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quarta-feira, março 21, 2007

Acidente com GNV fere homem gravemente

A ligação irregular de um cilindro de gás natural veicular (GNV) a um fogão provocou um acidente que causou queimaduras em funcionários na tarde de sábado, 17 de março de 2007. O acidente ocorreu em um centro automotivo, especializada em conversão de veículos para GNV, que funciona na região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

Motivo
Segundo o tenente Carlos Roberto Rafael de Oliveira, do 3º Batalhão dos Bombeiros Militares, o funcionário Ademir Ferreira de Almeida e outras duas pessoas, entre elas um adolescente de 14 anos, esquentavam suas marmitas quando a mangueira que conduzia o GNV para o fogão não resistiu à pressão.

Propagação do fogo
De acordo com o bombeiro, o fogo se espalhou pela pequena cozinha da oficina. “O funcionário (Almeida) foi fechar o gás, mas acabou aumentando a pressão. A mangueira era de borracha, o que é inadequado, e acabou se rompendo. As chamas se propagaram queimando o fogão, uma geladeira, uma prateleira, além das pessoas”, disse.

Vítimas
Mesmo com o corpo em chamas, Almeida conseguiu correr para um terreno ao lado da oficina, onde caiu numa área gramada. Pedaços da roupa que ele usava caíram pelo caminho.
De acordo com informações do plantão policial do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), Almeida teve queimaduras de terceiro grau em 97% do corpo e chegou à instituição em estado gravíssimo.
O adolescente teve queimaduras leves nas vias respiratórias e foi levado para o pronto-socorro de Venda Nova. Ele não corre risco de vida. O outro funcionário do centro automotivo, teve apenas vermelhidão no braço e não precisou de atendimento médico.

Uso inadequado do GNV
O tenente Rafael salientou que o GNV não pode ser utilizado na cozinha. “É completamente inadequado. A instalação desse tipo de gás nos veículos exige normas especiais. As tubulações que compõem o sistema, por exemplo, têm que ser de metal”, explicou.

Fonte: O Tempo – BH, Domingo, 18 de Março de 2007

Comentário
O funcionário da empresa especializada em conversão de veículos para GNV, deveria ter conhecimentos técnicos do sistema de GNV para veículos, principalmente das pressões de trabalho do sistema e de seus riscos. Mas é comum o instalador faça a instalação do sistema sem se importar em obter conhecimento como se processa a operação do sistema e seus riscos. Existe recomendação para que não utilize o cilindro de GNV para outras finalidades (GLP, empilhadeiras, etc).

Vejamos alguns dados técnicos da diferença de cilindros de GNV E GLP e as respectivas pressões de trabalho.

Os cilindros que recebem o GNV são preparados para receber uma pressão de 220 bar e os de GLP 15 bar. Naturalmente os cilindros de GLP não resistem à pressão do GNV.

Tubulação
GNV - A tubulação de alta pressão é responsável por conduzir o GNV desde a válvula de abastecimento até o cilindro de armazenamento e deste até a válvula reguladora de pressão.Esta tubulação é produzida em aço-liga e deve apresentar acabamento bicromatizado, internamente e externamente.
GLP – Mangueira de PVC plastificada utilizada após o regulador de baixa pressão

Pressão de saída do GLP , após regulador – 0,28 kgf/cm2
Pressão de saída do GNV, após redutor - 1 kgf/cm2

O funcionário não tinha nenhuma noção ou percepção de risco devido à adaptação do cilindro de GNV para funcionar como GLP. Ele brincou com a roleta russa de acidente. E o desastre aconteceu. ACCA

posted by ACCA@8:42 AM