Zona de Risco

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quarta-feira, dezembro 20, 2006

Caso Real-Dezembro/2006

Na semana passada, estive no centro de São Paulo. Várias ruas do centro os passeios estão sofrendo reformas. Em uma dessas ruas, próximo ao largo São Francisco, observei um trabalhador fazendo o arremate final do assentamento de ladrilho hidráulico. Estava agachado, posição não muito estável, segurando com a mão direita uma máquina de corte, ele estava sem EPI, e a mão esquerda, principalmente o dedo polegar, utilizando como se fosse uma régua guia, milimetricamente próximo ao disco de corte, fazendo a regularização do ladrilho.

Fiquei imaginando; o trabalhador já deve estar acostumado com isso, ele deve pensar, tenho controle do risco ou ele não tem percepção do perigo? Ele pode perder o dedo ou não ? Ou em caso de acidente a máquina correr em direção aos seus pés? Ou ele está simplesmente jogando/trabalhando como se fosse uma roleta russa? A obra é da prefeitura e a empreiteira é contratada. O Estado dando exemplo. Como se disse; Trabalho seguro é um direito de todos os trabalhadores e um dever dos órgãos e entidades do Sistema de Segurança e Saúde de Trabalho.

Em Porto Alegre, estava em demolição um sobrado com marquise. O sobrado estava isolado com tapumes apenas na divisa com passeio, esqueceram da marquise. Uma garota de apenas 18 anos, universitária, estava passando pelo local e a marquise caiu sobre ela. Morte instantânea. Quando ocorre acidente fatal, cada um dos responsáveis quer eximir de responsabilidade sobre o fato.

A prefeitura informou que a demolição estava regular, ä empresa pagou as referidas taxas. Certamente a empresa pode pagar as taxas e não obedecer às normas de segurança? Ou é permitido matar?
Após o acidente fatal a construtora informou que existia um laudo de demolição assinado por uma engenheira. No inquérito ela informou que fez o laudo, mas não foi no local para analisar os prováveis riscos. A Construtora contratou um engenheiro para terminar a demolição, ISOLOU O PASSEIO E UMA DAS FAIXAS DA RUA PARA TERMINAR O SERVIÇO. Era tão simples fazer e não fizeram no momento correto.

Vivemos num mundo de ilusão de segurança, preocupados com prontuários, siglas mais siglas, questionários, tudo preenchido conforme as normas, tudo nos leva crer sabemos tudo, mas nos leva a não fazer nada, pois os acidentes acontecem, estão acontecendo e acontecerão em um ciclo vicioso.
Vamos chegar a um momento, com tanto prontuários, questionários, que vamos criar o controle do controle do controle, com custos e burocracias que atrapalham a funcionalidade da segurança da empresa, isto é, não vamos enxergar o risco, apenas observar documentos (inspeção de documentos). ACCA

posted by ACCA@8:33 AM