Lembrança: Extrator de cera explode e incendeia fábrica da Ortal
Uma
explosão em um extrator de cera da Ortal, Organização Tabajara Ltda, empresa de
beneficiamento de cera de carnaúba, localizada na avenida Alberto Maranhão,
bairro Santo Antônio, por volta das 10h30, de sábado, 16 de agosto de 2003,
ocasionou um grande incêndio que levou mais uma vez o pânico a centenas de
moradores da vizinhança.
ISOLAMENTO
DA ÁREA
A
polícia e o Corpo de Bombeiros chegaram ao local minutos depois de o incêndio
começar a destruir as estruturas de um dos galpões e isolou a área.
MOMENTO
DA EXPLOSÃO:
Moradores relataram que o estrondo foi tão forte que
chegaram a imaginar um terremoto. Simultaneamente, veio um vapor muito quente.
Foi justamente esse vapor que causou as queimaduras nas pessoas.
PÂNICO
NA VIZINHANÇA:
A
maioria dos feridos estava na rua ou em casa na hora da explosão. Maria
Francisca mora por trás da Ortal e, embora no interior da casa, sofreu
queimaduras nos braços, nas pernas e no rosto. Abalada psicologicamente e com
bolhas espalhadas pelo corpo, quase não conseguia falar. “Houve um desespero
muito grande. A explosão e o fogo. Foi horrível”, contou.
Uma
das vítimas foi o auxiliar de serviços gerais Edson Barbosa. Ele se encontrava
a duas quadras do local, na Epitácio Pessoa, quando ocorreu a explosão.“Eu
estava em cima da casa de minha mãe consertando uma antena quando ouvi a
explosão. Fiquei parado e quando vi o fogo, sai correndo no telhado e minha
única saída foi pular”, narrou Edson Barbosa que teve suas costas queimadas.
Ele afirma que, se não tivesse tomado essa atitude a sua situação seria bem
mais grave.
Moradores
de áreas mais próximas da fábrica entraram em desespero. A dona-de-casa Maria
Valdirene, por exemplo, só pensou em fugir. A casa dela fica vizinha à Ortal,
na Rua Arthur Bernardes (parte de trás da fábrica). Ela começou a colocar toda
a mobília na calçada, no desespero de tentar se mudar com os dois filhos. “Eu
pensei que era o fim do mundo. Foi tão quente que eu pensei que o sol estava
caindo”, disse Valdirene, depois de ser confortada por outros moradores que,
temendo novas explosões, saíram das casas e lotaram as ruas.
Local da explosão
DESESPERO
NO INTERIOR DA FÁBRICA:
O
soldador João Maria disse que na hora da explosão ele estava no banheiro, que
fica vizinho ao extrator. “Escapei por um milagre, pois as chamas taparam a
porta do banheiro e tive que sair por um pequeno túnel”, disse.
José
Antônio, disse, trabalha na extração da cera. “Quando houve a explosão eu me
tranquei no banheiro. Depois não conseguia mais abrir a porta”, confessou.
Antônio
Soares conta que estava trabalhando quando ouviu a explosão. “Não deu tempo
para reagir. O fogo se alastrou em seguida e o desespero tomou conta de todos”.
Ele sofreu queimaduras nas costas, rosto, pescoço e braços.
Cícero
contou que sobreviveu à explosão de por um acaso. Ele tinha sido chamado no
escritório da firma. Quando entrou na sala ouviu a explosão. “Graças a Deus não
foi a caldeira toda, se não todo mundo teria morrido”, disse.
DANOS
MATERIAIS:
A
explosão foi tão forte que atingiu casas e danificou veículos que estavam
distantes 500 metros da fábrica.
O
grau de intensidade foi tanto que arrancou parte do calçamento da rua Artur
Bernardes, trecho que passa por trás da fábrica e atingiu o carro de um
policial que estava acerca de 30 metros de distância.
VÍTIMAS:
Pelo
menos 18 pessoas foram conduzidas com queimaduras para o Hospital Regional
Tarcísio Maia . Muita gente que sofreu queimaduras leves não procurou o
hospital.
Saíram
gravemente feridos o funcionário Antônio Soares, e o agricultor Manoel
Nogueira, que sofreram queimaduras em várias partes do corpo e tiveram de ser
levados a Natal, depois de passarem pelo Hospital Regional Tarcísio Maia
(HRTM).
Várias
ambulâncias foram acionadas e conduziram as vítimas para o HRTM, onde receberam
os cuidados médicos.
ATENDIMENTO
NO HOSPITAL:
O
Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) registrou atendimento de 18 feridos até
às 14h de sábado, entre eles dois adolescentes e três crianças. Dois deles,
Manoel Nogueira, agricultor e Antônio Soares, funcionário, foram transferidos
para o Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, por volta das 13h30 de sábado, com
queimaduras de 1o e 2o graus em várias partes do corpo. No momento
da explosão, Manoel Nogueira que é agricultor passava por trás da fábrica
pedalando sua bicicleta quando foi atingido pelas chamas.
O
atendimento de urgência mobilizou 15 profissionais, que de imediato cuidaram do
resfriamento da pele e da imobilização da área atingida. Os dois pacientes em
estado mais grave foram transferidos para Natal porque o HRTM não dispõe de
unidade especializada para o tratamento de queimaduras graves.
Alguns
foram liberados em seguida e outros ficaram em observação. Com queimaduras de
1o e 2o graus, o garoto Jonatan, 6, foi operado no HRTM. As outras duas
crianças feridas ficaram em observação.
O
atendimento de urgência no Tarcísio Maia começou depois das 11h e durou cerca
de duas horas. Além dos ferimentos, a equipe médica cuidava da parte
psicológica dos pacientes, sobretudo das crianças, em pânico com as cenas de
horror a que assistiram.
BALANÇO
DAS VITIMAS:
O
agricultor Manoel Nogueira, faleceu às 16 h de segunda-feira, 25 de agosto,
devido à gravidade dos ferimentos. Permanece ainda em Natal, 25 de agosto,
também com queimaduras por todo o corpo, o funcionário da empresa Antônio Soares. Cerca de 20 pessoas ficaram
feridas.
CORPO
DE BOMBEIROS: DEFICIÊNCIAS
As
chamas, que atingiram 5 metros de altura, demoraram a ser dominadas pela equipe
do Corpo de Bombeiros, que demonstrou mais uma vez estar completamente
despreparado para combater incêndios de média densidade. Apenas um caminhão
existe na corporação e não foi suficiente para debelar as chamas. Veículos
particulares tiveram de ser acionados para ajudar a apagar as grandes
labaredas.
O
incêndio, depois da explosão, comprovou a fragilidade do sistema público para
emergência na cidade de Mossoró. O Corpo de Bombeiros da cidade está totalmente
desestruturado para situações de maior gravidade.
O
caminhão do Corpo de Bombeiros chegou com mais de uma hora e meia depois que o
incêndio começou. Mesmo assim, o único caminhão da corporação não tinha água
suficiente para apagar o fogo. Por volta das 11h, o trabalho foi interrompido
por falta d’água.
Para
suprir essa carência, o jeito foi apelar para os carros-pipa. Três caminhões
vieram trazendo água para que os bombeiros pudessem trabalhar e controlar o
fogo. Um exemplo que serve de alerta para situações futuras.
CORPO
DE BOMBEIROS: FUNCIONAMENTO
O
Corpo de Bombeiros de Mossoró está instalado no Aeroporto da cidade. A
corporação tem equipe de plantão, e também têm a atribuição de inspecionar
instalações contra o risco de incêndio.
Apesar
de ainda ter deficiências, o Corpo de Bombeiros de Mossoró esteve em situação
pior. A corporação, há cerca de cinco anos, foi ridicularizada durante um
incêndio no casarão histórico da dona-de-casa Odete Rosado, também chamado de
“Catetinho”.
Na
ocasião, a corporação sequer tinha carro e mangueira para combater o fogo. Os
soldados tiveram que carregar água em baldes, com a ajuda de moradores, para
conseguir apagar o fogo.
Hoje,
a única viatura do Corpo de Bombeiros de Mossoró é de médio porte, já
reaproveitada do Corpo de Bombeiros de Natal. O carro já não atende à
necessidade do município.
SISTEMA
DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO:
No
local havia poucos extintores e nenhum hidrante.
FALTA
DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E OS ACIDENTES ERAM CONSTANTES:
Os
funcionários da Ortal já estavam acostumados aos acidentes. Trabalhando sem
equipamentos de proteção e lidando diretamente com produtos químicos e
temperaturas elevadas, muitos trazem no corpo a marca desses acidentes.
Cícero
Elias é um desses funcionários. Ele trabalha na Ortal fazendo o preparo da
cera. Ele revelou que é comum ocorrerem acidentes de trabalho na empresa. Em um
desses acidentes, no último mês de fevereiro, ele teve parte do corpo queimada.
PROVÁVEL
CAUSA: FALTA DE PREVENÇÃO
Numa
primeira análise, os indícios apontam para a inexistência de uma política de
prevenção de acidentes dentro da empresa.
O
especialista em prevenção de acidentes Alderi Nunes levantou a possibilidade de
não estar havendo manutenção, ou de a empresa não ter profissionais treinados
para lidar com caldeiras.
Essa
suspeita hipótese vem de dois pontos;
■ O
primeiro é que as caldeiras são antigas. Funcionam com combustível sólido
(madeira) queimada. Esse tipo de equipamento requer um cuidado maior. Uma
equipe preparada para lidar com ele e atenta para perceber o menor sinal de
problema. “É preciso fazer manutenção constantemente e ter um sistema de
treinamento assistido para os funcionários que trabalham com a caldeira”,
explicou Alderi Nunes, lembrando que os órgãos de fiscalização precisam fazer a
inspeção periódica no equipamento. Sobre o extrator, que foi justamente a parte
que explodiu na caldeira da Ortal, Alderi disse que ele funciona como se fosse
um exaustor. É preciso ter o controle sobre a quantidade de vapor. Se esse
controle não for bem-feito existe o risco de haver a explosão.
■
Outro ponto que Alderi questionou diz respeito aos operadores das caldeiras. O
especialista lembrou que a norma número 13 (NR-13) do Ministério do Trabalho,
que trata do trabalho com caldeiras, fixa números variáveis de operadores de
acordo com a potência do equipamento.
Jesus
José Luiz, ex-funcionário da empresa, trabalhou com extrator da cera. Ele disse
que no interior da empresa existe um reservatório com 60 mil litros de
solvente. O produto, altamente inflamável, é usado na separação da cera. Além
do solvente, Jesus disse que existem muitos outros produtos químicos na fábrica
que são usados no processo de produção. O armazenamento irregular só aumentava
o risco de acidentes.
IRREGULARIDADES
NA EMPRESA:
O
alvará "Habite-se", que é expedido pelo Corpo de Bombeiros, está
vencido desde 2001.
O
"Habite-se" é obrigatório. Toda empresa com área construída superior
a 150 metros quadrados precisa apresentar um projeto especial de prevenção e
combate a incêndio. Só com a aprovação desse projeto e inspeção do Corpo de
Bombeiros é que a indústria tem o alvará, que precisa ser renovado todo ano.
Segundo
o comandante do Corpo de Bombeiros de Mossoró, capitão Josenildo Acioli Bento,
a empresa não apresentou o projeto, não renovou o alvará e, conseqüentemente,
não foi inspecionada pela corporação.
Essa
não-inspeção permitiu que a empresa trabalhasse com falhas técnicas que
agravaram as dimensões do acidente de sábado. Acioli Bento informou que o
sistema de proteção a incêndio da empresa praticamente não existe. O comandante
confirmou que na empresa não existem hidrantes nem pára-raios.
Ele
disse ainda que a quantidade de extintores é insuficiente. Itens que são
básicos para uma empresa que trabalha com produtos inflamáveis e que está
concentrada em área residencial.
O
diretor da empresa, Rogério Barroso, negou que o acidente tenha ocorrido por
negligência. Ele afirmou que os funcionários são treinados e que a empresa
cumpre as normas de segurança.
PARALISAÇÃO
DAS ATIVIDADES
A
empresa um prazo estimado para reabrir sua fábrica de beneficiamento de cera de
carnaúba: 15 dias. A previsão é do diretor administrativo da empresa, Rogério
Barroso de Oliveira.
Ele
disse que contratou um técnico em Fortaleza (CE) para fazer uma inspeção na
empresa e apontar as causas do acidente. "Quando esse trabalho terminar a empresa
vai divulgar uma nota oficial", informou.
Também
afirmou que a empresa voltará a funcionar no menor espaço de tempo possível.
Esse prazo depende tão-somente do início da inspeção (19/08/03) e dos reparos
que serão feitos. "Vamos trabalhar com toda a segurança", disse o
diretor, informando que isso pode demorar até 15 dias.
PREJUÍZOS
FINANCEIROS:
Segundo
Rogério Barroso, a empresa tem um prejuízo de R$ 100 mil por dia parado. Caso
se confirme a previsão de a empresa voltar a produzir só em 15 dias, a perda
vai chegar a R$ 1,5 milhão. De acordo com o diretor, a retomada da produção da
Ortal é algo inevitável, por causa dos compromissos da empresa com fornecedores
e clientes. "Uma coisa é certa: vamos reconstruir e recomeçar. Não podemos
ficar parados".
INTERDIÇÃO
DECRETADA PELA DELEGACIA DO TRABALHO:
A
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) constatou irregularidades na fábrica
Organização Tabajara Ltda. (ORTAL). Uma equipe de fiscalização do órgão fez uma
inspeção na empresa e determinou a interdição por tempo indeterminado.
Os
fiscais da DRT informaram que as caldeiras da Ortal e os vasos de pressão
(extratores) estavam inspecionados. Eles apresentaram documentos, assinados por
engenheiros, atestando que os equipamentos estavam com condições de funcionamento.
O
que existe de irregular está na estrutura da empresa. A Delegacia do Trabalho
determinou que a Ortal reformule todo o prédio e as caldeiras e vasos de
pressão. Tudo ficou comprometido por causa da explosão.
Recomendações
exigidas;
■ a
empresa terá que construir nova casa de caldeiras,
■
instalar iluminação de segurança,
■
preparar um número maior de operadores habilitados em curso reconhecido.
a empresa também terá que criar uma brigada de
combate a incêndio.
Enquanto
esses requisitos não forem cumpridos, a empresa não volta a funcionar.
JUSTIÇA
SUSPENDE O FUNCIONAMENTO DA ÁREA PRODUTIVA DA EMPRESA:
A
justiça fixou em R$ 10 mil por dia, o valor da multa que a empresa Organização
Tabajara Ltda. (ORTAL) terá que pagar, por dia, caso reative seu parque de
beneficiamento e industrialização da cera de carnaúba. o valor foi estipulado
pela juíza titular da 5ª Vara Cível de Mossoró, Carla Virgínia Portela da Silva
Rocha.
A
juíza tomou a decisão com base na ação cautelar, demandada pelo Ministério
Público Estadual. Apenas, está permitido o funcionamento das atividades
administrativas e contábeis da Ortal. A empresa só poderá reativar sua unidade
de produção depois que sejam instalados equipamentos de segurança e que o
Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (IDEMA) e o Corpo de
Bombeiros emitirem pareceres favoráveis.
DIREÇÃO
DA ORTAL IRÁ RECORRER DE DECISÃO JUDICIAL:
O
Diretor da Ortal, Rogério Barroso de Oliveira, confirmou desativação e que irá
recorrer. “Iremos recorrer sim desta decisão apresentando todos os documentos
solicitados, inclusive do Idema e já suspendemos aquele setor que oferece maior
risco, conforme o combinado em reunião com uma comissão de moradores e
vereadores”, disse o diretor.
O
diretor lembrou que as coisas não se resolvem assim tão rapidamente e a empresa
não pode ficar parada. “Temos compromissos sociais, financeiros e de
exportação, pois nossa empresa é a única do Rio Grande do Norte a trabalhar com
o beneficiamento da cera de carnaúba”, esclarece Rogério. Além disso, a Ortal
também oferece 70 empregos diretos e no período de safra entre as cidades que
plantam a carnaúba, trabalham em torno de 10 mil pessoas.
Eles
esperam que esta condição mereça algum tipo de atenção por parte das
autoridades municipais, estaduais e até judiciária.
A
EMPRESA:
A
Organização Tabajara Ltda. ocupa uma área de 7.500 metros quadrados, entre a
Avenida Alberto Maranhão e a Rua Arthur Bernardes, no bairro Bom Jardim (zona
norte de Mossoró).
Na
empresa trabalham 40 funcionários, que se revezam para manter o funcionamento
24 horas, todos os dias da semana. A Ortal tem uma produção de 250 toneladas de
cera de carnaúba por mês. Cerca de 80% dessa produção é exportada para Estados
Unidos, México, Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Japão e Austrália.
Fontes:
O Mossoroense – Mossoró/RN, Jornal de Fato – Natal/RN, Tribuna do Norte –
Natal/RN, no período de 17 de agosto de 2003 a 26 de agosto de 2003.
Comentário:
EXTRAÇÃO
E PROCESSO DA CERA DE CARNAÚBA:
A
Copernícia Cerífera, palmeira da qual se extrai a cera de carnaúba, cresce ao
longo de rios, vales e lagoas do Nordeste brasileiro, assim como no Sri-Lanka,
África e alguns países da América do Sul.
Entretanto,
somente no Brasil esta palmeira desenvolve a capacidade de produzir cera. Suas
folhas, de onde se extrai a cera, são cortadas durante a safra, que se estende
do mês de agosto ao mês de dezembro, em processo que não agride o meio ambiente
nem põe em risco a integridade das palmeiras, já que apenas as folhas são cortadas,
nascendo nova folhagem na safra seguinte.
O
próximo passo é a secagem das folhas pela exposição ao sol, seguido do processo
de "batida", do qual se obtém um fino pó.
A
cera de carnaúba é extraída do pó pelo cozimento e por extratores de solvente.
A
qualidade e a cor da cera são definidas pela idade das folhas utilizadas. Em
seguida, a cera é classificada e refinada, chegando à etapa final pronta para
ser comercializada.
ATIVIDADE
ECONÔMICA - CERA DE CARNAÚBA:
A
extração de cera da carnaúba é uma das atividades mais antigas da economia
potiguar.
Números
da Secretaria Estadual da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia (Sintec)
mostram que a cera de carnaúba ainda tem uma participação muito importante na
balança comercial do Rio Grande do Norte. O produto corresponde à cerca de 3%
do volume de exportação do Estado.
Por
ano o Rio Grande do Norte exporta, em média, US$ 200 milhões. A participação da
cera de carnaúba nesse montante é de US$ 6 milhões. Foram nada menos que três
mil toneladas do produto vendidas, no ano passado, para Estados Unidos, França,
México, Alemanha, Inglaterra, Japão, Austrália e África do Sul.
Somente
nos quatro primeiros meses de 2003, o Rio Grande do Norte exportou US$ 1.33
milhão em cera de carnaúba. Nesse período o produto ocupava a 11ª posição no
ranking dos mais exportados pelo Estado.
A
empresa Ortal é a única que beneficia a
cera de carnaúba para exportação. Esse volume de dólares que entra no Rio
Grande do Norte, via exportação da cera de carnaúba, é justificado pelo preço
do produto. Uma libra da cera, pronta para exportar, é vendida por US$ 3,40. O
quilo custa US$ 34,00.
Empregos:
Outro
aspecto importante da cera de carnaúba está na geração de postos de trabalho.
Números da Sintec mostram que cerca de dez mil pessoas trabalham na retirada
das palhas da carnaúba, entre os meses de agosto e dezembro. No beneficiamento
industrial da cera, são gerados outros 70 empregos diretos. Esses números
mostram que a extração e o beneficiamento da cera de carnaúba é uma atividade
muito importante para o Estado.
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