Manuseio de pedras industrializadas aumenta risco de doenças
As bancadas são feitas de quartzo processado, um material
que contém até 90% de sílica, o dobro do teor dessa substância no granito.
SILICOSE
Quando placas de pedra industrializada são cortadas e
polidas para se encaixarem numa cozinha ou banheiro específico, grandes
quantidades de partículas de sílica são inaladas. Isso pode dar início a um
processo que leva à silicose e também ao câncer pulmonar e a doenças renais.
Os riscos trazidos por essas bancadas estão sendo analisados
mais atentamente desde que a Administração de Saúde e Segurança Ocupacional dos
EUA anunciou regras para reduzir a exposição dos trabalhadores à sílica.
Fora dos Estados Unidos, há numerosos casos de silicose. Em
Israel, por exemplo, cerca de 300 operários receberam o diagnóstico dessa
doença, incluindo 22 pacientes que precisaram se submeter a transplantes de
pulmão, segundo o médico Mordechai Kramer, diretor do Instituto de Pneumologia
de Petah Tikva, em Israel.
As bancadas não representam riscos para os consumidores em
suas casas. Mas os operários que manuseiam a pedra industrializada podem ter
uma exposição significativa à sílica, especialmente se estiverem trabalhando
sem os equipamentos adequados. “São as pessoas que pegam as placas e as cortam
sob medida que estão em risco”, disse o professor de medicina Paul Blanc, da
Universidade da Califórnia, em São Francisco.
As pedras industrializadas são populares porque são
atraentes, duráveis, fáceis de limpar e mais baratas que as bancadas de granito
natural. Para produzi-las, pedras de quartzo são trituradas, misturadas com
plástico e moldadas em placas. Os principais fabricantes desses produtos,
vendidos sob marcas como Zodiaq, Caesarstone e Silestone, incluem DuPont (EUA)
Caesarstone (Israel) e Cosentino (Espanha).
Em um artigo publicado em 2014 na revista “The International
Journal of Occupational and Environmental Health”, pesquisadores relataram que
o número total de casos de silicose na Espanha, depois de cair entre 2003 e
2007, voltou a subir, por causa da pedra industrializada.
Nos EUA, um estudo de 2013 da Universidade de Oklahoma sobre
o equipamento de segurança usado em fábricas de bancadas nesse Estado constatou
que a maioria das proteções era inadequada.
Há dois anos, as autoridades de saúde do Texas relataram o
primeiro caso documentado nos EUA de silicose entre operários que fabricam
bancadas. O paciente, Ublester Rodriguez, havia passado quase uma década
trabalhando com pedra industrializada e outros produtos de sílica.
Rodriguez, 39, pai de três filhos e morador da região de
Houston, não quis ser entrevistado, já que o assunto é objeto de uma ação
judicial. No entanto, num depoimento preliminar à Justiça, Rodriguez, que hoje
respira com a ajuda de um balão de oxigênio, afirmou que frequentemente deixava
o trabalho coberto de poeira branca. “Quando a gente saía daquela sala, os
olhos estavam brancos”, declarou. “Brancos. O cabelo da gente ficava totalmente
branco por causa da poeira.”
Blanc disse que os casos já relatados de silicose
relacionados à pedra industrializada podem ser o prenúncio de muitos outros.
Além dos EUA, o uso da pedra industrializada está se
popularizando também na China, onde frequentemente há pouquíssima segurança nos
ambientes de trabalho. “Dá para imaginar o que está acontecendo por lá”,
afirmou. Fonte: @ZR, Folha de
Sao Paulo - The New York Times- Maio 13, 2016
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Morte Silenciosa
Marcadores: acidente, doença ocupacional
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