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quarta-feira, março 20, 2024

LEMBRANÇA: EXPLOSÃO NO PORTO INGENIERO WHITE, DEIXA 22 MORTOS

Em 13 de março de 1985 às 0h15 no porto de Ingeniero White -Bahía Blanca, Argentina, - houve uma explosão no silo nº 5 que deixou 22 mortos, entre trabalhadores e bombeiros voluntários. A explosão foi de tal magnitude que atingiu a cidade e fez tremer os prédios, já que a Bahia fica a menos de 10 km
 do porto.

Como antecedente, em 10 de outubro de 1977 ocorreu uma explosão por poeira acumulada que matou três pessoas, duas delas funcionários da Prefeitura.

Naquela época o trabalho no porto era monumental, chegavam centenas de navios de todos os países para carregar grãos. A estadia (tempo de espera) era  muito cara e para economizar nos custos pretendiam carregar tudo em 24 horas. O Silo 5 esteve operacional por 17 horas seguidas.

No dia 12, entrou o turno das 16h, avisando rapidamente que seria um dia complicado, no meio da poeira, do calor e da escuridão. Para piorar a situação, a ausência de vento fez com que o pó de grãos estivesse parado, acumulado no ar desde a manhã, com quase uma centena de caminhões à espera para descarregar.

Às 23h foi decidido parar a esteira transportadora por uma hora para evitar superaquecimento. O elevador do setor 1   estava em situação semelhante – alguns já produziam faíscas. Já estavam acumuladas 50 mil toneladas de cereais no silo (80% da capacidade). A poeira em suspensão, mais o calor, era tanta que chegou a uma quantidade que provocou uma explosão. O único aviso foi de um operador que percebeu que havia fumaça nas polias do elevador, os técnicos conseguiram avisar que ia explodir e que precisavam evacuar.

Foi então que a tragédia começou a tomar forma. A esteira transportadora do Setor 3, uma polia elevou sua temperatura tão alto que a correia transportadora começou a emitir faíscas ao se mover em direção ao topo, onde a poeira suspensa atingiu a concentração ideal.

O encontro desses elementos deu início ao caos. Primeiro, uma pequena explosão e o início de um incêndio. Segundos depois, uma série de explosões em cadeia, cada vez mais altas. Em apenas alguns minutos, o prédio se tornou uma armadilha mortal.

As ambulâncias demoraram para chegar e não eram suficientes. Nem todos morreram por causa da explosão, houve trabalhadores que morreram por asfixia quando os dutos para descarregar os grãos dos silos se romperam.

As explosões destruíram a plataforma de descarga de caminhões, o teto do túnel de embarque nº 2 e os escritórios e salas de controle. Silos e mais silos desabaram, esmagando tudo abaixo, inclusive trabalhadores.

MANUTENÇÃO PRECÁRIA

A sirena de alarme foi retirada em 1983 para reparação e nunca voltou a funcionar. A manutenção das máquinas foi realizada dois anos antes. Tinha cabos desencapados  correndo pelas paredes. As correias  estavam com folgas e as lâmpadas não contavam com proteção suficiente. Os ventiladores estavam em más condições, era a precariedade laboral em toda a sua expressão.

PERÍCIA

Os peritos do Corpo de Bombeiros, da Prefeitura e da Polícia Federal nunca conseguiram determinar a causa confiável da explosão. Somou-se à teoria das faíscas das correias transportadoras e falha elétrica.  .

INQUÉRITO

Para a prefeitura, a ocorrência foi acidental e negligente. Em 1986, a justiça federal encerrou o processo sem acusação.

Em última análise, a precariedade trabalhista e a especulação transformaram o porto em uma bomba de relógio , gerando a maior catástrofe de Bahía Blanca e portuária da Argentina. Hoje, o porto foi privatizado e apresenta recorde de exportações. Fontes: La Nueva Provincia -  13/03/2015 ; Prensa Obrera – 13 de dezembro de 2023

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posted by ACCA@5:37 PM

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