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quinta-feira, maio 25, 2006

Trabalhador perde a mão no moedor de carne


Bom funcionário, que atendia a todos sorrindo no setor de frutas do supermercado Carrefour em Uberlândia, MG, Diego era sempre o escolhido para pôr fogo nas promoções, alavancando as vendas. Do setor de FLV (frutas, legumes e verduras) me colocaram no de merchandising e dali me jogaram no açougue, sem qualquer treinamento. Aí eu retornei de um outro acidente que tive, onde já havia perdido um pedaço do dedão da mão esquerda. Voltei a trabalhar no dia 16 de janeiro de 2006 e me colocaram de volta no açougue.

Acidente
No dia 18, o cliente me pediu para moer uma carne: patinho, em três bandejas de meio quilo cada. Perguntei para o meu colega que carne era aquela e ele disse para eu moer a mais vermelha possível. Tudo bem. Aí travou a máquina e eu fui socar a carne. O soquete escapuliu, bateu na parede e caiu no chão, enquanto a minha mão entrava direto dentro do moedor.

Atendimento médico no local
Diego conta que a única preocupação real demonstrada pela empresa aconteceu no dia do acidente. “Eu estava agonizando de dor, gritando, porque doía muito mesmo. Aí chegou uma enfermeira do Carrefour dizendo que era para falar baixo, pois estava assustando os clientes. Me deu um pano para cobrir a mão e só. Como comecei a perder muito sangue e não chegava ninguém da empresa para me socorrer, com a ajuda de dois colegas fui para o Hospital do Triângulo, onde fui operado. De lá para cá, nenhum telefonema nem do diretor. Nem para saber como eu fiquei”. Houve perda total da mão direita

Recuperação
Agora não tenho previsão de retorno, estou aguardando a perícia e o resultado da ação na Justiça. Nos primeiros dias prometeram prótese, assistência e tudo mais.

Indenização
Em 23 de marco de 2006, após deixar o trabalhador e sua família sem qualquer assistência, acumulando dívidas na farmácia, sobrevivendo de um salário mínimo pago pelo INSS e do apoio de familiares, a multinacional enviou o cheque com valor de cinco mil reais a Diego .

Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs)

Comentário
É comum transferir um funcionário de um setor para outro, sem analisar o risco e principalmente sem efetuar o treinamento adequado para novo serviço.
Trabalhos que requeiram extrema atenção (no caso, o moedor) são passíveis de falhas que por menor que sejam, podem levar à acidente. No caso, o funcionário novo no local deveria ser monitorado por um funcionário mais experiente, já com treinamento adequado para desempenhar a função.
Conclusão: falta de política de treinamento de pessoal da empresa e falta de visão dos riscos envolvidos em um supermercado, principalmente os riscos que provocam lesões, por exemplo, no setor de cortes (frios, carnes, peixes, etc).

posted by ACCA@9:26 PM