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domingo, abril 04, 2010

Corte no investimento de segurança em fábricas antigas no Japão

Enquanto necessário à reestruturação, talvez tenha a culpa de corroer a base do setor de manufatura japonesa. As indústrias japonesas sacrificaram a competitividade no altar da reestruturação (reengenharia).

Apontando aos acidentes recentes da Nippon Steel e da Bridgestone Corp., alguns estão começando a surpreender. As instalações e equipamentos estão envelhecendo, porque as empresas cortam gastos em investimentos e os especialistas dizem que a segurança pode ter sido comprometida devido aos cortes do pessoal e a deterioração de procedimento de segurança (queima nas etapas de fiscalização).

Enquanto não está claro se downsizing (enxugamento de pessoal e delegando maior responsabilidade a gerentes e funcionários de níveis mais baixos) desempenhou um papel na explosão de gás na Nippon Steel em 3 de setembro em Tokai, região de Aichi, ou o incêndio em 8 de setembro numa fábrica da Bridgestone em Kuroiso, região de Tochigi, os empresários e órgãos do governo estão discutindo os caminhos para prevenir mais acidentes.

Ansioso para reposicionar a indústria de manufatura, num mercado competitivo, um número crescente de empresas estão reexaminando suas operações de fábrica.

Atraso em relação aos Estados Unidos - Obsoletismo
“Japão está atrasado em relação aos Estados Unidos na revitalização de suas indústrias, devido à estagnação das atividades econômicas e talvez permitiu que desviasse sua atenção”, relatou o presidente da Federação das Indústrias, Nippon Keidanren, numa reunião de imprensa em referencia aos acidentes recentes.

Desde a década de 90, Japão viu suas instalações industriais envelhecerem muito mais rápido do que nos Estados Unidos. Muitas indústrias japonesas minimizaram os investimentos importantes e freqüentemente abandonando a renovação das instalações, pois a economia do país está enfraquecida.
As instalações de manufatura japonesa eram em média 11,6 anos mais velhas em 2001, comparado com os 7,9 anos das indústrias americanas, de acordo com os dados do Ministério de Economia, Indústria e Comercio do Japão

Entre os fornecedores, incluindo siderurgias e fabricantes de pneus eram 13,1 anos mais antigos. ``O ritmo dos investimentos nestas indústrias tendem ser mais lentos do que nas indústrias de tecnologia e de outras atividades, onde as mudanças constantes no ambiente envolvem investimentos mais rápidos,'' disse uma autoridade do Ministério de Economia.

Um analista do Instituto de Pesquisa de Economia, Indústria e Financeira (NLI Reseach Institute), entretanto, indica que mesmo entre fabricantes de chips, as instalações de produção são mais antigas do que aquelas nos Estados Unidos e na Coréia do Sul.

Falhas na segurança
Alguns resultados indicam também que as medidas de segurança, de uma parte integral da competitividade dos fabricantes, podem estar em risco. Na fábrica de Tochigi da Bridgestone, algumas portas de aço de enrolar (fire shutters, portas de aço que ficam na posição aberta, em caso de incêndio, possui dispositivos; motor elétrico, elo fusível, que fecham automaticamente, isolando a área, ver nota explicativa) não se fecharam completamente, permitindo a propagação das chamas.
Depois da ocorrência do incêndio, a empresa inspecionou as demais fábricas (oito) e encontrou os mesmos defeitos similares em sete fábricas. Um executivo da Bridgestone disse, que estava chocado pela displicência da fábrica em relação a procedimentos de segurança.

Negligencia – manipulação de relatórios
Nas indústrias petroquímicas e refinarias, na última inspeção efetuada pelas agencias reguladoras encontraram em três das principais empresas relatórios arquivados falsos em relação à execução de inspeções de segurança.
As empresas Tosoh Corp, Shin Nippon Oil Refining e Mitsui Chemicals, aparentemente obtiveram vantagens da desregulamentação, que transferiu a responsabilidade das inspeções das instalações a cargo das autoridades públicas (governo) para própria empresa.
A Mitsui Chemicals disse que essa mudança foi decidida arbitrariamente, que permitiu omitir algumas inspeções, pois fazendo a própria empresa, não aumenta a preocupação com a segurança.

Escassez de mão de obra afeta a segurança
Em conseqüência do corte de pessoal, muitos fabricantes perceberam agora a reduzida mão de obra disponível para manipular corretamente a emergência, e atualmente a disponibilidade de tempo está difícil (devido à escassez de mão de obra) para treinamento e transferência de conhecimento industrial (know how) de geração a geração (trabalhadores mais antigos transmitindo experiência para os mais novos).

O representante dos trabalhadores da Nippon Steel da cidade de Nagoya, disse com a automação permitiu que a fábrica funcionasse com poucos trabalhadores, mas com a escassez da mão de obra na fábrica pode conduzir a problemas mais sérios, uma vez que os acidentes acontecem e a mão de obra é exigida.
Na indústria naval, um transatlântico luxuoso, quase foi destruído pelo incêndio no ano passado quando estava sendo construído pela Mitsubishi no estaleiro em Nagasaki.

Numa conferência recente, Mototsugu Ito, presidente da associação da indústria naval, disse que a demografia de pessoal está distorcendo a transferências de tecnologia. De acordo com Ito, ele comparou a faixa etária e constatou, que há um pequeno número desproporcional de trabalhadores na faixa de 40 anos, devido ao declínio da indústria passada e que esses trabalhadores mais velhos, hábeis, estão se aproximando da idade de aposentadoria, deixando para trás colegas mais novos e faltando experiência.

``A saída desses trabalhadores pode afetar muito a base da indústria naval'', disse Ito que é presidente de Ishikawajima-Harima Heavy Industries Co.

Masanori Moritani, um especialista em publicações de tecnologia, diz que os acidentes na Nippon Steel e na Bridgestone oferece uma boa oportunidade para que todos os fabricantes revisem suas operações.
"Os acidentes são reflexões das tensões causadas pela queda da economia pelo qual as empresas japonesas que passaram do estagio ofensivo para defensivo, '' ele disse. "Mas não é sinal do fim da indústria de manufatura japonesa”.

Fontes: The Japan Times, The Asahi Shimbun, Yomiuri Shimburi, Bridgestone Corporation-News Release, no período de 8 de setembro de 2003 a 25 de setembro de 2003.

Comentário:
Principais falhas da organização em geral:
■ A empresa não oferece uma visão efetiva da cultura de segurança e como conseqüência apresenta deficiência nos seus programas de prevenção
■ A redução de gastos, a falta de investimento e as pressões para produção prejudicam o desempenho da segurança em geral
■ Mentalidade de automatizar os procedimentos, onde o pessoal dá por verificado os requisitos de segurança (inspeção de papel ou inspeção virtual), mas na prática não são cumpridos.
■ Os trabalhadores não são encorajados para informar problemas de segurança.
■ Falta de disciplina na execução de serviços, tolerância de desvios em relação as boas práticas de segurança.
O Programa de Gerenciamento de Riscos dá muita ênfase ao lado humano da proteção à propriedade e reconhece que a falha do elemento humano é o principal fator na maior parte das perdas. A proteção física sozinha não irá prevenir ou reduzir todas as perdas.
Para ter sucesso, “A Cultura de Gerenciamento de Risco” deve estar enraizada em cada nível da empresa, começando pelos cargos mais altos. Se neles houver falha na liderança de promover a “Prevenção”, todos os níveis de empregados falharão e os bens da empresa estarão em jogo. Mesmo com a melhor cobertura de seguro patrimonial, a maior perda acidental pode significar a perda de mercado ou afetar o lucro da empresa se não for bem gerenciada.

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posted by ACCA@4:58 PM

1 Comments:

At 8:21 PM, Blogger Dymonte said...

Olá amigo

Estava navegando por aí e encontrei seu blog. Parabéns pelo seu trabalho! Tem muita coisa boa mesmo!
Coloquei um link seu no meu blog que é sobre segurança do trabalho.
Estou escrevendo um texto e vou recomendar seu blog para os meus visitantes.

Abraços

 

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