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domingo, maio 10, 2009

Três é bom. Quatro é demais


Ao contrário do que indica o senso comum, grupos ímpares funcionam melhor que pares
Na hora de formar um grupo de trabalho, poucos executivos levam em consideração se o número de pessoas deve ser par ou ímpar – com exceção, possivelmente, daqueles que acreditam em numerologia. Mas para duas professoras de universidades americanas, essa não é uma questão mística. Tanya Menon, da Universidade de Chicago, e Kath Philips, da Kellogg, conduziram uma série de estudos para entender a visão das pessoas sobre grupos e entender a influência de serem pares ou ímpares. As descobertas foram, no mínimo, curiosas.

A primeira já era esperada: as pessoas tendem a achar que grupos pares vão funcionar melhor. Segundo as autoras, elas já imaginam isso porque há uma tendência cultural, pelo menos em sociedades ocidentais, de valorizar números pares. Elas afirmam que tanto trabalhos acadêmicos como a percepção popular associam equilíbrio com relações sociais positivas. Os estudos mostraram, no entanto, que o senso comum está errado. As professoras analisaram grupos de três e quatro pessoas em uma situação controlada. Os times, formados em boa parte por estudantes de MBA, tinham como objetivo decidir se iriam participar de uma corrida de automóveis hipotética, sabendo que o risco de uma explosão do motor era alto e poderia ser fatal para o piloto. A corrida, porém, seria financeiramente importante. O relevante do teste não é a decisão final, mas entender como se chegou a ela. A maioria das pessoas, aliás, opta por correr.

As pesquisadoras analisaram previamente a opinião dos participantes e compuseram grupos com várias combinações, desde completamente homogêneos (todos queriam correr) até desequilibrados (três contra um). Elas descobriram que as trincas funcionam melhor. Uma das situações mais problemáticas com os grupos de quatro aconteceu quando eles racharam ao meio. Quando dois integrantes ficavam contra outros dois, a discussão travava. Nos grupos de três, essa era uma alternativa impossível.

A análise mostrou, ainda, que mesmo quando o grupo de quatro formava uma maioria (três contra um), a resolução da discussão era menos favorável do que quando a maioria acontecia em uma trinca. A razão é que a maioria ampla tende a usar de força bruta para impor sua opinião e se sente mais confortável em desconsiderar a pessoa que ficou contra. No final do exercício, tanto as pessoas cuja opinião prevaleceu como quem ficou isolado criticavam o grupo. Nos grupos de três, as pessoas na posição majoritária apostavam mais na persuasão. No fim, o processo de convencimento tornava a dinâmica mais produtiva. O estudo também mostrou que, mesmo em grupos maiores, os arranjos ímpares tendem a funcionar melhor. O velho “dois é bom, três é demais” não vale para as empresas.

Fonte: Época Negócios – 02 de abril de 2009

Comentário:
Uma crescente parte do trabalho das empresas e instituições não é mais realizada individualmente, com uma pessoa trabalhando sozinha até completar as tarefas. O trabalho é cada vez mais realizado colaborativamente. Esta tendência se deve parcialmente ao aumento de complexidade das tarefas, e aos novos paradigmas de trabalho, que envolvem diversas pessoas trabalhando em conjunto nas diversas fases de elaboração de um produto ou desenvolvimento de um projeto.
Desenvolver e melhorar habilidades individuais para o uso do conhecimento, aceitar responsabilidades pelo aprendizado individual e do grupo, e desenvolver a capacidade de refletir são algumas das vantagens que podem ser auferidas pelo trabalho em grupo. Algumas desvantagens do trabalho em grupo são; o aumento do nível de ruído na comunicação e a resistência de alguns participantes em assumir um papel mais ativo. Fonte: Fuks, H., Raposo, A.B., Gerosa, M.A.

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posted by ACCA@10:03 AM