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quarta-feira, setembro 08, 2010

Explosão mata soldador

O soldador Vanderlúcio de 40 anos, morreu na tarde de terça-feira, 31 de agosto de 2010, quando começou a soldar uma carreta tanque com capacidade de 35 mil litros, que explodiu. O acidente ocorreu na região pólo da Petrobras, no Jardim Novo Mundo, em Goiânia.

CONSEQÜÊNCIA DA EXPLOSÃO
■ Pedaços da carreta atingiram um raio de 450 metros da empresa Rodobem , que atua na manutenção de caminhões.
■ Na empresa de José Mariano Alves, que fica em frente ao local, uma chapa de mais de cem quilos atingiu pedaço do telhado do escritório. Muitas telhas e madeiras da entrada do local desabaram. José estima que o prejuízo foi de aproximadamente R$ 5 mil. Ele relata que todas as vidraças de um galpão a 450 metros do local do acidente quebraram.
■ Na casa do pedreiro Fábio, que mora a 400 metros da empresa, um estilhaço de aço de aproximadamente 40 centímetros caiu na quina do telhado e 20 telhas quebraram. Ele afirma que ninguém se machucou com a lataria. “Com a explosão, o chão tremeu e chegou a balançar as árvores”, relatou.

VÍTIMA
Segundo o comandante do Policiamento Urbano da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), tenente Cleiton Pereira Lopes, no momento que o funcionário encostou o equipamento de solda no meio da carreta, ela explodiu.
O corpo da vítima ficou dilacerado com o impacto da explosão. De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros Eduardo Campos Cardoso, quando o resgate chegou, a vítima não apresentava resquícios de vida. “Não havia osso por completo no corpo”, relata.

CAMINHÃO TANQUE
Os bombeiros afirmaram que a carreta estava carregada com gasolina do tipo Podium, que é mais volátil. O tenente Cardoso explica que para o procedimento de solda nesse tipo de recipiente deve fazer vaporização ou exaustão para retirar todo o vapor existente. “O vapor, nesse caso, é mais perigoso que o líquido. Não posso dizer que não foi feito o procedimento”, ressalta. O teto do galpão onde o tanque estava também ficou destruído, mas o cavalo que o tanque estava engatado não sofreu avarias. A intensidade da explosão foi tão forte que o tanque rasgou como um papel.

A EMPRESA
A empresa Rodobem não quis se pronunciar. O tio de Vanderlúcio, Antônio Batista da Silva, 56, conta que a vítima era casado e tinha três filhos.

Fonte: Hoje - 01 de setembro de 2010

Comentário:
Nos cursos de soldagem ou de soldador, a noção de segurança é específica para procedimentos de operação de soldagem e pessoal. O ambiente onde será executada a operação não há uma ênfase dos prováveis riscos que poderão incidir na operação de soldagem. O soldador deveria ter essa noção para exigir procedimentos de segurança em tambores, equipamentos, tanques que tem resquícios de líquidos inflamáveis ou a atmosfera explosiva.

O vapor residual de uma pequena quantidade de líquido é apenas suficiente preencher o tambor ou tanque com uma mistura explosiva de ar e de vapores inflamáveis.

Limpeza e reparos de tanques e equipamentos utilizados com inflamáveis:

Preparação de tanques e equipamentos

A limpeza do tanque e do equipamento deve estar a cargo de pessoal perfeitamente treinado, que esteja perfeitamente familiarizado com todos os riscos e salvaguardas necessários para a execução do trabalho com segurança.

Os tanques e o equipamento, bombas, linhas e válvulas devem ser sempre drenados e completamente lavados com fluxos de água antes de serem reparados. Os operários nunca deverão ser autorizados a fazer reparos em equipamentos enquanto os mesmos estiverem em operação e com as tubulações cheias. Deve ser verificado se todas as fontes de ignição foram eliminadas das cercanias do tanque.

Se seções da tubulação são para serem removidas e os flanges abertos, os parafusos inferiores devem ser afrouxados inicialmente e, embora as linhas tenham sido escoadas, todo o cuidado deve ser tomado para evitar o contato pessoal com o líquido drenado ou com o gotejamento oriundo do equipamento. Todos os respingos ou vazamentos devem ser removidos imediatamente através de lavagem com grandes quantidades de água na direção dos drenos adequados.

O tanque ou equipamento a ser reparado deve ser inicialmente esvaziado de todo o líquido e todas as tubulações chegando ou saindo do tanque (exceto respiradouros) após a drenagem, devem ser desconectadas ou bloqueadas.

O tanque deve ser limpo com vapor para a remoção residual do inflamável e de seus vapores. O fluxo e temperatura do vapor devem ser suficientes para elevar a temperatura do tanque acima da temperatura de ebulição do inflamável e a vaporização deverá ser continuada até que os vapores do inflamável tenham sido removidos. O tanque deve depois ser resfriado, preferivelmente enchendo-o de água e drenando-o uma ou duas vezes. O tanque deve ser depois limpo com ar fresco e o ar deve ser testado quando à presença de vapores do inflamável, por um método aprovado, antes de se permitir à entrada do pessoal. As linhas de vapor e água devem estar aterradas para evitar-se o acúmulo de eletricidade estática.

Entrada no tanque
■ Ninguém deve estar no tanque ou em espaço confinado até que uma permissão para o trabalho tenha sido assinada por pessoas autorizadas, indicando que a área foi testada e julgada segura. Além do mais, nenhum operário deve entrar num tanque ou recipiente que não tenha uma abertura de saída suficientemente larga para passar uma pessoa usando dispositivos de segurança, para efetuar um resgate através de cordas e equipamento respiratório de emergência. Deve ser verificado se o tanque ou recipiente pode ser abandonado pela entrada original.
■ Um elemento do lado de fora do tanque manterá os demais dentro do tanque, sob observação e outro elemento deve estar disponível por perto para prestar ajuda no resgate de algum outro, caso isto seja necessário.
■ Uma máscara respiratória com suprimento de ar ou máscaras autônomas, juntamente com equipamentos de resgate, devem estar sempre localizados do lado de fora da entrada do tanque, para serem usados em operações de resgate, qualquer que seja o tipo de equipamento respiratório utilizado pelo pessoal no interior do tanque.
■ Ventilação especial é recomendada durante todo o tempo que os homens estiverem limpando, reparando ou inspecionando o tanque e pode ser feita por exaustão ou remoção de vapores do fundo do tanque, seja através das aberturas do fundo ou por meio de exaustão através de tubos grandes flexíveis, quando os tanques tiverem apenas aberturas no topo. Os ventiladores ou aparelhos supridores de ar usados para a ventilação, necessária para evitar qualquer deficiência de oxigênio, deverão ser à prova de centelhas, devidamente revisados para se evitar atritos e aterrados. Nos tanques contendo só uma abertura no topo, deve-se tomar cuidado para se ter certeza da completa remoção dos vapores de todo o tanque. Também se deve tomar cuidado para evitar que os gases de exaustão reciclem para o interior do tanque.
■ Durante o curso do trabalho, testes freqüentes deverão ser feitos para determinar se a atmosfera do tanque está sendo mantida dentro da faixa de segurança. Esta precaução é necessária porque resíduos não completamente removidos pela lavagem podem recontaminar a atmosfera do tanque.
■ Em todos os casos, se o trabalho de reparo é interrompido, a atmosfera do tanque deve ser verificada completamente e emitida uma nova permissão de trabalho antes de se reassumir o serviço.
■ Se um funcionário limpador ou reparador de um tanque sentir-se mal, ele deve ser resgatado para se ministrar imediatamente os primeiros socorros.

Trabalho de reparos
■ O reparo externo do tanque, incluindo aqueles em serpentinas de vapor, corte, rebitagem e solda, deverão ser permitidos somente depois de perfeita limpeza e testes do tanque para se certificar de que o mesmo está livre de vapores e após ter sido emitida uma permissão de trabalho por pessoa autorizada. Devem ser feitos testes repetidos através de indicadores de gás adequados, quanto à presença de vapores inflamáveis e conteúdo de oxigênio, para a inteira proteção dos operários.
■ Toda solda externa ou combustão nos tanques ou equipamentos que tenham contido um inflamável, deverão ser feitas somente após tais recipientes terem sido completamente limpos com vapor. A limpeza deverá continuar enquanto prosseguir o trabalho de reparos. Encher tanques vazios limpos com gás inerte é outro método que poderá ser usado em solda ou combustão externa.
■ Em todos os casos, se o serviço de reparo for interrompido, a atmosfera do tanque deverá ser verificada completamente e uma nova permissão de trabalho deverá ser emitida para o reinício das operações.

Fontes: Folheto de Informações de Segurança n° 502 -Limpeza e Reparos de Tanques e Equipamentos Utilizados com Inflamáveis – CNS- IMBEL e Faculdade de Engenharia de Química de Lorena

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posted by ACCA@2:04 PM

2 Comments:

At 7:26 PM, Blogger joão paulo said...

TRABALHO A 7 ANOS EM UMA EMPRESA ESPECILIZADA EM MANUTENÇÃO EM CAMINHOES TANQUES. EXISTE UM PROCESSO DE DESCONTAMINAÇÃO RIGOROSO, APARELHO DE VERIFICAÇÃO DE EXISTENCIA DE GASES QUE É MANUSEADO POR UM SUPERVISOR DE ESPAÇO CONFINADO, SÓ APOS O TESTE QUE O VEICULO É LIBERADO PARA SOLDAGEM.
É UM TRABALHO MUITO TENSO, PERIGOSISSIM.
REQUER MUITA ATENÇAO, CUIDADO, RESPONSABILIDADE, POIS UMA PEQUENA QUANTIDADE DE FERRUGEM NO TANQUE É O SUFICIENTE PARA FAZER UM DESASTRE DESSES.


 
At 10:37 AM, Blogger Unknown said...

Tanques rodoviários que transportam produtos perigosos são fabricados e homologados pelo Inmetro, porém o processo de manutenção de taís equipamentos são realizados por empresas sem qualquer fiscalização, no que tange a qualidade dos serviços prestados, enquanto esta questão não for resolvida pessoas estarão sob riscos de explosão e danos em seus veículos, como exposto na fatalidade da notícia acima, que é recorrente no segmento de transporte de produtos perigosos

 

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