn.
O brasileiro deseja “envolver‑se pessoalmente para fazer tudo que estiver a seu alcance”. Em dois anos, cinco trabalhadores da Technocentre tentaram dar fim a sua vida, quatro deles na própria fábrica, apenas um sobreviveu.
Nessa fábrica trabalham 8.400 pessoas, e, segundo os sindicatos, há medidas que devem ser adotadas imediatamente, como o fim das oficinas compartilhadas por várias pessoas, a oferta de curso para gerenciar o estresse e a multiplicação de reuniões para humanizar as relações de trabalho.

A Technocentre é um centro moderno no meio do campo, mas as condições de trabalho são tais que qualquer um pode explodir a qualquer momento, disse Gabriel Artero, do sindicato do setor.

Um tribunal abriu investigação depois do mais recente suicídio, em 16 de fevereiro.
Fonte: O Globo – Rio, 3 de março de 2007

Comentário
A empresa é como uma família, se o casal e os filhos não discutem abertamente os problemas existentes entre eles, vão predominar os conflitos familiares tais como; contestação, educação, obrigações e responsabilidades e chegando finalmente as drogas.
Na empresa os conflitos são semelhantes, pois na maioria das empresas não há uma abordagem aberta entre empresa e trabalhador dos problemas e conflitos existentes no ambiente do trabalho.
Atualmente a empresa busca o resultado operacional a qualquer custo incidindo uma carga de trabalho ao trabalhador acima da sua capacidade de execução provocando tensão, stress, competitividade ou disputa entre os trabalhadores, etc.
Existe vários conflitos na empresa que afeta a maioria dos trabalhadores, tais como;
■critérios de promoção,
■ educação; há estimulo para se melhorar o nível de escolaridade dos empregados,
■ saúde e segurança; se existe política de segurança do trabalho para evitar acidentes no ambiente do trabalho, oferece-se plano de saúde adequado e realizam-se ações preventivas,
■ relação ética e legal com todos os trabalhadores, inclusive os terceirizados.
■ falta de humanização na relação de trabalho, predominando; disputa, competitividade, pressão entre grupos de trabalhadores. O objetivo final é apenas alcançar a meta de produção.
Finalmente a própria instabilidade da nova visão de trabalho industrial em que predomina redução de custo, aumento da produtividade e como conseqüência à redução da mão de obra por produto fabricado.
A indústria atual lembra muito o filme clássico de Charles Chaplin de 1936, Tempos Modernos (foto). O filme retrata a vida do na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à "modernidade" representado pelo modelo de industrialização, onde o trabalhador é engolido pelo trabalho repetitivo e metas de produção.
Em Tempos Modernos, Chaplin é um trabalhador da fábrica, em uma linha de montagem. O seu serviço é ajustar os parafusos a uma velocidade que não consegue nem se coçar, sem que haja quebra no ritmo de trabalho dos companheiros. Isso acontece muito em algumas fábricas atuais. ACCA

posted by ACCA@9:56 AM