Enfermeira aplica insulina em vez de vacina contra gripe
Cinquenta funcionários do Hospital Municipal de Maringá
receberam, por engano, doses de insulina na manhã de quinta-feira (28 de abril).
Eles deveriam receber vacina contra a gripe, mas a enfermeira responsável pelo
procedimento pegou a caixa errada da geladeira onde os medicamentos são
mantidos.
Segundo a prefeitura de Maringá, a insulina e a vacina
contra a gripe são mantidas na mesma geladeira. A enfermeira responsável pela
vacinação dos funcionários do hospital se confundiu com as embalagens e aplicou
a substância errada nos colegas e nela própria. A aplicação das vacinas começou
às 9h, e o erro foi constatado por volta das 10h.
Ainda de acordo com a administração municipal, a falha foi
identificada pela própria servidora logo após a aplicação. Ela está grávida e
também aplicou insulina em si mesma. Conforme a prefeitura, a mulher alegou ter
confundido as embalagens, que, para ela, são parecidas.
INTERNAMENTO
Ao constatar o erro, os funcionários que foram “vacinados”
com insulina receberam uma injeção de glicose. Para evitar problemas, todos
foram internados sob observação durante a quinta‑feira, e foram liberadas no final
da noite. Nenhum deles teve complicações em decorrência do erro, segundo a
prefeitura.
Segundo a prefeitura, apesar do acidente, o atendimento no
hospital não deve ser prejudicado, visto que em média 100 funcionários
trabalham por turno.
INSULINA
A insulina é um hormônio responsável por reduzir a taxa de
glicose no sangue, e é usada como medicamento para pessoas que sofrem de
diabete. Quando tomada sem necessidade, ela causa hipoglicemia – os sintomas
são tontura, dificuldades de fala e até mesmo perda de consciência.
SINDICÂNCIA É ABERTA
O caso será investigado pela comissão de Recursos Humanos da
secretaria de Saúde e pelo Conselho Regional de Enfermagem (Corem). Fonte: Gazeta do Povo - 28/04/2016
Comentário:
ERRO: EFEITO DOMINÓ
Para os pesquisadores, muitas são as condições que favorecem
os erros no âmbito hospitalar. Há uma interdependência entre os profissionais e
cada um acredita que o outro fez sua parte.
O farmacêutico acredita que o médico prescreveu o remédio
certo; quem o prepara acredita que o farmacêutico já fez a triagem; a área de
enfermagem, que administra a droga, não faz a dupla checagem, pois crê que quem
preparou confirmou todos os itens (medicamento correto, dose, hora e paciente).
Até que o erro é detectado. A partir daí, surge uma grande pressão para se
descobrir o culpado.
Quem é o culpado? Certamente não é um único indivíduo. A falha é de todo um processo. A boa notícia é que já existem várias ferramentas que, se não coíbem por completo, minimizam muito a chance de erro.
Atualmente, alguns hospitais brasileiros, seguindo tendência mundial, têm procurado empresas certificadoras para a avaliação de suas rotinas e seguido modelos em busca de mais segurança.
Para evitar erros de medicação, por exemplo, são usadas
várias estratégias. Desde trancar as drogas mais envolvidas em erros em um
cofre -só pessoas autorizadas têm a senha- até personalizar o remédio desde a
farmácia do hospital, com o nome do paciente, posologia e horários.
No leito, a enfermagem checa todos os dados. Os pacientes usam pulseiras com um código de barras onde as informações são rechecadas.
Evitar a operação de membros errados é outra preocupação. As
recomendações internacionais são para que os pacientes já cheguem ao centro
cirúrgico com o local da cirurgia demarcado.
O médico checa, o enfermeiro pergunta e o paciente-antes de
ser anestesiado-confirma o membro a ser operado. Parece exagero, mas não é. Nos
EUA, do total de eventos que acabam em morte ou lesões sérias nos hospitais,
13,1% são cirurgias em local errado.
PROCEDIMENTOS
No Brasil, não existem normas claras que obriguem os hospitais
a notificar as falhas ou a investirem na segurança do paciente. Impera a
cultura de ocultar problemas para evitar punições.
Outro erro, na avaliação do médico Allen Kachalia,
professor-assistente de medicina da Harvard Medical School; “Começar a falar
dos nossos erros faz com que outras pessoas aprendam com eles e deixem de
cometê-los".
Para impedir que mais Stephanies, Helenas e Verônicas morram
por erros evitáveis, seria salutar que mais pessoas o escutassem. Fonte: @ZR, Folha
de São Paulo - 12 de dezembro de 2010
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