LEMBRANÇA: EXPLOSÃO NO PORTO INGENIERO WHITE, DEIXA 22 MORTOS
Como antecedente, em 10 de
outubro de 1977 ocorreu uma explosão por poeira acumulada que matou três
pessoas, duas delas funcionários da Prefeitura.
Naquela época o trabalho no
porto era monumental, chegavam centenas de navios de todos os países para
carregar grãos. A estadia (tempo de espera) era muito cara e para economizar nos custos
pretendiam carregar tudo em 24 horas. O Silo 5 esteve operacional por 17 horas
seguidas.
No dia 12, entrou o turno das
16h, avisando rapidamente que seria um dia complicado, no meio da poeira, do
calor e da escuridão. Para piorar a situação, a ausência de vento fez com que o
pó de grãos estivesse parado, acumulado no ar desde a manhã, com quase uma
centena de caminhões à espera para descarregar.
Às 23h foi decidido parar a
esteira transportadora por uma hora para evitar superaquecimento. O elevador do
setor 1 estava em situação semelhante – alguns já
produziam faíscas. Já estavam acumuladas 50 mil toneladas de cereais no silo
(80% da capacidade). A poeira em suspensão, mais o calor, era tanta que chegou
a uma quantidade que provocou uma explosão. O único aviso foi de um operador que
percebeu que havia fumaça nas polias do elevador, os técnicos conseguiram
avisar que ia explodir e que precisavam evacuar.
Foi então que a tragédia
começou a tomar forma. A esteira transportadora do Setor 3, uma polia elevou
sua temperatura tão alto que a correia transportadora começou a emitir faíscas
ao se mover em direção ao topo, onde a poeira suspensa atingiu a concentração
ideal.
O encontro desses elementos deu início ao caos. Primeiro, uma pequena explosão e o início de um incêndio. Segundos depois, uma série de explosões em cadeia, cada vez mais altas. Em apenas alguns minutos, o prédio se tornou uma armadilha mortal.
As ambulâncias demoraram para
chegar e não eram suficientes. Nem todos morreram por causa da explosão, houve
trabalhadores que morreram por asfixia quando os dutos para descarregar os
grãos dos silos se romperam.
As explosões destruíram a
plataforma de descarga de caminhões, o teto do túnel de embarque nº 2 e os
escritórios e salas de controle. Silos e mais silos desabaram, esmagando tudo
abaixo, inclusive trabalhadores.
MANUTENÇÃO PRECÁRIA
A sirena de alarme foi
retirada em 1983 para reparação e nunca voltou a funcionar. A manutenção das
máquinas foi realizada dois anos antes. Tinha cabos desencapados correndo pelas paredes. As correias estavam com folgas e as lâmpadas não contavam
com proteção suficiente. Os ventiladores estavam em más condições, era a
precariedade laboral em toda a sua expressão.
PERÍCIA
Os peritos do Corpo de
Bombeiros, da Prefeitura e da Polícia Federal nunca conseguiram determinar a
causa confiável da explosão. Somou-se à teoria das faíscas das correias
transportadoras e falha elétrica. .
INQUÉRITO
Para a prefeitura, a
ocorrência foi acidental e negligente. Em 1986, a justiça federal encerrou o
processo sem acusação.
Em última análise, a
precariedade trabalhista e a especulação transformaram o porto em uma bomba de
relógio , gerando a maior catástrofe de Bahía Blanca e portuária da Argentina.
Hoje, o porto foi privatizado e apresenta recorde de exportações. Fontes: La Nueva Provincia - 13/03/2015 ; Prensa Obrera – 13 de dezembro
de 2023
