Caldeiras - Riscos de explosão
A utilização de caldeiras
implica a existência de riscos de natureza diversificada, tais como: de
explosões, incêndios, choques elétricos, intoxicações, quedas, ferimentos
diversos etc.
Deve-se, no entanto, destacar
a importância do risco de explosões, pelos seguintes motivos:
■ Por se encontrar presente durante todo o tempo de funcionamento,
sendo necessário o seu controle contínuo, sem interrupção;
■ Em
razão da violência com que as explosões acontecem, na maioria dos casos, suas conseqüências
são catastróficas, em virtude da grande quantidade de energia liberada
instantaneamente;
■ Por
envolver não só o pessoal de operação,
mas também o pessoal que trabalha na proximidade, podendo atingir até
mesmo a comunidade (vizinhos e vias publicas) e
■ Clientes,
quando se trata de empresas de serviços (hospitais e hotéis, principalmente);
porque sua prevenção deve ser considerada em
todas as fases: projeto, fabricação, operação, manutenção, inspeção e outras.
O risco
de explosão do lado da água está presente em todas as caldeiras, uma vez que a
pressão predominante é sempre superior atmosférica. Todo fluido
compressível tem o seu volume bastante
reduzido quando comprimido. Essa redução é tantas vezes menor quanto maior for
o aumento de pressão. A massa comprimida de fluido procura então, ocupar um
espaço maior através de fendas e rupturas. Isso é conseguido coma explosão,
quando, por algum motivo, a resistência do recipiente que o contem é superada.
Para
evitar a explosão surge a necessidade de empregar-se material com espessura
calculada em função da resistência e das características de operação.
No caso da caldeira, outro
fator importante a ser considerado quanto às explosões é a grande quantidade de
calor transmitida no processo de vaporização da água. Neste sentido, os danos provocados pela
explosão de uma caldeira serão muito maiores que um reservatório de ar comprimido, por exemplo, de mesmo volume e
pressão . Isso por parte da energia que será liberada na forma de calor,
provocando o aquecimento do ambiente onde ocorre a explosão.
O risco de explosão pode, portanto, ser originado pela combinação de
três causas;
■ Diminuição da resistência, que pode ser decorrente do
superaquecimento ou da modificação da estrutura do material
■ Diminuição da espessura, que pode ocorrer da corrosão ou da erosão
■ Aumento da pressão, que pode ser decorrente de falhas diversas,
operacionais ou não
Outra conseqüência do superaquecimento é a oxidação das superfícies
expostas, se o meio for oxidante, ou para a carbonetação (formação de
carbonetos ou carbetos de ferro), se o meio for redutor.
EXPLOSÃO COMO CAUSA O
SUPERAQUECIMENTO
É a exposição de aço, material com que é construído a
caldeira, a temperatura superiores às
admissíveis, o que causa a diminuição da resistência do material e cria risco
de explosões. Pode causar danos intermediários antes da ocorrência de explosões
tais como; empenamento, envergamento, abaulamento de tubos e outros.
Outra conseqüência do superaquecimento é a oxidação das
superfícies expostas, se o meio for oxidante, ou para a carbonetação (formação
de carbonetos ou carbetos de ferro), se o meio for redutor.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DE SUPERAQUECIMENTO SÃO:
■Seleção inadequada de materiais no projeto
de caldeira;
Se no projeto de caldeira não forem consideradas as condições não
homogêneas de temperatura de trabalho das superfícies de aquecimento, poderá
haver risco de deformação lenta e/ou
ruptura dessas partes submetidas à pressão, devido ao emprego de aço poucos
resistentes.
■Uso de material defeituoso;
O processo de laminação utilizado na obtenção de chapas e de tubos, é
aquele que mais pode determinar a inclusão de defeitos.
■Dimensionamento incorretos de tubos
■ Queimadores mal posicionados;
As chamas de queimadores a óleo podem atingir valores de temperatura
até 1000o C. Se ocorrer, a incidência direta da chamas
sobre o aço, haverá o risco de superaquecimento e deformação do material. A conseqüência
disso pode ser a deformação lenta e gradual da caldeira ou a sua explosão,
dependendo da ocorrência de outros fatores.
INCRUSTAÇÃO
Consiste na deposição e agregação de sólidos juntos ao aço de que se
constitui a caldeira, em razão da presença de impurezas na água, tais como;
sulfatos, carbonatos, silicatos e também
em virtude da presença dos precipitados resultantes de tratamentos
inadequados da água da caldeira (borras de fosfato de cálcio ou magnésio).
Conseqüência;
A incrustação se comporta como isolante térmico, ela não permite que
refrigere o aço, elevando a temperatura do aço proporcionalmente a quantidade
calor recebido.
Em caso de incrustações generalizadas, essa situação agrava-se ainda mais, com o aumento operacional do
fornecimento de calor no lado dos gases, para manter-se a água na temperatura
de ebulição.
Com esse aumento de temperatura,
além das perdas de energia, podem ocorrer as seguintes conseqüências;
■O aço trabalho numa temperatura acima da temperatura projetada, fora
dos limites de resistência, e portanto, em condições de riscos de explosão
acentuados
■Como a camada incrustante é
quebradiça, pode soltar-se, fazendo que a água entre em contato direto com as
paredes do tubo em alta temperatura, o que provoca a expansão repentina da água
e conseqüentemente, a explosão.
■Formação de zonas propícias à corrosão, em virtude da porosidade da
camada de incrustação e a possibilidade de migração de agentes corrosivos para
a sua interface com o aço.
OCULTAMENTO OU HIDE OUT
Acontece em regiões de elevada
taxa de transferência de calor. A alta temperatura nessa região de superfície
pode levar a produção de vapor, uniformemente distribuída e conseqüentemente
haverá aumento de concentração de sólidos dissolvidos, que atingindo um ponto de
saturação, se cristalizará sobre os tubos, formando uma camada aderente. Esse
fenômeno recebe o nome de “hide out”ou ocultamento, porque a concentração
desses sólidos na água da caldeira é
sempre menor do que a camada de cristalização. A conseqüência desse fenômeno é
a mesma da incrustação, provoca falta de refrigeração dos tubos.
OPERAÇÃO EM MARCHA FORÇADA
Isso ocorre quando a caldeira possui potencia inferior para atender as
necessidades solicitadas para a produção de vapor, aumenta o fornecimento de energia
à fornalha. Entretanto, devido às limitações da caldeira, em vez de alcançar a
produção desejada, o que se consegue é o superaquecimento de varias partes da
caldeira, provocando a deformação ou a
ruptura dos tubos, potencializando-se, assim, os riscos de explosão.
FALTA DE ÁGUA NAS REGIÕES DE TRANSMISSÃO DE
CALOR
O contato da água com o aço é fundamental para sua refrigeração. Há
necessidade rigorosa de que o calor recebido pelos tubos e pelas chapas seja
transferido para a água, pois somente assim será mantido o processo de
transferência de calor sem que haja aumento excessivo de temperatura.
Havendo, portanto, falta de água em determinada região, cessará nesse
local o processo a temperatura constante e terá inicio um processo de
transferência de calor sensível (elevação da temperatura), que provocará o
superaquecimento do aço e sua conseqüente perda de resistência.
A maior parte dos acidentes com caldeiras é devido à falta de agua nas
regiões de transferência de calor.
Os motivos que levam a falta de agua são;
■ A má circulação de água no interior da caldeira
■ e a falha operacional
CIRCULAÇÃO DEFICIENTE DE ÁGUA
A circulação de água nas caldeiras é na grande maioria dos casos,
natural, isto é, a diferença de densidade entre a água nas partes mais quentes
e menos quentes, é que coloca a água em circulação. As moléculas mais quentes,
dilatam-se e, proporcionalmente a esse aumento de volume, decresce a densidade.
Na prática, para pressões de trabalhos superiores a 150 bar utilizam-se
bombas para forçar a circulação de água.
É necessário que cada tubo seja atravessado por uma quantidade de água
suficiente para refrigera-lo, pois é preciso encontrar um bom equilíbrio da
vazão de água.
FALHA OPERACIONAL
As caldeiras industriais de última geração são totalmente
automatizadas, cujos parâmetros de funcionamento são controlados por painéis de
automação. Isso têm exigido dos operadores poucas intervenções, porem maior qualificação dos operadores e eficiência na tomadas das decisões.
Entretanto, para partida e desligamento da caldeira é necessário o comando manual, pois se realizasse no modo
automático os controles admitiriam o máximo
fornecimento de energia, pois são comandados pela pressão de vapor, que levaria
resultados desastrosos para a caldeira.
No modo manual, o risco de falta de água está associado a procedimentos
inadequados do operador, por exemplo, não aumenta o fornecimento de água,
quando o nível tende a baixar. Falhas desse tipo acontece por falsas indicações
de nível ou por imperícia na operação da caldeira.
OBSTRUÇÃO OU ACUMULO DE LAMA NA COLUNA DE
NÍVEL
Geralmente acontece quando a
limpeza ou a manutenção preventiva ou o tratamento de agua são realizados de forma deficiente. Isso poderá
fornecer indicações incorretas para o
operador ou para os instrumentos responsáveis pelo suprimento de água. De forma
similar, obstruções em tubulações de água de alimentação de caldeira podem
conduzir a riscos de acidentes, pois
vazão de entrada de água será inferior a vazão de saída de vapor.
ERRO NA INSTRUMENTAÇÃO
Em caso de variações de
consumo ocorrer um aumento brusco na vazão de vapor, a instrumentação pode ser responsável por falta de água, pois em virtude da queda
brusca de pressão, bolhas de vapor se
formam sob a superfície da água
CHOQUES TÉRMICOS
Os choques
térmicos ocorrem em virtude de freqüentes paradas e recolocações em marcha de
queimadores. As caldeiras suscetíveis a essas condições são aquelas que possuem
queimadores "on-off", que não modulam a chama, ou queimadores com
potencia excessiva.
As
incrustações das superfícies também favorecem os efeitos dos choques
térmicos. térmicos.
Outras
situações de ocorrência de choques térmicos são quando a caldeira é alimentada
com água fria (temperatura inferior a 80o C), em condições descontinuas
e com a entrada de agua nas regiões mais frias da caldeira.
Falha
operacional pode também contribuir para ocorrências de choques térmicos, quando
por motivo qualquer, o operador injeta
agua fria, tentando restabelecer o nível normal. Em situações como esta,
deve-se adotar a paralisação imediata de
abastecimento combustível aos queimadores..
CORROSÃO
Um dos principais responsáveis pela degradação das caldeiras é a
corrosão, que atua como fator de diminuição da espessura das superfícies
submetidas à pressão.
Essa atuação é "silenciosa" e não
detectável pelos instrumentos de operação de caldeira, ou seja, os pressostatos
e as válvulas de segurança não detectam sua evolução, por que não é acompanhada de elevação de pressão de
operação; podem até mesmo ocorrer em pressões inferiores à máxima pressão de trabalho admissível
(MPTA).
Portanto, o avanço da corrosão em caldeira só
pode se detectada, por meio de inspeções internas, que é obrigatória por lei,
mas também como prática recomendada pela boa técnica.
1) Corrosão
interna
A corrosão interna das caldeiras processa-se sob
diversas formas, segundo diversos mecanismos, porem é sempre conseqüência
direta da presença de água: de sua característica, de suas impurezas e de seu
comportamento, quando em contato com o ferro, nas diversas faixas de
temperaturas.
1.1) Oxidação generalizada do ferro
O aço
carbono, material normalmente empregado na construção de caldeiras, tem a
característica de formar uma fina camada
protetora de magnetita (Fe3O4) contra corrosão antes da operação da
caldeira. Durante o funcionamento da
caldeira, essa camada protetora está constantemente, sendo quebrada e
reconstituída, e é resistente a alguns agentes químicos (acido nítrico).
Entretanto,
quando sofre ação de agentes físicos
tais como; choques térmicos, dilatações em extremidades de tubo, ou por agentes
químicos, tais como; soda cáustica, oxigênio, quelantes de tratamentos de água,
a magnetita deixa de existir e inicia-se o processo de oxidação do ferro, dando
origem a outros óxidos que não são protetores do aço.
1.2) Corrosão galvânica
Ocorre quando
dois metais diferentes estão em presença de um eletrólito, o que gera a
diferença de potencial e, conseqüentemente, um fluxo de elétrons (dai o nome
"pilha", comumente empregado para designar esse fenômeno).
Nas
caldeiras, o par galvânico pode ser formado quando partes metálicas de cobre
ou de níquel se desprendem, pela erosão,
cavitação de tubulações ou rotores de
bombas e se alojam em ranhuras.
O aço passa
atuar como anodo, sendo, o elemento mais prejudicado quanto à corrosão.
1.3) Aeração diferencial
Nas caldeiras do tipo flamotubulares (a
água circula externamente aos tubos e os gases quentes da combustão
internamente), o oxigênio dissolvido na água provoca corrosão dos tubos
superiores. Os tubos submersos estão submetidos a menores concentrações de
oxigênio, comparados à região acima da superfície da água (denomina-se aeração
diferencial). Essa diferença de concentração de oxigênio, forma uma
"pilha", em que o anodo é formado por partes menos aerada. Como na
pilha galvânica, o anodo, nesse caso, é também a região que apresenta corrosão
mais severa, e, sendo localizada, haverá a possibilidade do surgimento de
pites (cavidade na superfície metálica apresentando o fundo em forma angular e
profundidade geralmente maior que o seu diâmetro) ou alvéolos (cavidade na
superfície metálica com fundo arredondado e profundidade menor que seu
diâmetro).
1.4)
Corrosão salina
Acontece quando existem concentrações
elevadas de cloretos que migram para ranhuras ou regiões sem proteção de
magnetita. Os cloretos podem também se alojar sob camadas de depósitos porosos
que se formam nas paredes dos tubos. Em particular, o cloreto de magnésio, se hidrolisa, formando o acido clorídrico,
que ataca quimicamente o ferro da caldeira. .
Em geral, os cloretos na presença de
oxigênio, catalizam a reação da magnetita com o oxigênio, resultando o Fe2O3,
que é um óxido não protetor.
1.5)
Fragilidade cáustica (ou fendimento por álcali)
O hidróxido de sódio (soda cáustica), em
concentrações elevadas (acima de 5%): migra para ranhuras ou outros locais em
que não haja a película protetora de magnetita e reage diretamente com o ferro.
Esse tipo de corrosão recebe o nome de fragilidade cáustica, ou fendimento por álcali.
1.6)
Corrosão por gases dissolvidos
A água da caldeira pode se contaminar com
gases, especialmente com gás sulfídrico decorrentes da poluição
atmosfera ou pelo seu tratamento com sulfito de sódio.
O gás sulfídrico reage com o
ferro resultando no sulfeto de ferro, que se apresenta na forma de manchas
pretas ou com outros metais, formando sulfetos metálicos correspondentes . O
gás carbônico torna a água ligeiramente acidificada, dando origem à formação de
pites.
1.7)
Erosão
Nas caldeiras
aquotubulares (a água circula internamente nos tubos e os gases quentes da
combustão externamente) é comum a erosão causada por sopradores de fuligem
desalinhados, que incidem seu jato de vapor sobre os tubos, em vez de entre
eles.
A erosão pelo
vapor pode acontecer em sedes de vedação de válvulas de segurança. Essas
válvulas normalmente são fabricadas para resistir a ação abrasiva da passagem
do vapor em regime de solicitações normais, ou seja, quando a válvula é aberta
apenas em situações de emergência e de testes. Entretanto, quando outros
dispositivos de controle de pressão inexistem ou não funcionam, a válvula de
segurança deixa de ser um dispositivo de emergência e passa a funcionar como
maior freqüência, desgastando excessivamente e diminuindo muito a vida útil do
disco de assentamento.
Quando a
erosão e a corrosão se associam, os efeitos danosos são muito mais intensos do
que agissem isoladamente.
CAVITAÇÃO
É também um
processo de degeneração de materiais, podendo ser responsável pela redução de
espessuras. Seu mecanismo é caracterizado pela ação dinâmica resultante da
contínua formação e colapso de bolhas de gases ou vapores do meio líquido sobre
uma superfície., sendo sua ocorrência muito comum em bombas centrifugas (com
pressão de sucção deficientes), dobras, cotovelos e derivações de tubulações, válvulas, etc.
2 - Corrosão externa
Esse tipo de
corrosão acontece nas superfícies expostas aos gases de combustão e depende do tipo de combustível e temperatura.
Nas caldeiras
aquotubulares, as superfícies de aquecimento mais quentes são aquelas do
superaquecedor e do reaquecedor, podendo ocorrer corrosão tanto nas caldeiras
que queimam óleo como carvão. Outro
problema de corrosão ocorre nas caldeiras que operam com cinzas fundidas, que
permitem o ataque do oxigênio, destruindo a camada protetora de magnetita.
Outro fator
que contribui para a corrosão externa é o ar atmosfera. Caldeiras instaladas em
regiões muito úmidas, locais próximos ao mar e em atmosfera fortemente
poluídas, apresentam corrosão externa, de modo generalizada, em todas as suas
partes (chaparias, colunas, escadas, plataformas, etc)
EXPLOSÕES CAUSADAS POR
ELEVAÇÃO DA PRESSÃO
A pressão
do vapor em uma caldeira é função direta da quantidade de calor disponível na
fornalha pela queima do combustível e que é transmitida à água. Sendo assim, a
pressão interna depende fundamentalmente
da atuação dos queimadores. Entretanto, o queimador não é o único responsável pela elevação da
pressão no interior da caldeira, pois a bomba de alimentação injeta agua com
pressão superior a pressão de operação. É possível notar que, se a vazão de
entrada de água for. muito maior que a vazão de saída de vapor, o nível de agua sobre e a pressão
de trabalho aumenta.
Durante a
operação normal da caldeira, a pressão é mantida dentro de seus limites pelos
seguintes sistemas:
Sistema
de modulação de chama
Esse sistema é constituído por
um pressostato de modulação de chama, um servo-motor e um conjunto de registros
(dampers). O pressostato possui um diafragma ou fole que se estende com o
aumento da pressão e que aciona contatos emitindo sinais elétricos para o
acionamento do servo-motor.
O servo-motor aciona outros dispositivos,
alterando a vazão de combustível e a vazão de ar . Com isso, a alimentação do
queimador fica modificada e obtém-se a modulação da chama ou seja, sua redução
nos momentos de pressões elevadas e sua intensificação nos momentos de pressões
baixas.
Sistema de pressão máxima
É constituído por um pressostato e uma válvula
solenóide. Quando a pressão se eleva além de um certo limite, o pressostato é
acionado, corta a alimentação elétrica da válvula solenóide e por sua vez interrompe completamente o combustível ao
queimador.
Quando a
pressão normal se restabelece, o pressostato faz abrir totalmente a passagem do
combustível.
Válvula de segurança
As válvulas
de segurança de caldeira, como dispositivo de proteção, têm a função de deixar
sair o vapor quando a pressão ultrapassa
a PMTA, fazendo diminuir a pressão interna.
Sistema manual
Conforme for
a indicação de pressão no manômetro da caldeira, o operador tem condições de
acionar vários dispositivos para intervir, onde for necessário, para manter a
pressão interna da caldeira, tais como; no queimador, na bomba de alimentação
ou mesmo na válvula de segurança, liberando vapor a atmosfera por meio do
acionamento da alavanca da válvula.
Com todas
essas possibilidades, conjugadas ou não, e de se esperar que as caldeiras
tenham grande chance de ser operadas com segurança; porém, mesmo assim, há inúmeros casos de explosões, causadas por
falhas.
Falhas nos dispositivos
A
possibilidade de falhas em pressostatos pode ser de natureza mecânica, como o
bloqueio de sua comunicação com a caldeira ou a deterioração do diafragma, ou
de natureza elétrica, pelo colamento dos platinados.
Falhas nas
válvulas solenóides oferecem risco quando impedem o bloqueio do combustível, ou
seja, quando param na posição aberta. Há possibilidades da ocorrência desse defeito por
falha mecânica de fabricação ou pela instalação incorreta, fora da vertical, ou
de cabeça para baixo.
É importante notar que, normalmente a válvula de segurança funciona
após o sistema de pressão máxima não ter funcionado, ou seja, se a válvula de
segurança, não funcionar, a segurança, do sistema estará fortemente comprometida,
restando apenas o sistema manual como possível controle da situação.
Falha no sistema manual são decorrentes de defeitos em instrumentos de
indicação (manômetros e nível, principalmente), ou nos dispositivos de
controle, ou, ainda, de procedimentos inadequados por parte do operador.
EXPLOSÕES
NO LADO DOS GASES
As
explosões no lado dos gases de combustão são originadas por uma reação química
ou seja, pelo processo de combustão. Trata-se de uma reação de oxidação
especifica, que, além de ser exotérmica, se processa em um intervalo de tempo
muito curto, cuja conseqüência é o aumento rápido e violento da pressão em um
espaço restrito. As explosões dessa natureza acontecem com freqüência nas
caldeiras que trabalham com combustíveis gasosos ou líquidos.
As névoas
de líquidos inflamáveis ou de óleos combustíveis aquecidos apresentam comportamento semelhante a dispersões gasosas
inflamáveis. Quando em contato com o ar, formam uma mistura que entra em
combustão instantânea, se a relação de mistura ar/combustível estiver no intervalo do limite de
inflamabilidade e também se houver uma pequena fonte de calor para a ignição.
As
caldeiras aquotubulares, em face da complexa disposição do circuito dos gases,
favorecem a existência de zonas mortas, onde pode ocorrer acumulo de gases não
queimados.
Essas
explosões acontecem com freqüência na relocação manual em marcha da caldeira,
quando se promove a ignição com retardo, ou sem purga prévia, condição em que a
fornalha se encontra inundada com a mistura combustível‑comburente.
Há casos
também de explosões que ocorrem durante a operação da caldeira: falta de
limpeza dos queimadores ou presença de água no combustível ou, ainda,
carbonização do óleo no bico do queimador, podem levar a interrupção da alimentação de combustível.
Essa
falha, associada ou não a falhas, no sistema de alimentação de ar, pode causar
a perda momentânea da chama; com isso a atmosfera da fornalha será enriquecida
com a mistura e a explosão ocorrerá, deflagrada pelo sistema de ignição, ou por
partes incandescentes da fornalha, ou, ainda, por outro queimador, no caso de a
perda da chama ocorrer em um queimador, enquanto outros funcionam.
Há tipos de
sopradores de fuligem que contribuem como causadores de explosão também no lado
dos gases, uma vez que há possibilidade de a fuligem formar uma nuvem de poeira
explosiva quando suficientemente misturada com o ar. Daí a recomendação de que
nunca se deve dar a partida em uma caldeira logo apos o acionamento de
sopradores de fuligem.
Existem
"válvulas de alívio", instaladas nos espelhos dianteiros de caldeiras
flamotubulares que se mantêm fechadas por meio de pressão de molas durante o
funcionamento normal da caldeira, e que abrem para fora, quando a pressão da
fornalha supera a pressão exercida pelas molas. São previstas para abrir às
pressões das explosões no lado dos gases e dar alivio, minimizando
seus efeitos; porém, esse resultado nem sempre é alcançado, dada à violência
com que as explosões ocorrem, fazendo
voar até os espelhos em certos casos. Podem ocorrer também, pequenas explosões
em que essas válvulas são lançadas fora, e, como se localizam geralmente à
altura do corpo ou da cabeça dos operadores,
podem criar riscos adicionais.
Fonte: Riscos de Acidentes na Operação de Caldeiras
– Engo Rui de Oliveira Magrini
CASOS DE EXPLOSÕES DE CALDEIRAS
1 - Explosão de caldeira
Local:
Itaúba – Mato Grosso
Data:
Dezembro de 1998
Vítimas:
quatro mortes
Prejuízo:
US$ 200.000 (Duzentos mil dólares )
Motivos:
Sobre pressão, Falta de manutenção e operador sem treinamento
2 - Explosão de caldeira da indústria Índio
Ltda.
Curitiba
- PR
Data:
27/10/2000
Vítima:
duas pessoas mortas e oito feridas
Perdas:
U$ 100.000,00
3- Falta d´água em caldeira causou explosão em cervejaria em Jacareí
A
explosão de uma caldeira na cervejaria Heineken, em Jacareí (SP), que terminou
na morte de quatro trabalhadores em janeiro deste ano, foi causada pela
operação do equipamento com nível d´água abaixo do mínimo permitido. (veja
vídeo da explosão acima) Essa é a conclusão da comissão interna de investigação
criada pela empresa para investigar as causas do acidente.
A
caldeira explodiu em 28 de janeiro de 2016
durante uma manutenção periódica feita por uma empresa terceirizada
especializada na atividade. Fonte: G1 Vale do Paraíba e Região-17/11/2016
CURIOSIDADES
HISTÓRICAS SOBRE CALDEIRAS
■
Nos USA, entre 1870 a 1910, pelo menos 10.000 explosões de caldeiras foram
registradas, com uma média de 250
explosões por o ano. Mas em 1910 a taxa elevou-se entre 1.300 a 1.400 explosões
ao ano. Alguns eram acidentes
espetaculares que despertaram clamor publico por ação corretiva.
■
Nos USA, em 1880, foi fundada a ASME (American Society of Mechanical
Engineers) por engenheiros mecânicos
proeminentes, e a primeira reunião foi realizada em Nova Iorque, nos
escritórios editoriais da revista americana “Mecânica” em 16 de fevereiro de
1880, com presença de 30 engenheiros. Em
7 de abril de 1880, foi realizada reunião formal da organização, no Instituto
de Tecnologia Stevens, Hoboken, em News Jersey, com presença de aproximadamente
80 engenheiros, industriais, educadores, jornalistas técnicos, projetistas,
engenheiros navais, engenheiros militares, e de inventores.
■ Em
1866, na Inglaterra, havia 74 explosões da caldeira e 77 mortes.
Em 1900 o número de explosões de caldeira foi reduzido para 17 e 8 mortes.
Em 1900, as inspeções das caldeiras foram estabelecidas em Inglaterra
pela Associação de Operadores de Vapor de Manchester.
■
Por volta de 1840 a 1920, mais de 50.000 pessoas morreram e 2 milhões ficaram
feridas por explosões da caldeira nos
USA. A revolução industrial não aconteceu sem um preço terrível que foram pagos
por muitos.
■ Em
1911, a ASME criou um comitê de norma de caldeira, onde conduziu à publicação
da primeira norma de caldeira em 1914-15.
Hoje,
ASME é uma sociedade mundial de engenharia focalizada em publicações técnicas,
educacionais e de pesquisa. Possui 125.000 membros e conduz uma das maiores
publicações técnicas do mundo; realizando cerca de 30 conferências técnicas e 200 cursos de
desenvolvimento de profissionais ao ano,
desenvolve, mantêm e publica
diversas normas industriais. Fonte: ASME (American Society of Mechanical
Engineers)
The National Board of Boiler and Pressure Vessel Inspectors
Estatística de infrações de vaso de pressão
Principio de Funcionamento de Uma Caldeira Geral
Marcadores: explosão
